Apanhador De Medo escrita por Ju Mikaeltelli, Beatriz Hunter


Capítulo 32
Dez Infernos


Notas iniciais do capítulo

ATENÇÃO: Este capitulo pode causar ataque do miocárdio e outras doenças do coração. Não é recomendado para pessoas com problemas de hipertensão.
Hey hey! Muito bem, depois desse aviso posso falar. Este é o maior capítulo até agora. Não confie no contador do Nyah! u.u Eu não vou dizer muita coisa... Apenas... "leia, leia, leia!" Nos vemos nas notas finais!



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Victoria se aproximou de Azazel, ficando a centímetros de seu rosto.

– Eu não me importo. – diz com veemência, parecendo não temer o homem a sua frente. Em instantes as mãos de Azazel a atiram com força sobre o espelho, a deixando desacordada com o impacto.

– Ótimo. – com um sorriso no rosto ele diz a bruxa inconsciente. Rebecca ouvira o espelho se espatifando, mas não mexera um músculo para ajudar Victoria.

O corpo magro de Victoria à parede, a jaqueta fora tirada de seu corpo com brutalidade alguns minutos atrás. A cabeça tombada para frente, ela ainda estava desacordada, mas não demoraria muito para que voltasse a ter consciência, em seu rosto havia um arranhão perto do olho direito e alguns outros espalhados pelo corpo, não foi um estrago tão grande como Azazel desejara que tivesse sido. Entre seu dedo indicador e o polegar estava o anel de esmeralda que ela usava.

Por entre o circulo perfeito do anel ele assistiu a Victoria levantar a cabeça lentamente. Ao ver as correntes não tentou puxá-las, as sentia muito firme em seus pulsos, era completamente inútil tentar algo. Olhou para cada canto, cada detalhe daquele porão e seus olhos enfim parou no causador de tudo aquilo, Azazel sorriu ao fitar a face inexpressiva até o momento.

– Olá Vickie. – enfatizou seu apelido. – Teve bons minutos de sono?

– Vá se ferrar. – as palavras saindo pausadamente de seus lábios. – Eu não tenho medo de você.

Azazel levantou-se subitamente, colocando a cadeira de lado e aproximou-se da mulher enquanto batia palmas. Quando parou estava perto de seu ouvido.

– Bravo! Mas não esqueça que eu não acho que tenha medo, eu sinto que tem medo de mim... – sussurrou. Segurou o rosto dela com uma mão e apertou-o. - E do que posso fazer com você. E além do mais...

Ele vasculhou o bolso da calça, onde havia botado o anel assim que ela começou a despertar. Ergueu-o na frente do rosto da mulher.

– Eu tenho isso. – lhe mostrou o anel, ela tentou não parecer surpresa. – Só vi esse anel uma vez na vida até agora, quando trombei com uma bruxa em Paris, sem isso... Ela não tinha poderes.

Victoria engoliu em seco. Havia sido fácil enganar Francis, mas Azazel já vira muitas coisas. Agora ela não tinha nada que pudesse ser uma ameaça para ele, sua magia negra não funcionava sem envolver sangue e sacrifícios. E a magia pura estava presa naquele, como chamava em pensamentos, maldito anel.

– Eu já fiz o que tinha que ser feito, não me importo se morrer agora. – afirma.

– Se eu te matar, você quer dizer. – ele recuou alguns passos ainda a olhando e alcançou uma garrafa com acido sulfúrico. – Você já foi queimada? Isso é cem vezes pior. Vai arder como dez infernos.

Os olhos de Victoria se arregalaram, pela primeira vez seu medo estava em evidência. Havia um balde aos pés da mulher, ele se aproximou e empurrou-o para debaixo deles, as pontas de seus dedos podiam sentir a água gelada, o que a fez estremecer. Azazel não conteve a satisfação quando derramou ácido o suficiente no balde para que cobrisse os pés de Victoria. O grito que vinha de sua garganta parecia sair de sua alma, e era isso que sentia, que a tomava até sua alma ferida. Estava completamente consciente do ácido comendo sua pele de maneira rápida. Já tinha tido o suficiente dos gritos de Victoria quando afastou o balde.

– Mate-me. – Victoria diz ofegante, o estado de seus pés era deplorável, os dedos deformados, em carne viva e ela estava quase perdendo as forças ao suplicar.

– Não tão rápido. – o sorriso não saia de seu rosto.

