Ual. Eram quase oito horas da noite e a cidade estava maravilhosa. Podia se ver muita gente na rua - sempre havia muita gente na rua – e elas estavam se divertindo, despreocupadas, como se não fosse domingo e todos tivessem que acordar cedo no dia seguinte. Quero dizer, quase todos.

– É... Deslumbrante.

– O Rio de Janeiro?

– Tudo! Obrigada tia Cami. Por me deixar morar com você.

– De nada, querida! Vou te ensinar tudo que sua mãe não te ensinou! Vou te ensinar a ser uma adolescente normal, a paquerar e se divertir! Uhu! Agora eu to solteira, linda e loira!

Mas o que?! Estávamos indo ao circo ou a uma boate? E como assim ela ia me ensinar a paquerar? Se a mamãe soubesse disso me despacharia para Jaru agora mesmo. E eu não quero aprender nada! Só jornalismo, claro. Porém em uma coisa minha tia tinha razão: Ela era mesmo linda. E beeem loira, de olhos azuis iguais aos meus, só que nela combinava e tal.

– Hahaha! Muito engraçado, mas não.

– Chegamos!

Realmente era um circo. Compramos as entradas e sentamos, na fileira do meio, com baldes de pipoca no colo. Era... Deslumbrante! Assim como o Rio, assim como tudo. O show começou e o palhaço subiu no palco, depois vieram os malabaristas, o mágico e os equilibristas. De repente, fiquei sem ar. Era impressão minha ou ele estava olhando fixamente para mim? Mas nem dava para me ver dali! E então, ele piscou e sorriu. Só que não era para mim, com certeza.

E então, acabou. Na saída, com tanta gente, acabei me perdendo da Cami. “Calma, Jade, calma. Vai ficar tudo bem, você vai achar ela, vai dar tudo certo”, pensar positivo ajuda não ajuda? Não, definitivamente não ajuda. Comecei a ficar tonta, e eu acho que tropecei em alguma coisa, só sei que caí com tudo no chão.

– Ei, você está bem, princesa? – Ai. Meu. Deus. Era ele! O garoto que eu achei que estava olhando para mim. O garoto da plateia, que foi escolhido e levado até o palco para ser “assistente” do palhaço. O que piscou e sorriu. Pera, ele me chamou de princesa? Cadê o oxigênio numa hora dessas?

– Eu... Hum... Estou bem.

– De nada. – ele me ajudou a levantar e foi embora.