Nebbia escrita por Lady


Capítulo 8
07 - Cielo.


Notas iniciais do capítulo

Yoooo. =3
Depois de tanto né? XD
Mas enfim trouxe o capítulo.
Desculpe a demora, é que eu tive uma pequena crise para escrever o Epilogo ;-;
É tão triste escrever o ultimo capítulo das fanfics... E pensar que depois de tanto tempo, em apenas mais um capítulo a historia que planejei tao arduamente acabará.... Isso me deixa triste e feliz >
Enfim... Como eu sempre faço, ha um tanto de drama nesse capítulo e, eu coloquei um flash back com a Nana.... Só achei que ela merecia... =w=
Quero agradecer a Walker Sofia por ter recomendado a fic, Obrigado minha Hana



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Segunda-feira, 14 de Outubro de 2008.

Localização: Mansão Vongola.

Nota: Não posso continuar fingindo que está tudo bem.

O dia havia amanhecido barulhento e prevalecera ainda mais atordoante pelo decorrer da tarde quanto todos os empregados e todos aqueles que compunham – exceto por Kyoya que ficara encarregado de acompanhar Tsunayoshi em uma reunião de negócios com as Famílias Trad 6, Gesso e Cavallone – a Família Vongola buscavam ao máximo organizar a tempo a festa, de proporções lendárias, de aniversario de vinte e cinco anos de seu querido boss.

Tudo saia nos conformes, claro que ao jeito de cada um, mas ao fim o resultado era sempre melhor que o desejado.

Mas diante de toda bagunça que ocorria, onde mentiras eram mascaradas por sorrisos de fidelidade e alegria, Chrome sentia-se enojada. Ajudara pouco devido a pouca força que tinha, e também devido ao fato de que desejava manter distancia de todos. Queria ter ido com Tsuna, mas era pouco provável que confiassem a vida do mesmo nas mãos de alguém com pouca capacidade – ao menos era isso que ela pensava.

Era sempre assim, a auto-estima da Dokuro sempre tendia a baixar quando encontrava-se sozinha, muitas vezes Mukuro era a estrela que a guiava para o alto, que a levava a contemplar o Céu e desejar mais do que nunca fazer parte dele; mas já tinha tempo que o contato com sua outra metade a deixavam com ânsia, a faziam se sentir mal e errada, por que ele estava errado também e ela sentia isso como parte de si.

Suspirou baixando o olhar para o lustroso chão que era limpo por sorridentes empregados. Não havia quem não ficasse feliz diante do aniversario de alguém tão bondoso e querido, mas, porra, ela não conseguia engolir tudo aquilo.

– Nagi. – chamou Mukuro, doce.

Erguendo o olhar a mulher contemplou a figura alta de cabelos longos presos num rabo de cavalo baixo. O terno havia sido deixado de lado naquele dia e assim o homem trajava nada menos que uma calça simples, sapatênis negros com roxo e uma camiseta branca com o numero sessenta e nove feito a pinceladas agressivas e desordenadas.

– Mukuro-sama... Irei para meu quarto. – e sem esperar resposta de sua metade, a mulher pôs-se a se afastar em passos rápidos escada a cima. Atravessou o corredor, rápida e quase invisível a todos, não demorou a chegar ao próprio aposento e por ali ficar.

Ela já estava ficando cansada de tudo aquilo, já estava chegando ao seu limite. Mas afinal, quem não estaria?

(...)

Segunda-feira, 04 de Novembro de 2008.

Localização: Namimori – Casa dos Sawada’s.

Nota: Como a maioria dos sofrimentos, esse começou com uma aparente felicidade.

O dia havia amanhecido parcialmente nublado e, de certa forma, abafado pelo frio do inverno que se aproximava cada vez mais rápido.

No havia promessas para aquele dia, a calmaria reinava junto à tranqüilidade em uma casa em especial. Na mesma apenas uma mulher de medianos cabelos acastanhados ocupava-se lavando os pratos sujos do café matinal que tivera a pouco com o marido.

Nana cantarolava uma antiga canção de ninar – a mesma que muitas vezes fora cantada ao seu pequeno Tsuna a fim de embalá-lo num sono angelical -, enquanto envolvia-se pela melodia dócil e pelos cuidados que deveria ter na cozinha.

