Honor and Pride escrita por Ster


Capítulo 1
House of Malfoy - Honor and Pride




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Desde pequeno, seu pai lhe deu ensinamentos que Lucius levaria por toda uma vida.

Ele não podia esquecer da frase que estava gravada a sangue em sua mente quando seu pai matou um trouxa diante de seus olhos, na véspera de seu aniversário de oito anos:

– O sangue tem que ser preservado, Lucius. A pureza do sangue é tudo que importa.

O garoto não entendeu direito o que o pai queria dizer, não entendia muito bem a diferença dele para as pessoas que não tinha uma linhagem completa de bruxos, mas ele assentia e aceitava, afinal, se seu pai estava lhe dizendo aquilo, com toda certeza tinha importância. Lucius gostava da enorme mansão repleta de quartos por mais que só tivessem dois habitantes naquele local, uma vez que sua mãe, Amelie Malfoy, morreu poucos meses depois de Lucius nascer.

Às vezes, ele se pegava pensando nela. Sentindo falta de alguém que nunca conheceu. O garoto orgulhava o pai quando conseguiu ler toda a grande biblioteca de Amelia, que amava livros e histórias românticas. Mas quando Lucius chorou ao perguntar ao pai como sua mãe era, Abraxas deu-lhe um tapa.

Lucius nunca mais chorou.

Todos os sábados, Cygnus e Orion Black, Stannis Lestrange e Kieran Greengrass iam a Mansão dos Malfoy, escura e luxuosa, tomar uísque de fogo, o mais caro de toda a Inglaterra. Eles acendiam charutos e conversavam sobre todos os tipos de coisas, desde política à suas respectivas mulheres. E tudo que Lucius queria em sua longa vida de oito anos era poder sentar-se com eles no escritório de seu pai, mas ele sempre dizia que era assunto de homens.

Então ele se pegava no cantinho da porta, encostado na parede, ouvindo atentamente a conversa e às vezes rindo baixinho, fingindo também fumar um charuto e beber um bom uísque de fogo.

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Quando Lucius entrou em Hogwarts, ele sentiu muito medo.

Ele ficaria um ano inteiro longe de seu pai, rodeado de pessoas desconhecidas, como poderia confiar nelas ou saber se eram de confiança? Como iria se virar? Iria se sentir tão sozinho quando se sentia em casa? Mas não houve preocupações quando ele conheceu Augusto Rookwood. Lucius não era muito de falar, aliás, não suportava ficar jogando conversa fora. Fora acostumado a ficar a maior parte do tempo em silêncio, mas gostava do silêncio sendo preenchido pela voz estridente de Rookwood falando o tempo inteiro das coisas que ele fez no verão e como estava animado para Hogwarts.

Como esperado, ele foi para a Sonserina.

Lá ele conheceu Bellatrix e Andrômeda Black, que poderiam ser gêmeas se não tivessem uma personalidade tão diferente. Bella era um furacão, uma forte chuva de inverno, quase uma chuva de granizo. Mas Andrômeda era aquela garoa de verão, as poucas gotas de água que caiam do céu num dia escaldante, para aliviar a vida de todos.

Ele fez amigos pela primeira vez em toda vida. Lucius adorava estudar, amava aprender e ler os livros que os professores mandavam. Gostava de observar os quadros, de assistir Bellatrix maltratar os animais e de explorar a Floresta Negra a noite com seus novos amigos. Ele havia encontrado tanta felicidade em Hogwarts que sentiu medo de voltar para a solidão de sua casa.

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– Oi.

– Oi. – e foi assim que conheceu Narcisa Black. Ele não gostava muito dela pois a achava muito cheia de si, sempre querendo ser a dona da verdade e muito mimada. Mas às vezes Lucius se pegava encantado com seu rosto angelical. Ela começou a andar com o grupo deles quando ele estava no segundo ano de Hogwarts. Lucius era uma atração no Clube de Duelos, aluno invejável em Poções e simplesmente perfeito em Quadribol. Ele gostava de toda a atenção que recebia e dos olhares apaixonados das meninas, mas preferia continuar calado como sempre fora.

Em uma das noites na Floresta Negra, Bellatrix contou a todos que conhecera alguém muito especial, que lhe dera ensinamentos que ela levaria para toda a vida. Seus olhos brilhavam quando ele falava de Tom Riddle e a admiração em sua voz era gritante.

