Eu não queria controlar meus sonhos escrita por ChaosTsuki


Capítulo 1
Capítulo Único




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Eu tinha seis anos de idade quando tive meu primeiro pesadelo.

Eu lembro que eu achava muito engraçado que meus amigos falavam que não conseguiam dormir direito por causa de algum pesadelo que eles tiveram. Eu não sabia o que eles sentiam, por que eu nunca havia passado por isso. Meus sonhos eram, no máximo confusos. Mas nenhum me dava medo ou me deixava assustada.

Um dia uma amiga minha me disse que se eu percebesse que estava sonhando, eu poderia controlar o rumo de meu sonho, ser um tipo de Deus, o mundo seria meu. Era só pensar que eu posso o controlar e pronto. Tudo a minha volta acontecia de acordo com a minha vontade. Eu faria o que quisesse, e manipularia tudo e todos.

Eu nunca realmente quis controlar meus sonhos.

Eles eram legais do jeito que eram, completamente sem sentido, ou com coisas engraçadas, talvez alguns nem parecessem que eram sonhos e poderiam ser algo real. E, também, eu nunca sabia que estava sonhando. Só quando acordava, como a maioria das pessoas. Então essa coisa de controlar o sonho também estava fora de questão.

Mas então uma bela noite aconteceu.

Eu percebi que estava sonhando.

E, no sonho, eu havia acabado de levar uma bronca de um professor por pisar no gramado de alguma casa. Eu pensei, meio que dando uma ordem ao meu cérebro, "Quero ir para minha casa.". Uma coisa normal, nada de mais, apenas para começar, para ver se era mesmo verdade, se eu conseguiria fazer isso.

Então o cenário mudou.

Era eu numa festa do pijama com amigos, pulando de cama em cama, todos com pijamas de frio, blusas de manga compridas, calças e meias coloridas. Ficou tudo tão divertido que eu decidi deixar o sonho continuar seu rumo a partir dali.

"Briga de travesseiro" alguém gritou. Então eu fui até o guarda-roupa para pegar os travesseiros, mas não os achei. Isso era estranho, eles sempre ficavam ali. Mas então algo me ocorreu. A cor do meu guarda-roupa estava errada. Voltei-me para o resto do quarto. Aquela não era minha cama, aquelas não eram as minhas bonecas, aqueles não eram os brinquedos do meu irmão. Algo estava mjuito errado.

E, enquanto eu me dava conta que aquele não era exatamente MEU quarto, mas sim UM quarto, entrava em pânico, olhando para meus amigos que não tinham a manor ideia do que se passava, um garoto gordinho, que eu nunca havia visto antes apareceu na porta, esticando o braço curto para apagar a luz.

Eu o olhei assustada.

Ele nos encarou aterrorizado.

Mas ele nao chegou a apagar a luz.

Nem a fazer mais nada além de arregalar os olhos.

O sonho parou.

Congelou.

O silêncio tomou conta de tudo.

Eu nao lembro de tentar me mexer, mas eu não me senti presa a nada, nem paralizada. Uma aurea estranha ficou em volta do garoto, como se fosse parte dele, mesmo, uma espécie de fumaça branca, porém espessa que reluzia um pouco ela ia exatamente junto com o movimento do braço que ele tinha feito antes, para alcançar o interruptor. Ela mexia muito pouco, devagar. Tudo ficou um pouco mais sinistro e escuro.

As sombras aumentaram.

Mesmo que eu só pudesse ver o menino na porta e a tv que estava ao lado da porta, embaixo do interruptor, eu vi as sombras aumentarem e ficarem mais escuras.

Logo depois eu ouvi uma voz grave, de homem, que eu nunca ouvi antes, falando

"Você acha que pode escapar?"

"Eles estão perto de você, mais perto do que você imagina."

"Não tem para onde correr..."

"Não adianta gritar..."

"Não tem aonde se esconder..."

"Não vão te escutar..."

"Não tem como livrar..."

"Ninguém vai te ajudar..."

Então uns flashes de lembrança na minha mente. Eram imagens que eu nunca havia visto antes, coisas estranhas que, na hora, não faziam mais sentido nenhum. Lembranças que não pertenciam a mim, eu sabia disso. Eu via vários lugares diferentes, de perspectivas diferentes. Mas tudo sempre naquele mesmo esquema de iluminação, onde as sombras eram mais escuras do que deviam e tudo que era claro tinha um brilho estranho.

No início eram só os lugares, o chão de uma cozinha, mostrava o ralo de um banheiro, o quarto de uma criança, um pátio de escola...

E as imagens ficavam passando rápido e repitindo

O tempo todo.

Em um looping infinito.

Ao mesmo tempo elas mudavam levemente.

Aparecia uma silhueta.

Pessoas em todas elas.

E, nessa coisa de imagens passando rápido, começou a aparecer manchas e poças de sangue em cada um dos locais.

Cada vez mais sombras.

Cada vez mais sangue.

O silêncio era tanto, eu já estava começando a sufocar.

Comecei a sentir uma pressão no peito muito estranha.

Não consguia respirar

E as imagens passando

Cada vez mais rápido.

Cada vez mais sangue.

Cada vez mais sombras.

Então parou.

A voz de novo falou: "Você realmente acha que está segura?"

E então eu estava em um local vazio

Não havia nada lá

Só eu, o chão de azulejos brancos embaixo de meus pés descalços, e o branco do vazio.

Eu estava vestida apenas com um vestido sem mangas, branco

E estava muito frio.

E aquele silêncio infernal.

E então, finalmente um barulho. Metal batendo contra algo

Eu tomei um susto cheguei ara trás.

Demorei um pouquinho para ver realmente o que era: Uma poça de sangue aos meus pés, junto a um faca.

Eu tinha seis anos de idade quando tive meu primeiro pesadelo.

Eu não queria controlar meus sonhos.

Eu não CONSEGUIA controlar meus sonhos.

Nem me livrar deles.

Nem dele.

Nem desse.


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