Ao fim de seus afazeres a dona de casa largou sobre o encosto da cadeira o avental amarelado logo rumando para a sala onde o marido encontrava-se deitado a porta que levava a varanda, o mesmo dormia esparramado e preguiçoso. A mulher riu suavemente, mesmo Iemitsu sendo como era, ela o amava e isso era o que mais lhe importava.

Dirigiu-se ao sofá sentando-se no mesmo e tomando um porta-retratos que havia sobre a pequena mesa frente ao móvel. A foto ali contida mostrava a si mesma, seu marido e um rapaz em seus plenos dezoito anos; era a formatura de Tsuna. Todos sorrindo. Todos felizes.

Alargou seu sorriso diante das lembranças que lhe embaçaram a visão fazendo com que escorressem e pingassem sobre o vidro que protegia a foto. Eram lágrimas de felicidade e tristeza.

Estava feliz, como mãe, por seu amado filhinho ter se formado e tornado-se um homem elegante, galante e importante; mas ao mesmo tempo encontrava-se triste por não poder ter mais a companhia desajeitada do único descente que tinha, era certo que Tsunayoshi lhe visitava sempre que possível, mas os negócios do trabalho do mesmo o embalavam de uma forma incomum e seu horário sempre acabava sendo apertado demais.

Poucas vezes no ano Nana o via, mas era sempre certo ele aparecer no natal e ano novo.

Depositando o porta-retratos de volta a mesinha, a Sawada buscou secar as lágrimas, estas que agora nem mesmo a mulher entendia o significado. E em meio a devaneios um pequeno som lhe chamara a atenção. Quando ergueu o olhar a dona de casa pode ver que o vidro do porta-retratos trincara de cima a metade da foto, e a rachadura seguia cortando apenas seu filho. Apenas Tsuna.

Um calafrio abordou seu corpo obrigando-a a se apoiar sobre o braço do sofá. Sentiu-se enjoada e observada. O peito doía e a mente rodava. Pensou estar doente, mas desconsiderou tal possibilidade quando o nome de seu filho subitamente surgira em sua cabeça.

Ergueu-se de seu lugar e rumou para o corredor, só parando quando já tinha o telefone em mãos chamando o numero do qual tanto lhe era familiar.

Os sons do outro lado da linha permaneceram até que o sinal indicando que a outra linha estava fora de área ou desligada fez-se presente. A angustia lhe veio à garganta, sendo forçada novamente a voltar ao estomago.

Algo lhe dizia que estava tudo errado.

O dia tornou a passar. Sua tranqüilidade sumira e a nebulosidade apenas aumentara. Houve um período pela tarde em que algumas gotículas de chuva vieram, mas não passou de uma fraca garoa.

Ao fim da tarde, quando toda e qualquer ansiedade já haviam arrancado o animo da mulher – o que preocupou o marido deveras -, a campainha da casa soou, não demorando a ser atendida por uma adolescente de cabelos negros trançados que logo indicou para que os visitantes repentinos adentrassem na residência.

O olhar da garota passou por cada um. Desde o homem de cabelos prateados e olhos verdes, ao outro adolescente que aparentava uma sobrecarga de sentimentos.

E quando o olhar de Nana os avistou na sala de sua casa, a mulher não pode deixar de estampar um maravilhoso sorriso, cogitando a idéia de que seu filho também viera de visita.

– Querido venha ver nossas visitas. – chamou, dócil e feliz; como sempre fora.

– Gokudera? – o loiro franziu a testa por alguns segundos, estava de licença, era verdade, mas isso não o fazia menos informado, e Iemitsu sabia que a Vongola estava beirando um inimigo grandioso, mas não tão poderoso assim, e impertinente. – Está tudo bem? – questionou.

O prateado desviou o olhar, assim como muitos daqueles que fitavam o chão. E de seu lugar a adolescente – I-Pin – pode ver seu amigo Bovino soluçar baixinho, e de olhos marejados a jovem tornava a passar o olhar por cada um dos presentes. Buscando algo. Buscando alguém que não estava ali.

– Tsunayoshi foi assassinado. – Mukuro jogara a bomba após cinco minutos de silencio.

Mais uma vez o silencio quis se mostrar, mas antes mesmo de poder dar o ar de sua graça o som estridente de vidro se partindo e de madeira indo contra o chão fez-se presente na sala. Em segundos todos os olhares decaíram sobre a figura morena, paralisada, a soleira da porta.

A boca aberta, os lábios e as mãos tremulas; os olhos marejados. Tudo não passava de mera evidencia para o possível choque daquelas palavras ao atingirem a doce dona de casa.

