Foi numa sexta-feira, dia 7 de setembro, exatamente as 22:40 - Me recordo a data e a hora exata pois isto é natural do meu mecanismo, e também por que foi uma data marcante em minha vida. - Faltavam apenas 20 minutos para exceder o horário estipulado pela mãe de Diana, quando por sorte, destino, ou forças do Universo conspirando a nosso favor, encontramos um táxi livre bem na porta da matinê. Entramos. Diana disse para o motorista:
- Estrada dos Bandeirantes, condomínio Mont Serrat.
O motorista, tamborilando no volante com a ponta dos dedos, repetiu bem baixinho o nome do destino algumas vezes, como quem tenta buscar na memória. Virou-se para ela e perguntou:
- Mont Serrat fica ali depois do Cesar Maia, certo?
- Sim.
- É que sou novo nessa linha. Disse esboçando um meio sorriso amarelado.
- Ah... Respondeu Diana fazendo pouco caso.
  Enquanto não chegávamos a nosso destino ela acariciava-me, exibindo aquele sorriso de aurora. Nem mesmo aqueles ferros estranhos, que estavam agora em seus dentes, tiravam-lhe a graça e a beleza. De repente, a aurora que antes dava a impressão de que traria um esplendoroso sol, acinzentou-se e eu pude ver as primeiras gotas que caíam pesadas. Diana chorava amargamente. Eu lhe perguntava insistentemente o motivo do choro mas esta não respondia. O carro parou. Havíamos chegado em casa. Diana soltou-me para pagar a viagem, pegou o troco e saiu... Deixando-me só, no banco do táxi... Se meu mecanismo permitisse, eu teria chorado, e chorado em demasia.
  Algum tempo depois, subiram dois novos passageiros. Não custou muito para que um desses percebesse minha presença. Pegou-me de qualquer jeito e sussurrou para o outro:
- Olha o que eu achei...
Ao passo que o outro respondeu no mesmo tom:
- Põe logo no bolço.
- Deixa eu tirar o... Ialá! Se liga nessa mensagem: Nando s2 diz: sinto muito que o nosso namoro tenha terminado desta forma.
  Estas foram as ultimas palavras que ouvi antes de me desligarem e tirarem o chip.
  Me chamo Samsung Galaxy S4, e esta é a minha história.