Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas!! Gostaria de agradecer pelos comentários lindos de vocês! Pelo fato de algumas pessoas continuarem comentando... vocês devem imaginar o quão importante isso é para mim... Então, queria mandar um enorme "OBRIGADA" para a linda que recomendou a fic!! É sério, eu fiquei muito feliz quando vi sua recomendação!
É isso! Aproveitem o Capítulo 8.

Música do capítulo:
Clocks - Coldplay.

"Confusão que não acaba!
Paredes fechadas e relógios tiquetaqueando.."



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Havia um relógio. Ele contava os segundos de algo importante. Eu o via pela parede da sala branca onde eu estava. Nela havia um tubo cinza. Na porta estavam dois pacificadores, não sei o que estavam fazendo... Talvez me vigiavam?

Alguém estava dentro da sala junto de mim. Eu não conseguia ouvir o que dizia, era impossível! Mas não havia barulho nenhum que me impedia de ouvi-lo. A pessoa à minha frente berrava e me sacudia, como se quisesse falar algo sério. Mas eu não respondia, não podia ouvir, não podia falar ou andar. Só podia ver.

A pessoa à minha frente me deu um forte abraço e, não sei como, conseguiu me mover até perto do tubo cinza. Virou meu rosto para o relógio digital que estava na parede ao lado. A hora estava chegando. Ele me deu um beijo na testa e me empurrou até dentro do tubo, que se fechou num piscar de olhos. O homem à minha frente deixou uma lágrima escorrer por seu rosto, como se já me conhecesse. Como se eu fosse importante para ele. Talvez não fosse sua intenção, mas estava chorando. Não estava sendo forte... Ele sabia o que me esperava.

Consegui me movimentar ali dentro. Eu queria sair. Batia na parede à minha frente, a qual subia. Eu esmurrava o ferro, mas sabia que era impossível. O tubo subia para algum lugar desconhecido. Era escuro. Meus olhos não viam absolutamente nada. Segundos depois, a luz fez com que os mesmos ardessem. Tentei me adaptar. Foi quando olhei para frente.

Havia um enorme contador de segundos, o qual foi acionado assim que todos os outros tubos chegaram.

60, 59, 58...

Olhei para os lados. Pude contar vinte e três pessoas, as quais estavam em cima de outros tubos, os quais se tornaram bases.

46, 45, 44...

Eles estavam com sede de sangue. Queriam que a contagem acabasse. Queriam matar. Eu não conseguia definir o que via ao meu redor, o ambiente... não conseguia ver a aparência de nada, apenas as pessoas, as quais se preparavam para correr, as quais queriam lutar e as quais temiam aquele lugar.

05, 04, 03, 02... 01, 00.

A Arena estava pronta para o banho de sangue.

[...]

Um grito atravessa minha garganta. Eu não queria que acontecesse, mas era difícil segurar o desespero quando se tem pesadelos.

Ouço passos de alguém apressado e curioso. Talvez preocupado. Sei quem é quando identifico que o barulho era feito por um sapato de salto alto. A porta é acionada do outro lado e, em segundos, abre.

Effie fica me encarando, como se tivesse medo de mim.

Afasto meu cabelo de minha testa, a qual estava completamente molhada de suor. Eu deveria estar horrível! O olhar dela era de pena. Parecia entender minha situação. Aposto que Effie, por mais feliz que seja, já teve pesadelos.

Olhei ao redor, afastando os pensamentos sobre Effie de minha mente. Era meu quarto. Ainda estávamos no trem. Eu ainda tinha mais quatro dias. Mais três noites. Mais milhares de pesadelos até que se tornassem realidade.

Tento captar o máximo de informações possíveis. Ela continua me encarando, curiosa... Admito que não seria uma boa hora para me perguntar alguma coisa. Effie apenas fica lá, parada.

Encaro o espelho à minha frente, o qual cobria uma parede inteira, porém que eu ainda não tinha percebido.

Estou horrível. Os olhos cansados, o rosto inchado, o cabelo desarrumado. Um tremendo desastre para a mulher da Capital. Minha roupa estava colada à meu corpo. Eu tremia. A respiração estava acelerada. O suor frio escorria por meu corpo, como a água gelada do chuveiro fizera na noite anterior.

— Está tudo bem, queridinha? - resolveu perguntar quando percebeu que eu não falaria nada. Effie parecia preocupada comigo. E realmente deveria estar! Eu estava sob a responsabilidade dela! Era ela quem pagaria pelas consequências caso alguma coisa de ruim acontecesse comigo antes dos jogos! Eu deveria ser entregue à Capital sã e salva!

— Sim... Está! - é o que consigo responder, ofegante. - foi apenas um pesadelo, não se preocupe - completo. Effie sorri para mim, senta-se na beirada da cama enorme.

— Está horrível, querida! - diz, sem se importar. Aquilo não fazia nenhum mal à mim. Dizer que eu estava horrível era normal... Estranho seria dizer que eu estava bem!

— Eu tive uma noite ruim, Effie... - disse, querendo chorar, mas não o fazendo.

— Ah, menininha... Não se preocupe, vai ficar tudo bem, O.K.?