Nana jamais esquecer-se-ia daquelas malditas palavras. Não podia crer, não conseguia crer, que seu amado e gentil filho perdera a vida. Mas era a verdade. Uma verdade que tornou-se ainda mais dolorosa quando a mulher tivera a infelicidade de visitar o tumulo do próprio filho alguns dias após a visita do grupo de Guardiões.

Iemitsu buscou profundamente respostas e mais detalhes de tudo aquilo, claro que nada lhe fora negado. E mesmo não sendo o melhor pai do mundo, o homem quase invadira Vindicare – por que ele podia não ser um exemplo de pai, mas certamente era um exemplo de guerreiro e símbolo de vingança – a fim de tirar a vida vazia que Chrome teria dali em diante. Mas algo o impediu. Claro que a influencia de Nono também o impedira, mas não limitara-se a isso.

Ele queria saber o porquê. Por que Chrome arrancara a vida daquele que lhe acolhera, protegera e fora seu amigo. Não só ele queria saber, é claro. Mas assim como todos Iemitsu fora abraçado pelo silencio, e não fora apenas a Dokuro que dera o privilegio de sua mudez.

Desde o dia em que descobrira sobre a morte de seu amado e único filho, Nana não pronunciou uma palavra, nem mesmo a I-Pin - que continuava a morar consigo -, Fuuta – que a visitava com freqüência desde sempre -, seu marido – que estava atordoado e preocupado com o estado da esposa – e Lambo que pedira para passar alguns poucos dias com a família Sawada – apesar de que isso apenas piorou o estado de Nana e o seu próprio.

Do outono o inverno chegou, congelando a alma e a memória de que nunca mais poderiam ver o sorriso reconfortante e aconchegante do Céu Vongola.

(...)

Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2009.

Localização: Desconhecida.

Nota: Não havia lágrimas, apenas um enorme vazio.

Estava se aproximando mais rápido do que imaginou.

Faltava não menos que doze dias, o plano estava quase atingindo seu ápice; poucos eram os que sabiam o por que daquilo tudo, na verdade apenas Chrome e Verde sabiam o por que de todo aquele sofrimento que estava sendo causado, não importava se Kyoya soubesse ou não, ele não se importaria no final das contas, tudo pelo que lutava era pelo resultado final.

Fechou os olhos, sentindo a brisa balançar seus cabelos escuros. À noite, mais uma vez, era sua única companhia já que seu canário dormia tranqüilo sobre o travesseiro na cama, mas de forma alguma Kyoya se via intimidado pelo mar de sombras que abrandava o céu noturno, por que era assim que seu Céu se encontrava no momento. Escuro. Envolto num manto de sombras.

Suspirou, sentindo o peito doer como sempre sentia desde o abandono do Céu.

A Nuvem não vive sem o Céu, pois ele é seu único companheiro, guia e confidente.

Recordava-se das palavras que lhe haviam sido ditas pela Nuvem da nona geração Vongola. Nunca engoliu o significado daquilo, não queria se apegar a um Céu, pois ele não precisava de ninguém. Era o poderoso demônio solitário de Namimori, não precisava de ninguém.

Mas Tsuna mostrou o contrario a si.

Era certo que o onívoro sempre lhe respeitara, sempre lhe dera o espaço que precisava e jamais desejava mais que o necessário de sua pessoa, e Hibari ficava – de certa forma – agradecido por isso, e assim o mostrava atendendo a poucas missões que lhe eram passadas, afinal o mais forte não precisava se submeter a empecilhos fracos.

Mais de alguma forte Tsunayoshi adentrou em sua vida, tornou-se um marco, mostrou-se importante para si. Por que ele entendia e decifrava Hibari; começou devagar, mas ainda sim o Don aprendeu a ver e ler as ações de Kyoya, assim sempre obtendo o melhor do moreno.

E por ter se tornado importante, por ter marcado o fundo da alma da poderosa Nuvem solitária, era que doía desde que o vira desfalecer frente a seus olhos.

Paralisado, amedrontado, assustado.

O Kyoya não sabia o que sentia naquele momento, mas tinha certeza de que aquilo fora um “momento herbívoro” seu, por que doeu, e ainda doía. O vazio, muitas vezes antes preenchido pelo acolhedor e aconchegante Céu; pulsava e latejava enquanto enchia-se das lágrimas que Hibari jamais despontaria e atrever-se-ia a mostrar.

