Cap.4 ------------ Nico Di Angelo

Quando cheguei ao meu apartamento, me joguei na minha cama, só acordei com o som do celular tocando no criado mudo, mas não atendi.

Levantei mas decidi não atender, nem ler as mensagens, desliguei o celular, não queria ouvir nada do que dissessem. A campainha tocou, tocou outra vez, mais uma vez. Uma última vez e eu decidi atender.

Leo parecia ter tido um pesadelo, ele ainda usava pijamas, uma calça de listras cinza e uma blusa preta, o cabelo estava mais bagunçado do que o habitual.

– Oi. – Falei olhando para o relógio da sala, eram quatro da madrugada.

– Oi, eu posso entrar?

Saí da frente da porta dando a entender que sim. Ele entrou e ficou parado perto do sofá, sem se sentar.

– Cara o que aconteceu na festa e tal... – comecei a falar, sentindo a dor de cabeça chegar.

– Você está bem? – ele me interrompeu.

Não entendi a pergunta, mas não tive tempo de pensar sobre isso quando ele me abraçou.

Eu o afastei de mim e olhei no seu rosto. Ele estava chorando. Passei a mão na sua bochecha impedindo que uma das lágrimas caísse.

– O que foi?

– Eu sinto muito, muito mesmo.

– Do que você está falando?

Ele acabou chorando mais, e eu o abracei. Me perguntava onde estava o cara desafiador e com o sorriso sarcástico que eu conheci? Ele se afastou pedindo desculpas. Mas eu fiz algo que me surpreendeu, e acho que também o pegou de surpresa, eu o beijei.

Ele não respondeu ao beijo, mas também demorou pra responder, quando enfim tentou me afastar falou:

– Nico você não...

– Só me beija – falei de volta.

Ele não me decepcionou e me beijou com a mesma intensidade com a qual eu o beijava de volta, uma sensação de calor passou pelo meu corpo, mas não era igual à sensação de raiva que senti quando saí correndo da sala de aula, aquele dia era algo diferente. Fechei a porta atrás de mim e o puxei para dentro do meu quarto.

Não tinha ideia do que estava acontecendo comigo.

Eu estava realmente levando um cara pro meu quarto?

Não importava mais, eu só não queria me largar daquele beijo. Sentamo-nos no canto da cama, tornando aquele beijo cada vez mais perigoso. Eu passei as mãos pelos cabelos enrolados de Leo, e ele fez o mesmo com os meus. Envolvi as mãos pelo seu pescoço e ele recuou, deixando de lado o nosso beijo e me encarando.

– Nico, você recebeu a notícia?

– Do que você está falando? - Disse meio embriagado.

Olhei para o criado mudo ao lado da cama e fui em direção ao meu celular, liguei ele e vi que tinha uma enxurrada de mensagens pra responder, muitas pessoas, a mesma mensagem “sinto muito” ou “tudo bem?”.

Virei-me para Leo.

– O que houve?

– B-Bianca – ele gaguejou, evitando olhar nos meus olhos – ela sofreu um acidente de carro, ela saiu com Charles – Charles, o primeiro nome de Beckendorf, a primeira coisa que me veio à mente foi pensar o quanto ele estava bêbado na noite anterior – e ela...

– E ela? – Gritei para Leo.

– Eles não resistiram Nico, eu, eu realmente sinto muito.

Caí de joelhos encarando a tela do celular, passei pelo menos dez minutos assim, pelo que Leo me contou mais tarde, mas para mim o tempo não fazia mais sentido. Quando ergui a cabeça novamente para encará-lo a única coisa que pude perguntar foi:

– Onde ela está?

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