Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! Eu não disse que postaria em breve?
Bem, temos apenas quatro tributos vivos na Arena do Septuagésimo Jogos Vorazes com Primrose Everdeen... estamos chegando ao vim, meus queridos... ao fim...

Música do Capítulo:

The Miracle (Of Joey Ramone) - U2

"Correndo atrás de um sonho, antes que desaparecesse
Estava ansioso para chegar a um lugar novo
Sua voz era tudo o que eu ouvia
Estava tremendo, havia uma tempestade em mim
Assombrados pelos espectros que tínhamos que ver
É, eu queria ser a melodia
Acima do barulho, acima da multidão..."



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O pior cheiro que uma pessoa numa situação como a minha pode sentir é o cheiro de sangue.

O pior cheiro que posso sentir quando estou sozinha na floresta esperando que algo aconteça é o do sangue daqueles que morreram em minhas mãos.

Eu nunca imaginei que fosse capaz de matar, mas eu fui. Matei Tresh, o garoto do Onze e matei todos aqueles que não consegui proteger. Não tenho lágrimas para chorar pela morte de Rachel.

Tudo em que penso enquanto estou sentada em um tronco de uma árvore não muito alta, pois eu não escalava muito bem, é que não cumpri a promessa de que faria tudo pela aliança. Me sinto traída por aqueles que forçaram suas idas, como Carl, mas eu me sinto uma traidora por ter um dia pensado que teria de matá-los.

Eu fico relembrando de como era antes de entrarmos na Arena. Estava tudo programado para a aliança. Peeta era o primeiro da lista... e foi o que menos compareceu.

Eu nem sabia o nome de Rachel e comecei a chamar Chelsea, a menina do 7, de Cherr sem antes saber se ela aprovava!

Vi crianças mais velhas que eu morrerem nas mãos de covardes mais fortes. Era sempre assim, eles matavam os mais fracos primeiro e depois matavam os mais difíceis de matar.

Nunca entendi essa tática. Se eles conseguissem matar os mais fortes primeiro, os Jogos não durariam nem uma semana! Então começou a fazer sentido... a Capital nos forçava a pensar que os Jogos deveriam durar semanas por ser um evento anual e, assim, sofríamos por mais tempo aqui nesse inferno.

Estou acordada já há alguma horas. O céu está escuro e vejo, bem ao longe, uma ponta de luz. É como a chegada da esperança... devagar e singela, mas quanto chega, incendeia tudo que está por perto.

Ver o nascimento do Sol do lugar onde eu estava era privilegiado. Não chovera tanto no período que passamos na Arena das Estações. Aquele parecia um presente dos Idealizadores, me refiro ao nascer do Sol, pois aquela poderia ser nossa última oportunidade de ver tal fenômeno.

Eu ainda estava na Primavera, completamente sozinha pela primeira vez. Passei as coisas que estavam na mochila de Rachel para a minha mochila e prendi a da ruiva na árvore, para o caso de alguém passar por perto. Pegar suas coisas me trazia o sentimento da primeira noite na Arena, quando roubei as coisas do morto na divisa entre a floresta de gelo e a floresta de flores.

Sorri ao me lembrar disso. Aquele poderia ser o último dia naquele lugar... mas estava tão calmo... estava tão estranho...

Depois de juntar tudo de forma que eu conseguisse carregar, chequei se tinha munição mortal e se meu estilingue estava preso na calça que a Capital disponibilizou quando entramos.

Encarei a jaqueta preta e vermelha surrada em meu corpo, eu poderia ter pegado a jaqueta de Rachel, mas já bastava tudo dela que eu tinha.

Peguei o pote do banquete do Distrito Três. As esferas me chamavam a atenção, mas eu não sabia como poderia usar. Não sabia o que elas faziam, deveria descobrir. Elas poderiam ser úteis. Peguei uma e comecei a passar por entre os dedos. Eram frias. Muito frias.

Quando ia retornar com a mesma para dentro do pote, a esfera me deu um choque de pequena escala, o qual fez com que eu a soltasse no ar. Antes que atingisse o chão, a esfera se desmontou como uma bomba atômica e eletrocutou tudo que estava por perto, inclusive um pequeno pássaro e meus pés.

Eu tentava me despregar do chão, mas não conseguia... era mais forte que meus bloqueios de quando eu ficava nervosa.

