A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 7
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. Tentei revisar ao máximo, mas se ainda encontrar algum erro me avise!



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Capitulo VI

Esperei no quarto – agora praticamente vazio – enquanto Dante levava minhas coisas até sua casa voando. O quarto agora havia se tornado um quarto de visitas comum e nenhum rastro de Vinny Louis estava lá. Eu estava chorando na beirada da cama quando Dante chegou.

– Vamos? – ele falou. Eu confirmei e descemos até a entrada onde uma moto nos esperava.

– De quem é? – perguntei apontando para a moto preta novinha em folha.

– Bem, agora é minha. – ele falou. Eu dei de ombros e peguei o capacete que ele me ofereceu subindo logo depois dele, e dando uma ultima olhada para a casa onde cresci eu fui embora.

Dante me deixou na entrada da casa e disse que iria guardar a moto na garagem – da qual eu nunca soube da existência - e disse que minhas coisas estavam guardadas no quarto que era da Wing.

Dona Cho abriu a porta para mim e sorriu com compaixão quando viu meus olhos vermelhos. Ele me acompanhou até o sofá e me deu um copo com agua, o qual eu bebi vorazmente esquecendo se eu estava com sede ou não apenas com desejo de que os soluços passassem.

– Bem, finalmente em casa. – Dante sorriu ao romper a sala tirando a jaqueta de couro preta que estava usando para pilotar a moto. Abraçou Dona Cho e sentou-se no sofá ao meu lado. – Poderia me trazer um pouco de leite Dona Cho? – ele pediu e ela saiu em disparada a cozinha.

– Dona Cho é um anjo também? – perguntei.

– Bem que poderia ser. – ele sorriu. – mas não, ela apenas está aqui digamos como caridade, se é que me entende. – ele sabia que eu não entendia.

– Ah. – foi o que eu disse.

– Já viu suas coisas? – ele perguntou bebendo o leite que Dona Cho acabara de entregar a ele.

– Não, ainda não subi. - respondi

– Sei que está sendo difícil pra você, mas você tem que entender que sua alma já esgotou o máximo de vezes que se pode ter uma nova chance e para que complete sua vida tens que ficar aqui, até que resolvermos o seu problema. – ele disse.

– Não é para sempre? – disse um pouco mais animada.

– Não. – ele disse animando-me.

– Então vou ver meu quarto. Digo da Wing. – corrigi-me e sai um pouco melhor.

Quando cheguei ao quarto tive uma grande surpresa, a qual me fez chorar e rir ao mesmo tempo. Como ele tinha feito aquilo? Toquei a cômoda e a prateleira de livros, o lençol da cama e tinha uns papeis em cima dela. O guarda-roupa tudo estava exatamente igual ao meu quarto em minha antiga casa, se não fosse o fato de que agora o quarto estava bem maior era ele mesmo.

Então era isso que ele quis dizer com “tenho que arrumar umas coisas?”. Desci avida para agradecer, mas parei na escada quando ouvi que Dante e Dona Cho conversavam.

– Ela já sabe? – Dona Cho perguntava.

– Não, mas não acho que quando souber vá criar problemas, ela perdeu a memoria e não o ama. Quando os outros eliminarem o imortal fujão ela poderá ser livre. – ele falou orgulhoso.

– E onde ele está? – disse Dona Cho

– E é isso que nos impede. Não sabemos onde ele se esconde. Os imortais têm alguns dons e isso interfere na nossa captação. Mas é difícil não impossível, vamos acha-lo Cho e vamos mata-lo. – ele brindou com o copo de leite em sua mão.

Subi em disparada ao quarto, acho que Dante estava tão ocupado que não se deu ao trabalho de se esforçar para ler meus pensamentos já que estava tão perto. Meu coração martelava e doía. Robert? Morto? Eu sei que minha parte Vinny – eu havia decidido que havia duas partes de mim em mim mesma – não conhecia muito Robert, mas a parte Victoria era completamente apaixonada por ele. E ela não podia deixar que ele morresse.

Minha mente formulou um plano rapidamente, um não. Vários. Mas todos eles precisavam de apenas uma arma, minha habilidade de bloquear meus pensamentos, não sabia como conseguiria isso, mas pensei na possiblidade de ser tão fácil quanto querer. Querer. Isso me deu uma ideia.

