Era manhã do quinto dia deles ali quando ouviram o som de um bando de pássaros voar sobre as árvores deixando Aria alerta. A garota ficou tensa pois nos dias em que haviam estado ali os pássaros não se moveram de forma tão desesperada. Depois de trocarem um olhar ambos recolheram tudo o que estavam comendo e subiram para a pequena caverna. Aria ainda apagou os rastros maiores dos dois antes de subir. Ficaram ambos deitados de bruços olhando por cima das rochas esperando que fosse apenas desconfiança exagerada de ambos.

Enquanto isso Sarah vinha montada em sua égua, Blum. Elas estavam passando por um caminho estreito entre rochas estavam quase chegando perto do lugar onde Aria e Rendon deveriam estar quando um bando de pássaros se assusta com a égua e sai voando. Blum não se importou muito e apenas voltou a caminhar. Minutos depois já estavam saindo da trilha perto da clareira.

As duas crianças escutam o som de um cavalo e ficam ainda mais atentos. A única coisa que os deixava ansiosos era o fato de ouvirem apenas um cavalo se aproximando. Minutos depois Aria reconhece a égua castanha da mãe e a própria Hawkey montando o animal. Com um sorriso enorme no rosto ela apenas espera a mãe entrar na clareira. Assim que Sarah retira o capuz encarando diretamente o lugar onde eles estavam Aria pula da pequena elevação onde ficava a caverna e corre para a mãe que desce da égua para abraçar a menina.

–-Mamãe – diz ela sorrindo e abraçando o pescoço de Sarah que havia se abaixado para segurá-la.

–-Olá minha menina – fala Sarah sorrindo e erguendo a filha – Pelo que vejo estão muito bem mesmo – ela completa depois de ver Rendon descendo a elevação e se aproximando das duas.

Aria desce dos braços da mão ficando em frente a mesma e esperando. Sarah encara o príncipe por algum tempo.

–-Vejo que melhorou muito – diz ela a Rendon.

–-Muito mesmo, senhora – responde o garoto encarando Sarah – Sou muito grato a você e Aria pelo que fizeram por mim. Mas...E minha mãe; como está?? – ele indaga ansioso.

Sarah nota a ansiedade do menino e sorri antes de responder.

–-Morrendo de saudades de você – diz a Hawkey – E perfeitamente segura dentro da Capital do Reino e do castelo do Real. Lugar para você está indo, jovem príncipe.

Rendon sorriu olhando para os olhos cinzas da Hawkey. Aria sorriu também e correu para perto do riu assoviando alto e forte.

–-Vamos arrumando nossas coisas, Rendon. Gold e Milly logo estão aqui e podemos partir – disse a menina indo para as pedras.

Bem como ela havia dito os animais logo estavam chegando e atravessando o rio se aproximando deles. Sarah ajudou eles a guardar as coisas e selarem os cavalos. Logo depois os três montaram em seus animais e voltaram pelo mesmo caminho seguido pela Hawkey para chegar ali. No final do dia estavam entrando na Capital do Reino; entrando por um protão lateral onde os guardas já estavam de sobreaviso sobre a chegada dos três. Dalí foram direto para o Castelo Real onde Elizabeth esperava ansiosa junto a Tommy.

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Há seis dias Sarah e os filhos estavam hospedados no Castelo Real como convidados da Rainha Regente e do Príncipe Herdeiro. O motivo era mais complexo do que fizeram a corte e o Conselho Real acreditar. Para todos os efeitos Elizabeth apenas queria agradecer a Sarah por ter salvado a ela e ao filho. Não que essa não fosse a intenção da Rainha, mas esse não era o único propósito da permanência dos três na Capital do Reino.

A principal razão era porque a Hawkey estava a atender um pedido da Rainha Regente. Elizabeth havia pedido a Sarah para fazer com ela e o filho o mesmo que havia feito consigo mesma e com Tommy e Aria: torna-los imunes a venenos. Isso porque ela ainda tinha dúvidas, e medo principalmente, de que a doença de Rendlan não tivesse sido uma doença na realidade.

A primeira coisa Sarah fez foi arrumar suas coisas num lugar afastado; onde apenas ela pudesse entrar. Alo ela começou a preparar os venenos nas doses corretas. Claro que ela também deu um jeito de checar se havia alguém que pudesse estar envenenando a comida e bebida que ia para Elizabeth e Rendon. Sem encontrar nada a Hawkey presumiu que; ou a pessoa que haveria feito isso com o Rei Rendlan não estava mais sendo paga pra continuar, ou não estava mais ali, ou então nunca havia existido. Ela queria apostar na última opção, mas seu instinto dizia que deveria ser uma das duas primeiras.

Por esse motivo os três Hawkey’s continuavam no castelo. Aria era a mais entediada dos três já que não podia ajudar a mãe com os venenos e não podia treinar com uma espada. Tommy passeava pelo castelo ou treinava com seu arco e acabava ajudando a mãe deles em diversas ocasiões. Rendon também não era mais uma opção de companhia já que o mesmo também tinha seus deveres a cumprir; apesar de que a real vontade dele era largar tudo e ir conversar com Aria como faziam nos dias em que ficaram sozinhos na floresta. Por vezes a garota insistia com a mãe que queria aprender a lutar, mas Sarah sempre dizia que não era hora ou que estava ocupada com os remédios; qualquer coisa que afastasse o assunto coisa que deixava a menina muito irritada.

Com o tempo Aria e Rendon passaram a se encontrar para conversarem sempre que ele tinha uma folga. O lugar preferido para essas conversas era um pequeno bosque dentro do castelo perto de uma das portas laterais. Era um lugar com muitas árvores; nem todas grandes. Ali ambos ficavam a vontade para conversar e brincar como duas crianças devem brincar. Por vezes eles duelavam de brincadeira, mas sempre com Rendon deixando claro de que era apenas uma brincadeira e nada relacionado à revanche que ele havia pedido.

Com o tempo se acostumaram apesar de Aria ainda se sentir inconformada com o tempo de sobre que tinha sem ter com o que preenche-lo. Era o vigésimo dia deles ali quando Sarah anuncia aos filhos que iriam partir para ver o avô deles. A Hawkey mais velha já havia deixado pronto e preparado uma grande quantidade de doses para Elizabeth e Rendon além de haver explicado detalhadamente o que fazer em alguma emergência envolvendo os venenos.

Apesar de tudo uma parte em Aria não gostou de ir. Naqueles poucos dias ela e Rendon haviam ficado muito amigos; o garoto era a primeira criança a realmente se aproximar dela e a conversar com a pequena Hawkey. Fora Tommy, que já era bem mais velho, Rendon havia sido o primeiro amigo de Aria e deixar um amigo para trás nunca é muito bom para uma criança. Entretanto partir a deixou contente porque significava voltar ao que ela sempre gostou de fazer que era viajar.

Para o príncipe a despedida não teve nada de bom. Para ele a Hawkey também era a primeira amiga, mas mais que isso, nela ele sentia confiança. Rendon dificilmente confiava nas pessoas por que grande parte (se não praticamente todos) os que conviviam com ele tinham interesses por trás de cada ato gentil. Com Aria era diferente; ele sentia que podia confiar na garota sem medo de ser traído por interesses. Perder a única amiga foi bem triste para ele.

Entretanto nada do que poderiam sentir ou não influenciava no fato de que os três Hawkey’s estavam partindo. Naquela manhã eles saíram do castelo em direção a Academia. Colocando distância e tempo entre as duas crianças que só voltariam a se encontrar alguns poucos anos depois.