-Jack-

Há dois anos ainda treinava minha cara de doente para faltar aula, agora consigo fazer sem problemas e foi o que fiz.

Já era hora da aula e eu estava atrasado oito minuto, rolava na Cama de um lado pro outro sem parar, de precaução, se minha mãe chegasse. Ouvi a porta abrir e comecei a gemer então ouvi:

-Você vai ficar aqui comigo?!Vai!Vai!Por favor!-era minha Irma menor Pippa ela tinha seis anos e eu onze, sempre querendo brincar comigo. -A mamãe já sabe que você vai faltar aula pra brincarmos juntos?!

-Pippa, para de gritar!Ela vai ouvir!-Sussurrei.

-Ahhh!Ok!-Ela falou baixinho e saiu cantarolando do meu quarto.

Olhei pro relógio do meu quarto que ficava na parede e vi que já estava atrasado dez minutos, enfiei minha cabeça no travesseiro e comecei a reclamar que se eu quisesse ir pra escola minha mãe teria esquecido, levantei minha cabeça e em seguida todo meu corpo, dei um salto pra fora da cama e quando toquei o chão minha mãe abriu a porta então cai no chão com um do braços pra cima e outro pra baixo, a mesma coisa com minhas pernas e comecei a tremer pra parecer que estava doente.

-Ai meu Deus!-Ela disse- Filho você ta bem?Quer ir ao hospi...

-Não- A interrompi- Não precisa mãe eu to bem só... Ham...

-Tudo bem, mais vai ter que ficar em casa!

-Ah!Que pena!-Disse fazendo uma cara de desapontado-Acho que vou deitar vai que melhora.

-Ok!Fique bem filho, tenho que ir trabalhar. -Ela disse vindo em minha direção e me abraçando, retribui o abraço e assim que nos separamos ela foi embora pro trabalho.

Olhei pela janela para ver se o carro ainda estava lá e estava saindo, fique olhando até ele desaparecer na rua.

Minha cidade era muito fria e a qualquer momento podia nevar, pra mim isso era perfeito, pois é justa minha estação preferida e eu não sentia muito frio. Muitas pessoas na minha escola me chamavam de “menino gelo”, “gelinho” e outros apelidos que eu nem ligo e às vezes até gosto.

Desci as escadas, pulei no sofá, peguei o controle, liguei a televisão e comecei a bagunçar meu cabelo, o que era uma mania, pois sempre ficava mexendo nele.

Havia passado uma hora e minha Irma tinha ido levar o nosso cachorro pra passear junto com nossa vó. Estava em casa com meu avô, que no estante estava roncando berros, que provocavam choros nos bebes. Eu tinha que desenhar alguma coisa em seu rosto mais lembrei que se fizesse isso minha mãe ou minha avó veria que tinha saído da cama. E que não estava doente.

Fiquei olhando a janela e falando pra mim mesmo como estava entediante. Cheguei mais perto dela e a toquei, senti um calafrio e a janela começou a ficar embaçada, a toquei mais uma vez e ficou sem dar para enxergar uma sequer casa.Eu sabia muito bem o que era.

Corri ate o quintal com a mão estendida e quando cheguei, um floco de neve cai em minha mão me deixando super feliz. Joguei-me na neve caindo de cara. Por um longo tempo fiquei a observando em pé. Podia ficar pra sempre só observando e brincando com a neve, mas começou a ventar muito, poderia até dizer que era quase uma nevasca, mais não vou exagerar.

Ventava muito mais não queria sair de lá, então teimei e fiquei na ventania que levava com ela muita e muita neve.

Ajoelhei-me, não estava aguentando eu não tinha mais força pra voltar, devia ter ido embora do quintal quando começou esse negocio que ta me matando!

Juntei todas as minhas forças e consegui esticar o braço pra pegar um cabo de vassoura, que estava brincado de jogar a bola de neve pra cima e ai jogar ela longe batendo com o cabo. Apoiei-me, conseguindo levantar uma das pernas e depois a outra.

Dei alguns passos em direção á porta que dava para dentro de minha casa, levantei o cabo de vassoura dei mais outros dois passos e finquei-o na grama coberta por neve. Quando fiz isto todo o vento que estava acontecendo descontroladamente, parou. Simplesmente parou. E toda neve que vinha junto despencou.