Crucius! – disse Bella, apontando para a Coruja na gaiola.

E aquela fora a primeira vez de muitas que Lucius ouviu Bellatrix pronunciar aquelas palavras. Ele sentiu medo e excitação. Vontade de recuar e ir adiante. Sentia seu corpo fervilhar ao ver o sofrimento da Coruja, queria fazê-la sofrer mais, porém, sentia-se mal por querer que ela sofresse, sendo que não fizera nada para merecer aquilo.

Lucius se viu indeciso.

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Foi no terceiro ano quando beijou pela primeira vez.

Rosalie Crabbe, lindos cachos castanhos e olhos tão cinzas que poderiam ser considerados brancos. Ele não gostava dela, mas se sentia na obrigação de beijar alguém já que todos os seus amigos estavam fazendo isso. Ele não gostava das garotas, achava elas burras e idiotas, só sabiam falar idiotices e chorar. Lucius simplesmente não conseguia aceitar a ideia de que teria que arranjar uma esposa em breve, já que seu pai estava o pressionando para fazê-lo. Daria tudo para agradá-lo, para fazê-lo sentir-se orgulhoso dele, mas Abraxas era tão difícil, tão pouco maleável que Lucius só faltava sufocar em seus próprios esforços.

Ele sentia seu peito apertar quando seu pai lhe dava um olhar de reprovação, quase se perguntando se ele havia mesmo saído do útero de sua mãe. Se tinha mesmo sido gerado por ele e Amelia. Lucius sabia que o pai se esforçava para ter paciência com ele, mas era um esforço tão grande que ele simplesmente passava meses sem mandar a Lucius uma carta sequer, mandando-lhe apenas uma após meses, com menos de três parágrafos.

Lucius então pediu para que Bella lhe ensinasse as três maldições imperdoáveis.

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No quinto ano, Lucius virou monitor e nunca esteve tão feliz em toda vida.

Seu pai ficou radiante ao ver seu crachá e olhou orgulhoso para o filho. Mas a felicidade na Mansão dos Malfoy foi embora como um sopro de fumaça se dissolvendo no ar. O farfalhar de facas e garfos na mesa voltaram, substituindo as conversas animada entre pai e filho. Já não conversavam não fumavam na sala, com Abraxas contando ao filho suas aventuras em Hogwarts, ele voltou a trancar-se no escritório e Lucius na biblioteca, tentando a todo custo esquecer de tudo e afundar nos livros de sua mãe.

Em Hogwarts, Lucius fazia o que achava certo.

Fazia suas tarefas, suas rondas, os professores só encontravam elogios ao falar dele. Era um ótimo capitão do time de Quadribol, tornou-se um dos auxiliadores no Clube de Duelos e sempre encontrava tempo para destacar-se no Clube de Xadrez. Era um aluno exemplar e perfeito, um garoto bonito, educado, e de nome honroso. Lucius era perfeito para o mundo menos para Abraxas, e o destino era maldoso ao fazê-lo ser o único ponto fraco do perfeito Lucius Malfoy.

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– Lucius, seja mais cuidadoso. – pediu Abraxas.

– Com o quê, pai?

– Não se faça de idiota comigo, Lucius!

– Mas...

– Um homem de sangue puro deve ter honra e orgulho, Lucius. E a família Black tem isso para dar e vender, então não me envergonhe!

– Pai, eu só disse oi.

– Não me envergonhe, Lucius! Por Merlin!

– Sim senhor, Merlin... – Lucius sabia porque o pai estava tão exaltado. Durante o verão, Lucius passou dias inteiros tomando sorvete e mostrando seus livros a Narcisa. Até que ela não era tão burra e chata como as outras garotas e como ele próprio pensara que era. Ciça, como ele começou a chama-la, era engraçada e divertida, mas perigosa. Ela era altamente manipuladora, Lucius fazia tudo que ela pedia sem ao menos pensar, era como se ele estivesse sob o feitiço Imperius, só de olhar naquela imensidão de azul celeste. Mas Cygnus Black não achou nada bom os dois juntos.

– Sabe Lucius. – ele apertou com força o ombro do garoto, quando ele fora deixar Narcisa na Mui Antiga e Nobre Casa dos Black. – Um homem tem que ter orgulho e honra. Nós, os Black, gostamos de seguir a velha linha do tempo. Espero que você tenha entendido o que quero dizer.

