Apanhador De Medo escrita por Ju Mikaeltelli, Beatriz Hunter


Capítulo 31
A Bruxa Ressurge


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas legais ^.^ Vocês devem está ansiando por esse capítulo depois de ter visto a promo sinistra. Então não vou tomar o tempo de vocês. Vá e seja feliz! Nos vemos nas notas finais.



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Os olhos de Amber se abriram para a luz que fora quase insuportável para eles. Ela tinha uma visão turva da mulher que estava a sua frente, que a observando com olhos de águia se aproximava do seu rosto. A visão da garota focou-se naquele rosto de expressões fortes de Victoria, ela a analisava como um médico faria com uma paciente. Quando Amber reconheceu onde estava seus olhos converteram-se de desnorteados para totalmente confusos. Permitiu ser ajudada por Victoria ao se levantar e sentar na cama.

– Como se sente querida? – a mão da bruxa puxa a pele da bochecha de Amber para baixo, observa seus olhos.

– A mesma. – Amber disse com assombro, sufocando com a decepção. Não havia dado certo, mas Victoria não pareceu nem um pouco decepcionada. – Como vim parar aqui?

– Desculpe-me, mas é pela minha sobrinha. – ela pegou firme no rosto de Amber, que arregalou os olhos, mas não teve tempo de reagir. – Desperta-te.

Os olhos azuis de Amber se fundiram em negro, em segundos eles estavam totalmente sem vida, apesar de ela ainda respirar, focados aparentemente em lugar nenhum. Victoria soltou o rosto da garota ao ver que dera certo, uma lágrima solitária havia caído e ela foi rápida ao tirá-la, precisava ser forte por Anne, como ela foi para com Francis. O que parecia uma boneca com as mãos em cima das pernas permaneceu sentada na cama enquanto Victoria se levantava e saia porta afora do apartamento sem olhar pra trás.

Victoria não podia enxergar, mas um espirito com um brilho diferente pairava ao lado da loira em transe. Era Anne, seu brilho ainda era forte, mas não como normalmente era, estava entristecida com a atitude egoísta de sua tia. Sua posição entre o mundo paralelo em que estava e o mundo dela não a permitia fazer algo para impedir. A mágica que Victoria usara era negra, Anne não conseguia penetrar na mente de Amber. Tentou, mas fora em vão. A barreira era totalmente impenetrável, o que lhe restava era esperar.

•••

O clima na mansão estava tenso e se tencionou ainda mais quando não encontraram Amber e Victoria no quarto. Todos estavam reunidos na sala à espera de algo que não faziam ideia do que era. Menos Azazel, ele sabia que o que esperava era Victoria entrar por aquela porta para quebrar seu pescoço. Mas isto não aconteceu por longos e quase totalmente entediantes minutos. Ivan estava pensativo na poltrona que Azazel costumava sentar-se, o queixo apoiado em uma das mãos. Rebecca estava entre Joshua e Azazel no sofá e encarava os dois amigos sugadores de sangue na sua frente, em outro sofá. Eles trocavam olhares, arqueavam as sobrancelhas e se desafiavam a não rir. Nenhum deles riu diante daquela situação, temiam ser linchados. Tinha se passado cinco minutos quando Rebecca se pronunciou.

– Ok, cansei de esperar. – Rebecca se levanta do seu lugar, ao largar os braços sobre as coxas faz um estalo.

– Só faz cinco minutos. – Joshua cuspiu as palavras. Rebecca continuou a seguir o caminho para as escadas.

– E se ela foi embora? Não acho que voltaria para cá depois de tudo. – Francis indagou depois de Rebecca se retirar. – Não seria tão...

– Estúpida? – Chester completou com o sorriso de lado.

Azazel ponderou aquilo por alguns segundos, mas só até a voz gutural de seu pai preencher a sala de estar.

– Ela vai voltar. – diz em um murmuro agressivo e todos se calam.