(...)

Quinta-feira, 20 de Dezembro de 2009.

Localização: Mansão Vongola – Sala de conferencia.

Nota: A Verdade pode ser, tanto aliado como inimigo.

O silencio pairou pelo cômodo. Mesmo que todos fossem mafiosos, influentes, poderosos e perigosos; ainda sim o inimigo era muito além do que podiam enfrentar. Mesmo juntos, seria uma tentativa de suicídio. A própria Vongola conhecia o perigo, e mais do que nunca Timoteo buscava formas de amenizar a situação que fugira de seu controle.

– Eu não vou engolir isso. – fora Uni quem se pronunciara após o relatório desastroso ser posto a mesa. – Eu vou matar aquela garota, foda-se se ela é forte, se tem Hibari ou o traidor do Verde junto a ela. – rosnou em angustia e ódio. - Ela seqüestrou Lambo também a Vongola não deveria deixar por isso mesmo, ele é um Guardião!

– Ela não o seqüestrou... – sussurrou um dos Guardiões da Nona geração. – Lambo Bovino escolheu segui-la por conta própria, tal como Hibari Kyoya. Ambos agora são traidores, e ambos terão a mesma sentença que o restante dos traidores quando forem presos.

– Se forem presos. – Anuiu Byakuran numa seriedade desconhecida por todos. Assim as atenções voltaram-se ao mesmo cujo desviara a atenção de seus preciosos marshmalows para dar continuidade a suas palavras. – Vamos ser realistas e admitir o óbvio. – Murmurou. – Perdemos qualquer chance contra ela quando a mesma deteve Vindice e Verde ao seu lado, com Hibari se torna algo inatingível e com Lambo toda e qualquer chance que tínhamos foi para o ralo. – E assim deu de ombros. – Apenas acho que é melhor admitirmos de uma vez que perdemos antes que vidas inocentes entrem no fogo cruzado. – Não tardou para que o Chefe da Família Gesso erguesse o olhar para Timoteo. – Apenas admita que Tsunayoshi-kun seria o único com real poder para pará-la, não vai adiantar de nada ficar remoendo expectativas que não existem e se existem é após sacrifícios que, creio eu, vocês não seriam capazes de fazer.

– O que nos faz pensar que você também não está do lado dela? – Fora Shouichi quem questionara. – Dê-nos uma prova de que não está aqui para terminar o que Kozato Enma começou. – pediu, fitando o ex-companheiro universitário num ódio desumano.

O albino apenas riu, uma risada baixa e incomum para si.

– Chrome Dokuro é interessante e possui mesmo um ideal interessante, mas eu não ganharia nada me aliando a ela. – Informou por fim. – O plano que a mesma possui é algo que vocês não entenderiam mesmo que estivesse explicito e isso é o que o torna divertido... – assim o rapaz ergueu-se devagar de seu acento. – E antes que perguntem, sim eu tinha plena consciência do que a Chrome-chan planejava da mesma forma com que Tsunayoshi-kun também tinha.

Ao pronunciar tal informação pode-se ver apenas diversos pares de olhos se arregalando como nunca antes.

– Tsunayoshi-kun sabia que seria assassinado. – Informou o Chefe da Família Gesso enquanto seguia para a saída do local tendo em mãos a sacola com seus preciosos doces. – Ele sabia quem o mataria e por que mataria... E ele não fez nada para impedir.

(...)

Sábado, 22 de Dezembro de 2009.

Localização: Mansão Vongola - Biblioteca.

Nota: Não existe segunda chance quando um coração é magoado.

“Mukuro-sama,

Foi-se tanto tempo desde que pude lhe chamar assim com tanto carinho, um tempo eterno e doloroso que me torturava dia após dia. Sinto tanto sua falta.

Você foi minha estrela, Mukuro-sama, foi meu guia, meu mestre e meu amante. Nunca poderei me perdoar pela que tive de fazer a ti, mas sinto em dizer que foi necessário.

Não espero que me perdoe, mas espero que um dia possa pedir perdão ao Boss por tudo o que você e o restante dos Guardiões o fizeram sofrer. É difícil admitir isso, é difícil não poder dizer tais palavras para você mesmo ouvir, mas é verdade Mukuro-sama. Você, tanto quanto os outros, foram os causadores da morte do Boss.

