Nebbia escrita por Lady


Capítulo 4
03 – Pioggia


Notas iniciais do capítulo

Yooo. Sinto muito pela demora na postagem, eu estava esperando o Nyah! voltar da manutenção/troca de servidor, para poder postar em ambos os sites logo o/

Sem mais delongas, teremos outro momento deprimente com o Enma aqui XD

Boa leitura.



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Segunda-feira, 15 de Outubro de 2009.

Localização: Mansão Cavallone.

Nota: Ela sorriu, com vontade de chorar.

– Eu não esperava isso de você Mukuro-sama. – a voz delicada soou friamente pelo espaço, tal como pelos ouvidos dos três presentes cujo fitavam a figura imparcial da Dokuro. – Já faz tanto tempo...

– O que quer traidora? – o cortar gélido e raivoso de Yamamoto quase fizera o Cavallone tremer. Quase.

Assim as orbes violetas encontraram-se com o vazio profundo e dimensional dos olhos escuros do Takeshi. A dor estampada naquele profundo mar de chocolate era quase penosa e sofrida, e Chrome entedia muito bem o que ele sentia, mas de forma alguma poderia demonstrar tanto quanto o Guardião da Chuva.

Assim a azulada inclinou um pouco a cabeça, não desviando um segundo seu olhar do moreno.

– Sinto informar que está atrapalhando nossos negócios minha cara Chrome. – alegou Mukuro em momento algum dando sua típica risada maníaca. E assim os olhos heterocromáticos fixaram-se da face inexpressiva que voltara-se para si.

O sorriso que fez-se presente nos lábios finos e delicados da mulher jamais será esquecido pelas três figuras presentes da sala. Era tão puro e ao mesmo tempo cruel que tal contradição levava ao temor até mesmo o chefe ali presente.

– Eu sei, peço desculpas por isso. – murmurou, passando levemente a mão pelo vestido de seda que trajava. Fora então que o Ilusionista resolvera analisar melhor a mulher que um dia fora sua parceira, sua doce e inocente protegida.

Ambos os olhos se mostravam brilhantes e atrativos, tal como os lábios delicados. Os cabelos tornaram-se longos e sedosos. A pele leitosa aparentava uma maciez tentadora e receptiva, esta deixava em destaque o vestido azul safira tomara que caia, cujo realçava o busto mediano. Braços desnudos. Sandálias de tiras de strass e salto alto encontravam-se em seus pés. Na cintura fina e modelada repousava um cinto fino – caído de lado – com spikes. Por fim podia-se ver o brilho e ouvir o tilintar de seu brinco da Nevoa em sua orelha esquerda.

Cerrou o olhar.

Aquela mulher definitivamente não era sua única, ingênua e doce Chrome.

– Kufufufu... O tempo passa e as pessoas mudam Mukuro-sama. – informou-a alargando um sorriso enquanto a risada, típica da metade masculina da Nevoa, ecoava sonora e macabra.

– Diga logo o que quer aqui, Chrome Dokuro! – ordenou Dino. O tom de suas palavras foram tão eloqüentes quanto o desejado.

– O que eu quero? – assim o sorriso desapareceu de súbito dos lábios finos. – Não se trata do que eu quero, mas sim do que vocês querem, da vingança que almejam. Eu posso ver no olhar de cada um de vocês, até mesmo Hibari Kyoya, seus olhos brilham em uma sede de vingança pela morte de Sawada Tsunayoshi--

– Não se atreva a falar no Tsuna! – o grito de Yamamoto ecoou grave pela sala antes do mesmo avançar contra a figura feminina, isso é claro até ser impedido por Mukuro.

– Não gaste suas energias, é apenas uma ilusão. – advertiu, seu tridente desaparecendo de suas mãos em simples movimentos.

– De fato sou uma ilusão, afinal meu real corpo está em Vindicare. – sorriu-a, quase meigamente. – Mas isso é apenas um detalhe qualquer... – resmungou baixo apoiando-se sobre a mesa do chefe Cavallone e espalhando alguns poucos papeis que havia ali.

Logo o silencio fez-se presente de forma fria.

Os três homens analisavam cada mínima ação feita pela metade feminina da Nevoa. Era angustiante, mas os três sabiam que qualquer palavra poderia desfazer a aura melancólica que acabara por envolver a azulada.

