Dom me levou para casa dele, ele achava que eu merecia descansar. Mas como eu iria descansar se eu havia acabado de perder meu irmão.

– Você está melhor? – Entrou Mia no quarto – Quer dizer, mais calma?

– Sim – foi só o que eu respondi.

– Eu trouxe isso para você. – Ela deixou uma bandeja com comida na cabeceira e se sentou na cama – Lembra, daquela vez em que eu, você, Dom e o Edu entramos numa encrenca porque estávamos correndo? – eu apenas assenti e ela prosseguiu – Dom e Edu deixaram o carro no meio de um beco, por causa da policia que estava atrás de nós, e você achou que seria uma boa ideia empurrar o carro deles até um muro de contenção. – eu ri e ela também.

– Eu lembro. – disse – Eu preciso voltar para a minha casa, mais cedo ou mais tarde minha mãe vai ficar sabendo. E espero que seja por mim, e não pelos jornais. – disse me levantando.

– Eu levo você – Dom disse na porta.

– Obrigada pela atenção Mia. – Dei um abraço nela e fui em direção à porta. – Obrigada. – sussurrei para Dom.

– Vamos. – ele disse.

Saímos da casa e eu vi, eu vi meu carro na garagem totalmente irreconhecível.

– Vem. – Dom disse colocando seu braço em minha cintura me obrigando a ir para o carro dele.

Fomos até a minha casa completamente calados. Eu não tinha nada para falar, afinal falaríamos do que? Do carro todo amassado que está na garagem dele e que por acaso é o carro que causou a morte do meu irmão? Não havia assunto nesse momento. Ficarmos calados foi a melhor opção. Passou mais uns quinze minutos e chegamos à minha casa.

– Você quer que eu fique esperando? – Ele perguntou.

– Acho que vou precisar de um amigo depois que contar pra minha mãe. – eu disse. Ele assentiu e, eu sai do carro em rumo a porta da casa. Entrei e vi minha mãe no sofá.

– Mãe? – disse e ela olhou rapidamente. – Precisamos conversar.

– Eu não tenho nada para falar com você. Cadê o seu irmão. – Ela perguntou.

– É sobre ele. – Disse – Você vai me culpar pelo resto da vida, mas eu não tenho culpa do que aconteceu, minha única falha foi deixar Edu entrar pra essa vida.

– O que você está querendo falar? Fale logo. – ela disse.

– Edu está morto. – a única coisa que eu senti foi um tapa na minha cara. Ela me culpa pelo que aconteceu. E vai ser assim para sempre. – Eu vou arrumar minhas malas, é impossível ficar nessa casa e olhar pra você, sem me lembrar dele. Eu vou deixar você aqui com o papai, e cada vez que você passar pelo quarto dele, eu torço para que você sinta dor, dor pelo que você se tornou. Você sempre me rejeitou, mas daí você teve o Edu, acho que foi a única coisa boa que você fez depois que eu nasci. O Eduardo me deu tudo o que você não foi capaz de me dar. Ele me deu Amor mãe, Amor. Você sabe o que é isso? E acho que não, pois se soubesse não me trataria tão mal. – acabei de falar tudo que estava engasgado e subi para meu quarto, peguei uma mala e comecei a guardar as minhas coisas. E não tinha muita coisa então minhas coisas couberam em duas malas.

Eu desci as escadas e sai, deixei minha mãe gritando lá dentro. Entrei no carro de Dom.

– Posso dormir na sua casa até achar um lugar para ficar? – eu já havia colocado as malas nos bancos de trás.

– Você já tem um lugar para ficar. – ele disse. – Vamos para casa Letty.