The Strange escrita por Verena Kutner Einloft


Capítulo 1
Capítulo 1 - The Leak


Notas iniciais do capítulo

Oiee gente, espero que vocês gostem! Bjoos!



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Eu ia enlouquecer, definitivamente. Já era insuportável o cheiro de bebida nele, agora, as drogas fediam em dobro. Eu larguei tudo para fugir com ele, larguei a escola, deixei meus amigos e familiares, tudo por ele. No início, tudo ocorreu perfeitamente bem, mas por não termos dinheiro o suficiente para as nossas necessidades, ele começou a cometer pequenos furtos.

Ele escondeu isso de mim, mas não conseguiu por muito tempo. Um dia, ele chegou em casa com os olhos vermelhos e com um cheiro horrível.

Eu juro que tentei o ajudar, aguentei cada palavra dita e cada ato cometido, mas eu simplesmente não aguento mais.

Dói-me saber que eu larguei todos e a tudo para ficar com alguém tão bruto e completamente viciado, minha vida poderia ter sido muito melhor.

Mas eu o amava e, as vezes, esse sentimento me machuca mais que as próprias pancadas que recebo.

Já pensei em me matar, já peguei uma faca e cortei levemente meus pulsos, mas não tive coragem de aprofundar o corte.

Eu estava de luto, na verdade estou. Luto pelo o que deixei pra trás, luto pelo amor que nem rastros deixou, luto pelas marcas que meu corpo sempre vai ter, luto por essa vida miserável.

O céu está escuro mas não tem estrelas, uma fina chuva cai do mesmo deixando a minha pele arrepiada.

Paro e observo o lugar que estou. É uma ponte, uma pequena e simples ponte. Me aproximo de uma das suas beiras e me apoio em sua cerca de pedras gélidas.

-Que deplorável... - Resmungo

-Sua vida ou seu estado? Porque sua aparência não está as das melhores... - Diz uma voz grossa e firme

Viro-me assustada e vejo o contorno de um corpo masculino do outro lado da ponte, seu rosto não é visível, por estar escuro e sua cabeça abaixada.

-Acho que minha vida... - O respondo mesmo sem saber quem é

-Putz, então a coisa tá feia...

Ranjo os dentes mesmo sem perceber e volto na posição de antes. Escuto seus passos se aproximarem e vejo sua silhueta ao meu lado também se apoiando nas pedras.

-Qual o seu nome? - Não respondo - Não vai falar?

*Silêncio*

-Okay... - Concorda ele passando as mãos nervosamente em seus cabelos - Me chamo Jonathan, já fui viciado em drogas, minha mãe morreu de overdose e meu pai me batia todo dia até eu fugir de casa com 15 anos... Sua vez.

-Me chamo Jessie, meu namorado é viciado, sempre me bate e eu fugi de casa com 18 anos para ficar com o "amor da minha vida" - Terminei a frase fazendo o sinal de aspas com a mão

-Está aqui na ponte por causa dele?

-Perdi as esperanças de o ajudar...

-Mas ele quer a sua ajuda?

O olhei por um tempo e depois o respondi voltando a olhar pra frente - Eu não sei...

-Minha mãe também não quis ajuda...

-E agora ela está morta.

-E agora não preciso fingir que aceitava o seu estado.

-Ela era a sua mãe... - Murmurei

-E infelizmente não consegui a ajudar. Mas a culpa de sua morte não foi minha.

-Eu também não tenho culpa do meu namorado ser viciado - Disse o olhando indignada

-Eu não disse que tinha - Disse ele também me encarando - Mas você carrega esse fardo porque se senti culpada.

-Eu o amo...

-Será? Se amasse, estaria lá e não aqui falando com um estranho.

-Larguei tudo por ele...

-Largou por uma ilusão, largou porque achava que era o certo a fazer, achava que sua felicidade dependia dele... Você está feliz? Está feliz, mesmo aguentando tudo o que aguenta?

-Não...

-Gosta do que se tornou? Gosta de apanhar? Gosta de lutar por um sentimento que simplesmente NÃO existe mais?

Não o respondi, minha voz simplesmente parou de funcionar... É estranho tomar um banho de realidade, nunca pensei que me machucaria tanto.

Eu estava em choque, estava simplesmente parada sem olhar para um lugar fixo. Foi aí que me bateu a realidade e eu me desesperei. Minha respiração saiu de regularidade e meu coração batia forte, levei a mão até minha boca e tentei prender as lágrimas que insistiam em sair e, infelizmente, falhei.

Meus soluços ecoavam pelo local escuro e vazio, tirando claro, a companhia ao meu lado. Manti meus olhos fechados, mesmo sabendo que nada adiantaria para eu desaparecer nesse momento.

Eu me sinto tão... Acabada, cansada. Não esperava que isso fosse acabar assim.

Todo mundo me avisou, me falaram que ele não era o cara certo pra mim, mas eu não quis dar ouvidos. Mas é como dizem, o pior amor que existe é o da adolescência, ele simplesmente não vê o que não quer ver, ele é mais cego do que qualquer um... Ele é sempre baseado em ilusões.

Olha o que um estranho pode fazer com a gente... Ele sabe mais de mim do que eu mesma e isso me assusta. Muito.

Ainda presa em meus pensamentos sinto um leve toque em minha nuca, afagando o meu cabelo.

-Se continuar a chorar assim, terá uma terrível dor de cabeça depois... - Diz ele depois de longos minutos de silêncio

-Por que você está me ajudando? Eu nunca te vi na vida, não tem motivos para estar aqui comigo, não gosto de dever favores... - Falo com uma voz rouca e me afastando o suficiente para tirar sua mão de minha cabeça

-Todos nós temos problemas... E também, não é todo dia que vemos uma menina no meio da noite e desacompanhada chorando.

Solto uma risada sem graça e tento inutilmente secar meu rosto.

-Não, para... Tá borrando ainda mais a maquiagem - diz ele segurando a risada

Tiro imediatamente minha mão de meu rosto e olho a mesma que agora está preta, pela maquiagem escura.

-Opa... - Murmuro

Acabo não me contendo e começo a rir imaginando o estrago que devo estar, e sendo acompanhada pelo mesmo.

Depois de nossa crise de riso, o observo novamente.

-Obrigada - Agradeço

-Pelo o que? - Pergunta ele

-Pelo banho de verdade e por de certa forma me distrair... - Digo enrolando a ponta do meu cabelo nos meus dedos pela vergonha.

-Sem problemas... - Diz ele me encarando por um tempo e depois anda em direção ao outro lado da ponte

-Ei, você não vem? - Pergunta ele se virando

-Pra onde? - Pergunto o olhando confusa

-Se aventurar, fugir. - Responde ele

-Da ultima vez não deu certo - Digo apontando pra mim mesma

-Mas dessa vez pode ser diferente

-Mas e se não for?

-É só seguir em frente sem olhar pra trás

-Por que confiaria em um estranho? - Cruzo os braços

-E por quê não confiaria? - Revida ele dando de ombros e continuando o seu caminho

Quando percebo que ele está começando a sumir da minha vista, corro até ele e o acompanho.

-Tem razão, por quê não?

Nos encaramos por um tempo e continuamos o nosso caminho. Agora é a hora que vocês falam que pode não dar certo de novo a minha escapatória, mas é como ele disse, se não der certo é só seguir em frente sem olhar pra trás, por mais que doa, por mais que eu sinta falta.

Eu só devo seguir em frente.

FIM


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Notas finais do capítulo

E aí? Reviews? *--*



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