Vocês se afastaram, o ignoraram. Abraçaram a idéia de que estando longe dele o livraria dos seus problemas, dos nossos problemas. Mas o Boss sabia, ele sempre soube o que acontecia. Era assustador e magnífico, e, de toda forma possível, o Boss nos protegeu e eu queria apenas protege-lo também. Protegê-lo de você... De todos vocês. Tudo o que fiz foi matar o corpo, espírito dele já estava fragmentado desde muito tempo, o Céu estava quebrado e nebuloso antes mesmo de eu poder intervir.

Mukuro-sama, eu vi o Boss esperar tempo demais, eu o vi lamentar e esperar, confiar em todos. Ele nutriu esperanças e deu uma segunda, talvez até uma terceira e quarta, chance para que seus Guardiões confiassem a ele seus problemas, para que vocês e nossos amigos confiassem a ele seus pesares e suas palavras; e ele se magoou muito durante todo esse tempo por que você apenas se afastavam.

Eu fiquei triste apenas observando e relatando a ele tudo o que acontecia, foi doloroso demais assisti-lo morrer lentamente enquanto todos se afastavam de forma inconsciente. Eu queria que aprendessem a lição, e já o fizeram ao sentir na pele e na alma a falta que o Boss faz, por isso está na hora de por meu plano em pratica.

Está na hora de tudo voltar a ser como antes.

Eu apenas quero lhe pedir, Mukuro-sama, que não repitam o mesmo erro; que não magoem nosso Céu e o quebrem novamente, por favor.

Com amor,

Chrome Dokuro.”

As mãos tremeram quando finalizou sua muda leitura pela, talvez, vigésima vez desde que recebera a carta. Não conseguia entender o significado daquelas palavras, mas entendia – ou assim pensava – a ultima parte.

Esta na hora de tudo voltar a ser como antes.

Ele entendia aquilo e até tinha esperanças de que tudo voltasse a ser como no tempo em que ele tinha Chrome consigo, e ria de forma sinistra toda vez que afirmava convicto que tomaria para si o corpo de Sawada Tsunayoshi. Eram bons tempos, onde não havia problemas – mesmo na Vongola -, onde tudo era pacifico, onde as missões apesar de complicadas e com risco de vida, eram divertidas. Onde todos, sem exceção, confiavam com cada célula de seu corpo em Tsuna, mesmo Hibari assim o fazia, mesmo ele próprio – Mukuro.

Mas ele ainda não entendia o porquê, ou mesmo o como.

Dobrando o papel e depositando novamente no interior do envelope antes de pôr-lo sobre o criado mudo, Mukuro apenas se afastou, tornando a caminhar sem rumo pela biblioteca extensa.

Pensamentos e mais pensamentos bombardeavam sua mente buscando questões para aquela carta. Fazia dias que a recebera, e desde que pusera os olhos sobre aquelas linhas não conseguira mais dormir tranqüilo, como se o peso do mundo estivesse sobre si – o que de certa forma era verdade, mas não era o peso do mundo, apenas o peso de um Céu morto.

E observando cada livro por qual passava, algo – que pode ser visado de forma parcial por entre as brechas dos livros - por detrás da estante grande, lhe chamara a atenção. Caminhou até alcançar o fim do grande móvel, logo deparando-se com uma mesa de centro e um par de cadeiras. Sob a mesa apenas um tabuleiro de xadrez com peças mexidas se fazia presente.

Logo ao aproximar-se o Rokudo pode ver melhor quais peças ainda disponham-se de pé.

O Rei Branco estava intocado enquanto as casas vizinhas mostravam-se vazias. Apenas um Bispo ainda se encontrava, tal como duas Torres estrategicamente posicionadas prontas para investir, um Cavalo ainda se encontrava imponente, e por fim a Rainha Branca estava à frente liderando-os para um massacre a favor se seu Rei imóvel; não havia nenhum peão branco sob o tabuleiro, eles haviam abandonado seu Rei.

Já as peças Negras estavam quase todas dispostas sob o tabuleiro, podia-se dar falta, apenas, de dois Peões negros, um Cavalo e uma Torre. Mas sua curiosidade foi além quando pode ver uma Torre Negra disposta ao lado da Rainha Branca.

Mukuro observou atento cada peça - mais precisamente as brancas cujas tinham iniciais gravadas em si.

Tomou uma das Torres entre os dedos vendo na mesma as letras H.K. gravadas. Depositou a peça em seu devido lugar, pegando a outra torre e analisando-a. As iniciais K.E. estavam gravadas no material claro.

