Devil Days escrita por Breno Gimenez


Capítulo 4
Companhia inesperada.




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“Que cidade linda”. É o que qualquer um pensaria alguns meses atrás. Agora, todas as ruas estavam tomadas por manchas de sangue, postes e cercas domésticas derrubadas. O silencio pairava no ar como uma pluma. (Uma pluma kapirotesca, pronta para explodir e virar o inferno) O velho, que agora tinha passado a direção para Dilan, estava dormindo no banco de trás, e às vezes soltava uns gases que teriam até impressionado as câmaras de gás de Hitler. O garoto passou a se prevenir, deixando as janelas de trás um pouco abertas, mantendo a circulação do ar continua.

Vagaram por alguns minutos na periferia da cidade, e chegando à Church Street. O rapaz diminuiu a velocidade, alternou o câmbio até a primeira marcha e passou vagarosamente pelos quarteirões. Todo o silêncio presente naquele lugar era assustador, mas não mais do que estranho. Ele cutucou o velho, que estava sonhando com algo sobre pula-pulas.

Em poucos segundos, os dois focaram a atenção em um único ponto, no topo de um edifício. Era uma figura humana, e pela quantidade de pequenos flashes que apareciam, correndo pelo céu, em várias direções.

Dilan se aproximou com o carro do prédio. Uma enorme placa dizia “Estacione agora e veja os Red Socks tomarem uma surra!”, e logo abaixo dela, duas entradas, grandes o suficientes para passar com o jipe.

Sem esperar por alguma fala do velho (que continuava entretido com sua garrafa de cerveja), Dilan entrou no prédio, dirigindo entre as vigas e subindo em curvas, conforme as rampas seguiam. No caminho, vários corpos de zumbis se estendiam, mas nenhuma marca de tiros. Os membros jogados para os lados estavam perfeitamente fatiados, decepados dos corpos por alguma faca ou espada, não podia ser outra arma. Continuaram subindo, se deparando cada vez mais com pedaços de zumbis, até que chegaram na cobertura. Dilan parou o carro e não acreditou no que viu.

Ela era jovem. A garota vestia uma regata preta, calça camuflada, estilo militar, e um par de coturnos, também pretos. Na cintura, um cinto prendia um par de revólveres, aparentemente sem munição, já que ela não os estava usando contra a multidão de zumbis que corriam atrás dela. Ela corria e girava artisticamente, cortando a cabeça e os braços dos monstros, um a um, reduzindo assim drasticamente a multidão que a perseguia.

Dilan teve que desviar seu olhar da garota, já que alguns dos mortos-vivos notaram a presença dos dois e mudaram sua direção, correndo até eles. Rapidamente eles dois reagiram, sacando suas armas e atirando contra os zumbis, o que inicialmente pareceu uma idéia genial. Quando todo o grupo zumbi decidiu parar de perseguir a garota e resolveu que devorar um velho e um rapaz não seria nada mal, eles mudaram de opinião sobre terem escolhido bem.

Descarregaram seus pentes contra os zumbis e a multidão se reduziu à mais ou menos vinte deles. Antes mesmo de o velho conseguir largar a cerveja e puxar seu taco de baseball, uma série de tiros cortou o vento, exterminando todos os zumbis.

– Gostei da bunda dela – Murmurou o velho –

– Olha o respeito...

– Não deixa de ser uma bela bunda – Retrucou, dando de ombros –

A garota se aproximou, e então Dilan conseguiu vê-la melhor. Sua pele era branca, muito branca. Os olhos se destacavam em baixo das sobrancelhas bem torneadas, que de alguma forma lhe davam um ar Maquiavel.

A garota olhou para os dois, guardou as pistolas no cinto e disse:

– Certo, já salvei a vida dos dois, agora vão embora.

– Ahm.. Acho que a senhorita está enganada – Disse o velho cheio de moral, tomando um gole de cerveja – Fomos nós que a salvamos.

A garota conseguiu rir.

– Aham, tá velho. Isso não passou de uma diversão para mim, e para ajudar, você tinha que aparecer, junto com essa criança.

A garota estava analisando Dilan desde o momento em que começou a caminhar na direção dos dois. Ele ainda parecia cansado, já que não conseguia dormir mais do que uma ou duas horas. As roupas eram as mesmas desde New Orleans, só estavam mais desbotadas.

Ela sorriu de canto e completou o que dizia:

– Vamos, eu tenho um lugar aonde podemos passar a noite.


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