Enquanto assistia aula de história, a matéria que mais odiava, um papelzinho rosa parou em minha mesa, olhei em volta, mas ninguém olhava para mim, apenas para o professor, então peguei o papel.

“Quer ir até minha casa hoje depois da aula?”

Logo percebi de quem era.

“Para que?”

Passei o papel, ele rodou a sala inteira e chegou em Santana. A vi balançando a cabeça negativamente, olhou para mim e depois para o papel novamente. O papel voltou para a minha mesa.

“Preciso de ajuda nessa matéria, não sou boa com ela.”

Eu sorri, peguei minha caneta e olhei em volta, para ter certeza de que o professor não estava olhando.

“Também não sou boa nela. ODEIO história! E o professor também é muito chato.”

Passei o papel, Santana o pegou, leu e soltou uma risada um tanto alta, todos olharam para ela.

- Senhorita Lopez, que papel é esse? – o professor perguntou.

- É um papel, ué! – ela respondeu.

- Como ele chegou em sua mesa?

- Bem, tem um grande processo para isso. – ela suspirou. – Você quer saber desde os tempos antigos?

- Como assim?

- Sabe, antes de criarem o papel, os homens das cavernas desenhavam em pedras, mas eles se cansaram disso e...

- Santana Lopez! – ele gritou, todos riam de sua explicação. – Me diga, o que está escrito neste papel?

- Não posso.

- Por que não?

- Porque isso é invasão de privacidade, e...

- Leia o papel!

- Está bem... – ela respondeu, levantando as mãos como se estivesse rendida.

Santana leu, todos riram e o professor ficou bravo. O sinal tocou, todos saíram da sala, até o professor, mas Santana continuou sentada. Peguei meu material e me aproximei.

- Não vai ir embora? – perguntei.

- Não consigo me levantar. – ela respondeu, olhando para mim.

- Por quê?

- Minhas pernas travaram. Nunca fiz isso na minha vida.

- O que? Responder o professor?

- Uhum.

- Mas você é popular e...

- Mas não sou de responder os professores.

Me sentei na mesa a frente da cadeira que ela estava sentada, coloquei meu material na mesa ao lado e olhei para ela.

- Eu realmente não sei nada sobre essa matéria. – eu disse.

- Não tem problema, eu sei. – ela deu um sorriso brincalhão.

- O que? – me espantei.

- Era apenas uma desculpa para você ir na minha casa, mas...

- Sua fingida! – gritei.

Ela riu, se levantou e pegou seu material.

- Vamos?

- Consegue andar? – perguntei, me levantando.

- Agora sim.

***

Ao nos aproximarmos de sua casa, eu me afastei, sinalizando que ia para casa.

- Nos vemos amanhã. – eu disse.

Santana segurou minha mão e sorriu.

- Entre.

- Mas...

- Só por alguns minutos.

- Santana...

- Não vou te matar, Rachel.

- Está bem.

Nós entramos, me sentei no sofá e Santana foi para o seu quarto. Minutos depois voltou usando apenas uma calcinha preta e uma regata da mesma cor.

- Se incomoda se eu ficar assim? – ela perguntou, sentando ao meu lado.

- A casa é sua.

Ela sorriu e ligou a televisão. Eu não conseguia prestar atenção no que passava, pois olhava para suas pernas. Não conseguia parar, eram como imãs para os meus olhos. Um momento, Santana percebeu, olhou para mim, me deixando corada.

- Escuta, sei que você não quis que eu te beijasse, até desviou, mas não precisa ter medo de olhar para as minhas pernas.

- Não tenho medo. Eu só...

- Quer tocá-las?

- O que? Não fale merda, Santana!

- Então o que quer?

- Ir para casa. – respondi, me levantando. – Te vejo amanhã.

- Está bem.

***

Ok. Por que diabos eu estava olhando para as pernas da Santana novamente? São bonitas, eu sei. Mas não posso olhar para elas assim. Santana vai pensar que gosto dela. Isso é verdade, ainda mais que, parece que estamos virando amigas. Mas nada além disso, certo? Certo?

Me joguei em minha cama, afundei meu rosto em meu travesseiro e... novamente pensei nas pernas da Santana. Que idiota que eu sou! Ficar pensando em uma garota desse jeito não é certo.