Franziu a testa logo devolvendo a peça a sua casa. Sentou-se em uma das cadeiras ali dispostas e se pôs a pensar enquanto observava as peças disponíveis.

O Cavalo levava as iniciais L.B., o Bispo continha apenas um V. formalmente gravado, a Rainha continha as letras C.D. e por fim o Rei carregava as iniciais S.T., o azulado não deixou de notar que - de alguma forma - todas as peças brancas protegiam o Rei.

E quando imaginou não haver sentido naquilo tudo, um breve momento intuitivo o levou a pensar em sua preciosa Nagi, e ao mesmo tempo o nome da mesma.

Uma breve idéia lhe veio a mente, mas antes tinha de pegar a torre negra, tudo para mostrar o quão certo suas suspeitas estavam, havia as iniciais R.M. gravadas em dourado na peça escura.

– Kufufu... - Agora tudo ficava claro.

Tudo o que estava acontecendo. Cada movimento da Vongola, cada ação dos Guardiões... Tudo. Chrome sabia de tudo e estava na linha de frente contra todos os que se opunham a seu ardiloso plano.

Ela em si era a Rainha Branca – o porquê das peças brancas ele não entendia -, Hibari Kyoya e Kozato Enma era as Torres do jogo, mas apenas o moreno dispunha da liberdade que a Torre tinha. Lambo Bovino era o Cavalo, e tinha apenas movimentos precisos dentro daquele plano. E por fim o V, possivelmente, representava a Vindice, ou Verde, que se aliara a grande traidora Vongola.

Mas a única coisa que Mukuro não compreendia era por que Sawada Tsunayoshi era o Rei que Chrome protegia.

Mordeu o polegar, sentindo-se frustrado diante daquela situação.

Tsuna não estava mais vivo, então por que proteger algo que deixara de existir?

Logo após alguns minutos ergueu-se do acento e tornou a rumar por entre as estantes, tomando rumo certo para o próprio aposento – claro que não sem antes pegar a carta dirigida somente a si. De alguma forma descobriria o plano de sua Nagi, e algo no fundo de si dizia que ele não gostaria do resultado final daquilo.

(...)

Domingo, 23 de Dezembro de 2009.

Localização: Mansão Vongola.

Nota: Só por que o que eu faço é errado, não significa que eu não seja bom.

As chamas roxas se arrastaram solidas sob o chão. Imponente, e com uma risada atípica de si, a mulher caminhou tranqüila por entre os escombros da batalha que ainda se arrastava desde a madrugada da noite anterior.

Homens iam ao chão, tendo suas vidas extraídas a força pelas criações de Verde, e tal Cientista acompanhava a mulher em seu encalço apenas nutrindo-se mais e mais com as expectativas futuras.

O tridente em sua mão estava isento de qualquer gota de sangue, tal como a própria mulher e sua vestimenta. Seu objetivo único e privilegiado era o interior da mansão, eram os Guardiões que ela tinha plena certeza que almejavam, tanto por sua vida quanto pelas vidas daqueles que abraçaram seu plano inescrupuloso.

Continuou seus passos firmes ignorando o caos que se instalava pelos arredores. O cheiro ferroso do sangue que banhava o chão se espalhava minuciosamente por cada metro quadrado disposto a si. Tripas e pedaços de corpos iam ao chão destruindo a bela paisagem que um dia ficara disposta a todos.

Aos poucos Vongolas e aliados iam ao chão sem vida, sem nada.

Sem um pingo de orgulho por seus atos, a mulher viu as portas da mansão serem abertas para si por Enma. O olhar triste – mas ainda sim determinado – que o rapaz lhe lançara quando adentrou fora o suficiente para a moça saber que não havia volta a partir dali, e mesmo que houvesse algum retorno para tudo o que fizeram, Chrome não desistiria de seu objetivo; por que afinal, seu coração agora batia unicamente por uma pessoa.

Por Tsuna.

A confusão, e surpresa de todos, estava mais do que presente quando avistaram-na. Na memória de todos a Dokuro ainda mantinha seus órgãos ilusórios, tal como ainda tinha um olho faltando; mas lá estava ela diante de todos com dois olhos – apesar de que um pertencia claramente a Mukuro.

Calmamente os olhos bicolores da mulher passou por todos.