Effie parece arrasada, tinha pena de mim. Apenas assinto, não conseguia encontrar uma resposta conveniente para aquela coisa toda.

— Ah, Effie... Não precisa sentir pena! Você mesma disse que vai ficar tudo bem...

Digo. Eu pensei que ela fosse começar a chorar naquele mesmo momento, pois seus olhos, belos olhos, estavam se enchendo de lágrimas. A mulher já deve ter sofrido nas mãos da Capital. Não do mesmo modo que a gente... Mas criar amizade com duas crianças todos os anos para vê-las morrer dias depois era arrasador! Talvez eu não devesse me desculpar com ela... Talvez eu devesse fazer com que ela me odiasse à ponto de não sentir minha morte quando acontecesse...

— Tudo bem, então! - ela começa, se recuperando do momento emotivo. O rosto branco por causa da maquiagem se alegra novamente. - só queria saber se está inteira! - ela sorri, disfarçando a tensão que se encontrava debaixo de todo aquele pó e maquiagem da Capital.

— Hã... Desculpe-me por ter te tirado de seu momento de reflexão... - digo. - quer dizer... Você estava ocupada quando ouviu meu grito, não estava?

— Bem, eu já estava vindo aqui para te chamar mesmo... O café da manhã está servido! - disse, se levantando da cama e pulando de alegria. Dou um sorriso em resposta. Levanto-me também. - Está tudo muito magnífico lá na sala! Montaram uma mesa especialmente para meus Tributos preferidos! - completa, abrindo a porta. - vamos, Prim! O café vai esfriar! - chama, parada de frente para a porta.

Effie poderia ser doidinha do jeito que era, poderia viver do jeito que vivia... poderia ser como eu, que sofria nas mãos da Capital... E eu queria que a mulher não sofresse quando me visse morrer... Mas eu sabia que devia algo à ela. E eu odiava ficar devendo coisas às pessoas.

— Hã, Effie? - chamo.

— Sim?

— Como é... Sabe... Viver assim? - pergunto, hesitante.

— Como assim, Prim?

Certo, agora que eu já perguntara, deveria explicar.

— Você sabe... Sortear duas crianças, conviver com elas e depois... Bem... Vê-las morrer... Me entende? - ela assente, o rosto toma aquela expressão deprimida novamente. Droga!

— Ah, Prim... É doentio! - responde, com sinceridade.

— Doentio? - arqueei as sobrancelhas.

— É... Sabe, ter que ser feliz a todo momento, viver com eles... Como se fosse a coisa mais normal do mundo... É doentio!

— Então por que você faz isso? - pergunto de modo inocente. Era uma dúvida que estava me matando por dentro. Eu deveria aproveitar o momento para perguntar!

— Porque é uma coisa de família... Bem, minhã mãe também fez isso... E minha avó, minhas tias... Eu seria amaldiçoada por minha família caso quebrasse a tradição... - diz, triste, talvez por se lembrar de todos os anos que passaram, de todas as mortes que sofrera assistindo. - Prometa uma coisa para mim, Prim? - pediu.

— Se eu puder prometer...

— Prometa que vai tentar... - aquilo foi como uma facada. - que não vai permitir que eu me sinta assim com os Tributos desse ano... que pelo menos uma vez na minha vida eu possa ser feliz ao lado de vocês...

— Effie, eu não posso prometer isso... Não tenho chances!

— Ah...

— Peeta pode prometer! Ele é forte. Aposto que verá o garoto com a coroa da vitória no fim dos jogos... Daqui há alguns dias! - brinquei. Pude ver um sorriso em sua face. Não era como os outros. Era sincero. Era bem mais bonito. - Effie?

— Hum? - ela diz, enxugando algumas poucas lágrimas que apareceram de penetra em seus olhos.

— Me desculpe, sabe... Por ter falado aquelas coisas todas, ter te chamado de pantera cor-de-rosa... Eu não queria ter sido rude. Estava muito nervosa com tudo o que estava acontecendo e...

— Não tem problema, querida! - interrompeu. - Agora vamos, antes que o café esfrie! - falou, como se esquecesse de tudo o que conversamos.

— Tudo bem, então... - respondo, me sentindo mais leve. Levanto-me e a sigo até a porta. É quando me lembro de que estou completamente suada, e que seria nojento sentar-me à mesa de café daquela maneira. - Effie? - chamo, indo até seu lado. Ela me encara. - Se importaria se antes eu tomasse um banho? Eu não estou me sentindo muito bem. Preciso relaxar um pouco...

— Claro! Desde que não demore tanto! - brinca. - Realmente precisa melhorar essa carinha... Colocar um sorriso no lugar desse meio-sorriso... - é quando dou meu primeiro sorriso completo. - exatamente como esse! - ela bate palmas. Tudo era motivo para Effie comemorar! - agora vá! O horário está um pouco apertado... - diz, se retirando de meu quarto.

A porta se fecha, deixando-me sozinha, novamente.

[...]

