Giane e Fabinho: Simplesmente amor. escrita por Maria Olímpia


Capítulo 1
É isso, ou acabou entre a gente


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo narra a sequência da cena em que Fabinho conversa com a família em casa, após encontrar Irene e ter uma ligeira discussão com Simone. Dessa vez, a história foi escrita na primeira pessoa, sob a perspectiva de Fabinho.



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Aquele tinha sido um dia longo pra mim. Apesar de estar feliz pelo fato de ter, finalmente, me acertado com Giane, passei por um drama psicológico um tanto quanto desconcertante. Encontrar Irene daquela forma, desnorteada, e perceber que eu passava para ela uma tranqüilidade capaz de fazê-la voltar a si, me fez pensar. Por quê? Por que Irene insistia em guardar minha medalhinha, me chamar de filho, se aquela história já estava mais que resolvida? O filho verdadeiro dela era o Bento, e não eu. Então, porque ela continuava a me procurar, a se importar comigo? Eu não sabia dizer se achava que algo estava fora do lugar, como ela sugeriu. Pra ser sincero, preferia não pensar mais nisso. Nada de bom haveria de sair dessa história.

Por fim, tive a desagradável visita da irmã de Amora. Não tenho nada contra a criatura (além de pena, já que a pobre tem um verdadeiro capeta de saltos como irmã), mas a última coisa para a qual eu tinha paciência naquele momento era alguém se manifestando a favor da it-bandida. Para variar, a coitada desmaiou, o burburinho se formou, e precisei aturar a intragável presença de Bento em minha casa (que fora buscar a cunhada desfalecida). Sem falar na minha mais recente descoberta a respeito da cocotinha: ela era responsável pela sabotagem no Buffet de Wilson Rabelo. Não sei muito da história, mas ouvi uma conversa bastante suspeita entre Amora e seu capacho (vulgo Socorro) que deixava mais que provado que ela estava envolvida até a raiz dos cabelos. Até toquei no assunto com o pessoal lá de casa, mas foi Giane quem, de uma maneira nada sutil, me convenceu a desistir de mexer nesse assunto:

- Eu tenho certeza. Tem dedo da Amora nesse lance do Buffet. – argumentei.

- Olha só, você tendo certeza, ou não... não se mete nessa história, Fabinho. Vai acabar sobrando pra você. Do jeito que a Amora é, é capaz dela inverter as coisas, e botar a culpa em você. Fica longe da Amora!

- A Giane tem razão. – manifestou-se minha mãe – Você já não tinha decidido manter distância da Amora? Então!

- Olha só, Fabinho – Giane voltou a falar. – É isso, ou acabou entre a gente.

- Não, vocês estão certos. – me rendi, sentando-me ao lado de Giane e acarinhando-a com um beijo na face. – Vou ficar longe dessa história.

- É isso aí, filho. – respondeu minha mãe, levantando-se da cadeira em que estava sentada.

- Bom, se é assim, acho melhor eu ir dormir, porque amanhã é dia de trabalho. Você vem comigo, filha? – perguntou Seu Silvério a Giane. Ela me olhou, como se delegasse à mim aquela resposta. Eu balancei a cabeça.

- Pode ir, pai. Vou ficar mais um pouco, mas prometo não demorar.

- Tudo bem, mas não demora mesmo, ou vai acabar incomodando.

- Imagine, Silvério, ela não incomoda nem um pouco. Venha, eu te acompanho até a porta. – respondeu Dona Margot, sempre sensata. Após despedir-se do namorado (sim, ela e Seu Silvério estavam namorando. Tudo bem, contanto que eu não fosse obrigado a presenciar cenas de romance explícito entre os dois, porque, aí, já seria demais), voltou-se para mim e Giane, que continuávamos sentados no sofá. – Eu vou deitar. Boa noite pra vocês.

- Boa noite, mãe.

- Boa noite, Dona Margot.

Assim que ela adentrou o corredor, me voltei para Giane.

- Vamos para o meu quarto?

- Ahh, sei lá, Fabinho. Fico sem graça.

- Ah, o que é que tem, pára de frescura. Não vou fazer nada que você não queira.

- É, mas... já tá tarde, eu logo vou ter que ir embora... talvez seja melhor a gente só se despedir e deixar a ida pro seu quarto pra amanhã.

- Não, Giane, eu tô precisando conversar. Rolou um lance pesado lá com a Irene e com o Plínio quando eu fui levar ela em casa... tô confuso com tudo isso. Fica.