O Nono Vongola estava lá em pé mais ao canto impecavelmente solto – mas este se quer mostrava-se uma ameaça a si -, um pouco afastado de Timoteo estavam seus Guardiões junto aos antigos companheiros da Dokuro e de Hibari Kyoya, todos seguros pelo poder desumanamente forte de Enma, e também todos possuindo machucados sérios que, possivelmente, foram feitos por Kyoya e Lambo.

Mas de súbito a Dokuro deu por falta de alguém. Sua metade não se encontrava presente, como era notado, mas da mesma forma a mulher podia sentir que Rokudo Mukuro não a intercederia no que faria.

E assim a azulada sorriu ao fitar o trono vazio mais a sua frente. Com suavidade bateu a ponta do tridente no chão, fazendo o som oco ecoar por toda a mansão – agora tendo apenas aquelas poucas presenças como habitantes. Não tardou para que a nevoa branca se espalhasse pelo chão tornando a temperatura um tanto incomoda para o restante dos presentes.

E da nevoa rastejante pode-se ver o surgimento de sete raios luminosos e de seis destes corpos pequenos – aparentemente de crianças – surgiram, não tardando em ser reconhecidos. Era os desaparecidos ex-Arcobalenos e junto a cada um havia um par de anéis representando respectivamente cada elemento seu.

Um Anel Mare e um Anel Vongola.

Sessenta por cento do Trinisette fazia-se presente, e isso era mais do que o necessário.

Silencioso, Verde aproximou-se do único feixe de luz que não carregava nenhuma criança.

– Vamos começar. – a voz baixa e sonora de Lambo fez-se presente enquanto o mesmo, junto a Hibari aproximavam-se de onde as crianças desacordadas se encontravam; e só então a mulher deu pela presença dos aterrorizados e feridos membros da Família Shimon, de Uni e Dino, todos levados ao chão pelo mesmo poder que Enma exercia sobre os membros da Vongola, a Gravidade Dela Terra.

E Bermuda – para a surpresa de todos – também se encontrava lá sob a companhia de Jagger e de seus dois mais confiáveis Vindice.

Sem pronunciar uma palavra a mulher girou o tridente entre os dedos, chocando a base do mesmo severamente contra o chão.

A Tempestade canta destruindo furiosamente tudo em seu caminho. – iniciou a moça e todos puderam ver as chamas da Tempestade se acenderem nos anéis que jaziam junto a Fon, logo o Bovino a acompanhou.

Duramente o Trovão ruge, assustando, amedrontando. – e ao soar de tais palavras os anéis do Trovão se inflamaram nas mãos de Verde.

A Dokuro apenas deu continuidade.

Com cautela a Chuva cai, limpando a dor e as magoas da vastidão. – fora a vez dos anéis da Chuva se acenderem próximos a Colonnello e a, surpreendentemente, Lal Mirch. – Do silencio surge o Sol, iluminando, felicitando, evaporando as lágrimas. – fora a vez das chamas douradas se mostrarem iluminando-se próximas a figura do mais poderoso Hitman do mundo, Reborn. – Sorrateira a Nevoa se mostra, iludindo, fugindo. – e no pronunciar as chamas índigo iluminaram próximas a ex-Arcobaena Marmon, ou Viper.

Fora Hibari quem se pronunciou frio a seguir.

Da solidão e do vazio, a Nuvem se propaga, se afasta, seguindo seu rumo sem se prender a ninguém. – logo as chamas arroxeadas dos anéis, Vongola e Mare, iluminaram-se próximas ao pequeno Skull.

E o Céu Harmonioso abraça a todos, guiando, acalmando, ajudando; mas sua Harmonia é frágil e facilmente ele se quebra, e assim ele despede-se de seus elementos. – a voz grave ecoou por todos o cômodo arrancando um sorriso cordial e belo da ex-Guardiã da Nevoa que agora fitava, com lágrimas nos olhos, o trono Vongola.

Seguindo o olhar da mulher, todos puderam deparar-se com a imagem de alguém que, a mais de um ano, fechou os olhos para aquele mundo.

Em segundos pode-se ouvir o som do tridente chocando-se contra o chão, junto ao mesmo o baque oco dos corpos infantis ao caírem e o tilintar dos anéis esquecidos.

A voz baixa do ruivo ecoou num misto de felicidade e incredulidade. Mas fora tão baixo que se quer pode ser ouvida.

