A noite era quase sem estrelas, o poste da esquina estava quebrado, o que era ótimo para as crianças daquela quadra. Cambridge havia entrado na época do Halloween, pois as maiorias das luzes estavam apagadas, e a frente das casas eram repletas de doces e monstros de cera e tecido.

Era tão bonito tudo isso, que ninguém diria que aquilo realmente havia acontecido.

Uma criança deu o aviso. Um grito ensurdecedor veio de suas cordas vocais. Um grito de pavor.

Os adultos presentes correram para ver o que havia acontecido, junto com todos da rua. A cena os chocou. Eles pegavam os telefones celulares e discavam o numero da policia, dos bombeiros, de tudo que era possível.

A cena era um garoto.

Um garoto enforcado numa arvore do bosque perto do cemitério. Sua cabeça recaída no ombro direito, as perninhas gorduchas não tocavam o solo, o cabelo loiro arrumado, a roupinha de frio, as mãozinhas cheias de terra e o rosto começando a perder a cor. Havia sido recente.

A policia invadiu o cemitério, atrás do culpado, e achou duas garotas. Mais velhas que o garoto. Os policiais pediram a retirada de todos da rua, e colocaram os corpos na calçada, para ver melhor quem era.

Eram as gêmeas americanas da Cambridge High School

Os olhos verdes que miravam o nada pareciam ainda refletir a cena de terror. Elas tinham cortes por todo o corpo, havia sido esfaqueamento. O cabelo loiro e a pele clara já estavam manchados de sangue. Mas elas ainda continuavam quentes. Realmente havia sido recente! Mas onde estava o assassino?!

Ah, e sem esquecer as vestes da West College achadas nos arredores do bosque. Com o sangue das vitimas.

O assassino não foi pego. Talvez nunca seja.

Mas eles têm um suspeito. E não é da West College. E sim da Cambridge High School

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Cambridge, casa n° 29 1/9/13 – 6:35

Eleanor

“CLOSE YOUR EYES, AND I WILL KISS YA, TOMORROW I MISS YA!”

Meu despertador tocava irritantemente na cabeceira ao lado da minha cama. Embora eu tivesse paixão por essa música e sobre The Beatles, não gostava de acordar cedo todo o dia com ela. Na verdade, não gostava de acordar cedo.

Era o meu último ano na Cambridge School, e meu primeiro dia de aula. Primeiro de Setembro. Era outono ou inverno?

Who cares? I dont.

Eu tentava me manter acordada durante a pequena ducha, e repassava o meu ano anterior em minha mente.

Teve algo marcante? Ah, claro.

Tivemos aquela apresentação no começo do ano. Pra você, leigo da minha vida, eu tenho amigos que tem uma banda. São seis caras, exato. Seis. E eles tentam a vida nos bailinhos de escola e nas boates noturnas.

Teve também o dia em que ganhamos da Mindlands School. Esse definitivamente não foi um bom dia, por outros motivos.

Sai do banho, e terminei de me arrumar a tempo de pegar o ônibus.

Meu nome é Eleanor Roberts, pra você, leigo.

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Cambridge, casa n° 15 1/9/13 – 6:27

Narrador

Duas figuras dividiam pacificamente a cama, envoltos por uma coberta grossa e branca, estava frio lá fora, mas nem tanto dentro da casa.

O rapaz mantinha a cabeça virada, fazendo com que a franja tampasse seus olhos cinzas, o grande nariz fazia com que o oxigênio entrasse em seu organismo e expelisse o gás carbônico, e seu tórax nu se mexia vagarosamente, os braços fortes, por conta dos esportes que o garoto praticava, envolviam uma garota magra e loira, que descansava a cabeça no tórax do rapaz. Os olhos verdes da garota se arregalaram.

- ROGER?! O QUE RAIOS EU ESTOU FAZENDO AQUI?! – Ela dizia.

- E VOCÊ PERGUNTA PRA MIM?! VOCÊ ACHA QUE EU SEI?!

- A CASA É SUA, A CAMA É SUA, E... CADÊ. MINHAS. ROUPAS. ROGER. POWELL?

- MAS QUE RAIOS, MULHER! EU TENHO CARA DE VELHA QUE MEXE COM TARÔ?

A garota respirou um pouco, tentando se acalmar, e finalmente disse:

- Roger, o que aconteceu noite passada?

O rapaz passava a mão na cabeça, deitando novamente em seguida.

- Eu... Não me lembro...

- Bebeste rapaz?

- Não! Eu simplesmente não me lembro!

- Fumaste?

- Talvez...

- Me leva pra escola.

- Que?!

- O que você ouviu. Só vou me arrumar.

Ela se levantou da cama, olhando em volta e finalmente achando as roupas que tanto procurava. Só então o rapaz notou que não usava roupas, e tratou de vestir algo logo.

No carro, não trocaram uma palavra. O rapaz não entendia como ela não havia perdido a calma, ela sempre teve fama de irritadinha.

- Roger Powell, eu vou dizer isso apenas uma vez, ok? – Ela disse.

- Ok.

- Nunca, ouviu bem? Nunca mais olha na minha cara. E você sabe muito bem por que! Não se faça mais de sonso, Powell, porque você não é. – A garota saiu do carro, as pressas, e se misturou com todos os outros.

- Julia...! – Roger chamou, mas Julia jamais iria ouvir – Eu... Te amo, e eu sinto muito por aquela noite. Não foi culpa minha.

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Cambridge,Cambridge High School 1/9/13 – 8:00

Keith

Era um intervalo comum na Cambridge High School.Eu estava com os outros caras no refeitório, esperando Eleanor e Maryann.

Roger estava bem diferente, não falava tanto. George lia um livro qualquer, Pete tentava escrever alguma música, John fazia um resumo de última hora, Dave estava sendo o mesmo Neandertal de sempre. Vou ter que ensiná-lo a comer com um garfo de novo.

Alguém bagunça meus cabelos e se ajeita ao meu lado.

Eleanor.

- E ai, por onde andou? – Perguntei

- Eu... Andei falando com Richard.

- De novo?! Lea... Você realmente acha que não foi ele que... Você sabe...

- Não, Keith. Eu acho que não foi ele... Mas... Enfim... Maryann foi pegar algo para eu e ela comermos. Dave... Use um garfo, você é homo sapiens! Não Homo erectus! – Lea disse irritada, causando risadas gerais na mesa

Assim que Maryann chegou, todos estávamos concentrados demais em não deixar o John terminar o relatoria que nem notamos a saída do Roger da mesa, até Eleanor dizer:

- Que bicho picou ele?

- O do amor, pequena. – George respondeu, fechando o livro. Assim que o sinal bateu.

Eu vi Pete pular como uma gazela gay em minha direção na hora da saida

- Calma! Parece até aquelas cheerleaders! – Lea disse (Eu, ela e Dave morávamos na mesma quadra. E Dave tinha um carro)

- CONSEGUIMOS! CONSEGUIMOS! SOMOS DIWAS MARAVILHOSAS! NÓS CONSEGUIMOS, KEITH!!!

- Minha querida gazela gay, DA PRA VOCÊ FALAR LOGO O QUE CONSEGUIMOS?! – Eu gritei disse

- Uma apresentação no baile da escola!

Tá, agora eu parecia uma gazela MUITO mais gay que o Pete.

- Gente... Sem acabar com a alegria de vocês... Mas o que o Richard faz com uma faca? –Lea disse

- Isso é algum tipo de piada? Não sei... – Eu disse

- Não... É que ele ta com uma agora...

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