O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 18
Capítulo 17 - A verdade revelada


Notas iniciais do capítulo

Oi
=)

Gente, o capítulo de hoje é dedicado á Bia Valdez, que nos mandou uma super, em todos os sentidos, recomendação! Você é muito querida Bia, obrigada!! =3

Boa Leitura, vocês vão gostar desse ;)



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Capítulo 17 – A verdade revelada.

– Lily, não diga nada. Só escute.

Alexander Miller soltou meu braço e respirou fundo para começar a falar, ensaiando algumas palavras que não chegaram a ter som. Ele coçou um pouco os cabelos muito bagunçados e passou as mãos pelo rosto um pouco sujo, parecendo organizar uma história em sua mente.

Eu ainda estava um pouco assustada por ter sido subitamente sugada para dentro da Sala Precisa, mas não consegui entender o motivo de minha surpresa se era justamente isso que eu pretendia. Alexander provara estar onde eu deduzi que estivesse, será que queria que eu o encontrasse? Eu não deveria me mostrar amigável logo de cara.

Saquei minha varinha e apontei para o desgraçado, mas não a usei. Talvez eu seja tola, afinal ele era um assassino e estávamos sozinhos, uma pessoa inteligente teria azarado ele sem pensar duas vezes, mas aparentemente eu não tinha essa esperteza, tinha que deixar ele se explicar, senti que devia isso a ele.

– E o que te faz pensar que eu vou tomar por verdade aquilo que você dirá? – fui dura, faceta intransponível e voz altiva, achei que seria necessário se quisesse demonstrar que não me surpreendi com o acontecido e nem com tais palavras, ele olhou para a minha varinha e não fez qualquer gesto de que pretendesse sacar a própria ou me desarmar, apenas continuou a tentar achar as palavras para contar sua história.

– Por que você quer saber o que aconteceu realmente quando a garota morreu. Não teria me procurado a não ser por respostas... Ou talvez você duvide da minha culpa nesse caso. Eu não a matei, e também não tentei matar seu irmão.

Estávamos entrando diretamente na parte delicada da situação. Diante de um assassino não confesso, mas que por vezes já tentara me assassinar,era estranho o fato de eu não temer. Algo na voz dele e no jeito com que as palavras fluíam pelo ar me fazia crer que era verdade, e eu já duvidava que não fosse. O problema é que não fazia nenhum sentido. James contara o que viu, embora não muito contundente, mas Alex era assim o assassino, e eu me recusava a acreditar.

– Você vai precisar dizer mais do que isso para me convencer. Contar a história completa seria um bom começo.

– É... Não adianta mais te privar da verdade, já que boa parte você já descobriu e nela, a parte que me cabe não é a mais favorável. Tem a ver com o FOOP e seu plano de reascender as trevas em Hogwarts e no mundo bruxo, incitado pelo legado do maior bruxo das Trevas que já existiu, e você sabe muitíssimo bem de quem falo, já que sua família tem relação direta com a derrota do Lorde. E justamente por isso, você é parte crucial para que o plano dê certo. – Ele fez uma pausa. Eu já tinha deduzido tudo o que ele havia mencionado, mas ouvir da boca de outra pessoa, especialmente de uma que estivesse intimamente ligada á todo esse novelo diabólico, fazia tudo parecer mais real.

– Eu percebi. Quase fui morta várias vezes, ou não se lembra? Escapei por um triz em todas elas. Acho que ainda não é minha hora de morrer. – Tentei disfarçar a tensão com humor, mas acho que não tive sucesso.

Eu estava suscetível a uma morte silenciosa, é bem verdade, já que estava sozinha com um assassino em plena madrugada enquanto o castelo dormia, porém, nenhum sinal de que eu seria atacada foi dado, e sem querer, isso me deixava menos alerta.

– O plano inicial era você fazer parte do FOOP. Mas como Kirche não teve sucesso com a primeira investida, decidiram que era melhor mudar de foco. Você não sendo uma aliada, é uma perigosa ameaça, isso porque é filha de quem é. O nome Harry Potter ainda causa grande impacto, e querendo ou não, você tem o sangue dele; uma verdadeira Potter, não será esquecida. Nunca estive por trás de nenhuma tentativa de assassinato contra você, embora perante o Foop e a ti, eu fosse o vilão, porque alguém tem sempre que assumir a culpa.

