Tudo pode mudar por causa de um Nome escrita por HeyLay


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo.
Wish I could fly - Roxette.

"Eu sonhei que podia voar,
Lá fora no azul,
Sobre esta cidade.
Seguindo você,
Sobre as árvores, metrôs e carros.
Eu tentaria descobrir quem você realmente é..."



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Meus pensamentos nunca mudavam. Eu estava achando que aquilo era um sonho do qual eu poderia me desfazer assim que abrisse os olhos, mas eu sempre via a escuridão. Nada mais que isso. Eu já estava ficando sem esperança nenhuma de me despedir de minha mãe quando a porta abriu novamente.

— Prim! Me desculpe a demora, minha filha! Eu não acredito nisso... Ah, meu Deus!

Ela me abraçou. O rosto molhado por causa das lágrimas.

— Mãe... Está tudo bem.

Tentei ser forte, mas não dava. Minha mãe ficou me encarando.

— Prim, se eu pudesse eu... – ela começou a dizer.

— Não tem problema... Está tudo bem. – tentei sorrir. – viu minha irmã?

Ela negou, engolindo em seco. Não queria chorar. Queria me encorajar... Eu admirava isso nela. Apenas assenti, conformada. O rosto de minha mãe tomou uma expressão que eu não conhecia. Ela pareceu se lembrar do que eu fizera mais cedo.

— Prim, você é maluca? O que foi aquilo? Sabe o que pode acontecer? Eles podem te matar antes de todos lá na arena!

— Eu já não vou sobreviver, mãe! Não há esperança. Nunca houve!

— Você não vai desistir, filha!

— Eu não vou conseguir seguir minha vida se eu ganhar, além de ser impossível uma menina de 12 anos vencer. Mãe, o mais novo tinha 14 e era menino... Não se preocupe, vai ficar tudo bem... Eu vou ficar bem...

Ela me interrompeu com o abraço.

— Sra. Everdeen, peço que se retire. - gritou alguém do outro lado da porta.

— Mas já? – questionei. Minha mãe em silêncio.

— O garoto ficou tempo a mais E isso foi descontado no horário da senhora. – respondeu o pacificador, frio.

Olhei para minha mãe.

— Só mais um minuto! - pedi.

— Nada mais que isso... - ele respondeu. Agradeci em silêncio.

— Ouça aqui, temos pouco tempo. Devo ser rápida. - falei, olhando em seus olhos. - Vai ficar tudo bem na ausência de Katniss, Gale vai te ajudar... Se ela voltar, diga que mandei um abraço. Não sinta minha falta, não é necessário. Estarei aqui com você.

— Jura que vai tentar? - perguntou, chorando. Minha mãe não aguentaria muito tempo, eu sabia disso. Não queria demonstrar que não tinha mais esperanças. Ela não queria que ficasse óbvio de mais que eu não sobreviveria e que ela não acreditava em mim. Mas ela estava chorando. E eu sabia o que isso queria dizer. Era, sim, um adeus.

— Eu juro... - foi o que consegui dizer.

— Eu te amo...

— Adeus... - Falei, com um nó na garganta.

— Não é um Adeus, Prim... Se lembra do que me prometeu? Vai tentar... E se não conseguir, vai estar comigo para sempre...

— Adeus, mamãe! - repeti. - é um adeus, sim. agora responda! É meu último pedido... - minha mãe não respondeu. O tempo estava acabando e eu não sairia dali brigada com ela. Eu sairia dali ciente de que era meu fim. - Apenas prometa que vai cuidar de Buttercup e da Lady... - continuei minha despedida, ela em silêncio absoluto. - e que não vai culpar Katniss por não ter aparecido... prometa para mim. - Ela apenas assentiu. - eu pedi para prometer!

— Eu pro...

Mãos de pacificadores puxaram-na para longe de mim. Escuridão foi o que eu vi.

Menos de um minuto depois, a porta se abriu novamente. Saí correndo, pensando que fosse minha mãe voltando para terminar a frase.

— Mãe! – eu gritei, abraçando a pessoa à minha frente. Mas ela era baixinha... e não se parecia em nada com minha mãe.

— Me desculpe... Mas não sou sua mãe... – respondeu. é lógico que não era... eu parecia ser tão burra assim?