Apronto o mesmo banho que Peeta arrumara para mim na noite anterior. Gelado com sabonete de frutas vermelhas. Assim que acabo, visto uma outra roupa que encontrara na cômoda. O alívio tomara conta de meu corpo. Eu não sentia mais calor, não estava mais ofegante, não havia nó na garganta. Estava tudo bem. Eu nem me lembrava mais do pesadelo!

Segui caminho até o vagão por onde entramos para o trem no dia anterior, logo após a colheita. Meu cabelo estava molhado e tinha cheiro de shampoo de camomila.

— Amanhã será um grande, grande dia! Chegaremos à Capital assim que amanhecer! - Effie gritou assim que me viu, falando não apenas para mim.

Me sentei ao lado de Peeta. Ele estava sorrindo.

— Bom dia! - disse para mim, esquecendo dos problemas.

— Bom dia! - respondi mais feliz que o necessário.

Haymitch estava na poltrona de frente para a minha, não parecia se importar com nada. Nem parecia que estava ali... Ele deveria ser o tipo de pessoa que só tinha presença de corpo... Sem alma. A garrafa com a bebida em mãos. Como alguém consegue beber no café da manhã? Revirei os olhos, infelizmente eu também devia algo a ele.

— Ei, Haymitch? - chamei. - Me desculpe, eu fui uma idiota ao falar aquelas coisas com você... Estava com raiva do que estava acontecendo... - falei, cansada. Era a terceira vez que repetia aquilo. O homem apenas fez um sinal com a mão, como se aceitasse o pedido, mas como se não quisesse ser incomodado. Assenti, como se o respeitasse. Pelo menos o peso da culpa já estava menor! Pensei.

Peguei uma caneca com um líquido marrom. Quando bebi, percebi ter o mesmo gosto do doce que comi no dia anterior. Era chocolate derretido.

— Gostou do chocolate? - Peeta perguntou.

— Isso é muito bom... - falei. - nunca tinha tomado antes!

— Bem, terá isso e muito mais por todos esses dias! - diz Effie, com um sorriso enorme no rosto. Mas ela logo se entristece. Effie nunca mais me veria depois que eu entrasse para a Arena. Ela sabia disso.

— Assim espero! - falei, brincando. O sorriso voltou até seu rosto.

— Então, Prim... - chamou Haymitch, por mais incrível que possa parecer. - eu estava conversando com Peeta antes de você chegar e ele me contou das habilidades com a camuflagem...

— É, ele confeita os bolos...

— Ele me disse isso também... - continuou, irritado por causa da interrupção. - e isso pode ser necessário na Arena...

— Onde quer chegar com isso? - perguntei. Haymitch deu uma golada enorme no bico da garrafa e me encarou.

— O que você sabe fazer? - perguntou, interessado no assunto. Nunca imaginei que fosse possível, mas ele realmente prestava atenção.

— Eu... - não sabia de nada! Era o que eu queria dizer. Que não sabia nada! Mas me lembrei do que Caesar disse quando avaliou o Tributo feminino do Doze. - eu sei impressionar! - ele franziu o cenho. - Quer dizer... Eu sou amigável... Como Caesar disse ontem, eu posso conseguir patrocinadores!

— Ah, sim! Patrocinadores...

— Ah, qual é, Haymitch, não estava esperando que ela dissesse que sabe usar uma espada, né?! - me defendeu Effie. Agradeci em silêncio.

— Não, não estava... Mas pelo menos poderia ter me dado uma resposta melhor...

— Como o quê? - perguntei, nervosa.

— Isso já está de bom tamanho... - disse, se rendendo. - já deve ajudar em alguma coisa... - completou.

— Você mesmo disse que ajudaria!

— É. - concordou. - vamos conversar sobre isso mais tarde!

— Tudo bem... - concordei, pegando um pedaço de bolo. Estava delicioso.

— Tem ideia de como será a Arena esse ano? Algum palpite? - perguntou Peeta.

Haymitch balançou a cabeça em negativa. Ninguém nunca dava palpites quanto à Arena, era sempre uma surpresa.

— Eu sonhei com a Arena essa noite... - falei. - não consegui ver nada... Mas não parecia ser como as outras.

— Como assim? - Effie perguntou, interessada.

— Parecia que tinha mais de um cenário. Como se fosse dividida...

— Como uma torta? - perguntou Peeta.

— Sim. Dividida como uma torta!

Confirmei. Haymitch pareceu não se importar com o comentário... Mas eu sabia que aquele sonho queria me dizer alguma coisa. Permaneci sentada e em silêncio. Todos se encaravam, preocupados. Pelo menos eu pude pedir desculpas à eles... Penso. Sim, isso já era bom... Saber que nosso mentor estava começando a se importar também era... Saber que Effie queria que eu vencesse à ponto de me fazer prometer que tentaria... Era encorajador. Era um estímulo maior para tentar aceitar aquilo tudo. Era melhor ainda que tê-la como a Doida de Cabelo Rosa da Capital.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não foi um capítulo muito revelador, mas é necessário para que a história tenha sentido... além do mais, eu sempre quis saber o motivo de a Effie fazer aquilo... e criar o motivo foi ainda mais legal que saber! Beijos e até o próximo!