Do or Die escrita por LadyThyssa, Dr Hannibal Lecter


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Dia que Eu Quase Pirei!


Notas iniciais do capítulo

Antes que tudo fique confuso um esclarecimento, a fic tem dois autores (uma menina e um menino) e narrada por dois pontos de vistas.
Tenham uma boa leitura :)



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Minha cabeça doía e meus olhos pesavam, não estava com vontade de acordar. Sentia um chão macio abaixo de mim e tentava me lembrar do que aconteceu, mas as únicas coisas que restavam eram pouquíssimas lembranças. Lembrava-me de minha mãe chorando e olhando fixamente para mim e... só. Essa era minha única lembrança, nem sabia ao certo meu nome, talvez fosse Peter, quem sabe John ou até mesmo Jason. Minha mente estava uma confusão só, eu nem sequer lembrava de como eu era! Finalmente acordei e me deparei com um lugar nem um pouco familiar, estava no começo de um túnel todo branco. A luz era rarefeita deixando o lugar com um tom todo sombrio e apagado, as paredes eram brancas, o chão era branco e até mesmo o teto era branco. Tudo tão branco quanto uma folha de sulfite, apalpei a parede e confirmei meu pensamento: "É espuma!" Fiz o mesmo com o chão e com o teto, sim o lugar era tão baixo a ponto de eu conseguir tranquilamente relar no teto, tudo era de espuma. O lugar não me era familiar e estava me espantando. Como vim parar aqui? O que estou fazendo aqui? Essas duvidas surgiam todo o minuto em minha conturbada mente, que só gritava de pavor sufocada por incógnitas. Resolvi explorar um pouco e percebi que estava com uma camisa roxa como o vinho, um calça jeans rasgada no joelho e um par de All Star nos pés.

Fui reto pelo túnel branco, até chegar em um lugar que ele se dividia em dois. Na parte direita tinha mais paredes brancas de espuma e na esquerda uma porta, fui pela parte esquerda. A porta era branca e se camuflava com todo o resto, exceto por uma pequena janela de... plástico? Girei lentamente a maçaneta e senti um vento gelado acompanhado de um cheiro de mofo. Entrei e tudo na sala era branco, exceto por uma frase escrita com um tom vermelho, um vermelho comum.... A frase era escrita a sangue. Aproximei-me para ler e vi as seguintes palavras: "Bem-vindo a morte!" A porta bateu com força, espantado corri em sua direção e pela janela vi a chave girando na fechadura. Comecei puxar com força tentando ao máximo abrir e não tive nenhum resultado. O pânico começou a corroer meu peito, girava ao máximo a maçaneta e a porta não abria, comecei puxa-la, soca-la, até que dei um grito estridente e a chutei, ela nem se mexeu. Sentei no chão de espuma ainda confuso e aterrorizado ao mesmo tempo. "Que lugar é este?" Minha mente começou a doer ainda mais.

Naquele momento uma luz acendeu na sala, uma luz verde. Ouvi gritos longínquos, que mais se pareciam como sussurros brotando.Fiquei sentado por um momento, as luzes mudavam todo minuto "verde,amarelo,azul,vermelho,roxo,verde,amarelo..." Em uma sequencia interminável e os gritos se aproximavam cada vez mais e ficavam cada vez mais altos. As cores começaram a mudar mais rápido e os gritos aumentavam de volume proporcionalmente, gritos agudos e metálicos que gelavam toda minha coluna só de ouvir. Aqueles sons apavorante começaram a ficar mais e mais alto, aumentando de volume assustadoramente. As luzes começaram a mudar a cada segundo, acompanhado de gritos ensurdecedores.

