O Legado de Lily Potter escrita por O Coração Negro, Lana


Capítulo 11
Capítulo 10 - Uma morte não merecida


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que leram e também aos que expressaram sua opinião sobre a história. Quem é escritor sabe como é importante, então obrigada!
Esse capítulo é dedicado á nossa leitora Ginny por ter recomendado a história, ficou linda sua recomendação =)
Todos que nos recomendarem terão capítulos dedicados, okay!?

Agora, boa leitura!



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Aquele dia começou mal, fui acordada mais cedo do que queria por risos insuportáveis de garotas mimadas.

– Ele é tão gato!! – disse Petra para as amigas.

– Eu sei! – disse a outra.

– E você vai com ele na festa? – disse a gêmea número dois que eu não sabia dizer qual.

– Ele me convidou ontem! – disse Petra enquanto as amigas davam gritinhos, eu coloquei o travesseiro no rosto na esperança de abafar o som.

– Ninguém merece – deixei escapar, incapaz de voltar a dormir.

– Com certeza, ninguém merece acordar todo dia com uma cara de fuinha – disse Petra e as amigas riram como se ela tivesse tido a piada mais engraçada do mundo.

– Mas nós te suportamos, querida – disse para ela, não aguentei. Vesti-me com uma calça preta reta e uma camisa listrada com as cores da Grifinória, uma jaqueta de couro preto e mangas mais macias e saí do dormitório.

Foi um dia completamente proveitoso, a neve havia se acumulado nos terrenos da escola e a pequena casinha de Hagrid parecia um bolo coberto de glacê. Eu, Tabitha e Hugo tínhamos a torre da Grifinória praticamente só para nós, os outros alunos já haviam ido para casa, com exceção dos que participariam da festa dos favoritos de Slugorn hoje à noite. Jogamos xadrez de bruxo e snap explosivo, assamos salsichas num espeto no jardim de Hagrid e contamos com a companhia do mesmo e de Canino, que mal envelhecera depois de tantos anos. Por volta da hora do almoço Bicuço também conhecido Asafugaz apareceu e roubou as salsichas, nos deixando sem saída além de almoçar no castelo (ninguém quis se arriscar com a comida caseira de nosso amigo meio-gigante).

Tivemos que fazer um desvio para entrar no grande salão, aparentemente dois alunos haviam transformado o corredor principal em um pântano usando um dos artigos das Gemialidades Weasley, nove alunos haviam ficado presos e demoraram horas para sair, James achou a ideia excelente e os culpados não foram encontrados, não pude deixar de reparar que Escórpio chegou tarde para o almoço daquele dia.

Sentei-me com Hugo, Giovanna, Tabitha e para a alegria de Giovanna, meu irmão James, à mesa da Grifinória. Em nossa frente se sentaram as pessoas que meu primo Hugo mais odiava, Alexander e Escórpio, eu partilhei de seu descontentamento, afinal depois de tudo e saber ainda que eles me seguiam era difícil não ter um certo receio da pessoa, além de tudo tinha suspeitas que os garotos estavam envolvidos com Artes das Trevas, principalmente pelo fato de ter visto eles saindo com um dos livros da seção reservada, como haviam conseguido autorização eu não podia imaginar.

– Lily com quem você vai à festa do Slugorn? – perguntou Giovanna para mim puxando para algo que a interessava, os alunos convidados podiam levar pares, mas eu não convidei ninguém, iria passar meu tempo conversando com as pessoas e talvez alguém me convidasse para dançar, sabia que a garota havia puxado assunto por causa de meu irmão e resolvi a ajudar. A festa havia gerado algum reboliço, muitos alunos pareciam ter querido ir e muitos foram convidados, diziam que o professor havia conseguido a banda “Os esqueletos do porão”, em que o vocalista era um de seus antigos alunos favoritos e que haveriam algumas personalidades, como escritores que o professor conhecia, membros do ministério e etc. Hugo, que não tinha convite, ficou insinuando durante uma semana sobre como adorava festas e que tinha aprendido a dançar com tio Jorge, eu não cai nessa, a última festa que me aventurei a dançar com ele cheguei em casa com os pés inchados e ele conseguiu cair e me empurrar em cima de uma bandeja com cerveja amanteigada, fiquei ensopada, porém no fim Tabitha o convidou (fiquei agradecida por isso e Hugo demorou alguns segundos para responder que sim, não pude deixar de notar que ele pareceu chateado, mas Tabitha não reparou).

