O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 12
Capítulo 11 – A descoberta de um monólogo doentio.




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Capítulo 11 – A descoberta de um monólogo doentio.

O sono de criança

“O feriado natalino deixou de ser festivo para enlutar uma família de bruxos. Uma aluna de Hogwarts, Elia Andreiko,passava o feriado de natal com a família quando subitamente deixou de respirar, sem nenhuma explicação aparente. As circunstâncias apontavam que sua morte fora em razão de causas naturais, embora também haja rumores sobre um suposto envenenamento, e há quem diga que o mesmo fora feito ainda nas dependências da escola. O Ministério da Magia promete investigar acerca do assunto e encontrar o culpado, onde quer que esteja.”

Era a reportagem de capa do Profeta Diário no Natal, este que eu segurava boquiaberta, processando a notícia que acabara de ler. Fiquei em estado de choque quando percebi que, sem sombra dúvidas, não foi uma morte natural como eles acharam de início. Eu tinha certeza que fora um assassinato, e a vítima deveria ter sido eu. Giovanna estava certa, mais uma vez.

Minha família toda estava na sala quando apareci com o jornal. James e meu pai conversavam algo sobre as partidas do time de quadribol da Grifinória, especialmente sobre a última, em que quase perdemos. Alvo sentava-se mais afastado, apenas observando, como de costume. Imediatamente minha mãe virou-se me olhando com os olhos arregalados, com a preocupação quase saltando deles.

– Lily, o que aconteceu, você está pálida! – Ela correu em minha direção e eu não me movi. Tomando o jornal nas mãos, demorou-se um tempo lendo a notícia. A cada palavra lida, o rosto de minha mãe se contorcia. Os cabelos muito vermelhos faziam seu semblante parecer ainda mais assustado.

Os outros ainda não haviam notado a breve repercussão daquela manchete do jornal mais famoso dos bruxos, até que eu saí da catatonia e murmurei com a voz um tanto trêmula.

– Ela era minha colega de quarto.

Papai ergueu os olhos por cima dos óculos de aro redondo, subitamente voltando sua atenção a mim e fazendo com que meus irmãos fizessem o mesmo. Ambos com o cenho franzido, tentando entender o sentido da minha frase e também o motivo de meu aparente psicológico abalado.

– Gina, o que aconteceu com ela? – Meu pai apontou para mim. Senti o ímpeto de contar tudo o que havia acontecido no primeiro trimestre da escola, inclusive e principalmente as tentativas de me assassinar, mas um lapso me fez ver que eu não tinha como provar nada, embora tudo se encaixasse perfeitamente. Eu não queria preocupar meus pais, mesmo que soubesse que não era uma cisma sem fundamento. Infelizmente eu temia que a hora chegasse.

Minha mãe leu pausadamente e com a voz altiva, e eu me deparava novamente com a certeza de que a garota morrera no meu lugar. Um frio pela espinha me trouxe as lembranças da festa de Slugorn e do prato de comida que deixei para acompanhar Hugo em sua busca ensandecida pelo fantasma de tio Fred, coisa que eu duvidava que ele tivesse mesmo visto. Era mais uma coisa que me preocupava, os delírios de meu primo, mas no momento, eu estava absorta, recordando como escapei mais uma vez da morte.

Assim que ela terminou, um silêncio incômodo pairou sobre nossas cabeças, como que em respeito pela menina recém adormecida para sempre. Elia Andreiko... eu pensava em como sua família reagira à morte dela, especialmente sua irmã gêmea, Ester. Sentei-me no sofá descansando a cabeça no encosto, quando uma lágrima teimosa rolou face abaixo. Não que eu fosse próxima de Elia, na verdade, nós não nos dávamos bem desde o início das aulas, mas ela merecia minhas condolências, e eu não conseguia deixar de pensar que deveria ser eu em seu lugar.

De repente, meu pai levantou-se e correu para o telefone, provavelmente para falar com tia Hermione sobre o ocorrido. Alvo permaneceu calado como estava até que mamãe despertou de seu próprio transe e o chamou para ajuda-la a fazer algo que meus ouvidos não conseguiram escutar. Assim que papai desligou o telefone, falou:

– Hermione também não sabia de nada sobre isso. Ela vai apurar o ocorrido e se conseguir mais informações, nos dirá. Não há mais nada que eu possa fazer. – Ele me olhou, e eu já havia secado o rosto. Papai entrou corredor adentro seguido pelos outros.

James não se mexeu. A notícia parecia ter sido tão chocante para ele quanto foi para mim, e eu realmente não entendi o motivo, já que nunca o vi trocando mais do que palavras de cumprimento com a garota irremediavelmente morta. Seu olhar estava atônito, como se estivesse em outro lugar que não fosse presente em nossa sala, viajando por suas memórias não muito distantes. Pouco depois, seus olhos pararam em mim e não se desviaram por um milésimo sequer enquanto não me voltei para eles.