Assim um sorriso fino e elegante se formou nos lábios finos e delicados, mas em momento algum as orbes violetas desviaram-se do papel que tomara em mãos.

– Vocês deveriam se preocupar mais com seus aliados do que com minha reles presença aqui... – comentou-a. – Nesse exato momento a Vongola está sendo atacada. – e assim ergueu o olhar para encontrar-se com as orbes claras de Dino.

– Por que acha que acreditaríamos nisso? – fora Yamamoto quem indagara. – Em um ano você nunca disse uma palavra aos Vindice, por que acha que acreditaríamos em cada palavra que proclamou desde que apareceu para nós?

– Tem razão... – murmurou. – Yamamoto Takeshi sempre tem razão, não é? Mas diga-me, e se eu estiver mesmo certa...? Como fica a proteção do novo Céu? – o sorriso dos lábios finos apena alargou-se, quase cruelmente. – Hibari, Gokudera e Sasagawa estão em Bern, vieram conversar comigo. Vocês dois... – apontou para ambos os Guardiões Vongola presentes. – Estão aqui em Vicenza brincando de detetive com o Cavallone, sem ressentimentos Dino. E por fim Lambo está em Viena com Reborn, ambos estão a visitar Uni Giglio Nero. – e por mais uma vez Mukuro cerrou o olhar em direção a Chrome, desconfiando de onde a mesma sabia de tudo aquilo. – O “Céu” Vongola está desprotegido, como há um ano.

E apesar de não conseguirem aceitar aquilo, ela estava certa. Eles confiaram nela. Confiaram à vida de seu chefe – e amigo – nas mãos dela, e ela os traiu. Os que mais erraram foram os Guardiões por jamais desconfiarem da – sempre presente – timidez da Dokuro.

– Vadia estúpida! – fora a voz irritada do Takeshi que se fizera presente, irritado era o mínimo que o mesmo encontrava-se. Ela era a culpada da morte de Tsuna, e agora estava ali pondo a culpa em todos os outros Guardiões.

– Lembram-se? Como há um ano quando vocês se preocuparam com futilezas, escondendo as coisas do nosso chefe. Da mesma forma que vocês dois, ops, são os três não é mesmo? – de forma alguma poder-se-ia imaginar que um dia a doce Guardiã se transformaria naquilo. – É bom agirem rápido e pensarem melhor nas suas escolhas futuras, já perderam o único Céu que os acolheria como são verdadeiramente, será que suportariam o peso do fracasso sobre seus ombros mais uma vez?

E no fim todos aqueles que se encontravam presentes sabiam a verdade. Chrome pode até ter tirado a vida do precioso Céu Vongola, mas muito antes disso, a Guardiã jamais havia dado as costas a Tsuna. Foi fiel ao seu Céu quando ninguém mais foi. Talvez o assassinato de Sawada Tsunayoshi pelas mãos de sua doce e ingênua Guardiã fosse para mostrar ao restante dos Guardiões o peso dos erros inadmissíveis dos mesmos. Ou apenas fosse uma forma drástica de puni-los. Ninguém sabia, e talvez nunca soubesse.

– Até outro dia. – murmurou-a desaparecendo em meio a Nevoa tênue.

Por mais uma vez o silencio fez-se presente. Palavras ainda eram digeridas. Informações ainda eram processadas nas mentes cansadas.

– Kufufu... – fora o riso seco de Mukuro. O mesmo ainda não acreditava naquela possibilidade. O Mal da Vongola. O traidor. Aquele quem deveria arruinar a Máfia por dentro deveria ser ele, não Chrome.

Apertando fortemente os punhos – forte o suficiente para sentir a carne rasgar sob as unhas – o azulado sentia-se frustrado e impotente.

Perdera sua diversão. Perdera a amante. Perdera a chance de destruir a máfia que tanto repudiava. Perdera qualquer motivo para continuar como Guardião da Nevoa.

E em meio aos devaneios silenciosos dos três homens, a chuva começou fria do lado de fora da mansão Cavallone, esta trazia consigo a promessa – não de paz –, mas de um futuro tumultuoso, melancólico e doloroso.

(...)

Terça-feira, 15 de Outubro de 2008.

Localização: Ilha Shimon – Castelo Shimon.