– Palavras soltas e fáceis de serem ditas. – Rolei os olhos. - Você é um bom ator Alex, caso esteja mentindo. Só não entendi ainda porque integra o Foop então... Surto de heroísmo? Olha, dadas às circunstancias, de nada adiantou.

Agachar-se e menear negativamente a cabeça foi mais um gesto digno de aplauso, por ter sido indubitavelmente verdadeiro. Alex era um ótimo artista, tão bom que eu estava acreditando nele, minha varinha caiu a alguns centímetros de mim.

– Lily, mantenha o foco na parte importante. Você sabe, o tempo é curto. Tentei não me aproximar de você o máximo que pude, ainda que eu quisesse ser seu amigo. Mas um amigo não lhe seria tão útil quando estivesse prestes a morrer... Mantive-me longe, observando o que acontecia á sua volta e escutando como os servos do legado se esgueiravam á procura de membros para o grupo e procurando maneiras de te manter fora do caminho deles. Você iria descobrir a intenção deles de qualquer forma, assim como quando as informações se tornaram pesadas demais, dividiu com seus amigos, mas não com os amigos certos... Você viu no que resultou...

– Está dizendo que não posso confiar em Tabitha e Hugo? Como ousa...

– Não. Você pode confiar neles, claro. Mas deve escolher o que contar a eles, pois nesse assunto tudo o que sabem é o que vem de você, e convenhamos, você não sabe de um terço de toda a história. Eles tentam te ajudar porque gostam muito de você, e acabam colocando os pés pelas mãos. Contar a James foi um erro, e indiretamente, custou uma vida inocente. Só diga algo quando tiver certeza de ser verídico e mais importante, quando eles não possam ser atingidos por saber. O julgamento é seu.

– Até que você parece ter razão, mas alguém precisa saber, para desmascarar o verdadeiro culpado caso aconteça algo comigo. Tenho plena consciência de que chegará a hora em que não conseguirei escapar. Preciso contar a eles, me convenci há pouco tempo disso.

– Eu te alertei, mas você pode fazer o que acha que é certo. Achei que estivesse indo bem em meu plano, e agora estou com um crime a pesar nas minhas costas, sendo que não o cometi. – Ele parecia derrotado, com lágrimas quase escapando dos olhos, mas eu tinha certeza de que as seguraria para si, porque “homem não chora”. Que idiotice.

–Okay, você não tentou me matar nenhuma vez, e também não matou a Elia e nem a Anna, mas não está me contando tudo. Eu pensava que você fosse o legado de Voldemort, mas insiste que não é. Então quem, em nome do desprezível Lorde das Trevas, fez essas atrocidades?

– Eu não sei se você deveria saber, seria muitíssimo mais perigoso.

– Sério?! Garanto que o perigo não vai aumentar se você me disser o nome. É o voto da minha confiança que dou para você, assim, tomarei como verdade toda a história que me contou.

– Eu posso me arrepender disso, mas vou confirmar o que você provavelmente já sabe. Kirche é o legado, e houve mais mortes nessa história do que você pode saber. Gostaria de te contar o resto, mas creio que não há tempo suficiente... Eu não poderei me esconder aqui para sempre.

– Olha que engraçado: eu lembro de que você fazia questão de ser incrivelmente estúpido comigo, e veja só, nem parece a mesma pessoa.

– Os tempos eram outros, você bem sabe Lily. – Ele suspirou. Notava-se pelo olhar a agonia do garoto, olhos frios e eu diria até um pouco úmidos, como os de quem tenta a todo custo segurar o choro. Realmente não havia dúvidas, assim como eu, Alexander estava assustado.

– Ajude-me, dê indícios de onde eu possa encontrar provas da sua inocência. –Senti-me tentada a ajudar, pois eu devia pelo menos isso a ele, embora não pudesse confiar cegamente que ele me falava a verdade. Só que a verdade dele era a única que eu tinha, e magistralmente se encaixava com todos os fatos que eu mesma descobri. Livrá-lo da culpa era questão imprescindível e por isso mesmo, eu tinha um leve tom suplicante que Alex não pareceu perceber e eu baixei minha varinha.

– Não vejo como você poderia provar que não sou o assassino. Meu histórico não é dos melhores, e seu irmão, que é a única testemunha do acontecido, teve as memórias alteradas por qualquer bruxo do Foop. Estou em um beco sem saída Lily, e me sinto fracassado por não ter conseguido te manter salva de tudo, mas eu lutei com as poucas armas que eu tinha. – Ele mais uma vez ficou cabisbaixo. Pensei tê-lo ouvido soluçar, mas àquele ponto da madrugada eu já nem sabia mais o que era real ou alucinação.