– Ela foi envenenada. Eu acho que sei quem matou. – Ele disse após conferir se não havia alguém por perto.

Franzi meu cenho pensando em como ele poderia saber daquilo, já que eu nunca comentei nada do que vinha ocorrendo desde que entrei na escola com James. A não ser que ele também tenha sido alvo das mesmas tentativas de assassinato, porque ambos somos Potter, certo? Eu não acreditava nisso. Algo me dizia que os ataques eram especificamente para me eliminar, ainda que eu não soubesse a razão disso.

James só podia saber de algo que eu não tinha conhecimento até o presente momento. Talvez fosse mais uma peça desse quebra-cabeça desconexo.

– Como? – decidi me fazer de desentendida.

– Eu ouvi uma conversa suspeita e um tanto assustadora no expresso de Hogwarts, na última viagem que fizemos. Tudo se encaixa perfeitamente agora. Ela falou de usar veneno com um feitiço para retardar o efeito, no natal, e agora Elia está morta. – Ele abaixou a cabeça, como se estivesse pensando sobre a possibilidade dessa história ser plausível.

– Ela quem James? – eu perguntei, agora estreitando os olhos e não conseguindo disfarçar minha ansiedade em ouvir sua resposta.

– Arika. – O nome saiu meio esganiçado.

Um enorme ponto de interrogação formou-se na minha cabeça, ao mesmo tempo em que me dava conta de algo: Arika também era membro do FOOP, assim como Joriel e Kirche. Deixando minha surpresa de lado, e também minhas inquietações completamente internas, voltei-me novamente para o confuso James à minha frente.

– Você se lembra do que ela falou? – eu disse, apenas.

–Ela estava perturbada, na maior parte do tempo não dizia coisas que não faziam o mínimo sentido. Sabe, ela parecia escutar uma voz, porque não havia mais ninguém em sua cabine. "Eu sei, sei que falhamos, a garota é esperta. Mas você sabe, ele vigia os passos dela, segue onde quer que a garota vá e uma hora conseguiremos pegá-la."Foi uma das poucas frases coerentes que ela disse. – Ele parou e respirou longamente, esperando que o ar invadisse o cérebro e aquietasse seus neurônios. Nunca o vi tão desconcertado como agora, o que me fez pensar que a visão que tivera no trem realmente o assustara.

Coloquei a mão sobre a boca, pois depois disso não havia a menor dúvida de que ela se referia a mim. James disse que ela ouvia uma voz, e eu só pude deduzir que seria de quem quer minha morte a qualquer custo, contudo, nenhuma pista sobre a identidade desse ser. E Arika, sendo monitora da Grifinória, tinha todos os meios para me atingir.

Sem qualquer aviso introdutório, meu irmão, que estava sério como nunca tinha visto antes, continuou a repetir as palavras de Arika.

" A última armadilha foi armada, veneno é uma solução prática e um feitiço de retardar vai tirar qualquer suspeita de qualquer um de nós. No próximo natal ela deixará de ser um problema, temos que aguardar."

– Isso soluciona a morte da menina. Explica tudo, tudinho mesmo... Só que não era para ela morrer. – Eu me calei. Quase conto que quem deveria ter morrido era eu, mas não seria sábio da minha parte envolver mais pessoas nisso.

– Então quem seria Lily? – Ele levantou o semblante. A dúvida se acendendo em sua feição concomitante ao comprimir dos meus lábios. Não era seguro para James que ele soubesse, não por enquanto.

– Não sei. Só que a gêmea Andreiko era minha colega de quarto, e eu sei que ela era completamente inofensiva. Não vejo motivos para alguém matá-la. – Eu tentei disfarçar, mas minha voz oscilava. – Ela disse algo a mais?

James havia se recomposto. Não parecia atordoado como antes, todavia nesse momento nem de longe parecia o garoto que vivia planejando traquinagens.

– Ela só repetia "Ele sabe, ele sabe, ele sabe...", e eu tenho certeza que ela está doente, pelo menos é a única explicação para seus olhos avermelhados e seu comportamento estranho. Na hora pensei que ela talvez tivesse dupla personalidade, mas não tive tempo de observá-la por mais tempo para ter certeza. – James parou e pôs a mão no queixo, lembrando-se novamente do episódio.

– Por quê? – eu me limitei a dizer, pois sabia que ele não tinha terminado de contar tudo.

– Eu diria que a voz disse a ela que tinha alguém a espionando, pois ela pareceu voltar a si e correu para a porta da cabine, abrindo-a e olhando para os lados. Minha sorte foi estar usando a capa da invisibilidade, ou então ela teria me visto. – Ele parecia satisfeito por não ter sido descoberto.

Só então notei que meu pai estava ao lado de James, com uma mão apoiada em seu ombro direito.

– E é exatamente sobre isso que temos conversar. – Ele falou, calmo demais para quem tinha se espantado com a notícia de um possível (que eu sabia ser verdadeiro) envenenamento em Hogwarts.