E se bastasse querer que meus pensamentos focem bloqueados? Funcionaria? Não sei, mas agora era tudo ou nada já que o plano para salvar Robert era acabar com Dante. Ri sobriamente das minhas possibilidades de ganhar, eram tão obsoletas que davam vergonha de pensar, mas havia apenas uma chance. Algo que nasceu comigo e com qualquer mulher. A sedução.

Uma parte da minha cabeça se perguntava por que eu queria salvar Robert agora e não quando era Wing que planejava a mesma coisa. Mas eu sabia por que, havia algo em Dante que não havia em Wing, algo mortífero e consciente, muito longe da inocência de Wing minha antiga melhor amiga, nos olhos de Dante e quase podia ver a Morte.

Deitei na cama e vi os papeis que haviam sido deixados para mim, era minha carta de emancipação e minha nova matricula em uma nova escola, como eu Dante fez com que meus pais esquecessem minha existência eu apenas nunca nasci, e então minha vida inteira agora estava naqueles papeis.

Olhei para o teto imaginando como faria para avisar Robert, como o salvaria e como destruiria alguém que esta me “salvando”. Apaguei esse pensamento, Dante queria matar Robert, o verdadeiro amor da minha vida – ou o de Victoria, mas não importava ela era parte de mim também. Dormi murmurando o nome de Robert.

Eu estava em um grande salão repleto de pessoas com seus melhores vestidos de festa, era um baile de mascaras e eu observava tudo por de trás de minha mascara sentada ao lado de meus pais. A musica soava fazendo os casais dançarem graciosos e sincronizados, o baile era uma comemoração, meu pai havia escolhido um noivo para mim.

Eu estava louca para dançar, mas não queria que nenhum rapaz se aproveitasse. Eu queria dançar sozinha, mas fui claramente reprimida pela minha mãe. Mulheres não dançavam sozinhas nem com outras mulheres. Eu bufei.

Fiquei entediada e pedi que minha criada me acompanhasse até o ponche. Fiquei um tempo por lá observando os casais até que ele puxou conversa comigo.

– Não queres dançar? – ele me ofereceu um ponche, eu mostrei o meu para ele.

– Não, obrigado. – naquele breve instante fiquei hipnotizada por seus olhos. Azuis como o céu.

– Posso perguntar por que está tão sozinha? – sua voz e calma, doce, calorosa e familiar.

– Apenas por que quero. – respondo.

– O salão está muito abafado não achas? – por cima de sua mascara vejo suas sobrancelhas se arquearem formando um olhar especulativo.

– Conheço muito bem o jardim. – respondi. E então deixando minha criada sozinha fomos caminhar pelo jardim.

Ele caminhou sem dizer nada por alguns minutos, até onde a musica alta do castelo era apenas um zunido baixo, sentamos num banco de mármore que estava quase todo coberto por madressilvas que o deixava com um cheiro maravilhoso.

– Qual seu nome linda donzela? – ele perguntou, mexendo em seus cabelos loiros.

– Victoria. – respondi apenas com meu primeiro nome, não queria que meu sobrenome de peso estragasse tudo. – E o seu? – acrescentei.

– Robert Ivan. – ele beijou minha mão. – Muito prazer. – eu sorri desconfortável.

– E o que trás o belo senhor Robert ao castelo? – falei

– Estou atrás de uma bela donzela. – ele olhou para o céu estrelado. Senti um enjoo em meu amago, ele estava procurando alguém. Baixei os olhos. – Estava procurando por você.

– Por mim? – falei surpresa, sem conseguir esconder minha felicidade em minha voz.

– Sim pequena Victoria. – ele sorri. Nesse instante senti uma profunda necessidade de ver seu rosto ainda coberto pela mascara.

– Ninguém me chama assim desde que... – eu parei recordando.

– Desde que o pequeno Ivan foi banido de sua companhia. – ele completou e sorriu tirando a mascara de cobria seu rosto.

A compreensão chegou quase ao mesmo tempo em que as lagrimas e os risos histéricos demoraram a chegar. Eu o abracei com toda minha força, como eu não reconheci meu par de belos olhos azuis? Ivan, meu pequeno Ivan. Meu melhor e único amigo, fiel escudeiro, parceiro de todas as horas, ombro amigo. Meu Ivan. O qual foi levado de mim quando tinha apenas sete anos, como pude esquecer? Há nove anos ele fazia parte da minha vida, há nove anos ele era parte de mim.