– Com ninguém, e você James? – perguntei para meu irmão, Giovanna sorriu agradecida.

– Eu vou sozinho! Você não acredita em quantas garotas solteiras vão estar na festa – disse James rindo e eu o chutei por debaixo da mesa, só fui saber que chutei o pé errado quando Alexander deu um pulinho e revidou com um chute bem colocado no meu joelho.

– Acho que você devia convidar alguém legal – disse para ele e revidei o chute que levei, ele soltou uma risadinha e eu ia argumentar quando Hugo disse.

– Concordo com o James, vai curtir bem mais sozinho, sendo capitão do time de quadribol e tudo – disse Hugo, olhei feio para ele, às vezes eu achava que apenas eu tinha Qi naquela família.

– Talvez você devesse ir sozinho então – disse Tabitha, cortante.

– Não foi o que eu quis dizer – Hugo se apressou a dizer.

O assunto da festa foi discutido durante muito tempo, James foi sozinho, uma decepcionada Giovanna também iria sozinha, Hugo e Tabitha iriam juntos (mas não ficariam a festa juntos), os ocupantes da mesa foram saindo um após o outro, até só restarem Hugo, Tabitha e eu, mas ficamos em um silencio constrangedor e rezei silenciosamente para nenhum dos chutes ficar marca. Arika chegou no grande salão parecendo exausta, ela estava com uma aparência doente, seus cabelos loiros que antes pareciam beber os raios do sol estavam pálidos, enfraquecidos, seu rosto estava anormalmente magro e seus olhos cheio de olheiras, a garota estava sem dúvida em seus piores dias e se sentou em nossa frente suspirando cansada.

– Dia difícil? – perguntei para ela um pouco piedosa, ninguém merecia ser a monitora encarregada de meu irmão.

– Ano difícil – disse ela parecendo prestes a chorar e se servindo de porções de carne.

Depois do almoço me separei de Tabitha que queria provar as roupas da festa e Hugo que parecia querer fazer a mesma coisa, andei pelos corredores procurando passagens secretas, Hogwarts era cheia delas e parecia divertido explorar o castelo. Consegui descobrir duas passagens novas que não conhecia quando ouvi duas vozes que não reconheci de imediato e por impulso me escondi nas sombras de uma armadura que rangia e descobri uma passagem secreta, as duas pessoas caminhavam em minha direção discutindo de forma acalorada.

– Tudo tem limite! – disse a primeira voz, que logo reconheci como pertencendo a Alexander, ambos pararam próximos a mim, a armadura soltava rangidos fazendo partes da frase se perder.

– Eu sei que tudo tem limite, onde você quer chegar? – disse a segunda voz, que parecia pertencer a Kirche. A garota tentava manter uma voz zombeteira, mas parecia estar nervosa e pressionada.

– Que vocês tentaram matar Lily Luna Potter e falharam repetidas vezes, já é hora de por um basta! – disse Alexander como se fosse uma ordem – As tentativas já atraíram atenção demais, a garota não vale o risco, eu sei e você sabe.

– Vamos terminar com veneno – disse Kirche encarando o garoto, eu gelei. Veneno? Eu seria envenenada?

– Estou te avisando! Me cansei de jogos! Quero por um fim nisso! – disse Alexander, as mãos de Kirche se moveram, mas antes mesmo que ela pudesse fazer algo à varinha do garoto já estava apontada para a garganta da garota – Estou avisando, quero isso terminado!

Ele saiu deixando a garota sozinha, eu me encolhi com medo que ele me visse caso se virasse, eu tava ali encolhida atrás. Ambos estavam planejando minha morte? Eu fiquei fria, minhas mãos tremeram, uma coisa era achar que alguém queria me matar, outra era ter certeza. Kirche queria minha cabeça, o FOOP também provavelmente e Alexander estava envolvido.