Rebecca testou a água da banheira pondo um dedo do pé nela, estava morna e perfeita. Tirou o roupão deixando-o cair no chão, e aos poucos pôs seu corpo dentro da banheira, a água relaxava seus músculos tensos e ela fechou os olhos para se concentrar em desligar um pouco sua mente, que não parava de trabalhar nem por um segundo. Minutos depois parecia ter entrado em uma espécie de transe, onde se desligou dos sons, cheiros e qualquer que podia atrapalhar seu relaxamento. Quando Francis entrou apressadamente no banheiro e fechou a porta com a mesma rapidez, estranhou a falta de reação de Rebecca e se aproximou dela com cuidado. Parou e escutou. Ela estava viva, isso o deixou aliviado, não pôde conter um suspiro. Sentir a lufada de ar tocar seu rosto foi o estopim para Rebecca acordar, os olhos abriram de repente, o que fez Francis pular de susto, e Rebecca fazer menção de se levantar, mas lembrou de que estava nua e numa banheira.

– O que é isso? – fita Francis, os olhos em brasa, mas o fogo era brando já que se tratava do vampiro mais doce que já conhecera.

– Eu precisava falar com alguém. – a voz era nitidamente hesitante.

– Não podia esperar que saísse do meu banho de beleza? –retrucou, a cabeça pendendo para encará-lo. Deu um sorriso debochado.

– Eu não sei se é boa ideia arriscar que os outros ouçam. – ele olha para os pés enquanto fala. – É sobre Anne, e consequentemente sobre Vick e Amber.

– Conte-me logo. Eu quero voltar a buscar algum tipo de paz interior depois, se for possível.

– Eu acho que sei o que Victoria planeja ajudando Amber.

– Que seria... – Rebecca o encorajou.

– Eu vivi com Anne por tempo suficiente pra aprender um pouco sobre o mundo das bruxas. Com os feitiços que o clã de Anne pratica, nunca seria possível trazê-la de volta, é uma magia pura. – explicou, gesticulando um pouco com as mãos. – Mas a magia que Victoria pratica... Deixou de ser pura quando tirou a memória de Ivan. Ela usa sangue em seus feitiços.

– Pare. – Rebecca pediu mesmo Francis tendo parado de falar. – O que está me dizendo é que Victoria vai trazer Anne de volta usando a Amber?

– Ela vai trocar uma vida pela outra. A vida de Amber pela de Anne.

•••

O vento que entra pela janela do táxi é frio e denso, quase palpável. Eles balançavam o cabelo de Victoria, jogando-o em seu rosto. Do bolso da jaqueta que vestia tirou uma reportagem destacada do jornal de um mês atrás. Passou a mão na foto da garota.

Corpo carbonizado de menina de 20 anos é encontrado em beco na Grande Londres.

A polícia suspeita de assalto seguido de morte.

– Minha pequena garota... – diz em um sussurro, o taxista a olha pelo retrovisor, mas não diz nada. – Vou trazer você de volta. – sorri de um jeito doentio.

Ela passa a observar os edifícios do subúrbio de Londres e pede para o motorista de meia-idade parar em frente a um beco especifico e mesmo depois de pagá-lo ele continua com a mão no volante e observa a mulher ser envolvida pela escuridão no lugar. Estranhando as atitudes da moça, arranca com o carro e desaparece na rua, sem nem chegar perto do motivo pelo qual Victoria estava ali. Pisando no chão úmido do beco ela podia sentir a dor, raiva e desespero que emanava do concreto. Sem pestanejar ela fez a curva chegando à parte sem saída, respirou fundo com o que lhe atingiu a seguir, era ali, onde Anne tinha dado seu ultimo sopro de vida. A parede próxima onde Anne fora achada ainda tinha a marca do fogo que consumira a carne fria de sua sobrinha.