Minha mente começou a ficar perturbada com aqueles gritos tão altos que poderiam destruir meus tímpanos, as luzes me cegavam. Não aguentava aquilo levantei e comecei a gritar, esmurrar as paredes, implorar por alguma salvação. Naquele exato momento senti algo inédito em minha vida, eu tinha começado a pirar. Minha mente pedia socorro quase implodindo com aquele maldito barulho, comecei a surtar. Não aguentaria ficar ali por muito tempo, enfiei as mãos nos meus ouvidos e me ajoelhei no chão. Pedindo suplicas para sair daquele lugar, porém os gritos só se tornavam mais altos e as luzes nunca paravam. Ouvi um barulho, viro para trás e vejo alguém abrindo a porta, as luzes e os gritos param subitamente. Minha mente se torna uma escuridão só e eu desmaio aos pés da pessoa que me salvou.

Naquele momento eu tive um estranho sonho, ou eu pelo menos achei que era um sonho, eu estava em um lugar dominado pela escuridão e naquela intensa penumbra só conseguia ver minhas próprias mãos. Todo o silencio foi quebrado por uma intensa voz que brotou do nada:

– Eu sei que você esta confuso e que isto é estranho, porém preciso ser rápido e ágil em nossa conversa - Assustado procurei alguma parede para encostar, porém nada tinha e eu estava perdido em meio a esse vácuo . Comecei a procurar a voz ou o lugar de onde ela vinha, porém não obtive resultados - Você não é o único no jogo, tem mais cenários, tem mais fases, tem mais de pessoas como você....

–Pessoas como eu? - Perguntei com um pouco de medo e receio. Será que são pessoas boas? Será que são ruins? Não gosto de confiar em pessoas.

– Sem perguntas! - Como assim sem perguntas? Acordo em meio a um jogo...? Com pessoas como... eu? Sem perguntas? Minha vontade era esmurrar aquela voz ou xingar quem for que esteja falando, porém eu somente fiquei parado e continuei ouvindo - Todo dia você entrara em um novo espaço, em um novo lugar e com novas pessoas. Uma dica? Corra e sobreviva, não tenha medo de matar e tente não morrer, mude sempre de cenário antes de o dia acabar. Procure uma garota, ela vai te ajudar. Infelizmente nossa conversa já terminou, tenha cuidado e tente amanhecer vivo - O cenário preto onde eu estava começa a se dissolver e aquela forte voz em minha consciência simplesmente se calou.

–Hey! Acorde - sinto um leve chute em minha costela - Vamos acorde logo! - sinto um chute mais pesado na minha outra costela, continuei deitado, com a cabeça a ponto de explodir - Ele deve ter morrido, vamos tentar sair daqui!

– Não vão... - Soltei um grunhido e minha cabeça começou a cessar a dor, parece que eu encontrei as pessoas como eu.

– Cold! Espera, ele está vivo! - Ouvi outra voz, decidi abrir os olhos e a luz do lugar quase me cega. Depois de estar em um lugar todo preto, ir para outro todo branco não da uma boa reação. Um menino me ajudou a levantar e me carregou para perto de um bando com outros três. Um outro menino baixo, loiro, com olhos verdes feito azeitonas e uma cicatriz logo em cima da sobrancelha olhou me dos pés a cabeça.

– Prazer, meu nome é Cold - ele me estendeu a mão e eu retribui - este ao meu lado é Michael - Michael era um garoto de estatura mediana, com um nariz estranho, uma roupa preta toda coberta de lantejoulas e uma cor pálida - este ao meu outro lado é Jason - Jason era loiro, forte, alto e tinha uma camiseta roxa idêntica a minha, só que com um símbolo que parecia uma... coroa de louros e algumas iniciais estranhas - o que esta te carregando é Theo - Theo tinha cabelos encaracolados, sua pele era morena e ele não parecia ser muito forte - Não nos faça perguntas, estamos tão confusos como você. - Cold era um pouco carrancudo, ele saiu andando e os outros foram atrás, incluindo eu.

– Não tenha medo de Cold, ele é um cara legal - Disse Theo se aproximando de mim, ele parecia ser simpático. Theo falava manso, ao contrario de Cold que tinha uma voz autoritária.

– Desde quando você esta aqui? - Queria saber se aquele lugar existia a mais tempo ou se ele tivesse alguma dica de como sair.

