Do or Die escrita por LadyThyssa, Dr Hannibal Lecter


Capítulo 15
Capitulo 15 - Fase 3


Notas iniciais do capítulo

Bom, deixamos aquele suspense no ar com o capitulo anterior, não é? Mas não desanimem, porque agora vamos tirar um pouco suas duvidas e esclarecer as coisas - e dar um objetivo para o povo da fic, finalmente, ja estava ficando sem sentido tudo isso, não?



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Voraz me encarou como se eu tivesse ficado louca. E o pior era que eu não sei o porquê disse aquilo. Comecei a virar minha cabeça para todos os lados, confusa. Era como se tivesse acordado agora de um sonho. Pisquei várias vezes conforme olhei para as palavras, e depois virei para olhar o ambiente.

Essa fase era uma praia. Havia uma faixa de uns três metros com areia separando o imenso lago da entrada de uma floresta. Desde que acordei, estamos deitados na areia, á sombra de uma árvore. Voraz era o mais próximo de mim, depois a vários metros ainda longe, ainda dormindo, estavam Pan, Theo e outra garota. Os outros deveriam estar por perto também, mas por hora eram as palavras que Voraz escreveu na areia, quando acordou de seu transe, que importavam.

Eu comecei a respirar pesadamente depois que as palavras saíram da minha boca. Eu não sei o que aconteceu, mas era como se eu estivesse dizendo algo errado, e por isso minha cabeça começou a doer e a girar em vários pensamentos e flashes de imagens confusos. Tudo o que eu fiz foi me levantar, em um grito, com as mãos da cabeça arfando de dor. Voraz me chamava, preocupado. Eu não conseguia olhar para ele, a dor não queria passar. Então eu apenas corri, me lembrando de apenas de levar meu machado comigo.

Entrei na floresta á medida que as imagens e flashes foram se tornando mais claros. Eu ouvia os passos apressados de Voraz me seguindo, mas não consegui parar de correr por nada. Não enquanto minha mente estivesse em colapso.

Eu via imagens de uma cidade deslocada pelo caos. Pessoas correndo para todos os lados. Depois, a imagem se focou no sol. O sol escaldante e vermelho do meio-dia brilhando em um céu cinzento. Eu ouvia vozes na minha cabeça, vozes que não tinham qualquer nexo com as imagens. Uma lembrança de alguma conversa.

Enquanto eu via uma imagem minha, quando criança, brincando em um balanço, toda delicada e sorridente, com uma mulher mais velha me empurrando com o rosto embaçado pelo esforço da lembrança, eu sentia meu corpo caindo dentro de alguma coisa sufocante. Meu corpo doía, mas eram apenas lembranças da dor. Eu soluçava, sem ar quando alguém me alcançou e começou a falar.

”Você precisa tirar eles de lá! Lembre-se dos pontos... São cinco e você precisa destruí-los para sair de lá!” A voz foi falhando conforme a imagem mudava para uma minha um pouco mais velha, sentada em um canto do consultório médico desenhando e observando um médico examinar algumas crianças.

Eu ainda sentia meu corpo em outra lembrança, quando a voz voltou no meio de uma frase: “ ... ele vai ter o pulso com um ‘v’ tatuado. Ele pode ajudá-la a quebrar os cinco satélites...” A imagem mudou para eu, no meio de dezenas de macas médicas observando pacientes que tinham suas vidas sustentadas por fios e aparelhos. “ .. depois disso, é só tomar cuidado porque eles vão colocar alguém entre vocês, e essa pessoa vai acabar traindo vocês.... “ Um traidor, traidor...

Voraz, traidor, satélites... Destruir os satélites... Meu corpo estava afundando novamente... Afundando em culpa por algo que eu não me lembrava. “Você pode confiar nele, mas cuidado com os outros! E no final, vocês terão que...”

– HEY! – Voraz gritou, enquanto chacoalhava meus ombros – Layla, vamos! Acorde!

Eu respirei fundo.

– Eu... eu sei como sair daqui – Disse com a voz falha.

– Isso você já disse, mas como? – Ele parecia preocupado.

Eu olhei ao redor das árvores, para o lugar calmo. Tinha que ter certeza que não tinha ninguém ali perto. Eu me levantei, tendo percebido agora que tinha caído ao tropeçar em um tronco de árvore enquanto corria sem rumo. Minha cabeça ainda doía muito, eu olhei para os lados, mas eu via tudo embaçado. Afastei-me de Voraz e encarei um espaço entre a fechada mata, um espaço entre os galhos das árvores onde eu pudesse ver o sol.

– Alguém seguiu a gente? – Perguntei, ganhando confiança na voz.

