Diário de Nick Charlie

Capítulo IV

–Hã, instruções um pouco mais precisas?–Pergunto. “Fiquem vivos” não ajuda muito. – tipo, e se ele nos atacar?

Ela me encarou, incrédula.

–Obviamente irão te atacar. Fiquem escondidos e tentem ficar perto de algo fedido. Disfarçará o cheiro.

–Cheiro? Nós tomamos banho hoje de manhã!

–Não é isso! Os monstros e sátiros sentem um cheiro... Diferente em semideuses. Grover já me disse que temos um cheiro parecido com... Pão com manteiga?

–Ótimo. Vamos nos esconder em uma lanchonete.

***

Nick e eu nos despedimos e fomos para uma lanchonete. Motivos? 1- precisávamos conversar. 2- era um bom lugar pra se esconder, de acordo com Natalie. Não acreditava, mas achei melhor não arriscar.

Nós nos sentamos numa mesa bem próxima da cozinha. Uma garçonete apareceu e perguntou o que queríamos. Respondi que ainda estávamos olhando. Quando ela se afastou, perguntei a Nick (N/A cara, é muito difícil não escrever Nico):

–Então, vai falar agora ou depois?– ele me olhou parecendo confuso. – vamos você me disse “olharmente” que ia falar depois por que você disse que acreditava.

–Ah, isso? É que Natalie parecia que ia chorar, mais por raiva mesmo. E... Sei lá, não queria uma pessoa com uma faca furiosa comigo.

–Bem, Ethan não tinha uma faca, mas conseguiu me fazer ser sufocada por um colchão apertando um botão.

–Hum. – ele deu de ombros. – tive a impressão de que você não gostava dele.

–Nah, nem tanto. Ele parecia legal. Só raiva no momento, porque ele tinha me feito virar um V humano.

Nick chamou a garçonete. A que havia nos atendido antes tinha ido para a cozinha, e fomos atendidos por uma moça bem bonita, morena e de olhos azuis. Parecia ter 17 ou 18 anos.

–Quero um Milk-shake de chocolate. – pedi.

–E você, quer o quê?

– Não estou com fome, obrigado. – Respondeu Nick.

–Ah, mas eu insisto que você coma alguma coisa. Que tal um misto-quente? – insistiu ela.

–Ahn... – Seus olhos ficaram vidrados. – Eu... Vou querer isso.

A garçonete se afastou.

–O. Que. Foi. Isso?

–O quê?

–Por que você aceitou o sanduiche?

–Hã... Eu... Não. Eu não pedi nada. Não estou com fome, já disse.

Ele não estava brincando. Parecia não se lembrar de que havia aceitado o lanche. Mas se ele não estava com fome, por que aceitou? E por que não se lembrava de nada?

–Vamos embora. Agora. – Disse.

–Tudo bem, eu vou pedir à garçonete para cancelar o pedido.

–Não! Não chama a...

Mas ela já estava vindo.

–Os lanches já estão quase prontos. Querem algo?

–Pode cancelar os lanches? Precisamos ir.

–Não.

Eu não tinha certeza se tinha ouvido direito. Como assim não? O que eu mais queria era sair desesperadamente dali. Eu tinha quase absoluta certeza de que ela era um monstro. Deslizei minha mão até o relógio.

–Como assim não? – perguntei, enquanto apertava o botão. Olhei para o relógio. Consegui ver a sombra de uma mensagem escrito: AJUDA! Que já havia sido enviada. Eu teria ficado aliviada, se o monstro não estivesse ali na minha frente.

–Ora, pequenos semideuses, que motivos eu teria para deixá-los viver?

–Você... Você é... – A garçonete estava ficando branca, como se fosse virar um esqueleto. Seus olhos ficaram completamente vermelhos. Seus dentes cresceram em presas. Ela agarrou uma faca que em suas mãos se transformou em uma adaga afiada e completamente negra.

–Uma vampira! – eu gaguejei. Então notei suas pernas. Por baixo da sua saia de garçonete (agora chamuscada), sua perna esquerda era marrom e peluda com um casco de burro. Sua perna direita era moldada como uma perna humana, mas era feita de bronze. Olhei para cima, perplexa. O cabelo dela havia se consumido em chamas.

–Vampira? Ah não, querida. Vampiras foram inspiradas na gente. Sou uma empousa, somos servas de Hécate, deusa da magia. Fomos criadas por magia negra na junção de fantasma, animal e bronze, por isso, ahn...

–Por isso você tem, ahn, pernas estranhas.

–Nick, mesmo que seja um monstro, essa foi a frase mais mal-educada que você podia dizer.

–Queria que eu dissesse o quê? Que ela e normal?

– Não é pra dizer nada, idiota! Corra!

Saímos correndo daquele lugar, fugindo do novo monstro e me perguntando: Onde estava Natalie?

A Garçonete/Empousa estava ficando para trás. Estava com alguma esperança de fugir quando vi: ela não tinha ido embora. Havia ido chamar mais empousai.

Mesmo assim estávamos com pelo menos 7 minutos de vantagem, mas elas estavam se aproximando rápido. Lembrei-me de um caminho que usava como atalho, onde um muro tinha sido derrubado. Fazia uns três meses que eu não ia por lá. Um erro. Devíamos ter ido por um atalho que tínhamos certeza de que podíamos usar.

O muro tinha sido reconstruído.

Estávamos encurralados. Elas nos alcançariam em segundos.

–Ora, semideuses. – ao menos cinco empousai estavam lá. – por que fugir? Vocês sabiam desde o início que conseguiríamos alcançá-los.

–Isso... Isso não vai nos impedir de lutar. – respondi, ofegante pela corrida.

–E por que não os impediria? Francamente, nós somos cinco, e vocês, dois. Alem disso... – ela sacou sua faca. – vocês não têm armas.

Vi, por cima da cabeça da empousa garçonete, duas manchas, uma branca e a outra meio dourada. Duas pequenas manchas voando, e mesmo assim, a maior esperança que tínhamos.

–Não temos armas. Mas temos algo melhor.

As empousai riram.

–Melhor? Não pode existir nada melhor do que armas em uma batalha.

–Ah, existe sim. – sorri. – Amigos.

Durante essas quatro palavras, vi a imagem de Natalie, pulando de seu pégaso, exatamente em cima da empousa.