Nota: Valorize enquanto pode, pois o dia de amanhã pode não chegar.

Papeis, papeis e mais papeis.

O branco rabiscado de letras impressas em negro e assinadas de azul escuro era tudo o que Enma via. Pilhas e mais pilhas de notificações se erguiam sobre sua mesa – e havia até algumas folhas caídas no chão.

O ruivo não conseguia entender como seus Guardiões – por mais tempo que passassem na ilha – conseguiam a proeza de lhe proporcionar aquela montanha de problemas e papeis, e sabe-se lá mais o que.

Bocejou isso antes de assinar mais uma notificação sobre a destruição que Kouyo causou após a última visita a Vongola, o que resultou numa longa luta entre o Aoba e o Sasagawa – apesar de nenhum possuindo um motivo bom o suficiente para a luta.

Largou o papel e a caneta sobre a mesa, logo permitindo-se afundar sobre a cadeira macia de couro enquanto soltava mais um bocejo longo.

Fechou os olhos por alguns segundos, mas logo tornou a reabri-los quando o vibrar de seu celular sobre a mesa lhe despertou de súbito.

– Alô? – murmurara, sentindo a cobrança das noites mal dormidas. Não houve se quer dialogo quando as palavras foram pronunciadas do outro lado da linha. O choque do que ouvira arrancara o sono e qualquer cansaço que lhe arrebatava o corpo, naquele momento Kozato Enma estava mais desperto do que nunca.

Com as mãos tremulas ainda desacreditando nas palavras a pouco ouvidas, o ruivo encerrou a chamada e depositou o aparelho sobre a mesa.

Em seus olhos já se podia ver as lágrimas cristalinas formarem-se. Quem quer que olhasse para a face do jovem Don Shimon jamais acreditaria que aqueles lábios trêmulos e os olhos sem brilho pudessem demonstrar alguma felicidade.

Engoliu em seco.

As lágrimas escorriam – enfim – livres pela sua face, pingando sobre o tecido escuro da camisa social.

– Tsuna-kun... – murmurou-o choroso. As palavras de Reborn ainda ecoavam por sua mente.

Os minutos se seguiram silenciosos e envoltos por um vazio depressivo, enquanto do lado de fora podia-se ouvir apenas o choro do Céu o acompanhando com lágrimas doces que escorriam das nuvens acinzentadas da noite fria.

Nada seria capaz de sanar aquela perda. Assim como nada tiraria da mente do Shimon a única frase que o ex-Arcobaleno proclamara ao telefone.

“Tsuna foi assassinado.”

(...)

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2009.

Localização: Desconhecida.

Nota: Quanto mais perturbadora a lembrança. Mais persistente é a sua presença.

Baixou a cabeça, puxando a boina negra para ocultar sua identidade. Não podia se dar ao luxo de ser reconhecido naquele momento, não por que era fraco – o que certamente ele não era -, mas sim por que estava em um lugar publico e qualquer possível atentado contra si acabaria envolvendo pessoas inocentes.

Socou as mãos nos bolsos do casaco escuro enquanto seguia em passos rápidos pela avenida. O hotel em que estava hospedado ficava a apenas algumas quadras dali e Enma já poderia imaginar o discurso extenso – o qual já decorara – que Adelheid lhe daria após seu súbito desaparecimento onde fora deixado para trás apenas um bilhete informando que voltava antes do almoço – o que não aconteceu.

Não achava que a tal reunião com Marmon e Verde fosse durar tanto, mas realmente valera à pena perder uma noite de sono. Nunca achou que o cientista fosse se envolver com um assunto como aquele, e mesmo que tudo dito pelo ex-Arcobaleno não passassem de mera especulação, ainda sim o ruivo ficava grato pelo mesmo dividir a informação. Assim não trabalharia sozinho. E com Marmon os ajudando o quebra cabeças articulado habilmente por Tsuna seria revelado em breve. E talvez com ele o mistério do suspeito assassinato do mesmo.

Mas Enma sentia que ainda faltava algo, e esse algo era o que estava furando com todos os planos de Verde, frustrando o ex-Arcobaleno ambicioso.

Mais não era apenas o gênio quem via-se intrigado e frustrado com aquilo tudo. O Kozato jamais imaginaria que seu melhor amigo fosse capaz de fazer algo tão complexo e intrigante, e – aparentemente – perigoso.

