Um Mês Depois

Pov’s Dam

Fazia um mês que eu e Lindsay havíamos voltado para Watson para a faculdade depois que nossas férias acabaram. A única vez que vi Catherine depois do nosso beijo foi quando fui buscar Lindsay em casa para voltarmos a faculdade. Ela mal me olhou, apenas se despediu da filha e eu nem desci do carro para não tornar as coisas mais constrangedoras.

Também eu não a culpava, esqueci que ela é uma mulher, muito diferente das garotas com quem eu passo uma noite ou outra. Agora vejo o quanto eu fui egoísta e como aquele beijo estragou tudo, eu deveria saber que ela não passaria por cima da filha ou do namorado por causa de uma coisa abstrata como a que eu propus para ela com aquele beijo.

Os dias voaram com o fim do meu período, trabalhos e provas mantinham minha mente longe da beleza dos olhos dela e do doce gosto da sua boca. Pensei no que ela havia me dito sobre Lindsay estar dando trabalho com as drogas, sempre me senti responsável por ela, mas não me sentia no direito de interferir ou tomar alguma atitude, de alguma forma eu estaria passando por cima de Catherine, mas talvez essa fosse uma forma de consertar o meu erro e me desculpar.

Ontem um amigo nosso em comum me disse que ela havia se acabado em mais uma festa louca de faculdade e que ela já tinha passado de êxtase para cocaína. Entrei no quarto dela de uma vez. As cortinas estavam todas fechadas e o quarto totalmente escuro. Puxei o cobertor dela, que murmurou algum palavrão.

– levanta dessa cama agora. – eu disse abrindo as cortinas, iluminando o quarto.

– vai embora Dam!

– olha o estado que você está Linds, olha onde você chegou, usar cocaína?

– me deixa Dam, você não é o meu pai.

– tanto faz, só vim aqui para informar que estou ligando para sua mãe para avisá-la do seu estado! – ela pulou da cama.

– não Dam, por favor, isso não vai mais acontecer. – ela me olhou suplicante.

– nós dois sabemos que vai, e nós sabemos que sábado quando ela por o olho em você, ela vai saber também.

– eu sei, mas eu não consigo, Dam me ajuda. – ela disse com lagrimas nos olhos, meu coração se apertou, eu amava essa menina como se fosse minha irmã.

– eu vou te ajudar, você vai sair dessa. – eu disse e a puxei para um abraço.

Era sexta-feira à noite, eu estava arrumando minha mala para me mudar de vez para Las Vegas, mais um desafio. Eu estava pensando em Lindsay, nossa conversa foi um pedido desesperado de ajuda, quando meu telefone tocou.

– Dam... – ela disse meu nome, logo reconheci sua voz. – sou eu a Catherine. – fique surpreso com seu telefonema, pensei que depois de tudo, ela não iria querer me ver nunca mais.

– ei, Catherine,que surpresa.

– desculpa eu te ligar assim, mas é que eu queria te agradecer mais uma vez.

– me agradecer?

– é, a Lindsay me disse que você deu uma bronca nela. Você fez o que eu não tive coragem de fazer. Eu queria conversar com você quando vier amanha?

– claro; - eu disse, era ótimo ouvir sua voz, ainda mais dizendo que quer conversar comigo.

– então até amanha, ah e a oferta de ficar aqui em casa ainda está de pé.

– eu...

– amanha nós conversamos. – ela disse e ela desligou.

O pop adolescente da Lindsay já estava me deixando extremamente irritado. Ela largou seu celular depois de ficar digitando uma tonelada de sms durante uma meia hora enquanto eu dirigia para sua casa.

– animado para ver minha mãe? – eu sabia que ela iria começar uma provocação barata para se livrar do tédio.

– nem um pouco, da ultima vez ganhei um tiro no estomago.

– se quiser ela vai ter de se acostumar. – ela disse e ficou em silencio.

– ela tem namorado sabia?

– é eu conheci o senhor metido a James Bonde. – eu disse ela gargalhou.

– sabe que não tem chance, não é?

– eu sei, e a culpa é toda sua. Ela não gosta de verdade do namorado.

– por que a culpa é minha?

– por que ela acha que você me ama e que vamos nos casar e ter uma família grande.

– ah qual é, vou dar um toque nela. – ela disse, já estávamos acostumados com as pessoas insinuando que nós ficávamos juntos.

– eu não acho que vá resolver. – conversamos sobre o aniversario dela que estava chegando e combinamos de fazer uma festa, até que chegamos à casa dela.

Pov’s Catherine

Ouvi o barulho do carro e sai na varanda, já estava esperando Lindsay desde cedo, estava com saudade e preocupada com ela. Fui até o carro e envolvi Lindsay em meus braços. Ela estava muito mais magra que da ultima vez.

– oi meu anjo! – eu disse ainda a segurando, queria poder prendê-la a mim eternamente.

– ei mãe. – ela disse com a voz de choro, eu sabia que minha filha não estava nada bem. Depois da bronca de Dam, ela me ligou chorando, dizendo que precisava de ajuda e que queria se livrar dessa vida. Fiquei tão grata que não pude nem esperar hoje para agradecê-lo. Lindsay se afastou de mim.

Dam estava encostado ao carro, com um terno cinza por cima de uma camisa salmão. As mãos no bolso e o cabelo preto brilhando.

– oi Dam. – eu disse.

– oi Catherine.

– vamos entrar, eu comprei torta. Vocês demoraram. – eu disse abraçando minha filha, enquanto Dam tirava a mala dela de dentro do seu Veloster vermelho, era um carro bonito e novo, sabia que ele era trabalhador, já que tinha coisas que se demora a conquistar e pagou a fiança da sua mãe naquele dia.

Caminhamos para dentro. Ver Dam novamente depois de todo esse tempo, depois daquele beijo que me deixou bambeada, era no mínimo estranho. Eu não imaginava que isso fosse mexer tanto comigo, como mexeu. Seu beijo era tão bom e eu fui embora com um gostinho de quero mais fluindo no meu corpo. Ele é só um garoto e eu não senti isso nem por Lou. Mas não posso me deixar levar, a Lindsay gosta dele, mas ele não percebe e eu não posso me colocar no meio disso.

– ótima torta. – ele disse, enfiando um pedaço enorme de torta na boca. Nessa idade se tem muita energia e se gasta muita energia.

“aposto que ele tem muita energia em cima de uma cama”.

– obrigada, ao menos comprar eu sei. – ele sorriu do meu comentário.

– vai ficar aqui em casa essa noite? – eu perguntei. Não sei o que deu em mim para colocar esse garota para morar na mesma casa que eu, talvez fosse uma divida pelo que ele fez por Lindsay. Mas eu não estava mais agindo com o celebro.

– não vai ser preciso, já arrumei um hotel. – ele disse. Vi Lindsay sair da cozinha, ela mal comeu.

– eu disse que a oferta ainda estava de pé, e está! A casa é grande e... – eu vi em seu olhar que ele não queria ficar. Também do jeito que eu deixei depois do beijo, depois de termos discutido tudo aquilo, sem nada ter realmente acontecido, sem sabermos ao certo o que estava acontecendo, era de se entender, mas eu queria que ele ficasse.

– fica! – eu disse o olhando nos olhos, não sei de onde tirei coragem para pedir isso a ele. Seu olhar se fixou ao meu de uma maneira tão intensa que eu me senti exposta. Eu não sabia o que ele sentia, mas esse olhar me dizia ser alguma coisa.

– tem certeza?

– tenho! – “não, não tenho”

– tudo bem. – ele disse sorrindo, seu sorriso de moleque safado.

“eu estou ferrada!”