– Descobriremos uma maneira. Há algo que ainda não ficou claro para mim: Por que você se esforçou tanto para me livrar tantas vezes da morte? – Podia ser algum devaneio meu, mas vi o garoto enrubescer de maneira desconcertante. Ensaiou várias vezes, e por longos minutos enquanto pensava nas frases certas a dizer, e confesso que fiquei nervosa.

Afinal, ele não me conhecia, a não ser pelo nome.

– Isso é algo que não posso te dizer agora, mas você ainda vai saber, eu prometo. Assim como prometo lhe contar mais sobre mim, um garoto órfão com dotes mágicos... Mas agora não é hora, ainda não.

O silêncio pairou no local e parecia quase visível á nossa frente, e o único barulho que se ouvia era o das nossas respirações. Alex mexia os dedos das duas mãos, um contra o outro, como amostra de sua inquietude. Pensei em dizer algo, mas o que? Não havia mais nada que eu pudesse falar, pelo menos nada que eu tivesse consciência. Quando tudo começou a ficar incomensuravelmente insuportável, ele quebrou o momento incômodo, finalmente.

– Você está destinada a grandes feitos Lily.

– É, foi isso que disse aquele livro idiota dos herois, e logo após o pesadelo começou. – Parei de súbito. – Aliás, por que estou dizendo isso a você? Você sempre soube de tudo.

– E isso é ruim? – ele se mostrou cauteloso.

– Sim, acho que eu merecia saber.

– Já discutimos isso. Se eu tivesse te contado, era bem capaz de você estar morta. Eu também estaria. Não adianta discutir o passado, não compreende...

Bufei, com os neurônios fervendo dentro da cabeça.

– Eu estou completamente sozinha agora. Se contar a Hugo ou Tabitha, os coloco na mira do Foop; você está foragido e deve deixar o castelo para seu próprio bem, enquanto se prova sua inocência; James está fora de questão, Alvo então, nem se cogita e não posso contar também com a Giovanna, já que ela traiu minha confiança... não sei o que faço. – E verdadeiramente, eu estava perdida.

Alexander arfou, como se preparasse algum discurso para me recitar logo em seguida, e isso não foi muito animador para mim, tive a ideia de que estivesse inventando alguma mentira. Ele cortou esse pensamento meu.

– Estava escolhendo as palavras certas para te contar. Lily, você está errada, ela não lhe traiu. – Arqueei meu par de sobrancelhas assim que ouvi essas palavras. Como assim? – Ela foi enfeitiçada.

– Ah é? E por quê?

– Você acha que o FOOP gostaria que você tivesse como amiga uma vidente que podia antecipar todas as armadilhas que armavam contra ti? Isso atrapalhava os planos dele, e a solução foi apelar para a Maldição Imperius. Eles conseguiriam as visões da garota e de quebra você a odiaria, e então seria menos um para te ajudar. – Ele pareceu compreensivo a certo instante, quando o entendimento perpassou meus olhos.

Senti-me culpada por toda a raiva que senti de Giovanna Trelawney, e também pelo modo desprezível que a tratei quando ela foi visitar James na enfermaria. Eu sabia que a garota gostava de meu irmão e que realmente estava preocupada com ele... Suas palavras fizeram sentido agora.

– Ela ainda está enfeitiçada? – Era provável que sim, mas não parecia estar quando a vi.

– Não mais. Achei estranho quando ela apareceu pela primeira vez nos conselhos do Foop, justamente por já tê-la visto contigo. Não demorei muito para perceber seus movimentos forçados e suas palavras mecânicas, sem contar as frequentes vezes em que ela abraçava a cabeça em sinal de dor. Quando tive oportunidade, alguns dias depois, desfiz o feitiço e conversei com ela, e viemos trabalhando em conjunto desde então. Ela fingiria ainda estar enfeitiçada, revelava visões falsas a fim de enganar Kirche e os outros. Estava funcionando, até o episódio de ontem.

Estava surpresa, muito surpresa com tudo o que tinha descoberto ali. Giovanna passara de traidora mesquinha para heroína mártir, e eu julgando-a todo esse tempo. Antes que pudesse concluir meu suplício mental por minha injustiça, Alex encostou em meu braço.

– Você tem que ir.

– Não, eu ainda tenho dúvidas.