Não se permitiu chorar e tirou de sua jaqueta uma escova de cabelo de Amber, sua mão estava enrolada com um pano ensopado de sangue, o corte que havia feito mais cedo fora fundo demais e não teve que fazer muito esforço para pingar algumas gotas na escova e no chão do beco. Em seguida ela ordenou ao vento:

Levante. – a ordem foi levada aos ouvidos de Amber por forças ocultas e obscuras.

O corpo de Amber foi levantado da cama mecanicamente, e quando estava de pé empacou onde estava, pronto a ouvir a próxima ordem. Dentro dele Amber era fraca demais para lutar e se livrar daquela submissão.

Vá para a janela e saia. – Victoria falava tudo de olhos fechados e via tudo pelo ponto de vista de Amber. Com cuidado o corpo vestido com a mesma roupa de mais cedo se impulsionou para fora e se equilíbrio sobre o parapeito, segurando nas paredes. Algumas pessoas transitavam na rua, a primeira a perceber Amber no parapeito foi uma idosa, que costumava ser amiga de sua avó. Ela soltou um grito estridente ao reconhecer a menina que parecia pronta para pular. A partir dai pessoas se aglomeraram rapidamente em frente ao prédio onde Amber morava sozinha. O prédio ficava de frente pro Murphy’s, seu pai concordou em cuidar dele naquela noite, e ao sair do bar para ver o que acontecia entrou em choque. Os olhos vidrados nos movimentos de Amber, que não se mexia.

Victoria levantou um pouco a cabeça diante da situação. Engoliu em seco, suspirou e por fim deu a ordem.

Pule. – um pé de Amber foi erguido no ar. O silêncio pairou sobre as bocas dos que observavam. O pai de Amber queria gritar, mas não conseguia, então começou a chorar silenciosamente. O pé foi retraído, o corpo parecia ter encontrado uma maneira melhor de se jogar, virou de costas e se jogou. Victoria abriu os olhos, não queria assistir ao corpo estirado ao chão e o desespero das pessoas diante da morte. Pobre menina, perdeu sua mãe e o namorado, não conseguiu suportar, iriam dizer. Mas ninguém nunca saberia o que de fato acontecera com ela.

Estava feito.

•••

O capuz impedia que seu rosto fosse descoberto, as mãos no bolso, andava rapidamente. Olhou para os lados antes de se aproximar de uma janela especifica da delegacia, da sua sala, ou antiga sala. Nunca agradeceu tanto pelo zelador ser descuidado e deixar a janela destrancada. Não demorou muito do lado de fora e pulou para dentro da sala com luz apagada, nada que impedisse ele de ver com sua visão de predador. A sala já estava preenchida com os pertences de outro detetive, mas o que Chester procurava estava guardado dentro de um livro qualquer. A carta de Karol e o bilhete de Joshua estavam intactos dentro dele, afinal, no fundo ele sabia que não podia deixá-la na mansão de seus pais.

Ele pegou-os e os fitou antes de guarda-los no bolso do casaco e sair janela a fora, para voltar para a mansão de Azazel.

O dia parecia ter amanhecido mais lento do que o normal. A mansão parecia não ter dormido a noite, pois bem cedo todos já estavam reunidos na sala de estar novamente. Rebecca foi a primeira a dar pela falta de Chester. Sentou-se ao lado de Francis, que tinha uma cara de sono e perguntou dele.

– Eu não sei. – diz com a voz arrastada. Rebecca o observa com preocupação, mas quando está prestes a dizer alguma coisa a porta é fechada com violência.

Todos se levantam para olhar para descobrir quem batera a porta, que não se deu o trabalho de se deslocar até a sala. Era Victoria, os braços cruzados na frente do corpo, a expressão séria, mas podiam sentir algum tipo de satisfação por trás dela. O que quer ela tenha feito, deu certo. Azazel é o ultimo a chegar ao hall, mas se põe na frente de todos para encarar a bruxa que simplesmente dá as costas e sobe as escadas. As mãos de Azazel se fecham, mas ele controla a raiva querendo explodir para fora e sobe as escadas vagarosamente aos olhos dos outros.

