Devil Days escrita por Breno Gimenez


Capítulo 5
Um belo moquifo.




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Tudo bem, durante um apocalipse zumbi, uma pessoa aceitaria qualquer tipo de lugar seguro para morar, mas aquela mercearia era algo incrível. A loja estava situada no fundo de um beco afastado da cidade. Ela tinha dois andares, que estavam muito bem iluminados e tinham luz elétrica. Dilan até pensou em checar o facebook em seu celular, mas se lembrou de duas coisas. De que deixou seu celular para trás fazia muito tempo, e que todos seus amigos estavam comendo cérebros em alguma parte do país. Maas enfim.

Após subir as escadas, se impressionou mais ainda com o segundo andar. Camas. Dispostas lado a lado, e instantaneamente o corpo do rapaz se sentiu atraído por elas.

– Nem pense em deitar na da direita.

A garota era sorrateira, Dilan não tinha percebido que ela o acompanhara até o segundo andar. No caminho, conversaram um pouco enquanto o velho acompanhava os dois, mas um pouco mais distante, pois “ele queria poder ficar a vontade com a paisagem a diante”. Sei. Mas enfim, a garota contou sobre sua vida, o que deixou Dilan um pouco desconfortável. A garota era uma ex-prisioneira. Até ai tudo bem, mas o fato dela ter sido presa e, em menos de 37 horas executado sua fuga, é um pouco demais. Contou também sobre como sua vida andou depois que teve de se mudar para aquela pequena loja. A vida da garota parecia “boa” de certo ponto de vista, Dilan não se incomodaria de morar ali, caso precisa-se. Isso foi um pensamento besta, mas ele não conseguiu deixar de sorrir.

– Alô? Pirralho? Estou falando com você, se toca.

– O que? – Disse ele acordando de sua mente – Ah... Claro, fico com a da outra ponta, e tome cuidado com o que fala.

Conseguiu reagir rápido, não deixando que aquele pensamento o levasse à diante, além do mais, aquilo era um apocalipse, não historinhas com finais felizes, para crianças dormirem.

– E a do meio fica com o papai! – Disse Duff, com a cerveja tradicional em sua mão direita. O animo do velho era inspirador, por mais que parecesse insanidade, e não animação.

– Que seja, enfim... Alex, obrigado por toda a força, não sei o que estaríamos fazendo agora se não fosse você

– Eu sei. – Disse ela sorrindo ironicamente. Era obvio que isso era tudo que a garota queria escutar, Dilan tentou não se parecer submetido, mas não via outro caminho. – Enfim, as janelas lá de baixo têm proteção extra, instalei algumas grandes de ferro do lado de fora, então... Podem ficar tranqüilos durante a noite.

O garoto sorriu novamente. Ela era legal, um pouco grossa, mas não deixava de ter bom coração. Talvez um dia, quando tudo isso acabasse, ele pudesse tentar alguma coisa com ela. Eles dois correriam por campos de jasmins, sorrindo e dançando alguma espécie de valsa enquanto pássaros cantarolariam ao ritmo dos dois.

– Ahm, Dilan. Você está babando.

O garoto pasmou e instantaneamente se recompôs. Certo, chega de viajar na maionese por um tempo, vamos ao que interessa.

– É, estava pensando naqueles Hersheys que eu tive de deixar no carro... Ainda não acredito que tivemos de vir a pé para não atrair a atenção dos zumbis.

– Você é idiota ou o que? É mais do que óbvio que aquele fusca atrairia a atenção deles.

– Eu sei, mas... Ah, deixa pra lá. – É, se safou bem em? – Eu sei que é seguro e tudo mais, mas eu vou ficar lá embaixo, podem dormir...

– Vem ni mim delicia, vem... – Murmurou Duff, dormindo na cama do meio. –

– Com isso daí aqui? Nem pensar. Eu desço com você, e ah, já aviso desde já. Nada de gracinhas.

Dilan ergueu as mãos em sinal de que não tentaria nada e desceu logo atrás da garota. Os dois se sentaram em meio dos casacos de pele jogados no salão (O que provavelmente deveria ser a principal fonte de lucros da mercearia, já que estava forrada de roupas de frio) E conversaram sobre assuntos aleatórios, sobre as infâncias de cada um deles, medos esquisitos (Dilan tinha medo de ursos de pelúcia gigantes, daqueles das lojas de brinquedo, sabe?) Até que alguns minutos depois, após alguns risos e histórias tensas, um ruído, vindo de uma das portas das salas atrás deles, trouxe o silêncio, e se tornou o centro das atenções.


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