– Não, você correu muito desde aquela praia, é mais provável que estejamos perdidos – Ele respondeu, agora ofegante pela corrida até ali.

– Ouça – Eu me aproximei dele e disse quase como um sussurro – Tem um traidor entre a gente. Por isso nenhuma palavra com os outros, ouviu?

Ele assentiu, parecendo entender.

Okay – Eu respirei fundo, procurando as palavras certas – Tem cinco pontos no jogo que precisam ser destruídos.

– Os satélites que eles usam para nos monitorar – Ele disse, baixinho, como se estivesse se lembrando de algo, vagamente.

– Deve ser isso – Eu sorri – Mas enfim, eu me lembrei de uma conversa com alguém que me disse como sair daqui. E algumas outras coisas meio vagas da minha vida... Tudo graças ao que você escreveu na areia.

– Eu não me lembro de onde tirei aquilo, talvez eles não queiram que eu descubra ou algo assim. – Ele soava determinado.

– A questão é que foi esperto você escrever aquelas palavras, agora precisamos destruir esses cinco satélites, seja lá o que isso quer dizer ou o que esses satélites forem, - a convicção na minha voz diminuiu muito nessa ultima parte, como se eu nem eu estivesse certa dela – E depois descobrir quem é o traidor.

– Mas pode ser qualquer um! Eu não conheço ninguém aqui, e nem você... – A preocupação transparecia em sua voz e um silêncio inquietante seguiu depois disso. Eu ouvia os sons típicos dos animais na floresta, do vento nas árvores e da mata fechada e sufocante.

– Por hora – eu disse, quebrando o silêncio da floresta e olhando as árvores – Vamos ficar de olho em todos, e ver se descobrimos alguém. Ninguém é confiável. E temos que encontrar esses satélites também, o mais rápido possível. – antes que eles façam a gente esquecer de novo, eu quis dizer, mas as palavras não saíram.

Voraz assentiu com a cabeça, com a certeza aparente. “Olhe isso” Ele disse, desviando a atenção para um pedaço de papel dobrado que encontrara debaixo de um tronco. “São as pistas dessa fase, eu acho”

Ele abriu o papel para que eu pudesse ler também.

"Na primeira hora a água nos tornaremos;

Na segunda hora assim como o fogo queimaremos;

Na terceira hora como pássaros voaremos;

Na quarta hora a solução destruiremos;

Na quinta hora ao cheiro de sepulcro e com um corpo oco teremos a morte para a contemplação da vida;

Assim a meia-noite chegará e a chave abrirá, e cegante a realidade então a tomara."

Eu estava prestes a dizer alguma coisa, quando um barulho estranho veio do outro lado das árvores. Havia algo vindo pra cá. Voraz foi rápido em guardar o papel no bolso, eu empunhei meu machado com a mão direita, e então lembrei que se tratava do meu braço baleado. Ele doeu em protesto pelo esforço. O som de passos era nítido, Voraz fez um sinal e nós dois saímos da valha entre as árvores que estávamos e nos escondemos atrás de algumas pedras e troncos caídos. Nossa sorte é que era um mata fechada. Quando os passos se aproximaram, estava com o machado pronto para atacar quem quer que estivesse por ali, e quase o fiz. Exceto que uma voz familiar chamou:

– Voraz! Layla! – a voz rouca de uma garota chorosa e suja de graxa.

– Aqui! – Eu disse, me levantando do esconderijo improvisado. Troquei um último olhar de aviso com Voraz, que revisava toda a nossa conversa anterior e ele pareceu entender, pois acenou com a cabeça antes de se levantar.

Que merda aconteceu com seu cabelo, menino?! – Pan exclamou, assustada eu ver os cabelos – ou a falta deles – de Voraz. Eu não pude deixar de rir.

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Quando voltamos para a praia, tudo estava em ordem e todos estavam acordados – com a estranha ausência de Nicolle, Alaric, o garoto gordinho e o garoto moreno da fase anterior. Era estranho, mas eu tinha quase certeza que cairíamos na mesma fase dessa vez.

Todos nós sentamos em um círculo conforme fomos apresentados uns aos outros – estavam ali Voraz, Tommy, Theo, Pan, eu e uma garota de cabelos escuros com um papagaio de metal no ombro que Voraz apresentou como Maysa.

– Ela é veterana aqui e vai ajudar – Ele disse, conforme se sentou no círculo.

– Então, Maysa, certo? – Tommy disse, e a garota assentiu – Sabe como passar essa fase?

– Sem pressa – ela respondeu – É o tipo de fase de sobrevivência. Já perceberam que o sol vai se por em alguns minutos...