– Vai ter que ficar para depois Lily, eu te disse. É sério, você tem que voltar para o dormitório.

– Não até você responder as minhas perguntas. – Teimei, visto que ele não parecia a vontade de falar sobre tudo – Não todas, mas preciso saber de algumas coisas ou eu não vou poder confiar realmente em você – ele ponderou o que eu disse, e assentiu.

– Na Bulgária, como você usou magia fora da escola, você aparatou e não tente negar! – disse – Como não teve problemas com o Ministério? E quando for responder tenha a bondade de acrescentar como você estava lá, bem onde eu estava e na hora que eu precisava. - Escorei na parede e mantive a varinha firma na mão, me dava uma sensação de poder, ele devia sabia que eu é que mandava ali.

– Tudo começou ano passado, quando entrei na escola, era tudo novo... diferente. u não conhecia a magia e estava sedento por aprender, então me esforcei o máximo possível, principalmente em Defesa contra as Artes das Trevas – disse ele, então tomou fôlego, tive a impressão que ele cogitava se devia ou não dizer algo -, então o FOOP tentou me recrutar, eu percebi de cara que tinha algo errado, não concordei com os ideais então recusei.

– Prossiga – disse ouvindo atentamente.

– Na época eu não sabia exatamente a real finalidade desse grupo e duvido que a maioria dos membros saiba, apenas achei que revelar a magia para os trouxas apenas geraria medo e eventualmente violência. Eu nasci trouxa e acho que a maioria não está preparada para saber que seu vizinho pode transformar sua família no que quiser. – Disse ele. - Uma semana depois houve um “acidente”, em que eu quase me afoguei, mas então tive certeza de que o FOOP era podre. Não havia como ligar o grupo ao partido, mas estava claro que o acidente era uma espécie de aviso que não se podia simplesmente dizer não para essas pessoas.

– Compartilhei o ocorrido com Escórpio, que era meu melhor amigo na época e ele convenientemente tinha acabo de receber o convite para o grupo, concordamos em investigar juntos, ele aceitou o convite e me passava as informações, eu me mantinha vigilante e notei algumas coisas: o FOOP exercia uma espécie de fascinação sombria no castelo, vários alunos que recusam o convite acabam se machucando, nada letal, ninguém percebe que um grupo de estudante está por trás, se perceberem acabam se juntando por medo ou simplesmente porque gosta daquele poder e violência, como foi o caso do Joriel que duelou com você.

– Aquele cara é um animal! Lembra daquela garota que você impediu de morrer caindo da torre? Kate? Ela havia recusado terminantemente fazer parte do FOOP, em resposta tentaram fazer ela rolar pelas escadas, cobririam tudo com pus de bubotúberas, derramariam um pouco nas escadas e pronto, todos achariam que ela deixou cair um frasco e escorregou quando abaixou para pegar. Eu tentei impedir e cheguei em tempo, eu e Joriel começamos a duelar, mas no fim Kate foi arremessada pela janela.

Vasculhei minha memória, disseram que encontraram pus de bubotúberas na escada e realmente tive a impressão de ter visto luzes de feitiços na torre e uma coberta com uma luva preta tentando jogar a garota da torre, Alexander estava usando luvas pretas, me lembrei, talvez ele estivesse tentando puxar ela para cima e não conseguiu, dessa forma a história se encaixava.

– Eu achei ter visto luzes de duelo – admiti – achei que ela estava duelando com alguém.

– Não, eu estava duelando, ela estava tentando sair da frente de tudo enquanto Joriel tentava acabar com nós dois – disse ele -, mas estou me adiantando na história... Bem depois de eu e Escórpio percebermos que o FOOP era ruim, ele tentava mais e mais se aprofundar no movimento e se fez passar pelo perfeito soldadinho; então descobrimos que o FOOP queria poder e mais credibilidade para o movimento, para isso eles precisariam de você.

– De mim? – perguntei – Eles nem me conheciam na época, sem livro dos herois, eu era apenas a filha mais nova de Harry Potter.

– Você carrega o nome Potter, assim como seus irmãos – ele explicou – nunca foi em uma loja e foi tratada diferente? Ter a filha de um herói participando e concordando com os ideais faria maravilhas pela imagem do grupo.

– Meus irmãos estão em perigo? – perguntei alarmada.