***

Depois de um dia agradável me arrumei para a festa, foi um processo trabalhoso, o meu quarto foi tomado pelas minhas colegas que insistiam em provar cada roupa que tinham, tive trabalho para encontrar até mesmo meus sapatos em meio a tanta roupa jogada. Quando finalmente terminei de me aprontar as três ainda estavam se vestindo, Petra olhou para minha roupa de lado e não disse nada, isso me fez sentir linda. Eu trajava um vestido de chiffon azul plissado com alças e detalhes bordados com pregas na cintura, que ia até o meio das coxas. Sándálias rasteiras pretas e um detalhe que parecia uma borboleta, maquiagem simples com um pouco de rímel e delineador preto e uma sombra castanha, batom rosa claro; como acessório optei por um cordão em forma de coração colorido com as cores do Reino Unido, que havia ganho de aniversário ano passado.

(A roupa http://www.polyvore.com/lily_luna_potter/set?id=69321803)

Tive um certo trabalho para me arrumar, não estava acostumada a me vestir assim, mirei-me no espelho e gostei do que vi, sapatos confortáveis e um vestido bonito. Tive trabalho com o feixo do colar, que parecia quebrado, mas por fim o colar ficou atado ao meu pescoço e desci para me encontrar com Hugo na sala comunal e eventualmente com Tabitha no Grande Salão. Desci a escada sentindo um olhar sob mim que me deixou desconfortável, como a sala devia estar vazia, achei que era Hugo me esperando, mas vi que era Alexander, vestido com um terno azul escuro com um modelo, que deveria ter uns cinco anos. Como tudo que ele possuía, provavelmente era de segunda mão, mas estava bem cuidado e consertado com magia dando o aspecto de novo, o garoto parou de me olhar e voltou a ler um livro distraidamente.

Um sentimento de inquietação passou por mim sob a forma de um frio na barriga, aquele garoto poderia ser um inimigo, talvez ele quisesse minha cabeça, essa possibilidade existia, mas também havia salvo minha vida. Caminhei com cuidado passando por ele, não iria esperar Hugo ali, quando meu cordão se desprendeu e caiu no chão, o feixe havia quebrado de vez.

– Droga – disse me abaixando para recolher o objeto, mas as mãos de Alexander foram mais rápidas e logo ele estava com meu colar na mão examinando o feixe.

– Está quebrado – disse ele por fim.

– Não diga! – disse para ele rispidamente – Pode me devolver?

– Claro – disse Alexander, ele tirou a varinha, por um minuto me lembrei do nosso duelo e meus músculos se moveram prontos para saltar da frente de qualquer feitiço, mas ele apenas tocou o feixe com a ponta – Reparo – e o colar estava inteiro de novo.

– Obrigada – me senti melhor quando ele guardou a varinha, esperei que ele fosse me devolver o colar.

– Me permite? – disse ele se adiantando, fiquei imóvel enquanto ele afastava meus cabelos e passava por trás para prender o colar, meu coração acelerou quando senti o metal do colar de novo contra minha pele e minhas mãos ficaram geladas, talvez de medo, mas logo ele já tinha se afastado.

– Obrigada – disse de novo, ele agradeceu e pegou de novo o livro que ele lia, quando me toquei que ele estava arrumado para a festa – Você foi convidado para a festa?

– Os favoritos do Slug não precisam de convite – disse Alexander simplesmente. – Com quem você vai?

– Sozinha – disse. – E você?

– Petra – disse Alexander, fiquei espantada, talvez eu tenha deixado transparecer minha desaprovação porque Alexander simplesmente deu de ombros. Não gostava de Petra, mas saber que ela iria com o garoto que me salvou fez um desconforto vindo de algum lugar desconhecido crescer em mim, e não entendi qual o motivo disso, pois Alexander Miller havia tentado me matar, certo? Não havia razões para sentir-me assim, eles se merecem.

– Como aconteceu? – perguntei e minha voz saiu fria, mas se ele notou algo não demonstrou.