– Sim, senhor.

– Muito bom, digno de um Malfoy. – sorriu ele, dando-lhe tapinhas nas costas que era particularmente fortes. Lucius não gostava de Narcisa, só a achava bonita e divertida, mas ele precisava de uma esposa, ela de um marido, e foi no verão do seu sexto ano em que Lucius pediu para que seu pai tivesse aquela conversa com Cygnus.

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No dia seguinte em que fez dezesseis anos, Lucius conheceu Tom Riddle.

Todos os seus amigos estavam lá e então parecia a coisa certa a se fazer. Ele concordava com o que o homem com um brilho vermelho nas pupilas dizia, tinha um pouco de medo de seu sorriso doentio, mas admirava sua coragem por ter a iniciativa de limpar o mundo bruxo das impurezas que nela adentravam.

Abraxas sentiu-se tão orgulhoso do filho que até escondeu que estava com Varíola de Dragão.

Apenas com dezesseis anos, Lucius estava se tornando Abraxas aos poucos. Os longos fios prateados, os olhos frios, já sem nenhum vestígio de afeto, o rosto sempre inexpressível como se você não fosse digno de atenção, o queixo erguido e a mão sob a bengala com cabeça de cobra, que agora era sua, já que Abraxas já não podia levantar-se da cama.

Ele finalmente conseguiu deixar seu pai orgulhoso, então porque sentia que em vez de ganhar tudo, havia perdido?

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– Bom dia, senhor Malfoy. – cumprimentou John McKinnon. Lucius olhou-o sob o frio portão da Mansão dos Malfoy, que se assemelhava a um grande castelo da monarca. Paredes frias e escuras, detalhes em prata e ouro, o próprio chão esbanjava a riqueza da propriedade.

– Bom dia. – retrucou Lucius, frio.

– Dobby vai preparar chá para os convidados... – Lucius chutou-o com seu cajado, reprimindo uma expressão de nojo do velho elfo doméstico.

– Não vai preparar nada! Eles já estão de saída, certo? – sorriu Lucius, falso.

– Sim, só queremos fazer umas perguntas ao senhor. Mas está muito frio aqui fora. – sorriu Frank Longbottom, um dos melhores aurores do Ministério. Lucius olhou-o com descaso.

– Não levem a mal, mas prefiro não sujar o chão da Mansão. – ele avaliou as roupas dos aurores com desgosto. – O que querem, sou um homem ocupado.

– Viemos aqui pois recebemos acusações que o senhor tem torturado trouxas... No porão de sua Mansão.

– Mas que absurdo! – exaltou-se Lucius, teatralmente. – Como ousam me acusar de tamanha atrocidade, jamais faria algo do tipo.

– Não somos crianças, Malfoy, sabemos da sua índole.

– Então sabe do meu sobrenome também. Gostaria de vê-los no tribunal acusando um Malfoy de torturar trouxas. – retrucou Lucius, sentindo sua vitória. – Lastimável saber que vieram até minha casa acusar-me, vergonhoso!

– Sua farsa não irá durar para sempre, Malfoy. – avisou o Longbottom. – Um dia a máscara cai. Não existe ensaios na vida.

– Bom, ainda bem que sou eu quem escrevo minhas falas. – sorriu Lucius, dando-lhes as costas. Entrou sem sua mansão, fez com que Dobby limpasse pela quinta vez no dia a prataria da família. Deu um suspiro cansado, encheu uma taça de uísque de fogo e desceu as escadas para o porão. Acendeu a luz e sorriu para os quatro homens e a mulher, presos por correntes. Eles encolheram-se de medo quando viram Lucius e a luz forte.

– Sentiram saudades? – sorriu ele, desconectando a varinha do cajado. E então, o garoto que leu toda a biblioteca da mãe morreu assim como as histórias. Ele agora não precisava mais encolher-se na porta do escritório do pai pois agora aquele era o seu escritório e quem tomava uísque e fumava ali era ele e seus amigos. Era ele quem assinava os contratos, fazia contatos e arrasava bairros trouxas.

Algumas coisas só levam tempo.

Porém, o que não notamos é que por mais que tentemos mudar, modificar, transformar...

Algumas coisas nunca mudam.

HOUSE OF MALFOY

HONOR AND PRIDE


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