Anne aproximou-se receosa de Francis, preocupada com sua reação ao vê-la em sua frente, em carne e osso, como nunca mais achou que a veria em sua eterna vida como vampiro. Eles estavam a poucos centímetros um do outro quando ela parou de andar, abriu as mãos que estavam fechadas em punho até o momento e soltou o ar de seus pulmões lentamente. Francis apenas ficou paralisado, com uma expressão incrédula, Anne ia se pronunciar quando ele falou.

– Não pode ser. – a voz um pouco embargada, trêmula.

– Sou eu meu doce Francis... – sorriu para ele, esperando que isso o acalmasse. – Nunca deixei de estar ao seu lado.

Ela abriu os braços, pronta a recebê-lo com todo o seu amor, em segundos ele rompeu a distancia e a tirou do chão com seu abraço apertado e desesperado. Foi então que Anne percebeu que chorava, mesmo que involuntariamente. Eles se separaram e ele secou suas lágrimas, eles gargalhavam, não conseguiam parar de sorrir. As testas coladas, os corpos não querendo se desgrudar, mas havia algo que Francis sentia saudade, e que o estavam sufocando até selar seus lábios no dela. Toda a culpa de Francis e mágoa de Anne foram afogadas naquele beijo.

– Como isso pode ser possível? – perguntou segurando o rosto delicado da bruxinha entre as mãos.

– Minha tia... – suspirou, sabia que não era pra estar viva, mas não podia ficar triste por isso. Não podia ficar triste por poder tocar Francis de novo. – Fez um sacrifício de sangue para me trazer de volta.

– Ela usou Amber para esse sacrifício? – Anne assentiu. – Eu queria me sentir mais triste por isso, mas não consigo. Por que você está aqui.

Anne sorriu.

– Eu também não Francis. – acariciou seu rosto. – Mas agora minha tia está condenada a conviver com as escolhas dela.

– O que quer dizer?

– Você não pode praticar magia negra e sair impune. Ela logo começará a ter alucinações e coisas do gênero... Como era assombrada pelas memórias de Ivan.

Fez-se silêncio entre eles por alguns segundos.

– Eu te amo. – ele diz abruptamente. Anne sorri diante da espontaneidade dele.

– Eu te amo. - eles selam os lábios brevemente dessa vez, pois Francis a pega pela mão, afobado com uma ideia.

– Eu tenho que te apresentar pra algumas pessoas! – exclamou e a puxou para a porta da cozinha. Anne já conhecia todos daquela casa, esteve os observando todo esse tempo, seria bom finalmente ter contato com eles.

Anne escondeu-se atrás de Francis ao chegar à cozinha, Rebecca estava concentrada em uma xicara de café. Ela só se virou depois de perceber que Francis não se mexera do lugar onde parou para observá-la, franziu o cenho ao ver o cabelo cheio e cacheado atrás dele. Levantou-se em um só movimento e se aproximar, Francis sorria misteriosamente.

– Becca... – começou, parando-a no meio do caminho. – Quero te apresentar a alguém.

A menina saiu de trás vagarosamente, a reação imediata de Rebecca foi recuar dois passos e arregalar os olhos, não acreditando no que via. Mas se recuperou em instantes, aproximando-se novamente.

– Eu acho que não bebi gim hoje. – Anne se divertia com sua reação. – Mas mesmo assim acho que estou vendo coisas. – ela passou os olhos por Francis.

– É um prazer finalmente conhecê-la, em carne quero dizer. – estendeu a mão a ela. Rebecca apertou firmemente.

– Tem certeza que não é mais um daqueles sonhos estranhos em que me faz usar vestidos de mulherzinha? – ela olhou para suas roupas, ainda estava com as mesmas.

– Sim. – diz, já tinha aceitado que voltara ao mundo dos vivos e começava a apreciar demais. – Estou viva.

– Ótimo. – resolveu não tocar no assunto de Victoria e Azazel. – Agora não preciso me preocupar com o pequeno Francis. – deu um único apertão em sua bochecha, deixando o local vermelho.

– Eu venho observando os dois... Obrigada por prezar pela sanidade dele. – agradece, emanando sinceridade. – Bom, onde está o cretino do Joshua? E o Chester? Quero conhecê-lo!

A testa suada, o corpo de Ivan dera pequenos espasmos em cima da cama, onde ele estava desde que vira Victoria sendo arrastada para o porão, antes de se entregar a dor. E consequentemente abrindo sua mente para outra lembrança.