Todos tinham faces surpresas perante aquilo, perante o que viam. Mesmo Timoteo era uma exceção.

Gokudera indagava-se sobre a veracidade daquilo enquanto lágrimas escorriam por sua face e pesavam em seu coração. Mas não era apenas Hayato que estava psicologicamente abalado por aquele surgimento peculiar e estranho.

Todos haviam sido afetados por aquilo. Não havia quem não se surpreendesse por vê-lo ali, vivo, respirando.

Sob o trono, sentado de forma imponente enquanto fitava a azulada, encontrava-se Sawada Tsunayoshi.

– Qual o seu pedido, Chrome Dokuro? – apenas nesse pronunciar, aqueles presentes puderam deduzir que tal figura, apesar da aparência, não era Tsunayoshi.

A azulada sorriu, um sorriso verdadeiro, um sorriso que não se permitia dar a tanto tempo.

– Você sabe o que eu quero... – murmurou-a convicta de cada palavra.

– Sabe as conseqüências do que quer? Elas serão altas... – afirmou Tsunayoshi, ou ao menos o ser que usava a figura de Tsuna.

Chrome assentiu muda.

– Kufufufu, não deixarei que faça isso Nagi. – a sombria voz de sua metade ecoou pelo aposento. Não demorou para que o azulado surgisse ao canto da sala com seu tridente em punho.

– Não deixará? – a moça cerrou o olhar em direção a seu antigo parceiro. – E com que propósito me impedirá? – o sorriso da Dokuro fora largo e cruel. – Já não basta o que fez há um ano? Já não basta o que todos vocês fizeram? E agora, quer me impedir na minha única oportunidade?

Num passo o Rokudo ameaçou avançar contra a dama, mas logo Kyoya interveio chocando suas tonfas contra o tridente. A face seria do moreno se quer denunciava algum gosto por aquela batalha, ou mesmo por tudo o que acontecia ao redor.

Ao fim, quando Hibari jogara o azulado próximo ao restante dos guardiões, Enma providenciara de prender o mesmo com a Gravidade da Terra.

– O que nós fizemos? – fora o Sasagawa quem se pronunciara, chamando a atenção de Chrome e tendo o olhar interrogativo de alguns guardiões sobre si. – Você disse “Já não basta o que todos você fizeram há um ano?”. Responda: o que nós fizemos?

Assim o sorriso cruel dela lugar a um frágil puxar de lábios enquanto os olhos tornavam-se opacos numa nostalgia mal contida.

– Foram vocês quem mataram o boss... – murmurou-a, quase carinhosa. O silencio que veio em resposta foi tenso e pesado. – Vocês o enganaram, mentiram, se afastaram dele. O mataram antes mesmo de eu fazer algo a respeito. Deram a ele a pior das torturas. – As lágrimas já escorriam finas pela face pálida. – Tudo o que eu fiz, foi tirá-lo do sofrimento o qual vocês o impuseram.

– Foi... Nossa culpa? Tudo isso... – murmurou Yamamoto, de olhos marejados enquanto a culpa o corroia mais rápido do que a dor da perda de seu melhor amigo.

– Você está mentindo! – berrou Gokudera buscando erguer-se a fim de avançar contra a mulher.

– Ela não está mentindo. – pronunciou Enma, pela primeira vez. – Tsuna-kun sabia, ele sempre sabia de tudo, uma vez ele me falou que estava cansado de mentiras, cansado de esperar. Naquele tempo eu não entendi bem o que ele quis dizer, mas agora compreendo. – confirmou. – Vocês o mataram!

– Como... Como ele sabia de tudo? – questionou Timoteo, chamando a atenção da Dokuro.

– O boss possuía uma intuição sensível demais, e às vezes o Céu o permitia ver além do que os outros podem ver. – murmurou Chrome, nostálgica. – Em raros momentos, ele podia ver o futuro. – logo a moça voltou-se para a figura que, até então, apenas observou o rolar dos fatos. – Estou pronta. – confirmou juntando as mãos frente ao corpo, como em uma reza muda, e fechando os olhos.

Ouviu gritos a lhe chamar, mas logo o silencio fez-se presente quando as sombras frias a abraçaram.


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Notas finais do capítulo

Por favor, não deixem de dizer o que acharam.
O proximo já será o Epilogo, assim o fim da historia.
Obrigado a todos que acompanharam até agora, espero que tenham gostado do capítulo e em breve postarei o Epilogo
Ja'ne



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