O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 17
Capítulo 16 - O perecimento de mais um inocente


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!

Antes de mais nada, dedico este capítulo á nossa querida leitora JessyFerr. Obrigada, foi linda! *-*



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Capítulo 16 – O perecimento de mais um inocente.

O desespero tomou conta de mim.

Jamais me perdoaria caso meu irmão tenha morrido por minha causa, e isso me fez lembrar de que ele não seria o primeiro. O nome de Elia Andreiko ainda me assustava, mesmo que eu tivesse a sorte de não ter o seu fantasma em meu encalço. Tudo estava se tornando um ciclo vicioso, e eu precisava fazer algo. Só que agora, James era prioridade.

Tentei abrir espaço por entre os curiosos que se amontoavam por toda a extensão do castelo, pelo menos era isso que parecia até o momento. Eu nem sabia onde tinha sido o local do assassinato, e por conta disso me orientei pela direção em que a maioria seguia, com Tabitha e Hugo logo atrás de mim. Tinha a impressão de que tentaram me parar algumas vezes, para me dizer algo que me acalmaria ou qualquer coisa assim, todavia, eu estava determinada a encontrar meu irmão, vivo ou... morto.

Repudiei de imediato esse pensamento, embora a hipótese fosse plausível.

Corri como nunca por três lances de escada, e avistei Alvo no caminho. Ao ver minha expressão assustada, o mesmo ficou confuso, claramente com razão, pois, por não haver muito contato entre nós na escola, não houve meios para que ele soubesse de tudo o que se passava. Mas estava fora de cogitação envolvê-lo nessa história também, James mal soubera...

– A culpa é minha! – Hugo Weasley gritou às minhas costas. Parei de súbito.

– O que? Não! – Foi o que consegui responder me virando para o garoto ofegante. Tabitha vinha logo atrás, também respirando longamente pelo esforço que se obrigara a fazer... Seus pulmões não eram dos mais fortes.

– Se eu não tivesse contado ao seu irmão, isso não estaria acontecendo agora. E se tiver sido ele, Lily? – Ele abaixou os olhos olhando para os pés, envergonhado e entristecido.

Balancei negativamente a cabeça. Por mais que tenha sentido o que meu primo dizia, ele não pode ser culpado pelas escolhas de meu irmão, eu sim. Nada disso estaria acontecendo se não fosse por mim. E isso me fez voltar para o que vinha me atormentando: a culpa inegavelmente é minha, e eu sentia como se estivesse sufocando.

Tabitha interferiu.

– Não sabemos o que aconteceu ao certo, há uma grande probabilidade de não ter sido o seu irmão... Vamos checar o que aconteceu primeiro. – Ela estava calma, agora com a respiração controlada e a voz soando altivamente. Estendeu suas mãos para nós e nos guiou, a passos largos, até a entrada do castelo, onde a multidão de curiosos loucos por uma tragédia se acumulavam.

Varri os olhos pelo local, e não vi nada, a não ser uma marca escura no chão, que eu não tive ideia de como foi feita. Um dos trincos do grande portão de mogno estava arrebentado também, assim como uma das armaduras que enfeitavam o local não tinha mais seu elmo devidamente colocado acima do gorjal. E a minha preocupação continuava latente.

Olhei para os lados e não avistei James, enquanto os burburinhos se proliferavam sobre todas as vítimas possíveis, contudo, todas as teorias concordavam em uma coisa crucial: Alexander Miller, o garoto misterioso da Grifinória, o meu tormento, era irremediavelmente o assassino.

Fazia todo o nexo possível, mas por algum motivo não explicado eu não conseguia acreditar. Eu estava perdida.

Antes que eu pudesse voltar da minha paralisação momentânea, senti um puxão no braço e por instinto, segui na direção a que me conduziam, e quando me recompus, vi que era Victoire que o fazia. Ainda me ladeando, Hugo parecia mais conformado ao passo que Tabitha parecia estremecer à tentativa de acalmar-se, o que até agora havia sido em vão.

Em poucos segundos, estávamos em frente á enfermaria vigiada por todos os fofoqueiros de plantão. Minha professora familiar tinha as chaves e destrancou a porta para que pudéssemos entrar, enquanto os que ficaram de fora se empurravam para ver o que estava acontecendo lá dentro enquanto a porta estava aberta. Tabitha e Hugo não puderam me acompanhar. Assim que entrei, meus olhos rapidamente rastrearam o local á procura de James e pararam onde um garoto com feições semelhantes ás minhas permanecia estirado em uma maca. Desacordado.