– Temos que sobreviver uma noite aqui? – Pan exclamou, quase deixando uma garrafa de água que tomava cair na areia da praia.

– Não a noite toda, seria muito tempo para uma fase – Ele disse – Apenas o suficiente para eles. O tempo aqui passa de um jeito diferente.

– Então vamos ficar aqui na praia a noite toda! – Theo disse, parecendo feliz com a ideia.

– Esperto, mas... – Mayse começou a falar, mas Voraz a interrompeu.

– Tem uns lagartos aqui – Ele disse – Eu vi quando entrei na floresta, eles estavam dormindo.

– E acordam de noite. E são um inferno – Pan disse, do nada.

– Como você sabe? – Maysa a questionou.

– Já vi eles em uma outra fase – Ela deu de ombros, parecendo aliviada com sua resposta.

Todos concordaram em sair agora para procurar um lugar seguro – e longe dos lagartos – para passar a noite. Arrumamos nosso pequeno acampamento – basicamente, duas mochilas que tinham os curativos que usamos para limpar dos machucados – E depois seguimos em direção à floresta.

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– Esses insetos são um inferno! – Ninguém discordou. Já estávamos na floresta fazia aproximadamente meia hora, e todos já tinham o ar do cansaço bem visível. Tínhamos todos que andar espertos, já que o sol já estava se pondo. As luzes vermelhas do crepúsculo iluminavam a floresta de um jeito que dificultava ainda mais a nossa caminhada, como se já fosse noite. Todos estavam apertando os olhos para ver entre os galhos caídos e os vãos das árvores, atentos pelos lagartos que Voraz havia dito. Havíamos encontrado apenas dois deles lá atrás e eles pareciam grandes o bastante para ser uma ameaçava.

Mas além de nos preocuparmos com os lagartos, Voraz e eu tínhamos uma preocupação extra: os satélites e o traidor. Eu não parava de olhar para as pessoas do nosso grupo, apreensiva, achando que logo um deles iria pular no meu pescoço. Não sei como Voraz estava lidando com isso, ele andava na frente do grupo comigo, nós dois limpando o caminho das árvores para passar – nessas horas ter um machado ajudava muito. Voraz tinha um ar sério de motivação apesar de tudo.

Maysa andava a poucos passos para trás de mim. Eu me sentia desconfortável a cada arvore que passávamos porque era como se de algum modo ela estivesse me observando. Acho que não passa de uma paranoia, já que do grupo ela é a que eu menos conheço e por isso não é confiável. Tommy seguia sério logo atrás, a floresta parecia sem fim para ele. “Eu não gosto muito de lugares fechados” ele dissera minutos atrás.

Pan e Theo já era outra história. Os dois não estavam no meu campo de visão quando olhava para trás, mas eu só podia torcer para que estivessem nos seguindo como o combinado. Desde a fase passada, Pan tinha ficado cada vez mais triste pela morte da amiga dela, e Theo pareceu muito interessado em querer consolá-la. Vai entender o que está acontecendo entre os dois, afinal.

Quando finalmente chegamos a uma vala na floresta, paramos um pouco. O sol tinha quase se posto, tanto que agora ele não estava presente no horizonte, apenas sua luz nas nuvens. Tommy pegou duas lanternas na sua mochila, entregando uma a Voraz e uma para ele. Foi quando eu vi, á pouco mais do que uns 20 ou 30 metros á frente, um morro consideravelmente alto. E no alto desse morro havia um tipo de cabana de metal. Tommy tentou iluminar até lá com a lanterna, mas a luz não alcançou.

– Só pode ser lá o lugar seguro – Maysa disse.

– Parece um centro de pesquisa, ou algo assim – Voraz disse, forçando a visão para tentar ver no escuro.

Quando a última luz do sol foi embora, tudo ficou escuro. Por um instante, ninguém disse nada. Ficamos em silencio esperando alguma coisa acontecer. Ouvíamos apenas a respiração pesada e cansada um do outro.

– Cadê os lagartos? – Tommy disse, apreensivo.

O frio da noite chegou. Dei de ombros e continuamos a andar, até que um grito cortou o silêncio logo em seguida. O grito conhecido de Pan, e logo em seguida o som típico de lagartos se movendo pelo mato, vários deles, com o peso de suas patas e o som de suas línguas de repteis. Começamos a correr, mas já era tarde de mais.


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Notas finais do capítulo

E, o próximo capitulo promete muito! Não percam! Obrigada a todo mundo que favoritou e comentou a fic, ficamos muito felizes e motivados quando alguem comenta! É muito importante para nós, então obrigada!