Como toda criança bruxa que se preze, Rose Molly Weasley pegou sarapintose* pouco depois de completar sete anos. A doença, extremamente contagiosa e quase sempre mortal em bruxos crescidos, não posava grande ameaça para bruxinhos menores de onze anos, e tendia a se curar naturalmente com muito repouso e suco de cenoura, ao passar de cinco ou sete dias.
Embora em teoria não devesse ser causa de maiores problemas, na prática a sarapintose de Rose estava se tornando um verdadeiro pesadelo para sua mãe, Hermione. Boa sorte, pensara Hermione, ligeiramente em pânico ao ver as pústulas surgirem na pele da filha, em tentar manter a espoleta, energética e incontável sobrinha de Fred e George Weasley confinada em uma cama o dia inteiro, por sete dias seguidos.
A tarefa de fazer Rose repousar acabara recaindo quase que inteiramente sobre os seus ombros, já que era véspera de natal, o que significava muito trabalho na loja de logros para Rony. Rony, que há poucos meses desistira da carreira de auror para trabalhar com os irmãos. Hermione, recém-nomeada secretária junior no departamento de leis mágicas do Ministério, podia se dar a luxo de pedir a licença para cuidar da filha doente. Um dos muitos benefícios de trabalhar para o governo, ela supunha.
— MÃE! — Rose chamou do quarto, sua voz conseguindo soar ao mesmo tempo estridente e rouca. — ESTOU E-N-T-E-D-I-A-D-A!
Hermione suspirou, arrependida de ter deixado a filha participar daquele acampamento de soletramento no verão. Tivera esperança que o acampamento iria incentivar o interesse de Rose pelas palavras, mas a menina preferia usar a habilidade recém adquirida para enfatizar o que gritava quando estava irritada.
Sem se apressar, Hermione terminou de arrumar a bandeja com o lanche e a poção para coceira de Rose. Quando terminou, subiu as escadas do chalé em que ela morava com Rony desde o casamento, há oito anos. Estava ficando pequeno para eles, e ficaria ainda mais apertado quando o bebê nascesse. Hermione esperava que a solução de Rony para isso não fosse adicionar mais um andar – ela preferia que eles não morassem em uma réplica torta da Toca, se pudesse evitar.
— Você me ouviu? Estou e-n-t-e-d…
— Eu ouvi você, Rose. E você deve falar com a sua voz normal, sem gritar, já conversamos sobre isso — Hermione pousou a bandeja no criado-mudo ao lado da cama de Rose e colocou a mão em sua testa para medir a febre. — Como se sente?
— Coçando — a menina resmungou. — Ficar doente é muito chato.