Rachel teve alta rapidamente, mas ainda ficamos no hospital por causa da Sidney. Ela me disse o que aconteceu entre Quinn e Sidney, mas eu queria esperar Sidney acordar para saber toda a história, vindo dela.

Sidney acordou duas semanas depois do acidente, Joseph ficava ao seu lado à todo momento. Rachel praticamente me obrigou a não forçar ela, pois a assustaria. Assim que soube que ela estava melhor, entrei em seu quarto, ela estava sozinha, pois Joseph havia ido almoçar com Rachel e Megan.

– Sidney. – eu a chamei, ela logo arregalou os olhos.

– Santana, não brigue comigo, por favor! – ela se desespero. – Eu não sou aquela menina forte. Eu tenho medo de você, na verdade desde que te vi naquela porta, eu...

– Sidney! – chamei sua atenção, ela logo se calou. – Eu não vim brigar com você. Apenas quero conversar, está bem?

– Uhum. – ela sussurrou.

Me sentei na maca ao seu lado, de frente para ela.

– Quero que me explique tudo, desde o começo.

– Desde que Quinn me adotou?

– Sim.

– Está bem. – percebi que ela estava mais calma, suspirou e olhou para suas unhas, as quais ela não parava de mexer. – Eu cresci no orfanato desde os meus cinco anos, o que mais queria era sair de lá. Quando Quinn foi adotar uma criança, eu tinha oito anos, e ela achou que eu seria melhor, por entender as coisas, na verdade eu entendia até demais, para a minha idade. – ela olhou para mim. – Ela fez uma proposta comigo. Se ela me adotasse, eu teria que ouvir todo seu plano e cumprir com ele, perfeitamente, em troca, eu não voltaria mais para o orfanato.

– Plano de sequestrar Joseph?

– No inicio não era esse o plano. Era de, Quinn me ensinar tudo sobre Rachel por dois anos, eu aparecia na vida de vocês, conquistava Rachel e Quinn aparecesse, com arrependimento e pedindo para Rachel voltar. Eu seria um ponto fraco da Rachel. Mas no dia que eu iria ir até o apartamento de vocês, eu caí e quebrei minha perna direita, então Quinn resolveu adiar o plano.

– Então, estudou mais sobre Rachel, nos outros dois anos?

– Não, eu aprendi sobre você.

– Sobre mim? – perguntei assustada.

– Sim. Quinn disse que você é bem nervosa, que não admite que gritassem com você, e muito menos que te ignorassem, então ela mandou eu te ignorar no início, e no momento certo, gritar com você. Ela disse que seria provável eu apanhar de você, o que me deixou assustada, ainda mais depois de ter te conhecido, mas Quinn não estava ligando para mim.

Suspirei, percebi que ela ainda estava assustada.

– Me desculpe, Sidney.

– Não tem problema. Eu sei como é ser protetora com que você ama.

– Sabe?

– Sim. Tenho uma irmã, agora ela deve estar com nove anos, seu nome é Susan.

– Você a protege muito?

– Quando eu a via sim.

– Não a vê mais?

– Não, desde que Quinn me adotou. Ela não queria duas crianças. Prometi a Susan que voltaria para buscá-la.

Seus olhos se encheram de lágrimas, ela abaixou a cabeça e voltou a mexer em suas unhas. Nick e Megan entraram no quarto, olhei para as duas, voltei a olhar para Sidney e sorri.

– Nick, você e Britt já foram adotar uma criança? – perguntei, ainda olhando para Sidney.

– Não, por quê? – ela sentou na poltrona, colocando Megan sentada em suas pernas.

– O que acha de adotar duas meninas?

Sidney me olhou assustada, olhei para Nick, que parecia pensativa.

– Não sei... quem você recomendaria? – percebi que ela já sabia de quem eu falava.

– Que tal, uma garota marrentinha chamada Sidney e uma menina de nove anos chamada Susan?

– Sidney e Susan? Lindos nomes.

Nick sorriu, Sidney olhou para ela e também sorriu.

– Quando você sair desse hospital, nós iremos até o orfanato pegar sua irmã, e Britt e eu assinaremos os papéis. – Nick disse.

Sidney sorriu ainda mais, olhou para mim, vi seus olhos brilharem.

– Obrigada, Santana.

– De nada, Sidney.

Joseph e Rachel entraram no quarto, Joseph se aproximou e estranhou por todas estarem sorrindo.

– Esperem! – Megan gritou, levantando os braços. – Se a Sid vai ser filha da tia Nick, o que ela vai ser minha?

Eu olhei para Sidney, que olhava desesperadamente para Joseph.

– Ela será sua prima, Maggie. – Nick respondeu.