Fiquei imóvel por dois motivos, o de que estava completamente congelado ou pelo fato de que quando finquei o cabo no chão o vento parou e a neve também. Minha pele estava pálida e minha força que se mantinha apoiada no objeto fincado se foi por inteira me deixando cair na neve de costas, não tinha sentido o tombo, mas sabia que algo tinha parado em cima de minha barriga. Tentei levantar minha cabeça pra ver o que era, mas meu olho se fechou antes que pudesse fazer algo.

Tudo estava escuro, a única coisa que via era flocos de neve caindo nos narizes de milhares de pessoas, e estas abrindo largos sorrisos. Podia até ser uma sensação boa em qualquer outro momento mais naquele a sensação era de dor, de algo se transformando, eu sabia que iria acontecer novamente, só não sabia se iria ser pro lado bom ou ruim.

Acordei em um lugar meio estranho, talvez porque nunca havia estado ali ou porque tinha acabado de ver um bumbum... OK?!

Vi uma pessoa conhecida conversando com uma desconhecida então a chamei:

-Vó, me ajuda que lugar é este?Como eu cheguei aqui?Vó!

Minha vó veio correndo em minha direção e colocou sua mão delicadamente em meu rosto. Estava quente e muito reconfortante.

-Meu querido esta tudo bem!O medico já falou que você esta melhor do que o esperado.

-O que estava em cima da minha barriga?

Minha vó ia abrir a boca para falar mais alguém a interrompeu.

-Jack!Jack, você esta bem!-Disse uma voz de quem chorava. –Não ia conseguir ficar sem você!

Era minha Irma, ela estava chorando muito. Mais eu a acalmei, fazendo com que ela risse. Esse era o meu jeito.

-Vó, por favor, o que estava sobre minha barriga?

-Olha querido, não se preocupe é algo bom não ruim.

-Tudo bem, então fala ué!

-Não tinha nada, pare de se preocupar, não esta com nenhum problema na barriga, meu querido!

-Não Vó, não é isso tinha alguma coisa sobre ela!-disse quase explodindo- Era algo, e eu preciso saber, por favor!

- Não havia nenhuma coisa- Minha avó disse enquanto parecia tentar lembrar- Mais se vai te animar, você vai ficar de repouso, sem ir á escola por duas semanas!

Abri uma cara de tristeza, mais logo dei um sorriso fraco, minha avó estava tentando ajudar isso já era bom.

Quatro horas depois, voltei para casa e fiquei derretendo, era três aquecedores ligados, um monte de coberta em cima de mim, e lareira da sala de jantar, acesa toda hora. Não aguentava mais! Muito calor!

Uma semana depois de toda aquela coisa estranha, só estava eu e Pippa em casa, meus pais tinham ido jantar e meus avós estavam em um cruzeiro, coisa que meu vô queria á muito tempo. Tinha começado a nevar de novo, pela segunda vez no dia, minha Irma estava dormindo e eu ficava na janela olhando a neve cair e pensando em tudo aquilo que havia acontecido nas ultimas semanas. Mais a batida de uma porta me tirou do transe. Saí correndo até o quarto de minha Irma e vi que essa não estava na cama, procurei por toda casa, não estava em nenhum lugar, a não ser que... Abri a porta que dava pro quintal e me deparei com Pippa correndo atrás de um bicho da cor da neve, peguei a bengala de meu avô que estava jogada no chão e a puxei levando-a pra dentro de casa, quando fiz isso fiquei totalmente exposto ao frio, começou a ventar e vi a coisa que tinha parado em mim voando, tá eu não sabia, mas sentia que era, peguei e fui pra dentro de casa, minha Irma estava tomando Nescau quente, tranquei a porta de precaução e andei até meu quarto. Pulei no meu pufe e comecei a ler.

-Ah, não creio, fala sério, que massa eu sou um bruxo!- Gritei- HAHA demais- Mordi meu lábio e fui ate o andar de baixo com o sorriso estampado em meu rosto.

Conversei com meus pais quando eles chegaram e pra minha surpresa eles também eram feiticeiros, bruxos, ah sei lá o que. Pulei de um sofá pro outro e comecei a comemorar, agora sim não seria tão entediante.

Arrumei minhas malas e no outro dia irei partir pra Hogwarts que pela informação de meus pais era a melhor escola de magia. Todos me explicaram inúmeras vezes que não era para me meter em encrenca. Como se ligasse, iria aprontar de qualquer jeito.