Encontra Victoria de frente para um espelho, quando ela vê seu reflexo atrás dela, vira-se para encará-lo bravamente.

– Vá em frente e me mate. – a calma era um tanto assustadora naquela situação. Azazel sorriu brevemente. – É isso que quer não é? Ver-me morta por que entrei no seu caminho e trouxe seu pai comigo.

– Eu vou te matar, eventualmente. –fala, mas sua calma já é habitual. – Mas antes vou fazer tudo que planejava para Amber.

Victoria se aproximou de Azazel, ficando a centímetros de seu rosto.

– Eu não me importo. – depois dessa frase o que Victoria viu foi à escuridão. Azazel a arrastou até o porão, a tornando uma de suas vitimas.

Chester diferente de Victoria fechou a porta cuidadosamente ao entrar na mansão, mas não escapou dos ouvidos aguçados de Rebecca, que veio ao seu encontro de imediato.

– Chester! – o chamou, fazendo-o virar para ela. Aproximaram-se. – Onde estava? Se alguém te viu...

– Ninguém me viu. – afirmou, e parecia ser uma afirmação absoluta. – Joshua, ele está na sala?

– Sim. – franze o cenho.

– Eu preciso conversar com ele. – anda em direção à sala finalmente, mas quando ouve os passos de Rebecca encontra tempo pra lhe alertar. – Em particular!

Rebecca o respeita e dá meia volta, voltando a cozinha, para refletir sozinha sentada de frente ao balcão.

– Chester. – Joshua o cumprimentou com os olhos, as pernas cruzadas, sentado ao sofá. Chester não respondeu o cumprimento, apenas se aproximou do irmão, que o olhou de baixo curiosamente.

Lentamente ele retirou um papel delicado de dentro do casaco, o abriu e olhou uma ultima vez a letra antes de entrega-lo para Joshua, que não estendeu a mão para pegá-lo de inicio.

– Acho que isto deve ficar com você. – diz, Joshua pela primeira vez não sabe reagir a um ato do irmão, mas não iria deixar percebê-lo. Estende a mão finalmente para pegar a carta.

– Eu acho que não me chamo Joel. – indaga ao ler a carta novamente depois de tantos anos. Chester revira os olhos e ignora o comentário do irmão.

– O que eu quero dizer é que... – respira fundo. – Eu te perdoo. E eu sinto muito.

O vento já não era mais frio aquela manhã, mas era ameno, tranquilizante para os nervos de Francis. Precisava daquilo, ficar sozinho olhando para o horizonte, e Rebecca o entendia e respeitava sua vontade. Ele suspirou. Antes de Anne morrer, ele sempre sonhava com ela, mas agora quando mais precisava ver seu rosto pelo menos por alguns minutos, não podia contar com os sonhos. Mas o que ele não sabia era que aquilo fora decisão de Anne, não queria fazê-lo sofrer, queria que ele a esquecesse. Tudo foi em vão, pois Francis se lembrava de cada detalhe de seu rosto, cada curva de seu corpo. Podíamos ter vivido tanta coisa, pensou Francis sentindo a culpa lhe tomar novamente, era só o que tinha pra preencher seu vazio.

As botas pretas com cadarços se chocaram com a grama e folhas secas, o que faz barulho, sentir o chão sobre seus pés novamente era estranho. O som não foi o suficiente para Francis acordar de seus pensamentos. Ela o observou, devem ter se passado minutos, mas ela ficaria horas desse jeito, observando cada detalhe seu, que como ele não se esquecera dos seus, também não se esquecera dos dele. A barba havia crescido desde a ultima vez que o vira. O que finalmente acordou Francis foram as batidas do coração de Anne, que pulsava como nunca antes. Ficou assustado demais com uma presença além da dele para se virar lentamente, o que fez o impacto de vê-la ser maior.


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Notas finais do capítulo

Eae, gostaram? Eu sei que sim. Bom, nos deixe um comentário. Abraço da Hunter Alien (:



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