JANE THE KILLER

Acordei e me vi novamente na casa de Jeff, só que desta vez, estava tudo cheio de cinzas. As únicas coisas em ótimo estado naquele local eram a mesa, as duas taças de vinho em cima da mesa, uma garrafa de vinho e a cadeira em que eu estava presa.

Olhei para o lado e vi Jeff sentado em cima do balcão da cozinha.

- Achei que podíamos comemorar sua nova aparência aqui em minha casa. Alias, foi aqui que esse novo rosto surgiu. – Jeff disse.

- Você é louco.

- Talvez... Ainda não tenho certeza. – ele abriu a garrafa de vinho – Eu sei que você não vai rejeitar esse vinho, não é mesmo? – colocou vinho na taça mais perto de mim – Sabe, é engraçado, porque quando eu bebo qualquer coisa, meu sorriso arde, aí eu dou risada.

Eu estava chorando. Então resolvi perguntar:

- Jeff, por... Por que você é assim? Eu... Eu não entendo! – e cada vez mais eu chorava – Você parecia tão normal quando se mudou para cá...

Por mais Jeff fosse um assassino louco, maluco e sem sentimento algum, notei que ele se sentiu um pouco mal com o que eu disse.

- Bom... Matar é um ato que me preenche. Eu não tenho amigos nem nada. Esse é só um dos motivos. E... Ultimamente eu sinto como se alguma coisa fosse capaz de tirar isso de mim. Alguma coisa maior do que tudo. Talvez amor... – a voz dele falhou.

Naquele momento, eu estranhei. Alias, Jeff The Killer estava falando como se fosse um garoto comum, um garoto sensível, principalmente. Foi como se o passado dele, de quando ele era somente um garoto normal, tivesse voltado a ele por alguns minutos.

- Amor? – perguntei – E desde quando um assassino como você é capaz de amar?!

- Um assassino como eu? Um assassino como eu só é capaz de amar a partir de quando ele conhece uma garota como você, Jane.

Não sabia o que falar.

Até a voz de Jeff havia mudado.

- Bom, Jane, eu faço essas coisas com você porque eu... Porque eu sou um completo idiota, eu admito. Mas é o meu jeito psicótico de tentar demonstrar meu amor por você. Te prendendo comigo, te queimando só pra você ficar igual a mim e virarmos uma “dupla de branquelos psicopatas”, te mandando flores vivas ou quase mortas... E esse meu rosto te assusta, eu sei disso. Quando eu quero ficar perto de você, você treme, você fica com medo e assustada, só porque eu mato qualquer um que eu vejo pela frente. Mas você é a única pessoa na face da Terra, que eu não mataria por nada tão raro, algo TÃO raro quanto você. E olha... – Jeff começou a chorar – Olha o que eu fiz com você! Seu rosto! Eu sou um... Um... UM MONSTRO!

- Ei, Jeff, se acalma! Me solta dessa cadeira, por favor?

- Você vai fugir... – ele disse com uma voz misteriosa.

- Não, Jeff, eu só quero ajudar!

- VOCÊ VAI FUGIR! – ele gritou.

- Jeff! Deixa eu te ajudar!

Ele me soltou

- Foge agora, foge! – ele disse chorando.

Silêncio...

Me aproximei dele. Acariciei com calma o rosto dele e fiz um leve carinho na cabeça dele.

- Calma, Jeff, calma.

Ele rapidamente pegou em meu pulso.

- Tchau, Jane, até amanhã.

Jeff sumiu na escuridão e eu fiquei ali.

Pensei em várias casas de amigos que eu poderia ir, até lembrar que Jeff matou todos eles. Então me lembrei de escola. Eu precisaria estudar, quer dizer, eu não poderia deixar de ir á escola.

Fiquei pensando.

“Se eu passar corretivo e pó em mim, minha pele voltará a ser como antes. E até eu não achar ninguém, eu acho que posso ficar em minha própria casa mesmo, até achar algum lugar mais seguro.” Pensei

Problemas resolvidos.

Fui para a minha casa, tomei banho, guardei a máscara, deixei meu material preparado para o dia seguinte, limpei todas as marcas de sangue pela casa, tranquei todas as portas e janelas da casa e fui dormir.