– Não, eles desistiram de seus irmãos, não sei os motivos, você foi a última chance. Eu e Escórpio chegamos a um consenso de que precisávamos ficar de olho em você desde cedo, então vigiamos a Olivaras para sabermos como você é e manter o olho vigilante quando você chegasse a escola. Então, bem... só não me perguntei porque te seguimos na Bulgária também, é constrangedor – disse ele corando, me deu uma vontade de rir apesar de o assunto ser sério.

– Mas no fim não adiantou de nada não é? Tive que me virar sozinha, ficar no escuro só tornou as coisas pior! – Joguei na cara dele.

– Tentamos te ajudar de longe, quando seu nome apareceu naquele maldito livro os lideres do FOOP decidiram que você era perigosa demais, que diferente dos seus irmãos. tinha que ser eliminada – ele pareceu ficar furioso com o que disse – Primeiro foi o duelo, eles queriam que você morresse lutando contra Joriel, seria um perfeito acidente certo? “Garota Potter morre em duelo”, depois trocariam as varinhas seria imprescindível para provar um acidente.

Lembrei-me que durante as investigações na sala do diretor a varinha do Joriel não havia revelado nada que pudesse ligá-lo as Artes das Trevas.

– Tentaram colocar pus de bubotúberas no suco que você ia beber então eu explodi a jarra. – Disse ele rindo sem graça. – Você deve ter ficado uma fera comigo naquele dia...

Tive que vasculhar a memória para me lembrar do incidente, bem no dia do teste para apanhadora, Madame Pomfrey havia dito que se fosse a maldição furúnculos eu não conseguiria fazer o teste, mas minhas mãos ficaram boas logo. No dia eu não me dei conta, seria possível que Escórpio e Alexander estivessem me vigiando esse tempo todo para me proteger? Parecia fazer sentido, afinal se ele me quisesse morta bastaria ter me matado não biblioteca, ou até mesmo agora, eu não estava exatamente vigilante.

– Eu vi você conversando com a Kirche – disse para ele – no dia da festa do Slugorn, naquele dia achei que você queria me matar.

Ele piscou várias vezes confuso – Aquele dia Kirche e o grupo dela queriam te emboscar, soltamos um pântano portal no corredor... Achamos que eles não tentariam de novo tão cedo e resolvi pressionar a garota, fui arrogante, ela sabia a tempos que eu vinha intervindo contra ela e seu grupo, achei que conseguiria fazer ela parar... Eu estava errado – disse ele parecendo triste – foi minha culpa, achei que eles não tentariam de novo, mas ela tentou veneno como disse que faria.

– Não foi sua culpa – me adiantei e dei palmadinhas em suas costas, eu sabia como ele se sentia, também me culpei pelo que aconteceu com a garota, ela levou uma “bala” que era para mim.

– Lily e hoje... Quando James veio falar comigo, o FOOP estava tentando me tirar do caminho... Tentei fazer seu irmão desistir, mas ele estava lá bem no meio de tudo quando fui emboscado... Juro, eu não queria que ele se machucasse, mas aqueles malditos do FOOP mataram alguém, ele ficou em pânico e bateu a cabeça, logo depois eles mataram a pobre garota que teve a curiosidade de vir procurar a fonte do barulho – contou ele. – Então eu fugi, depois de estuporar um deles e o outro me perseguir.

– Porque? James poderia ter provado sua inocência – disse para ele ao mesmo que dava palmadinhas nas costas do garoto, era tão estranho consolar a pessoa que a algumas horas eu achava que odiava.

– Eles apagaram a memória dele e soube que a culpa cairia em mim, teriam muitos colegas prontos para testemunhar que eu matei a sangue frio, uma ótima forma de me tirar do caminho não? – Riu ele sem graça. – As pessoas estariam dispostas a acreditar que eu sou culpado, tenho um histórico com as Artes das Trevas.

– Você vai me contar que passado é esse? – perguntei, ele balançou a cabeça.

– Não – disse ele firme e mais parecido com o insuportável Alexander que eu conhecia – Você tem que ir, já é tarde.

– Como você pode saber, está preso aqui tanto quanto eu.

– Aprendi a ter noção temporal, e não demorará muito para amanhecer. Notarão sua falta se não partir agora. – A seriedade e frigidez de sua voz me assustaram um pouco. O Alexander sombrio parecia estar voltando, o que me fez perceber que a faceta tenebrosa era o seu mecanismo de proteção - Lily, agora você vai confiar em mim? – ele perguntou anormalmente sério.