Perguntei-me o que exatamente meu pai, o famoso Harry Potter, agora auror do Ministério da Magia, teria ouvido de nossa conversa. Fiquei aliviada quando seus olhos me disseram que ele ouviu apenas a última frase de James, que apenas denotava a faceta travessa de meu irmão. Esperamos que ele continuasse o que viera nos falar.

– Acho que está na hora da capa da invisibilidade parar em outras mãos, não acha filho? – Ele falou sentando ao lado de James, que fez um muxoxo um tanto infantil. Papai apenas riu, seguido por mim.

– E para quem você entregaria a capa? – Ele perguntou, visivelmente ofendido.

– Para alguém que está precisando mais do que você. – Meu pai continuou o mistério. Pensei em quão útil a capa seria para mim, ainda mais depois da morte de Elia. Eu precisava descobrir quem necessitava tanto da minha morte...

James deu de ombros.

– Não vejo ninguém que possa precisar mais do que eu. Aquela escola não seria a mesma sem “James, o invisível”. – Não pude deixar de rir da imbecilidade de meu próprio sangue.

– Aposto que a Lily concorda que ela faria melhor uso da capa. Seria um bom presente de Natal? – Ele olhava pra mim, que sorri e meneei positivamente a cabeça.

– De qualquer forma – papai continuou, sussurrando - Você ainda pode ficar com o mapa do maroto. Ele é excelente em matéria de pregar peças. Não diga para sua mãe que estou dizendo isso. –Ele disse e ambos rimos.

– É pode ser... Lily, posso me despedir da capa antes de te entregar? – Ele disse, com os olhos reluzindo na tentativa de me convencer. Não precisava ter feito isso, e mesmo que fosse necessário, James não teria tido sucesso. Seu poder de convencimento é péssimo.

– Pode me entregar quando voltarmos á escola. – Eu falei, encostando relaxadamente as costas no sofá. A capa certamente ajudaria muito em minha investigação. Agora que a garota morreu, era mais do que necessário que eu descobrisse o que estava por trás de todos, inclusive do misterioso Alexander, que continuava sendo um a incógnita pra mim por ter me salvado, mas depois da conversa que ouvi, tive a certeza que ele queria a minha morte.

Ele levantou-se provavelmente indo a seu quarto e aproveitei a oportunidade de falar uma última coisa sobre o assunto anterior ao meu pai ter se juntado a nós.

– Não conte a ninguém sobre o que conversamos. Sabemos a verdade James, mas não temos provas, a não ser o seu testemunho. – Eu disse.

Ele concordou comigo, como fizera poucas vezes durante nossa vida.

***

Os dias que se seguiram passaram como que na velocidade da luz. Passado o susto da morte da garota, a investigação permaneceu em sigilo pelos corredores do Ministério, mas eu sabia que não demorariam a arrumar um culpado para tranquilizar o burburinho entre os bruxos.

Pensei na possibilidade de contar as informações que tinha, mas a falta de provas detinha minha língua, e James nada mais disse sobre o que tinha visto de Arika dias antes no trem. Ele estivera ocupado demais tentando conquistar Beatriz, que vinha frequentando bastante a nossa casa e, acredito eu, não só por minha causa. Giovanna que não iria gostar, no entanto eu nada poderia fazer quanto a isso. Ambas eram minhas amigas e ele é quem deve se decidir, e eu duvidava que fosse fazê-lo.

A plataforma estava lotada, mas eu ainda pude enxergar Hugo e Thabita com seus malões acompanhados dos pais. Não demorou muito até que o trem soasse o apito e tivéssemos que nos despedir mais uma vez, e voltar para os desafios que me esperava. Meus irmãos já haviam entrado e eu seguiria eles, não fosse meu pai segurar-me e murmurar em meu ouvido:

– Faça bom uso da capa, mas tenha cuidado. Grandes coisas a esperam, Lily. – Ele abraçou-me uma vez mais e deixou que eu partisse. Cogitei a hipótese dele saber das coisas que vinham acontecendo a mim, mas preferi acreditar que fosse faro de auror.

Desanuviei os pensamentos assim que descobri a cabine onde Thabita me esperava, acompanhada de Hugo. Eles estavam em completo silêncio quando entrei, mas assim que acomodei-me ao lado do meu primo, ele não se conteve.

– Vou provar a vocês que o fantasma de tio Fred está em Hogwarts. – Ele estava convicto.

Tabitha e eu nos entreolhamos e sorrimos brevemente para que Hugo não notasse que desacreditávamos dessa hipótese. Seria mais uma árdua missão compactuar com seus delírios, mas ainda assim, seria mais divertido do que descobrir quem matou Elia Andreiko. E isso era mais do que importante agora, pelo menos para mim.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo já está pronto e será postado em 7 dias se tudo correr bem, lembrem-se comentar não mata eu mato. è.é



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