– Ivan. – eu continuei falando seu nome repetidas vezes sem acreditar que agora o homem em meus braços era real. Quanto tempo havia se passado! Ele que antes de me deixar tinha onze anos, agora devia estar perto dos vinte e um assim como eu estava perto dos dezessete.

– Sim sou eu minha amada. – ele me abraçou forte, as lagrimas molhando sua camisa limpa e nova, bem diferentes das quais ele usava na nossa época de infância, tempos em que ele trabalhava no castelo, do qual ele foi banido.

– Como você entrou hoje? – perguntei.

– Ninguém sabia meu primeiro nome foi muito fácil. – ele sorriu.

– Oh Ivan, pensei que nunca mais o veria. – eu voltei a agarra-lo, ele gemeu de dor.

– Calma pequena Victoria. – ele sorriu lembrando-se do meu apelido devido a minha altura. – Teremos muito tempo agora que trabalho no castelo. – ele pousou as mãos sobre meu rosto e eu beijei as palmas de suas mãos. – Eu vim salvar você.

Ele puxou a mascara que cobria meu rosto, cada pedaço do meu corpo irradiava energia e arrepios. Agora nosso amor não era inocente como quando éramos apenas crianças, agora havíamos atingido a fase adulta, e nosso amor não havia diminuído e sim aumentado. Como eu sabia disso? A resposta estava no beijo doce e crescente que ele me deu.

– Senhorita Vinny. – alguém me balançava continuamente tentando me acordar. Abri os olhos tentando focalizar o que estava me batendo e assim que ela abriu as cortinas cobri meus olhos com as mãos.

– Que horas são? – dei um pulo da cama, acho que estava atrasada para a escola.

– Ainda é cedo, mas a se a senhorita quiser tomar um bom café é a hora ideal. – Dona Cho sorriu. – Quer que eu prepare seu banho?

– Não, posso fazer isso sozinha. – dispensei-a depressa, acho que devia ter acrescentado um obrigado antes que ela saísse em disparada para fora, mas era tarde demais.

Fui até o banheiro grande e iluminado do quarto. Olhei-me no espelho e vi que meus olhos estavam secos e sem vida apesar do verde que explodia de cor. Eu havia chorado a noite. Recordei meu sonho, dessa vez focalizando cada detalhe. Lavei o rosto e escovei os dentes, e depois entrei no chuveiro. Havia uma dúzia de shampoos com todas as fragrâncias possíveis, menos minha favorita. Dei um suspiro triste e lavei os cabelos com um com cheiro de chocolate.

Enrolei-me na toalha e penteei os cabelos ruivos e cacheados deixando-os macios e então voltei para o quarto. Secava meu corpo quando ele entrou sem bater, tentei cobrir meu corpo nu rapidamente, mas era óbvio que ele havia visto alguma coisa.

– Er, hum... – ele tossiu. Fechou a porta de modo que pudesse falar atrás dele e ainda a deixando meio aberta. – Seu novo uniforme. – então Dante jogou-os por cima da cama e fechou a porta.

Meus músculos ainda em estado de choque pegaram o uniforme e o examinaram, era uma blusa branca de mangas curtas e gola, a saia era preta cheia de pregas. Era bonitinho.

Coloquei tudo e ajeitei o cabelo em uma trança embutida e então desci para meu primeiro café da manha com Dante.

– Bom dia. – ele falou. Estava arrumado com o mesmo uniforme que eu coma diferença que ele vestia uma calça preta e a blusa branca era maior e mais larga.

– Bom dia. – sentei e Dona Cho serviu café para mim. Eu sorri agradecendo, meio tímida com aqueles tratamentos.

– Dormiu bem? – ele perguntou e me olhou diretamente. Ele queria ler meus pensamentos.

– Sim. – desviei o olhar e concentrei-me em passar geleia em uma torrada.

– Hm, que bom. – ele tomou um gole do chocolate quente e percebi que também tinha um pedaço de torta de chocolate. – Leu os papeis que deixei pra você?

– Huhum. – murmurei meio desconfortável.

– Comprei seu material ontem, estão na escola e está aqui sua chave. – ele me entregou a chave do armário. Eu a peguei e coloquei em minha bolsinha.