Bufou. Ainda recordava-se das palavras proclamadas por Tsuna quando se viram pela ultima vez. Até parecia que o moreno sabia que iria morrer e também quem o mataria.

Enma não conseguia deixar de se sentir ridículo quando pensava nisso, talvez comentasse com os ex-Arcobalenos essa possibilidade num futuro próximo, é talvez.

Engoliu em seco, parando frente a entrada do hotel. Toda e qualquer especulação que ainda rondasse sua mente havia sido jogada num baú e trancada em sua mente, apenas por enquanto já que teria de encarar a fúria semi-igual de uma Adelheid louca de preocupação. No fim se saísse vivo depois da “conversa” com sua Guardiã, o Shimon preocupar-se-ia novamente com tudo o que Verde lhe falara.

(...)

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2009.

Localização: Vindicare, sala de interrogatório andar superior – ala Oeste.

Nota: Não importa o quanto tente escapar, a morte sempre está à espreita.

Tateou o chão em busca de algo que lhe desse suporte para se por de pé novamente. O corpo fraco e magro não lhe ajudava nenhum pouco nos movimentos, mas não era como se importassem com isso e as algemas e correntes em seus pulsos arroxeados também lhe prejudicavam nos movimentos.

Gemeu sentindo dor perante o movimento brusco. E fora quando sentiu a mão escorregar sob o chão gelado que a azulada sorriu.

– Por que está sorrindo? – indagara Gokudera. Logo o sorriso alargara-se, e este fora apenas a resposta dada ao prateado, afinal nada sairia dos lábios da azulada.

Não ali. Não naquele momento.

– Ela não vai falar nada. – anunciou o moreno, Hibari. – Se aquele herbívoro acha mesmo que nos fazendo vir aqui após um ano da morte do onívoro fará alguma diferença, e que essa garota irá nos dizer algo, ele está completamente louco. – e assim a Nuvem solitária se afastou e se retirou, não havia mesmo motivos para ele estar ali.

E assim o sorriso dera lugar a uma gargalhada, esta que ecoava cruel pela mente dos Guardiões ali presentes os fazendo relembrar daquele trágico dia.

Mas no instante em que a gargalhada fez-se mais alta, esta fora substituída por tosses secas que marcavam com sangue os lábios e o chão frio.

Era quase como se morte espreitasse a mulher, e, de certa forma, era isso mesmo.

(...)

Quarta-feira, 17 de Outubro de 2009.

Localização: Mansão Giglio Nero.

Nota: É patético desistir de algo sem ao menos ter tentado.

Devagar abriu os olhos. Não havia claridade, apenas a escuridão mórbida e fria da noite acompanhada de uma tempestade torrencial.

Encarou o teto por alguns segundos, só então notando uma fraca iluminação por uma brecha através da porta.

Esgueirou-se para fora da cama, notando que ainda trajava as mesmas roupas de quando foram atacados pelo desconhecido encapuzado.

Mordeu o lábio sentindo-se inútil por não ter conseguido fazer nada. Mesmo sendo o Guardião do Trovão dos Vongola, ainda sim fora inútil. Precisava mesmo fortalecer-se.

Caminhou devagar em direção a porta entreaberta do aposento. Provavelmente não era tão tarde assim já que – através da brecha – podia ver Reborn ao celular caminhando de um lado para outro com suas pernas pequenas de um garoto entre sete e nove anos.

A carranca que estampava as feições do ex-Arcobaleno era de dar medo, e talvez por isso o jovem Bovino não atreveu-se a fazer um ruído se quer, isso e o fato de que estava curioso para descobrir sobre o que irritara tanto assim o moreno.

– Ela não disse nada? – questionou o garoto, a irritação mais que visível e palpável. – Como ela apenas riu? – grunhiu de forma que todos os pelos do corpo de Lambo se arrepiaram.

Engolindo em seco o adolescente se afastou da porta.

Se algo era perigoso o suficiente para deixar Reborn irritado, certamente era melhor ele não se intrometer.

Assim o jovem Guardião retornou para o leito em que a pouco se encontrava. Aconchegou-se novamente entre as cobertas e adormeceu, esperando poder sonhar novamente com seu querido nii-san.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Por favor, digam o que acharam. *-*
Ja'ne.