– Ainda não tenho certeza... – disse ele – Lembro de ela ter falado durante algumas horas sobre as roupas do baile e me disse algo do tipo “se você quiser ir com alguma menina bonita deve me convidar”, a partir daí ela meio que me fez convidar.

– E por que você ainda vai com ela? – perguntei.

– Eu já ia à festa, ela também, não pode ser tão ruim assim certo? – perguntou ele em duvida, como se quisesse que eu colocasse fim a seus receios.

– Pode e será – disse para ele, porém a conversa foi interrompida por um Hugo trajando galantes vestes vermelho e vinho, ele chegou fazendo alarde como se estivesse vestindo ouro.

– Como estou? – disse Hugo sorrindo, então ele viu Alexander e o sorriso desapareceu.

– Como sempre, apenas bem vestido – respondi, então passamos o retrato e fomos encontrar Tabitha para ir à festa, um sentimento se apoderou de mim, não sabia dizer se era alivio ou decepção, o assunto não estava de todo desagradável, mas a companhia de Alexander me incomodava.

– Sobre o que vocês estavam conversando? – perguntou Hugo.

– Sobre chapéus – disse para ele, Hugo arregalou os olhos por alguns momentos e depois fechou a cara, não conversamos mais até a festa.

Encontramos Tabitha no grande salão, ela e Hugo ficaram alguns minutos se encarando antes de ir para a festa, a garota estava bonita com um vestido verde claro e simples que ressaltava seus olhos.

– Você está bonita – disse Hugo meio mecanicamente.

– Obrigada – disse Tabitha parecendo satisfeita.

Fomos pelo corredor até o baile que já havia começado, chegando lá Tabitha e Hugo tiveram uma discussão sobre a dança, Tabitha queria ir para a pista e Hugo achava que devíamos ficar os três juntos conversando, que a festa seria mais divertida assim...No fim Hugo se separou de nós, enquanto professor Slugorn nos apresentava seus favoritos. Conhecemos escritores, um funcionário do ministério da magia responsável pela seção de cooperação internacional em magia, o dono da Dedosdemel que me ofereceu descontos sempre que eu aparecesse por lá; conheci um dos jogadores da Inglaterra, no fim o professor se juntou a alguns outros alunos e fiquei livre para curtir a festa com minha amiga.

Vi alguns conhecidos, como meu irmão, Alvo que havia se enturmado com os monitores, apesar de ser mais novo. Alvo sempre foi mais reservado, e por não sermos da mesma casa em Hogwarts, raramente nos cruzamos. James dançava com uma radiante Giovanna trajando um vestido azul-mar, alunos que eu não conhecia, inclusive um Zabini que parecia ser neto de uma mulher famosa por ser uma “viúva-negra”. A festa foi extremamente divertida, conheci muitas pessoas diferentes, eu e Tabitha conversamos bastante, apesar de nenhuma ter um par. Alexander e Petra chegaram ambos uma hora atrasados, porém a festa ainda estava no auge, alunos contratados passavam com bandejas de deliciosos petiscos de maneira a nunca ficamos de mãos vazias.

A música ficou lenta e olhei ao redor para ver os casais, notei que uma Giovanna vermelha ainda dançava com um animado James, vi meu irmão se aproximar do rosto da garota, obviamente para beija-la, a garota ficou extremamente embaraçada e se desprendeu dele de imediato, desaparecendo assim na multidão de alunos. Alexander parecia determinado a escapar de Petra, suas tentativas me fizeram rir, era como um filhote tentando fugir de uma dona extremamente grudenta.

– Ruim o bastante? – disse baixinho para mim mesma rindo da cena.

– Para onde acha que Hugo foi? – perguntou Tabitha, ela bebeu um gole de sua cerveja amanteigada, um dos alunos que serviam comida passou por nos e deixou a bandeira inteira em cima da mesa murmurando “Não vou ganhar o bastante para isso” e foi curtir a festa jogando em um canto o avental de garçom.

– Que sorte! – disse Tabitha, mas antes mesmo que pudéssemos nos servir de klaramisco, uma voz irritante falou por trás de nós.