Corri até ele, já com o fôlego entrecortado de tanto nervosismo. Seu corpo estava inerte e o cabelo completamente bagunçado. Suor seco se destacava em suas vestes e algumas marcas de arranhões por suas mãos, mas ele ainda respirava. O alívio tomou conta de mim quanto senti a frequência cardíaca de James, e ao tocar sua mão, uma corrente elétrica pareceu tomar conta do meu irmão. Segundos depois, seus olhos se abriam parecendo enxergar uma imensa confusão diante de si.

– Você está bem? – Eu disse, hesitante. Não sei como ele reagiria se eu tocasse diretamente no confronto que provavelmente tivera momentos antes.

James meneou vagarosamente a cabeça afirmativamente, e tirando os cabelos que lhe atrapalhavam a visão, respondeu-me:

– Só estou cansado e com a cabeça latejando, fora isso, tudo nos conformes.

– Conte-me o que aconteceu para você chegar a esse estado... – a minha voz morreu lentamente. Uma palavra errada, e eu poderia prejudicar ainda mais seu raciocínio que não demonstrava estar em ordem adequada.

Seus olhos perderam o foco á medida que ele mergulhou em suas recentes lembranças, e permaneceu nelas por minutos a fio enquanto eu encarava-o. Incrivelmente ninguém apareceu para interromper nossa conversa, o que por sinal era muito bom. Olhei por cima do ombro e vi que prima Victoire nos olhava de longe, e Madame Pomfrey se fazia ouvir por fungar atrás de uma cama envolta por cortinas, para além do leito de James.

Imaginei que quem realmente estaria atrás seria a verdadeira vítima, e o pesar em meu coração voltou. Seria mais uma morte aleatória, gratuita? Cada vez mais eu imaginava que sim, e a culpa corroía-me por dentro.

– Eu não consigo lembrar ao certo. As imagens flutuam distorcidas como navios que se perdem em sua rota á todo instante... – James começou. Pelo seu semblante, ele fazia um grande esforço para encontrar as memórias que por ora estavam perdidas. Ele não estava bem, para falar coisas tão elaboradas... Okay, não é o momento para piadinhas.

Decidi que teria que ajudá-lo a se lembrar. Perguntar poderia ser um bom método, mas incisivo demais. Recontar a história seria uma boa estratégia.

– Assim que Hugo te contou sobre o que vinha acontecendo, você saiu muito irritado do Salão Principal. Eu acho que você foi procurar o Alexander para tirar satisfações. – Fui resoluta.

Ele pareceu se encontrar, e as palavras saíam naturalmente de sua boca.

– Foi exatamente o que eu fiz. Não demorei muito a encontrá-lo e perguntei qual a cisma que ele tinha com você, mas ele apenas me ignorou, como se eu estivesse falando com qualquer outra pessoa que não fosse ele, mas ele estava sozinho comigo naquele imenso cômodo, de onde se vê a entrada para as masmorras. Nem o almofadinha do Escórpio o acompanhava no corredor em que o encontrei.

– E depois?

– Eu o segurei e o fiz olhar para mim e me explicar o que estava havendo, e ele continuou negando haver qualquer atrito entre vocês dois. – ele ora colocava as mãos na cabeça, ora perdia o olhar nos janelões fechados. Só o fato de James não fazer nenhuma piada irritante já era de se preocupar.

– Se considerar como atrito as tentativas de assassinato... Ele estava mentindo.

– Eu sei. Avancei sobre ele e forcei-o a falar, mas de nada adiantou... A única coisa que me ocorreu foi a mesma imbecilidade que o Hugo fez: o desafiar pra um duelo. – As lembranças se encaixaram diante de seus olhos. As pupilas exalavam fúria e a esclera tremia a cada piscadela. Quase bati na minha própria testa ao descobrir a burrice que meu irmão tinha feito... Tão impulsivo...

– E então? – Eu ansiava por uma resposta, ao mesmo tempo em que tinha medo de ouvi-la.