Eu estava, realmente, presa no chão.

[...]

Poucos minutos se passaram quando eu consegui me despregar. As pernas ainda estavam bambas, era como se eu estivesse aprendendo a andar novamente.

Decidi guardar as esferas dentro da mochila, não as via seguras presas em meu cinto, assim como os outros presentes.

Eu ainda tinha meus comprimidos, as esferas, o remédio dos Carreiristas, o veneno de Glimmer e o presente do Sete.

Abri o pote do Distrito Um e encarei a gosma verde.

Puxei uma das lanças que pegara de Rachel de dentro da mochila.

Encarei a ponta da arma. Mergulhei a parte pontuda da lança dentro da gosma verde e deixei que o veneno infiltrasse no metal do objeto. Não ousaria encostar naquela coisa... saía uma fumaça esverdeada e eu apostava que também possuía veneno.

Tive uma ideia, de repente.

Voltei para o tronco onde eu estava "hospedada" e peguei a mochila, antes pertencente a Rach. Corri em direção a um local próximo àquela árvore de forma que eu conseguisse ver alguém ou algo passando quando acontecesse.

Tentei me lembrar da armadilha para pessoas que Marcus, o homem da ala de armadilhas do Centro de Treinamentos, me ensinara.

Demorei alguns bons minutos para construir e testar a armadilha do modo como ele me ensinara. Nunca imaginei que teria tempo e instrumentos para construir tal façanha.

Agradeci ao instrutor por pensamento. Quando fui amontar a armadilha novamente, troquei a estaca de madeira que mataria meu oponente pela lança envenenada.

Depois que tive certeza de que daria certo, voltei para o tronco à espera de meus inimigos.

[...]

A manhã já tinha se despedido quando escutei passos pesados quebrando algumas folhas e galhos que caíam das árvores tropicais.

Um animal não faria tanto barulho... só poderia ser um dos três Tributos restantes.

— Minha primeira vítima... - sussurrei para mim mesma.

Olhei para trás. Tinha passe livre e camarote para ver tudo lá de cima. Eu veria quem quer que fosse se desesperando e se contorcendo, sem saber que estaria morrendo. Não veria a lança chegando, assim como Rachel.

A cabeleira loira do garoto alto começava a aparecer por entre alguns galhos carregados da árvore que me escondia.

Só podia ser Cato.

Então eu me lembrei de que Cato, por mais que estivesse machucado, não cambalearia pelo território sozinho. A não ser que tenha se separado de Clove, mas ele não faria isso...

Quando o garoto assoviou a melodia com quatro notas de Rue e os tordos do local responderam, eu tive certeza de que não era Cato.

Desci desesperada o tronco. Eu queria matá-lo olhando em seus olhos. Não daria o prazer ao garoto de morrer sem saber quem o fez. Eu o faria saber quem o matara. Estava desarmado, seria uma boa ideia.

Escorreguei propositalmente árvore abaixo, ralando as pernas e rasgando a calça na região da canela.

Empunhei o estilingue fazendo uma careta e peguei a estaca de madeira mais afiada de minha coleção.

Eu o atingiria em um local que não o matasse e arrancaria sua pele com o veneno de Glimmer.

Parei atrás de Peeta. Eu mirava em seu braço esquerdo. O padeiro parou de caminhar e virou-se girando os calcanhares.

Ele se assustou quando viu quem estava apontando uma arma para ele.

— Prim? - gritou.

— Você a matou! Matou Rachel! - eu dei um passo para a frente. - Agora eu vou te matar.

— Prim, do que está falando? Eu não matei Rach... eu nem estava na primavera pra início de conversa! Estava cuidando de Clove para Cato poder...

— Não me venha com suas mentiras, Mellarck! - exclamei, com raiva. Ele começou a caminhar em minha direção. Estiquei mais ainda a borracha. Ele levantava os dois braços, pedindo calma. Eu me afastava cada vez mais. - Não dê mais um passo! - mandei.

Ele continuou caminhando em minha direção.

— Eu vou me aproximar, Prim... e você vai abaixar o estilingue. Vai ouvir o que eu tenho a dizer... e se não se convencer, pode atirar em mim e me matar.

— Você vai correr. Ou então me matar. - gritei.

Peeta olhou na direção em que minha armadilha para pegar humanos estava montada.

