céu cinza e mundo gritante escrita por Evelyn


Capítulo 1
a inocência se foi


Notas iniciais do capítulo

Dedicada - novamente - para a infortuna da Nath(ália) - Mad, Charlie, chame como quiser - que precisa aturar minhas dedicatórias ridículas e sobreviver com a realidade de encarar isso e, ainda, pensar que "todas essas pessoas estão lendo essa merda, vendo que essa fanfic está dedicada para mim, ah, que vergonha, isso é apenas um bocado de merda!"
Espero que você não odeie, parabatai. Minha escrita sempre será menos terrível quando lida por você ♥
E espero que vocês - leitores - gostem.



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Quando o céu ficar cinza e tudo estiver gritando

Eu vou procurar dentro de mim

Só pra encontrar meu coração batendo

Oh, você me diz para aguentar firme

Mas a inocência se foi

bleeding out – imagine dragons

Você sempre foi assombrado pelo constante pensamento de que alguma coisa estava sempre errada – e perseguido pela terrível confirmação que, de fato, sempre estava.

Talvez isso tivesse alguma coisa a ver com seu sangue – antes você estivera tão feliz com a possibilidade de ser um meio-sangue, um semideus, e sua ansiedade era tamanha que esqueceu-se da descrença sobre todo aquele mundo e a desgraça que o fardo de quem era seu pai poderia vir a se tornar, mas hoje se questiona o que há de tão extraordinário em seu sangue, e o que há de tão extraordinário em ambos mundos, mortal e imortal, porque seu sangue é vermelho escarlate fundido em tons estranhos de carmesim, e que o que há nele que não há em sangue mortal? e ambos os mundos apenas possuem assassinos, heróis que matam ou vilões que matam, então qual a grandiosa diferença entre eles, afinal? – ou talvez os Deuses achassem seu sofrimento valioso, ou simplesmente divertido.

Imaginou – por mais tempo do que seria saudável – que talvez não houvesse algum sentimento que os Deuses não julgassem hilário. Imaginou se estariam rindo de seus devaneios – e se não rindo, que estariam fazendo?

Não imaginou que houvesse algo a fazer se não rir, porque de fato talvez fosse muito engraçado ver uma série de pessoas perdidas (perdidas? como estariam perdidas, se não há caminho algum para seguir?) pelos próprios atos, e talvez possuir consciência que elas oram por eles, acreditando que eles se importam deixe tudo ainda mais cômico.

Talvez não chegasse a ser cômico, talvez fosse apenas um ultimo recurso quando não havia motivos para esbravejarem um com os outros ou criarem guerras desnecessárias – seria o tédio desesperador ao ponto de fazê-los brincar com humanos como se peças de xadrez?

Peças de xadrez.

Você não soube por que, mas a palavra manteve-se em sua mente – por horas, dias, meses, anos, para sempre, sempre, sempre – e esse era, provavelmente, o melhor termo para definir tudo aquilo.

As peças, provavelmente, já estavam todas em seus lugares sem que se dessem conta – o rei, os bispos, os cavalos, as torres, a dama, os peões... – e havia uma probabilidade imensa do jogo já ter sido iniciado há tempos atrás.

Mas já não importava – porque as peças desejavam ter continuado paradas para sempre.

Elas poderiam ter ficado paradas para sempre.

(Mas não ficaram).

Porque os Olimpianos tinham o tabuleiro pronto – e os Olimpianos queriam jogar.

– Por que as pessoas são tão idiotas? – perguntou em um sussurro tão baixo e tênue que podia facilmente se perder entre o vento ou o farfalhar de folhas exageradamente verdes, e quem te visse pensaria que não era para alguém em especial, estavam todos enganados, sempre estiveram.

Talvez em algum determinado momento – você não achou que saberia dizer exatamente qual – você tenha decretado sua própria sentença de desgraça, pintado uma tela branca – ou a destruído? – com as tintas da dor seu próprio destino. No final das contas, pode nunca ter sido os Deuses os culpados pela tua dor, ou pelas sombras na parede, no chão, ou no próprio céu – ninguém jamais as vê, mas você vê, e elas gritam porque você as vê, e você grita porque ninguém jamais iria acreditar em você – que, você sabe, irão te atormentar até seu último dia.

Quem mais poderia condenar-te a miséria, se não você mesmo? Ouviu o um trovão (teria ele realmente soado? teria mais alguém o escutado?) e então, pensou já saber. Você olhou em volta – guardando a inútil esperança de que haveria alguém ali –, mas você estava sozinho – você sempre estava sozinho.

– Por que as pessoas são tão idiotas? – repetiu, encarando a lápide erguida ali, em mármore bonito, e seu nome escrito em letras ainda mais, mas ela não gostaria de nada daquilo, e que diferença faria? Não havia corpo dentro daquele caixão, e a alma dela pairava longe dele, porque ela se afastou simplesmente como tudo que você já pensou ter.

BIANCA DI ANGELO

As flores antes postas em bonitos jarros e com tocantes cartões foram tomadas pela podridão – e o cenário era tanto doloroso quanto confortante – e você olhou o pequeno boneco, única coisa intocável para a escuridão, a miniatura de Hades – aquela da mitomagia, sabe? você se lembra dela, não se lembra? –. Você continuou olhando, mas a sombra que ela lançava na grama verde e na lápide cinza parecia bem maior do que o boneco realmente era.

“Pequenas coisas criam grandes sombras quando seu significado possui suficiente grandeza para que isso aconteça”.

– Eu sinto sua falta, Bianca. Sinto mesmo.

Era tudo silêncio, cores vivas, solidão, brisas mornas e céu azul, era tudo verão – e o que melhor que pensamentos mórbidos para um dia tão vívido?


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Notas finais do capítulo

Sou nova em fanfics, e ones, de Percy Jackson, então



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