Ela ensaiou uma expressão de cansaço, mas acabou sorrindo e me deixando levá-la pela mão. Fechei a porta, conduzi-a até minha cama e nos deitamos, um de frente para o outro, com as mãos entrelaçadas.

- Então, me conta direito... o que foi que rolou lá com a Irene?

- Ah, ela falou um monte de coisas sem sentido. Continua insistindo na história que tem um laço forte comigo, que carrega sempre minha medalhinha no pescoço, aquela ladainha que você já conhece. No início, eu pensava que era fricote de madame depressiva. Mas agora... não sei, eu fico confuso quando penso nessa história. Não entendo porque a Irene ainda fala de mim como se eu fosse mesmo o filho dela.

- Ah, Fabinho. Ela acreditou nisso durante muitos anos. Não é nada demais, com o tempo ela acaba desencanando.

- Não sei. Eu mesmo evito pensar nessa história. Nesse sentimento confuso que eu tenho em relação a ela. Não quero mais me estressar por conta disso. Mas, em dias como hoje, fica difícil não surtar um pouco.

- E lá na casa do Plínio? Como foi?

- Péssimo, né? O otário do seu amiguinho Zé Florzinha tava lá, e não me deixou nem entrar pra já ir insinuando que eu tinha feito algum mal à Irene. O Plínio também, me recebeu com quatro pedras na mão. Pra completar, o Maurício, outro playboyzinho que adora me detonar.

- É, mas você não pode culpar as pessoas por terem um pé atrás com você. Ou você se esqueceu do quanto já aprontou?

- Ah, quero mais é que se dane esse povo todo. Ao invés de viver cada um a sua vida e me deixar em paz, querem tentar me culpar por tudo de errado que acontece no mundo. Bando de otários, é isso que eles são.

- Ah, Fabinho. Como você mesmo falou, acho que ficar grilado com essa história não vai te levar a nada. Dá tempo ao tempo, e, se tiver alguma coisa fora do lugar nessa sua relação complicada com a Irene, uma hora tudo se explica... vocês vão conseguir se acertar do melhor jeito. Relaxa, vai. – respondeu ela, passando as mãos pelos meus cabelos e me beijando o rosto.

- É, você tem razão... maloqueira!

- Fraldinha...

Nos beijamos.

- E o tio Gilson?

- Bom, você vai ter que falar com ele amanhã. Ele ficou nervoso, e com razão, né? Falou que você não precisa nem voltar lá. Mas acho que, se você conversar com ele e explicar direito a situação, ele acaba voltando atrás.

- Mais essa agora. Sabe, tô cansado. Tô na minha, mas é porrada atrás de porrada. Ainda me vem a irmã da cocotinha aqui pra me infernizar.

- Calma, Fabinho. Relaxa, que no fim dá tudo certo.

- Hmmm. Então vem cá me fazer relaxar, vem. – provoquei, já lançando o meu corpo sobre o dela. Ela ria e tentava se soltar, enquanto eu prendia seus braços para cima. Ela era forte, não vou negar. Mas não o bastante para conseguir se livrar dos meus braços. Por fim, acabamos nos agarrando. Eu e Giane éramos tão obtusos quanto intensos. Quando ficávamos um perto do outro, era sempre assim. Um fogo absoluto e selvagem, que incinerava tudo à sua volta. E eu não sabia até que ponto aquilo era benéfico para nosso relacionamento. Bom, por ser intenso. Ruim, por ser perigoso. Como é o fogo, afinal.

A medida que as coisas ficavam mais quentes entre nós, eu tentava – sem sucesso – retirar a blusa que ela vestia. Ela ria, e se esquivava de mim. Continuamos naquele jogo por mais algum tempo, até que, derrotado, acabei ensaiando tirar minha própria camisa.

- Não, não tira. – protestou Giane.

- Ué, porque não? Tá calor aqui.

- Porque você fica lindo vestido de garçom. – respondeu, sorrindo.

Aquela era a deixa da qual eu precisava para avançar contra Giane e tomá-la inteirinha pra mim. Aquilo que existia entre nós era, sem sombra de dúvida, um sentimento único, tão vivaz quanto letal. E eu estava disposto a aproveitá-lo ao máximo, afinal, pela primeira vez em minha vida, eu realmente sabia o que era estar, por inteiro, ao lado de alguém.


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Notas finais do capítulo

Agradeço às avaliações positivas e continuo aguardando sugestões! Essa fanfic é feita para todos que, como eu, acompanham a história e se emocionam com o casal Giane e Fabinho.



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