– Assaltaram a geladeira ou o garçom teve pena da cara de fome de vocês? – perguntou Petra parecendo furiosa, notei que Alexander não estava com ela. Em seu lugar as gêmeas do mal tinham retornado, cada uma trajando roupas brancas sem graça e idênticas e riram mecanicamente.

– Deviam ter levado para sua mesa então – disse Tabitha seca, nenhuma de nós duas tocamos na comida, encaramos feio as três.

– E eu tenho cara de quem come restos? Querida, se olhe no espelho e veja qual é o seu lugar – disse Petra, ela parecia mais furiosa que o normal.

– Está irritada porque perdeu seu bichinho? – perguntei para ela, os olhos dela faiscaram ainda mais.

– Vocês viram o Alexander? – perguntou Petra se controlando.

– Sim, ele se escondeu o mais longe possível de você, suponho – disse para ela, que ficou possessa.

– Ah querida, esses dias você parece estar se achando um pouco grande, mas garanto que isso passa – disse Petra querendo me ferir. - Você não devia se achar apenas porque seu pai é um pouco famoso, ele não está aqui agora, está? Você devia pegar esse vestido de liquidação de quinta e voltar para aquele pardieiro que sua mãe e pai chamam de lar e desaparecer da vista de pessoas decentes.

Eu me levantei, uma coisa era insultar a mim, outra meus pais. Minha mão alcançou o cabo da varinha no mesmo que Hugo apareceu vindo como se de lugar nenhum derrapando e me segurando com um timing perfeito.

– Lily você tem que ver isso! – disse Hugo – É incrível!

Ele me puxou mais forte do que eu achei que Hugo fosse capaz e Tabitha nos seguiu. Olhei irritada pelos cantos dos olhos, uma das amigas da Petra se ocupou de comer sozinha todos os klamariscos enquanto a irmã e amiga saiam, provavelmente em busca de Alexander. Hugo me puxava extremamente forte, dizendo coisas sem nexo.

– Tio Jorge... – disse Hugo – Quero dizer, fantasma... tio Fred... pirraça...

Corremos por corredor atrás de corredor, eu nunca tinha imaginado que Hugo pudesse ser forte, talvez por ele ser desastrado sempre o achei frágil. Não consegui resistir, ele me puxava com excessiva brutalidade e eu me perguntava o que poderia ter acontecido, paramos em uma sala de aula vazia no quarto andar.

– Ele estava aqui! – disse Hugo depois de tomar fôlego.

– Quem estava aqui? – perguntei finalmente livre e com o braço dolorido.

– Tio Fred!!! – disse Hugo.

– Hugo... Tio Fred morreu há mais de vinte anos... Durante a batalha de Hogwarts... – falei para ele incerta da estabilidade mental de meu primo.

– Eu sei que ele morreu! – se defendeu Hugo – Eu estou dizendo que vi o fantasma dele!

– Claro que viu! – disse Tabitha anormalmente gentil – Nos conte exatamente como você o viu.

– Bem, a festa estava uma droga... Resolvi dar uma volta então passei por aqui e vi o Pirraça – disse ele escolhendo as palavras, eu sabia Hugo tinha medo do poltergeist –, e bem, resolvi me esconder dele. Então, vi um fantasma branco perolado passar por cima do pirraça com um balão de água... Primeiro achei estranho, mas vi que era familiar... Fiquei pálido achando que era Tio Jorge que tinha morrido, mas depois que ele soltou o balão no pirraça, o fantasma chamou ele de Fred e ambos começaram a brigar mesmo, ai eu corri para te chamar. Lily tio Fred voltou como fantasma! Ou poltergeist, talvez!

Hugo tomou fôlego enquanto sorria, mas eu não retribui seu sorriso, permaneci olhando para ele impassível, sem saber o que dizer.

– Hugo, tio Fred morreu há vinte anos... – disse para ele de novo.

– E agora voltou como fantasma! – teimou Hugo – Você acredita em mim Tabitha?

– Eu? Claro... Ele voltou como fantasma – disse Tabitha que permanecia tão expressiva quanto uma máscara.