– Alexander atacou-me e eu desviei, porém me desequilibrei e caí ao chão. Ouvi uma voz assustada atrás de mim e me senti tentado a olhar, no entanto, a expressão sombria no rosto do garoto que eu confrontava me deixou sem ação. Antes que eu soubesse o feitiço que ele lançaria, alguém acertou minha têmpora esquerda e me voltei para olhar com a mente totalmente perturbada. A última coisa de que me lembro vagamente foi ver um vulto loiro gritar. – era quem tinha morrido em seu lugar, e Alex notoriamente foi o responsável.

James estava demasiado cansado para continuar, e o sono tomou-lhe para si enquanto eu processava o que ele tinha acabado de dizer. Respirei fundo e dei uma última olhada em meu irmão enfraquecido. Logo depois, segui em direção ás fungadas de Madame Pomfrey.

A vítima era Anna Lovegood, uma aluna quartanista da Corvinal, prima distante da tão conhecida por mim Luna Lovegood. As historias que meus pais contavam sobre ela mostravam que era uma garota peculiar. Esta não era diferente: um corpo pequeno e esguio, cabelos quase escuros, com mechas loiras e, antigamente, olhos de lince. Eu me lembrava dela, pelos corredores, no Salão e por vê-la algumas vezes conversando com Tabitha na entrada de sua Sala Comunal. Ela precisava ver sua amiga antes do corpo partir, para junto dos pais.

Prima Victoire permitiu que ela entrasse por um pedido meu. Tabitha se desesperou ao ver o corpo da garota, depositado no canto esquerdo da enfermaria, onde antes as cortinas tapavam a visão, como se apenas repousasse. Sem dúvidas, era o que estava fazendo, e agora, seria assim para todo o sempre. Por obra de Alexander Miller, o mesmo garoto que descobri ser o possível legado de Voldemort, mas que relutei em acreditar.

Tabitha e Anna pareciam próximas, já que minha amiga chorou muito ao pé de seu leito, entristecida pela sombria morte da menina. Toquei seu ombro demostrando que daria um tempo a ela, e quando me virei, a porta da enfermaria foi bruscamente empurrada e atrás dela, uma Giovanna completamente fora de si apareceu. Victoire assustou-se e nada fez para contê-la.

Fiquei furiosa. Como ela ousa aparecer diante de mim depois de ter se aliado ao lado maligno, onde querem me destruir? Ela correu em direção à maca de James e eu me precipitei rapidamente para impedir que ela fizesse algo contra meu irmão, pois agora não duvidava de mais nada que viesse dela.

Ela tocou a mão de James e uma lágrima escorreu ao ver as marcas em suas mãos. Ela fechou os olhos brevemente.

– O que você faz aqui? – Eu fui direta, com a repugnância mesclada à minha voz. E pensar que cheguei a confiar nela por algum tempo...

Ela arqueou a sobrancelha.

– Eu... Eu tive uma nova visão Lily, e o James morria nela. – Giovanna Trelawney, sobrinha neta da antiga professora de adivinhação Sibila Trelawney, se atrapalhou com as palavras.

– É, mas ele está vivo. Como teve coragem de vir aqui depois de ter me dado às costas? Provavelmente veio conferir para seus “amigos” se o serviço foi consumado. É, deve ser isso.

Ela respirou fundo e abaixou a cabeça. Olhou James por um instante e depois, ainda com os olhos em outra direção que não fosse a minha, falou pausadamente.

– Você não entenderia, e além do mais, é arriscado contar. Pode não dar certo... Um dia você vai compreender Lily, e não irá mais julgar as minhas escolhas. Tenho que ir.

Ela não me deixou responder. Simplesmente virou as costas e continuou a andar, agora cabisbaixa e bem mais devagar do que quando tinha entrado.

Meu irmão ressonava graças ao efeito dos remédios que a velha Madame Pomfrey ministrou a ele. Voltei-me para a maca de Anna e Tabitha deu espaço para que eu me aproximasse. Acho que ela sabia o que eu tinha de fazer.

Aos sussurros, eu prometi a mais uma vítima inocente.

– Juro que vingarei sua morte Anna, eu te devo isso.

***

Voltei para o saguão. O fluxo de pessoas diminuíra consideravelmente, e a cena do crime se destacava pela presença de todos os professores, investigando minuciosamente cada centímetro, enquanto James estava adormecido pelos remédios curativos da enfermeira... Se bem que a confusão mental parecia não existir mais, mesmo que ele ainda estivesse perturbado.