A mesa de escritório estava lotada de papéis, que eram importantes para Ivan. E sentado na cadeira acolchoada estava ele, com óculos de pouco grau lia atentamente algo que julgava estar um lixo, sua boca mexia resmungando palavras sem som. Estava pensando em amassar o papel e descartá-lo quando sua audição aguçada ouviu passos que iam em direção à porta do escritório.

A mulher abriu a porta devagar, em sua mão estava um envelope já aberto. Ivan jogou o papel em cima da mesa e abaixou os óculos a observando se aproximar, seus passos estavam receosos e sua cabeça baixa, antes de se sentar na cadeira em frente a ele ergueu-a encarando os olhos do homem que não estavam diferentes do que ela esperava.

– Preciso falar algo... Importante. – Karol disse se sentando e tentando disfarçar a voz, mas Ivan sabia exatamente o medo que estava contido nela. Ele não disse nada. Karol ficou ausente pela manhã e ele só queria saber onde ela esteve. Vendo que Ivan não tinha se pronunciado, sua cabeça tentava escolher a melhor maneira de lhe contar a notícia. – Eu... – tentou dizer já imaginando a reação de Ivan, seus olhos agora encaravam os dedos segurando o envelope, levantou a cabeça e disse de uma vez. – Eu estou grávida.

Num surto Ivan se levantou e andou em passos firmes em direção a mulher, seus olhos pegavam fogo e a raiva o consumia por completo, Karol se encolheu na cadeira e fechou os olhos, esperava aquilo. Com as mãos fechadas em punho Ivan as abriu e agarrou com força o pescoço de Karol, que abriu a boca e arregalou os olhos. Ergueu-a um pouco acima de si, a mulher tentava falar mas não saia som algum de sua boca.

Karol batia no braço de Ivan para que ele a largasse, estava quase desmaiando quando sua mão alcançou o rosto do homem, sentia os pelos da barba dele. Diferente do que Ivan imaginava, ela não o arranhou nem o bateu, só colocou a mão em concha em seu rosto. Sabia que uma reação diferente Ivan reagiria matando-a. Numa reação já esperada por Karol, Ivan afrouxou a mão em seu pescoço, e em seguida ele a largou, não conseguindo se manter de pé caiu no chão e levou as mãos ao pescoço vermelho o massageando, ficou alguns segundos assim quando seus olhos tomaram coragem para encarar o homem.

Ivan a olhava de cima, sua expressão ainda era dura. Karol com dificuldade se levantou, ficando de pé em frente ao homem, retirou a mão do pescoço. Seus olhos estavam cheios d’água, ela ficou lá parada esperando uma reação do homem em sua frente. Ele soltou um suspiro que a fez ficar surpresa, caminhou até ela e parou em sua frente, seus olhos desviavam dos dela. Tomou coragem e a encarou, seus braços se ergueram e apertaram os ombros dela, depois a envolveu num abraço.

Karol surpresa não conseguiu reagir de imediato, depois que se deu conta que não retribuiu o abraço, seus braços finos apertaram o homem, e então seus olhos derramaram algumas gostas que caíram na camisa de Ivan.

Ivan ficou atônito a lembrança, abriu os olhos, mas os fechou de novo. Como se tentando voltar ao sonho.

Francis chegou à sala de estar de mãos dadas com Anne, Joshua e Chester riam de algo, o que Rebecca achou extremamente estranho. Anotou mentalmente de perguntar sobre isso mais tarde. Agora queria assistir a reação dos dois, Joshua ao ver a menina à porta paralisou por dois instantes, não se permitindo ficar mais surpreso com aquilo.

– Anne Foster. – foi o que disse para cumprimenta-la. Chester não sabia que expressão esboçar até o momento em que o nome da bruxa foi pronunciado.

– Os irmãos Powell. – ela soltou a mão de Francis e aproximou-se de Chester. – Prazer, Anne.

– É um prazer finalmente conhece-la. – ele apertou a mão da garota, e lhe lançou um sorriso. – O que você acha da sua nova hóspede Azazel? – perguntou ao homem que acabara de chegar, estava atrás de Rebecca.

– Espero que não seja tão petulante quanto à tia. – ele passou entre Rebecca e Francis. – Creio eu que já me conheça.

– Sim, eu assisti a todos os seus surtos. – os presentes na sala riram. E ninguém ousou a perguntar sobre Victoria para ele, não queriam estragar a felicidade da garota. E Joshua, ele simplesmente não se importava.