– Não. – Joseph disse, agora olhando para Sidney. – Ela será sua cunhada.

Joseph se aproximou, eu me levantei e me afastei, deixando-os se abraçar.

– Vamos deixar eles sozinhos. – Rachel sussurrou em meu ouvido.

Afirmei com a cabeça, fiz sinal para que Nick saísse com Megan, e deixamos Joseph e Sidney sozinhos no quarto.

***

Acordei com o barulho vindo do andar de baixo, o dia já começava agitado. Me levantei, olhei em volta e percebi que Rachel não estava no quarto, prendi meus cabelos em um coque desajeitado e sai do quarto. Ao entrar na cozinha, vi Rachel sentada à mesa com Megan sentada em suas pernas, Joseph e Sidney sentados um ao lado do outro, de frente para Rachel, Britt fritando bacons, com Susan ao seu lado, Nick e Sarah, como sempre, brigando perto do balcão e Ashley preparando o café. Duas semanas já tinham se passado, minha casa amanhecia uma bagunça todos os dias, e eu estava adorando aquilo, queria passar os dias com todas aquelas mulheres de todos os tamanhos e meu homem, como se nunca mais fosse vê-los, pois sentia que algo iria acontecer.

– Bom dia.

– Bom dia, Sant. – Britt respondeu.

– Mamãe, Susan disse que a tia Nick e a tia Britt vão levar ela e Sid à praia. – Megan disse. – Joe e eu podemos ir também?

– Que tal se todas irmos à praia? Assim passamos o final de semana nos divertindo.

Megan sorriu e bateu palmas, Rachel se levantou, colocou Megan sentada na cadeira e se aproximou de mim.

– Dormiu bem? – ela perguntou, me abraçando.

– Dormi sim, ainda mais com você.

Eu a beijei, acariciei suas costas, depositei minhas mãos em sua cintura e a puxei para mais perto.

– Lembrem que tem crianças olhando. – Britt disse.

Nos afastamos, me aproximei de Britt e peguei um bacon.

– Santana! Ainda não terminei!

– Me desculpe, Britt-Britt. Eu estou com fome.

Todos riram, Rachel se sentou novamente, peguei duas canecas e coloquei café, levei uma delas para Rachel e me sentei ao seu lado. Aquela cena de família feliz me agradava, mesmo não parecendo muito. Bebi um pouco de café, olhei para Sarah, ela sorriu, mas logo ficou séria, estranhei, ela se aproximou e colocou suas mãos em meus ombros, aproximando eu rosto ao meu.

– Eu te amo, Sant. – ela sussurrou. Eu estranhei mais ainda.

– Eu também te amo, Sarah. – sussurrei de volta.

Ela deu um beijo em minha bochecha e saiu da cozinha rapidamente, todos olharam para mim, como sempre.

– O que aconteceu? – Rachel perguntou.

– Não sei, mas vou descobrir. – respondi me levantando.

Sai da cozinha, me aproximei das escadas e ouvi a campainha tocar.

– Eu atendo! – gritei.

Me aproximei da porta, vi Sarah se aproximando rapidamente das escadas com lágrimas nos olhos, logo todas, e Joseph, saíram da cozinha, olhando para a porta, eu a abri e vi um homem alto, com um ar sério.

– Santana Lopez? – ele perguntou.

– Berry Lopez, na verdade. Mas sou eu sim, por quê?

– Você está sendo presa por homicídio doloso.

Olhei para Rachel, sua expressão era de medo, Sarah correu para o meu quarto novamente, o clima ficou pesado, em completo silêncio, o policial segurou minhas mãos, olhei para ele séria e o vi algemando meus pulsos.

– Você tem o direito de permanecer calada, tudo o que disser, poderá e será usado contra você no tribunal. Você tem o direito de um advogado presente no tribunal durante qualquer interrogatório. Caso não possa pagar um, o tribunal lhe indicará um defensor. – ele disse, em um fôlego só. – Entendeu seus direitos?

– E-eu entendi, sim.

Olhei para Rachel, ela ainda estava com medo e assustada.

– Eu vou pagar um advogado para você, Santana. – Nick disse.

– Obrigada Nick. – respondi. O policial começou a me puxar, olhei para Megan, que não entendia o que estava acontecendo, em seguida olhei para Rachel. – Eu vou ficar bem, estrelinha. Tudo vai se resolver, está bem?

Ela afirmou com a cabeça, me virei de costas, não queria mais olhar para aqueles olhos assustados, o policial me empurrou até o elevador, olhei para a porta da minha casa novamente e vi Megan parada na porta, ainda tentando entender o que acontecia, assim as portas do elevador se fecharam, abaixei minha cabeça e lágrimas apareceram em meus olhos, mas eu segurei meu choro.