Por um momento pensei em dar uma má resposta, dizer algo do tipo “Da forma como você devia ter confiado em mim...”, mas ele estava mal, havia presenciado um assassinato e todos pensavam que ele era o culpado, olhei em seus olhos e disse – Sim, você... vai continuar aqui?

– Sim, mas não por muito tempo. Este não é um local seguro para passar mais um dia, estou pensando em algo para escapar.

– No que?

– Não é bom que você saiba. Tchau Lily. – Ele puxou minha capa e jogou por cima de mim, fazendo com que eu desaparecesse de suas vistas. Ainda um pouco confusa, andei apressadamente até a parede e antes de encostar para que ela se abrisse, virei para trás, mesmo que isso não adiantasse muito.

– Eu acredito em você. Tchau.

Instantes depois, eu estava aconchegada em minha cama, agitada demais para dormir.

***

O diretor Neville Longbottom era grande amigo de meu pai. Em sua infância era motivo de chacota por ser, era inegável, muito atrapalhado e desajeitado com qualquer atividade e com suas próprias coisas. O tempo passou e o bruxo capaz que ele tinha dentro de si mostrou-se fortemente, trazendo o cargo digno de confiança que ele possui hoje. Espero que não tenha mudado, preciso de sua ajuda.

Pouco depois do dia amanhecer, estava eu perambulando em frente a sala do diretor de Hogwarts. Não sabia a senha e não tinha qualquer ideia de como poderia entrar, mas precisava falar com ele sobre o acontecimento perturbador que ocorrera, o que custou a morte de Anna Lovegood.

Minhas pálpebras estavam pesadas e o corpo um pouco dolorido. Realmente, uma noite de sono faz muita falta. Encostei em uma das paredes de pedra do corredor, e quase sem querer fui tomada por uma súbita onda de sono e adormeci, ali mesmo, em pé com a cabeça escorada de qualquer jeito. Sei que resultaria em um terrível torcicolo mais tarde, e Madame Pomfrey poderia resolver facilmente isso depois.

Não me orgulho da forma como acordei. O salto que dei quando ouvi aquela voz forte foi realmente vergonhoso, e meu rosto de zombie só contribuiu para tornar-me mais ridícula.

– Senhorita Potter? – O diretor perguntou. – Está tudo bem?

Esfreguei os olhos e tentei ajeitar os cabelos, acho que sem sucesso.

– Ah, sim diretor. Na verdade, preciso falar com o senhor. – Não poderia enrolar muito, logo minhas aulas começavam e eu seria motivo para comentários mentirosos se não aparecesse no horário.

– Vamos para minha sala então, imagino que não queira conversar aqui no corredor. – Balancei negativamente a cabeça, e subimos.

Mal entramos na sala quando falei.

– É sobre o que aconteceu diretor, sei que posso confiar no senhor. Eu quero saber se estão sabendo de mais alguma coisa que não nos foi informada.

– Esse é um assunto confidencial Lily, temo que não posso lhe colocar a par do andamento da investigação. – Neville foi completamente formal no que disse. Ele estava tentando ser responsável.

– Mas eu preciso saber... É muito importante. – Okay, esse argumento foi completamente fraco e um tanto ridículo, mas não achei nada melhor para dizer, e eu não poderia contar o real motivo.

– Posso saber o por quê? – o Sr. Longbottom parecia estar curioso. No lugar dele eu também estaria.

– Meu irmão. Quero saber o que realmente aconteceu e porque queriam matar James.

– Você está com a razão de querer saber, mas ainda estamos apurando os fatos, e fazendo o possível para que isso não receba o alarde de mentiras sensacionalistas. O assassino, Alexander Miller, está foragido, e qualquer outra verdade desapareceu junto com ele. Por hora, não sei se há mais algo a se fazer.

– Então o Alexander é mesmo o assassino? – Sim, todos acreditavam que ele fosse. Menos eu.

– As circunstâncias apontam que sim.

– E isso faz dele suspeito, e não o autor do crime. Não se pode ter certeza, não ainda. – Afirmei convicta e precipitadamente. O diretor ajeitou-se na cadeira antes de me confrontar diretamente.

– Está sabendo de algo a mais Lily?

Fiquei sem ter o que dizer, as palavras me faltaram quando eu mais precisei delas.


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Notas finais do capítulo

E então??
Esperamos suas opiniões sobre tudo o que o Alex disse, não hesitem em comentar!

Até o próximo,
Bjs



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