— Ah, Madge! – falei, desanimada. – é você...

— Sei que não queria que fosse... Mas eu precisava falar com você...

— Dizer que já era? Dizer adeus e pedir desculpas por nunca ter falado comigo? Quanta hipocrisia!

— Não... Não é isso... – ela gargalhou. Como ela podia gargalhar? Aquela menina era louca. Madge era ninguém mais, ninguém menos que a filha do Prefeito do Doze, ou seja, era da nobreza. Eu já vira a menina conversando com Katniss, mas sabia que era apenas pelo fato de minha irmã proporcionar carne fresca para a sua família. Catnip costumava caçar ilegalmente, por isso saía pela cerca todos os dias e por isso não morremos de fome até hoje. Ela aprendeu a usar o arco e flecha com meu pai, quando eu ainda era pequena... Infelizmente tive que aprender tudo sozinha. Mas ela não sabia disso, ninguém, a não ser Gale, sabia de minha capacidade de atirar.

— Olha, só porque você é a filha do prefeito, não quer dizer que pode rir de mim. Só porque seu nome só está lá uma vez, não quer dizer que pode me tratar como inferior... Não sei se percebeu, mas esse foi meu primeiro ano. É meu primeiro papel. E eu fui sorteada... Então, Madge, nesse quesito, você não é melhor do que ninguém! - fiquei nervosa com ela. Tinha tudo o que queria a hora que desejasse e ainda reclamava? Ela era igualzinha à mim. Tinha seu nome naquela loteria desde os 12 anos e sempre ficava com medo de ser sorteada, a única diferença era que ela tinha dinheiro.

— Eu só vim dizer que vi o que você fez lá na praça. - Ela disse, séria. – e que eu gostei.

— Ah, claro... Agora sou motivo de diversão para os nobres cidadãos do Distrito 12!

— Hã... Prim, posso terminar?

— Claro! Continue, princesinha!

— Eu só queria te dar um presente...

— Um... Presente? - Ela assentiu. – por quê?

— Cada Tributo pode levar uma lembrança de seu Distrito para a arena...

— E...?

— E eu gostaria que você levasse isso...

Ela disse, me entregando uma coisa metálica.

— O que é... isso?

— É um Tordo... Um broche, na verdade. Era da minha tia... – eu sabia da história dos Tordos, ouvi Katniss contando para Gale uma vez. – era para sua irmã, Katniss, mas eu não a vi hoje.

— Você conversa com ela?

— Só queria agradecer pelos coelhos...

— Ah, claro! E está me dando isso por pura pena...

— Por pura coragem sua. Nunca vi um cidadão desse Distrito agir daquela forma. Pelo menos um Tributo... Nunca vi. – eu queria sorrir, mas não ia muito com a cara dela.

— Olha, eu não entendo...

— Não precisa entender, apenas aceite.

— O que aconteceu com sua tia?

— Hã?

— Com sua tia... A antiga dona do broche...

Ela hesitou.

— Foi para a arena, num Massacre Quartenário e... Não conseguiu voltar.

— Ah... – eu não sabia o que dizer. Fui caçar falar mais que o necessário e me ferrei... – eu não queria... Me desculpe...

— Está tudo bem... – ela disse.

Alguns segundos se passaram.

— Olha, Madge, obrigada. Muito obrigada mesmo... Mas eu acho que seu tempo acabou...

— Tenho o tempo que eu quiser para me despedir... Ou simplesmente ficar aqui com você... – ela disse, me interrompendo. - Não quer ficar aqui sozinha, na escuridão eterna... Pensando sobre como será a vida das pessoas sem você, quer?

— Como é?

— Eu posso ficar aqui até dar a hora de saírem... - simplificou.

— Mas minha mãe teve o tempo encurtado... E você pode ficar aqui o tempo todo, sendo que nem minha amiga é? - perguntei, com raiva.

— Prim, apenas aceite o presente... Ficarei grata.

— Se eu aceitar, você sai? - Ela assentiu. – então não vejo motivos para negar...

Peguei o broche e esperei que a garota saísse. Me deixando na escuridão daquela sala. Eu não tinha mais esperança de que Katniss chegasse ali. Madge fora minha última visita.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Reviews?