– Faz pouco tempo, Cold foi legal comigo, ele esta tentando unir uma equipe para escapar daqui - Theo se aproximou de mim e ficamos conversando afastados do grupo, Cold foi na frente dando comandos para Michael e Jason, enquanto isso eu e Theo começamos um longo papo sozinhos. Os três garotos da frente andavam pesado como se estivessem marchando frente a um exercito, enquanto nós dois andávamos devagar e sem pressa. Fazíamos as mesmas perguntas um para o outro e tínhamos as mesmas duvidas, porém nenhuma resposta. Pareciam dois cegos se guiando.

– Alguma voz falou com você? - Theo me olhou equivocado, até parecia que eu tinha perguntado algo anormal, e fez que não com a cabeça, talvez aquela voz tenha sido resultado de meu surto.

– Afinal qual é o seu nome? - Essa pergunta me encucou, afinal porque todos sabiam os próprios nomes e eu não?

– Eu não..... sei - Eu me senti um burro, respondendo que não sabia nem o próprio nome.

– Deve começar com V– Theo colocou o dedo em meu pulso e vi tatuada a letra V nele - Deve ser Virgilho - Fiz que não com a cabeça - Vivian?

– Isso não é nome de mulher?

– Quem sabe Verdugo?

– O que?

– Vou te chamar de Voraz - Fiz que sim com a cabeça, apesar de Voraz não ser um nome.

– Posso te fazer uma pergunta?

– Fique a vontade Voraz - Pressenti que Theo seria um grande amigo, ele tinha algumas características parecidas comigo e parecia ser um aliado leal.

– Como eu sou? - Theo me olhou com uma cara estranha, franzindo as sobrancelhas - Como eu sou fisicamente?

– Ah - Ele arquejou e me analisou nitidamente - Você é alto, não é gordo e nem magro, - ele me analisou mais um pouco - você é um pouco forte, seu cabelo é preto, liso e todo desajeitado, você também tem...

– Um cérebro de ervilha! - completou Cold, complemento que eu achei desnecessário - Achamos uma sala, uma sala diferente... - Ele anunciou e todos do grupo pararam subitamente.

A sala era igual a que eu tinha ficado preso e quase fui a loucura, estava no meio da gigante parede branca, porém dentro tinham cinco seringas. Cold entrou para analisar, Michael e Jason foram logo atrás. Fiquei com um pouco de receio e recuei, Theo me puxou pelo braço e entramos na sala. A sala tinha o mesmo cheiro de mofo da outra, a mesma porta com a janela de plástico, elas eram praticamente idênticas e eu não gostei nem um pouco disso.

Cold parou enfrente a mesa com as seringas posicionadas uma perto da outra, todas iguais, com a mesma cor, com o mesmo liquido transparente dentro, com a mesma distancia. Na mesa estava escrito com pequenas letras "Uma dose de fuga, duas doses de normalidade e duas doses de pura tortura". Todos se entreolharam e ao mesmo tempo encararam as seringas, alguns segundos de silêncio marcaram o lugar. Todos olhavam desconfiados, todos queriam a parte da fuga, porém todos temiam a tortura. Cold foi até a mesa, pegou as cinco seringas e distribuiu uma para cada.

– Só tem um jeito de saber se é confiável ou não... - ele ergueu sua seringa ao alto - Testando elas! - ele injetou em seu braço, sem nem fazer careta para a picada da agulha. Nada aconteceu, Cold suspirou de frustração por não conseguir sair - Enfim que o próximo tente. - Michael injetou sua seringa e... nada aconteceu, ele também suspirou de frustração e ao mesmo tempo alivio por não pegar a tortura - Pois bem, dentre os três dois tem tortura e um tem a saída definitiva em suas mãos - Tive um arrepio, eu não queria injetar aquela seringa em minha veia. Confesso que sou um pouco medroso - Que o próximo tente! - Jason ergueu sua seringa e injetou, por um momento ele ficou parado encarando os demais. Cold deu um riso de deboche - Pelo visto nenhuma seringa trazia efeito, se quiserem injetar Theo e....