– E você Lily? Acredita? – perguntou ele pressionando.

– Hugo... Se tio Fred tivesse voltado como fantasma porque ficar escondido durante vinte anos? Porque não visitar a família? Tio Jorge ficou inconsolável durante um tempo, minha mãe me contou que ele ficou em depressão, apenas começou melhorar depois de tio Roni começar a trabalhar com ele na loja, mas apenas se recuperou de vez depois de se casar e ter o primo Fred.

– Talvez ele tenha demorado para voltar – disse Hugo irritado -, tenha virado fantasma apenas agora.

– E por quê se esconder? – perguntei, o lugar não parecia ter tido uma briga de poltergeist, não havia nem água do referido balão no chão.

– Não sei! – disse Hugo – Mas ele estava aqui, eu juro!

A conversa não demorou tanto quando achei que demoraria, Hugo teimou e no fim saiu irritado, ficamos olhando para ele sair de costas. Não conseguimos fazer ele entender que tio Fred não era um fantasma.

– Acho que ele vai entender um dia... – disse para Tabitha – De onde ele tirou essa idéia?

– Talvez ele só queira atenção – disse ela ponderando. – Ou tenha batido a cabeça e ficou meio afetado.

O dia seguinte prometia ser mais divertido com a viagem de volta e tudo, dividi uma cabine com Hugo (que se recusava a falar comigo, embora não tivesse recusado se sentar comigo no caminho de volta), Tabitha e meu irmão James. Por volta do meio da viagem James se ausentou para andar pelos corredores, em outras palavras fazer alguma traquinagem. Eu e Tabitha rimos e conversamos, no fim Hugo deu o braço a torcer e entrou na conversa, esquecendo convenientemente o tratamento do silêncio que estava me dando.

O reencontro com meus pais foi o esperado, minha mãe Gina abraçou a mim e James com abraços quebra ossos, Alvo chegou alguns minutos depois com as roupas coloridas e cheias de bolinhas, algo que ele alegava ser obra de James. Despedi-me de Tabitha e sai com minha família para passar o natal em casa.

– Lily, temos uma surpresa para você em casa – disse minha mãe.

– Que tipo de surpresa? – perguntei.

– E o que eu ganho? – perguntou James.

– Um castigo por ficar mexendo com seu irmão – disse minha mãe.

Eu abafei uma risada, não podia deixar de ficar ansiosa, o que me esperava em casa afinal? Quando cheguei me deparei com Beatriz me esperando. Eu corri e a abracei, finalmente havia recebido a resposta da carta. Aquele foi um dia excelente, passei a tarde com minha amiga e ficamos conversando até a madrugada.

– Você devia ter dito que a escola era um internato onde não se podia comunicar com ninguém além da família! Que escola esquisita! – disse Beatriz rindo.

– Muito esquisita – disse para ela, mais uma vez sonegando a verdade.

James insistiu em aparecer no meu quarto varias vezes, e sair com uma almofadada bem colocada no rosto. Beatriz parecia estar adorando, podia ser impressão minha, mas parecia ter algo rolando entre minha amiga e meu irmão, mas como havia acabado de reatar a amizade resolvi relevar.

No dia seguinte aconteceu algo que fez com que até mesmo o natal perdesse o gosto. Um grande artigo saiu no profeta diário. “Um sono de criança” era o título do artigo, relatava como uma garota havia voltado para passar o natal com a família e não voltado a acordar. Segundo o artigo, os medibruxos insistiam que na criança havia sintomas de envenenamento, porém não encontraram nada no seu organismo referente a isso. Quando vi que a garota morta era Elia, minha colega de quarto e uma das gêmeas de Petra, algo passou pela minha mente: na festa de Slugorn a garota havia comido sozinha a comida que haviam deixado em minha mesa. Meus olhos saltaram para a palavra “veneno” e me lembrei da conversa de Kirche com Alexander e da profecia de Giovanna. A garota havia morrido por minha causa, aquele veneno era para mim!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, esse foi um capítulo muito importante. Continuem comentando!

Até o próximo
Atenciosamente, Lana.



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