Passei a observar os remanescentes... Sinceramente, não tinha mais nada para olhar ali, inclusive alguns professores, Slugorn, por exemplo, já tinham deixado o local. Mas eu não duvidava que o desprezível Córmaco, continuasse rondando o diretor como urubu gosta de fazer em volta da carniça. Um grupo cochichava mais ao longe, e o teor da conversa realmente parecia me interessar, então, afastei-me de meus dois ‘escudeiros’ e sorrateiramente cheguei perto deles. Falavam de Alex.

“Ninguém o viu desde o incidente. Parece que fugiu”, disse um garoto alto e de cabelos emaranhados, eu não me lembrava de tê-lo visto anteriormente. Os outros que estavam próximos a ele pareceram assustar-se com a suposição, e o fato de Alexander ser um provável fugitivo aumentava ainda mais a minha raiva por ele.

Porém, alguma coisa me fazia intuir que não tinha sido ele o assassino, mesmo com o depoimento de meu irmão. Senti raiva de mim mesma por estar pensando assim, pois até o momento ele só tinha dado motivos para eu odiá-lo... a não ser quando salvou-me, na Bulgária. Ainda quero descobrir o motivo, e só havia um jeito, além do mais, precisava descobrir a verdade completa sobre a morte de Anna, já que James não tinha visto tudo.

Decidi que procuraria Alexander Miller, ele não deveria estar longe. Hogwarts era vigiada, não seria fácil sair do castelo sem ser visto, a não ser que ele tenha uma capa igual a minha, e ele não tem. Por pressentimento, achei que ele ainda estivesse por ali, e se realmente estivesse, eu iria acha-lo.

A noite seria longa e tenebrosa, e caiu rapidamente como um véu preto que esconde a realidade.

Entrei no dormitório de James e peguei minha capa original, esperei que todos dormissem e então iniciei minha busca. Seria óbvio demais que ele estivesse nos domínios da Grifinória, então olhei o local somente para não deixar dúvidas subsequentes.

Desci para o local do crime. Isolado, frio, parecia terrivelmente uma cena de filme de terror dos trouxas. Lily, foco, agora não é hora de pensar nisso. Continue averiguando o local e tomei rumo por um dos corredores, deixando para trás as masmorras da Sonserina.

Perambulei por grande parte do castelo olhando todas as salas pelas quais passavas. Escolhia meus destinos aleatoriamente, sempre memorizando-os para que não andasse em círculos, sabendo que se continuasse assim, provavelmente nunca encontraria o paradeiro de Alexander.

Excluí mentalmente todos os locais improváveis de ser um bom local para se esconder naquele castelo, mas sinceramente, não tive sucesso. Hogwarts era um castelo antigo, cheio de segredos e que não ajudava em nada quando se precisa descobrir o esconderijo de alguém... Preciso de outra rota, uma rota mais PRECISA!? Por Merlin, que óbvio... Só pode ser lá, na Sala Precisa.

Como não pensei nisso antes... Se eu estivesse certa, Alexander estaria seguramente imperceptível por um tempo, embora não demoraria muito para que outros fizessem o mesmo nexo que eu.

Ele tinha de estar lá, eu tenho perguntas a fazer.

Com minha afobação em chegar ao corredor certo, tropecei na capa e escorreguei para o chão de pedra, o que me rendeu um belo joelho ralado. O barulho da queda ecoou e mais do que depressa ajeitei a capa e afastei-me, mancando, antes que alguém aparecesse.

Minutos depois, a grande parede de tijolos se mostrava a minha frente, e eu, ofegante respirava loucamente á procura de ar. Concentrei-me o melhor que pude, mas nada. Por algum tempo, a única resposta que tive foi o uivo do vento ao se chocar com as rochas do castelo.

Aproximei-me da porta e encostei uma das mãos. Ao fechar os olhos, senti que estava sendo observada, mas não tinha ninguém ali e assim que enxerguei a parede novamente, ainda coberta pela capa, ao invés de tijolos se desenhava uma porta.

Eu a abri, e antes que pudesse sequer respirar, fui bruscamente engolida para dentro.


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Notas finais do capítulo

Comentários e recomendações são super bem-vindos!

Obrigada a todos que leram até aqui, espero que estejam gostando e garanto que vai melhorar mais.
Até o próximo!



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