– Voraz! - Acrescentou Theo, eu torci o nariz para ele, ainda não me acostumei com o novo nome

– Tanto faz, vamos sair desta sala - joguei minha seringa para trás, sem pensar na possibilidade de injetar aquilo em mim e Theo guardou a dele no bolso. No momento em que saímos da sala uma coisa aconteceu, uma coisa que iria mudar nossas vidas para sempre. Jason começou a tremer, ele se agachou no chão e segurou a barriga - Jason, esta tudo bem? - Jason não respondeu, ele simplesmente começou a rolar no chão, seu corpo inteiro tremia e sua cor começou a escurecer. Jason parou em nossa frente, com uma expressão aterrorizada, ele abaixou a cabeça, começou a urrar, da sua boca e do seu ouvido escorria sangue, seus lábios se encolheram até sumir, seus dentes começaram a aumentar até se tornarem gigantes presas,suas pupilas aumentaram até tomar conta de todo o espaço dentro de seu olho, seus ossos começaram a quebrar, seus dedos afundaram dentro da mão e em seu lugar nasceram enormes garras, com suas presas mordeu sua própria mão rancando pele e com sangue ele escreveu na parede "Corram".

Eu sempre achei que eu era o mais covarde e Cold o mais corajoso, até Jason virar "aquilo". Cold foi o primeiro a correr e saiu em disparada em meio aos muros brancos, eu simplesmente fiquei paralisado. Como eu me sentia? Um medo intenso, juntamente com náuseas e uma volúpia de fugir, porém eu simplesmente fiquei parado olhando. Theo estava ao meu lado tremendo inteiro, pálido e com os olhos esbugalhados. Michael estava congelado e dava para ouvir seus batimentos cardíacos. Um momento de tensão invadiu o lugar, até que Jason ou aquele treco que ele se transformou, virou em nossa direção. Ele nos encarou com suas gigantes pupilas, lambeu suas presas, rasgou a espuma com suas garras e correu em nossas direções.

Meu momento de estatua desapareceu quando aquele bicho verde, de um metro de altura, com garras e presas gigantes, veio babando e correndo intensamente em minha direção. Minhas pernas bambearam e logo se firmaram, puxei Theo e saímos correndo. Michael seguiu logo atrás e o monstro também, corremos feito foguetes. Virávamos cada parede branca e entravamos em um novo corredor idêntico, parecia que estava dentro de um infinito labirinto. Parecia que estava andando em círculos mesmo virando "esquerda,direita,direita,esquerda...", todos os lugares eram iguais, não tinha saída, não tinha esconderijo, não tinha nada. Uma grande onda de pânico me invadiu, eu estava cansando e o monstro ganhava velocidade cada vez mais. Uma duvida me corroeu, E se aquele lugar não tivesse saída? E se meu destino fosse ficar correndo por corredores idênticos para sempre? Eu realmente não sabia e o monstro agora estava a pouquíssima distancia de nós.

Minhas pernas começaram a ceder, eu estava arfando quase sem ar e meu coração estava a mil. Pensei que aquilo nunca iria acabar até que Michael tropeça em seus próprios pés e desaba. Vi aquela cena em câmera lenta, Michael caindo no chão de espuma, Theo virando para ajudar e o monstro saltando nas pernas do menino caído. O monstro verde cravou suas garras na cocha de Michael e começou a rasgar sua pele, Theo olhou desesperado em minha direção. Naquele momento tive de ser frio, puxei Theo e comecei a correr. Enquanto corria pelo extenso corredor branco ouvia gritos de Michael implorando por uma ajuda, implorando por socorro. Ao meu lado Theo chorava muito, suas lágrimas escorriam pelo seu rosto e caiam molhando aquele chão de espuma com o pavor de um menino inocente.


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Notas finais do capítulo

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