— Estou sem armas... e sei que se eu correr vou virar picadinho. - ele apontou para a lança.

— Está correto. Tem veneno. É o único caminho que dá pra seguir. - finalizei.

Peeta ainda caminhava em minha direção, abanando os braços para que eu me acalmasse.

— Abaixe a arma. Vamos conversar.

Eu hesitava, poderia ser um truque. Mas, se Peeta estivesse falando a verdade para mim aquele dia no terraço do apartamento... eu deveria confiar.

Abaixei o estilingue. Tirei a munição da borracha e guardei no bolso esquerdo da jaqueta, junto das outras.

— Tem cinco minutos. - disse e comecei a contar mentalmente.

— Preciso apenas de um.

Eu o encarei com receio.

[...]

Estava imaginando como Peeta faria para me convencer de que ele não matara Rachel, mas não foi exatamente isso o que ele fez. Ele estava tentando me convencer de como mataríamos os Carreiristas.

— Eu tenho um plano. - começou.

— Peeta... de todas as vezes que você me disse que tinha um plano, me diga em qual delas deu certo...

Ele pensou.

— Em nenhuma.

— E por quê? - incentivei o garoto a dizer. Ele precisaria, sim, dos cinco minutos.

— Porque nos separamos e porque metade dos Tributos morreu de uma hora pra outra... sem explicação. Eu olhava pra um lado, escutava um canhão, olhava pra outro lado e escutava dois.

Ele estava certo.

— Bem... devo dizer que um deu certo. - continuei. Pendurei o estilingue na calça e puxei os presentes do Banquete. - Eu consegui arranjar o banquete e pegar os presentes. Cato e Clove estão machucados e você ainda está vivo.

Eu organizei todos os potes, um do lado do outro, de forma que Peeta conseguisse visualizar todos. Menos o meu.

— O que tem nesses potes?

— Veneno, esferas paralisantes, remédio... coisas assim. - comentei.

— Isso muda o plano todo... - ele disse, sorrindo.

Eu o encarei, sobrancelhas arqueadas.

— Que seria...

Peeta me encarou.

— Eu tinha pensando em atacarmos pelas costas, entende? Eles têm fome, só estão vivos porque o organismo deve ter retido muito do que eles comeram toda a vida deles lá no Distrito. Mas nós, do Doze, temos uma resistência maior à falta de comida...

— A ideia é deixá-los morrer de fome? - questionei, zombando.

— Não. - me cortou. - Mesmo com fome, eles foram treinados para matar. Eu sei que querem me usar para encontrar você porque não podem caminhar, então eu me fiz de bobo e aceitei... mas sei que eles querem mesmo é me matar.

— Tudo isso e não chegou ao plano ainda...

— Eu estava pensando em levar você até o local onde estamos, no inverno, você se esconder, eu começar uma conversa com Cato, dizendo que encontrei alguns objetos seus, como aquela mochila. - ele apontou para a mochila de Rachel. - Ele acreditaria e continuaria a conversar, iria mostrar interesse em vir te matar... mas você já estaria lá, com o estilingue em mãos... e o mataria.

Eu deveria admitir que esse plano poderia dar certo... ainda mais se Clove não estivesse por perto.

— E a garota? - indago, realmente interessada na conversa, não me importando se os cinco minutos já tivessem passado.

— Eu pensei em pedir que Cato mandasse que ela buscasse por comida ou algo do tipo, para que ela não visse acontecer nada...

Eu caminhei para perto da árvore. Estava exausta. Me sentei ao lado da mochila de Rach.

— Você descobriu, Peeta? - perguntei, lembrando-me da dica que Haymitch, nosso mentor, nos dera antes de irmos pela primeira vez ao Centro de Treinamento.

— Descobri o quê?

Ele estava confuso. Eu sorri com cumplicidade.

— O segredo que os manteve juntos?

Ele sorriu, parecendo se lembrar. Peeta me encarou.

— Não... mas podemos descobrir. - foi minha vez de sorrir. - E depois de descobrirmos, usaremos contra eles. - finalizou.

Levantei-me, entregando-lhe a mochila e dando-lhe o abraço mais demorado do mundo, não me importando que ele pudesse arranjar uma faca do além e me apunhalar pelas costas.

— Senti sua falta, padeiro.

— Eu também, loirinha... eu também.


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Notas finais do capítulo

Então...? O que acharam?