•••

A mansão estava silenciosa àquela manhã, mas não era surpresa para Charlotte, desde que Chester e seu bom humor “foram viajar pelo mundo” que a casa não tinha mais vida. Os empregados arrumavam e organizam em clima fúnebre, todos estavam proibidos de falar sobre a noite em que ele foi embora. Charlotte queria contar pra todos que Chester estava vivo e iria acabar com o reinado de Carmen e Joel, mas não podia. Ela trocava a água de uma planta no hall de entrada quando Carmen passou apressada por ela, sendo seguida por Abigail.

– Eu preciso vê-lo. – diz, os ouvidos da empregada ficam atentos a conversa. – Me fale onde ele está. Mãe...

– Abigail! – ela a repreende. – Ele não merece sua pena ou quaisquer que seja o que sente por aquele... Eu estou atrasada. Até mais tarde querida, e esqueça essa ideia estúpida. – deu um beijo apressado na testa da filha e se foi.

Abbie bateu o pé como uma criança mimada faria.

– Tarde demais para arrependimento. – Charlotte sussurrou, no fundo queria que ela ouvisse.

– O que disse? – com os braços cruzados ela se aproximou da garota.

– Ora, você ouviu. - o sangue de Abbie ferveu e ela pegou no pescoço da morena.

– Ah, pequena Charlotte... Você esqueceu-se do que sou capaz?

– Não. – estava quase sem ar.

– Eu sei que é apaixonada pelo meu irmão. Ele não gosta de mulheres petulantes como você... – a largou brutalmente no chão. – Seja grata por esse vestido ser novo e eu não querer manchá-lo arrancando seu coração.

•••

– Então o Azazel é meu príncipe encantado? – Rebecca perguntou a Anne na cozinha.

– Não é bem isso. Vocês estão destinados a... – a morena a interrompeu.

– Algo grande, essa parte eu entendi.

– Eu não posso contar mais do que isso, pode afetar o destino. – Rebecca bufou diante da revelação. – Vamos voltar à sala. – ela se dirigiu ao corredor.

E fez uma pergunta que fez Rebecca gelar.

– Onde está Victoria? – a chamou pelo nome, vinha tentando evitar esta pergunta, mas fora impossível não querer saber de sua tia.

– Eu não sei, ela não voltou desde que... Você sabe. – explica quando chegam à soleira da porta. Francis ouve e a olha com confusão no olhar, Anne volta a se sentar ao lado dele. – Cadê o Azz?

– No quarto, mas eu acho... – Rebecca virou-se prontamente em direção à escada após a fala de Chester. – Que ele quer ficar sozinho. – completa a frase depois que a perde de vista.

Quando adentra o quarto de Azazel e bate a porta, o homem está secando o cabelo com a toalha de banho. Está sem camisa, mas Rebecca ignora e senta-se a cama, ou melhor, joga-se nela.

– O que significava isso? – questiona. Porém ela o responde com outra pergunta.

– Você a matou?

– Por quê...

– Vickie, você matou a Vickie? Apenas me responda. – ele faz suspense para a sua resposta.

– Não ainda. Ela precisa sofrer. – Rebecca fica calada diante daquilo, mas não pode deixar de falar sobre Anne.

– Anne não vai demorar a descobrir, Francis não vai esconder dela.

– Não me importo com a Anne. - senta-se ao lado de Rebecca na cama. – Você também não devia se importar.

– Talvez se eu tivesse o sobrenome Friedrich... – ela para analisar o homem ao seu lado. Nunca deixou de acha-lo bonito.

– Seria menos pé no saco se fossemos parentes. – caçoou. Rebecca arrastou seu corpo para perto do dele.

– Mas então estaríamos praticando incesto ao fazer isto... – antes que perdesse toda a coragem de passar por cima do orgulho que teve que reunir para aquilo, ela o beijou. E o beijo era cheio de raiva e amargura, mas aquilo se converteu em algo viciante que os envolveu totalmente. A cada dose aplicada em seus corpos, eles precisavam de mais. Necessitavam. Ele pegou em sua cintura, ela segurou firme em seu pescoço. Rebecca deu um sorriso pleno e satisfeito quando Azazel tomou as rédeas e a jogou na cama.


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Notas finais do capítulo

Surtaram? Tiveram um ataque do miocárdio e morreram? Não vá para a luz! D: Preciso que me diga suas reações e opiniões sobre o capitulo. E ah, palpites para o próximo capitulo, que vai ser o ultimo e depois ficaremos uma semana de férias, amaldiçoando o carnaval '-' (mas não o feriado, é claro) Trate de rolar a barrinha ai e deixar-nos um comentário, estou a sua espera :) E o Tio Jason também se não deixar o comentário! Hihi



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