Tinha me esquecido completamente de comprar os presentes para os meninos, como era noite quando me lembrei de que as lojas no centro já estavam fechadas, tinha somente o shopping aberto.

Rapidamente me arrumei e aproveitei para pegar o cartão de credito da minha mãe, fiquei na sala esperando o motorista chegar para me levar as compras.

–Aonde vai mocinha? – meu pai apareceu na porta da frente me olhando curioso de cima a baixo

–Vou sair por quê?- ele nunca se preocupava comigo assim, porque isso de repente?

–Só queria saber, estou morrendo de saudade de passar mais tempo com você como antigamente – ele tirava sua gravata e terno colocando-os no sofá ao meu lado.

–Você nunca quis ficar comigo, porque isso agora?- indaguei curiosa

–Eu sei que sou um pai ausente, mas prometo que se você me der outra chance posso ser melhor – ele ficou em minha frente olhando em meus olhos.

–Ah o grande empresário Mark Morgan quer uma segunda chance com sua filha?- falei irônica levantando do sofá

–Viollet – ele me repreendeu

– Quando eu mais precisei de você ao meu lado você não estava eu tive que fazer tudo que fiz sozinha. E onde o senhor estava?- apontei para ele falando exaltada – Trabalhando, ocupado de mais. É isso que sabe fazer? Trabalhar? Ou não é por causa do trabalho, tem algo mais que você esconde – cuspi tudo que estava sentindo em cima dele, eu chorava sem ao menos perceber minhas lágrimas descerem.

–Eu... – ele respirou – Me desculpe filha, eu realmente queria ter participado de sua vida, eu... Eu errei e assumo meus erros, não quero mais perder tempo, você está crescendo, criando uma identidade sozinha e eu me sinto mal por estar com você.

Ele pegou meu braço e puxando contra si, nos abraçamos e comecei a chorar mais.

–Vamos sair agora, só nos dois. Quero ficar com minha filha hoje. Será que posso? – ele segurou meu rosto com as mãos à espera de uma resposta

Balancei a cabeça confirmando que poderia recuperar o tempo perdido.

Depois de se desfazer de seus documentos que trazia, me entregou um lenço e fomos para o carro que já nos esperava.

No shopping nós jantamos em uma lanchonete, papai não quis ir a um restaurante de luxo preferiu ser o mais normal possível, abandonar pelo menos por uma noite o seu posto de magnata bilionário. Sempre nos demos muito bem só que quando comecei a mudar, crescer as coisas começaram a ficar diferentes, ele estava se distanciando e eu também, mas agora queríamos ficar próximos de novo.

Com sua ajuda comprei os presentes e algumas coisas para mim, voltaria com pelo menos uma mala a mais para Manhattan.

–O que acha de um filme agora? – me perguntou quando saímos da ultima loja.

–Sim, vamos – peguei em sua mão e fomos para a bilheteria rindo.

Eu o fiz assistir um romance, não queria ver filme de terror igual o que ele queria. O cinema estava lotado a maioria eram casais, parecia que só tinha eu e meu pai sobrando ali.

Nos sentamos na ultima fileira que dava para ver tudo, o filme era realmente bom, mas na metade não prestei muita atenção, comecei a pensar em Elliot, no que estava fazendo, se estava pensando em mim, já morria de saudades principalmente de seus beijos, do seu corpo de como ele me abraça e posso ouvir seu coração acelerar...

Sai dos meus sonhos quando a luz se acendeu, o filme já tinha acabado. Antes de sairmos para o estacionamento comprei mais besteiras e enfim fomos embora, no caminho de volta fui deitada no colo do meu pai olhando as estrelas pela janela do carro, fechei os olhos e comecei a me desligar do mundo a minha volta.

–Viollet, filha já chegamos – meu pai estava me acordando.

–Mas já – disse sonolenta anda de olhos fechados

–Sim vamos – ele me pegou no colo e entramos em casa – É, agora minha princesinha está pesada – riu quando subia as escadas comigo ainda nos braços me carregando até o quarto

Ele me deitou na cama tirando meus sapatos e me cobrindo dando um beijo de boa noite melado em minha bochecha antes de sair.

Conversar com meu pai e ver que também sentia falta de como éramos antigamente fez com que nos aproximássemos de novo e por mais que de agora em diante seja diferente todos estamos tentando seguir em frente, parando de se provocar e de ficar ausente fazendo com que assim talvez possamos voltar ao que éramos antes.