Ficamos em silencio por um tempo, o único barulho que se ouvia era o tintim das xicaras batendo de volta aos seus pires. Eu tentava não pensar sobre ontem, nem mesmo sobre o que tinha ouvido ou o que planejava, mas era difícil. Então pensei que estava na hora de tentar o meu plano. Eu queria bloquear meus pensamentos. Eu bloquearia meus pensamentos.

Permaneci concentrada em minha tentativa. Esse era o primeiro passo para salvar Robert e eu tentaria a finco, ouvi Dante arquejar e olhei para ele. Suas sobrancelhas estavam juntas formando uma testa enrugada e confusa.

– O que está fazendo? – ele perguntou. Estava dando certo, mas eu precisava testar.

– Nada. – menti com a maior naturalidade que pude ainda concentrada.

– Nada mesmo? – ele me olhou confuso. Ele não sabia se eu estava falando a verdade. Balancei a cabeça confirmando, não confiava em minha voz naquele momento.

– Por quê? – perguntei baixinho ainda em duvida sobre minha voz.

– Perdi seus pensamentos do nada. – ele suspirou e deu de ombros. – Deve ser algo comigo, logo eles voltarão.

– Claro. – e então não consegui mais me concentrar. Soltei um suspiro exausto.

– Hum. – ele ficou pensativo um minuto. – Voltaram. – ele sorriu. Eu tentei sorrir. – om está na hora. Vamos? – ele ficou de pé. E me esperou, eu levantei e o segui.

Debaixo da escada havia uma portinhola branca – assim como o resto da casa – que eu imaginava ser um armário de casacos ou algo do tipo. Perguntei-me se ele iria pegar um já que estava abrindo-a. Ele a abriu e deixou a aberta de modo que eu passasse só que não o fiz.

– Não vai entrar? – ele me olhou confuso. Irritava-me ele perguntar algo que ele já soubesse a resposta. Mas passou pela minha cabeça que ele só tentava ser educado.

– Não em um armário de casacos. – respondi. – Pensei que estivéssemos atrasados para a escola.

– E estamos. E você não ajuda em nada travando como uma mula. – ele me olhou atônito. Abri a boca com o espanto, ele havia me chamado de mula?

– Hmpf. – bufei e entrei.

Havia uma escada logo após a primeira entrada e estava extremamente escuro, mal dava para ver um palmo a minha frente. Desci com cuidado as escadas, não eram muitas, mas foi o suficiente para me deixar arfando um pouquinho, não com o esforço e sim com o medo de tropeçar no salto médio que havia colocado e cair como uma tonta.

Assim que acabei as escadas deparei-me com uma cordinha que era ligada a uma lâmpada. Puxei-a de imediato, odiava a escuridão. Arfei. Era uma imensa garagem. E eu não exagerava no imenso, dava tranquilamente metade da casa – que não era nem um pouco pequena.

E no meio de entulhos, ferramentas, e algumas pequenas sucatas, estava a reluzente moto preta de Dante, a mesma que ele havia ido me buscar em casa no que parecia séculos atrás, mas havia sido apenas ontem. Essa palavra me deixou atormentada por um instante. Ontem. Repassei mentalmente a quantidade de tempo que foi necessária para que minha vida mudasse totalmente. Uma semana e alguns três dias? Parecia uma eternidade para mim.

– Pegue os capacetes ali. – Dante falou ao pé do meu ouvido assustando-me como gostava de fazer e apontando para o armário.

– Já pedi para parar com isso. – falei irritada, indo buscar a porcaria dos capacetes. Ele tinha um dom especial de me irritar.

– Sim, é um dom. – ele falou sarcástico. Mostrei língua para ele e dei o capacete prateado para ele.

– O preto é meu. – sorri maliciosamente quando ele fez uma cara descontente e pôs seu capacete subindo na moto. Era uma bela imagem ele subindo na moto, meio sexual eu diria até.

– Controle seus pensamentos Vinny. – ele falou com a voz abafada pelo capacete. Eu ri e pus o meu também. Antes de subir lembrei-me de um pequeno detalhe.

– Estou de saia Dante. – falei meio envergonhada, meio irritada. E para minha surpresa ele riu descontroladamente.

– Vai ser uma cena engraçada de se ver. – ele ligou a moto. Não tinha escolha. Subi na moto tentando prender a saia de modo que ela não voasse quando ele acelerasse.

– Você é um idiota sabia? – falei agarrando-me a ele. Percebi que sua camisa era quase tão fina quanto a minha. Já sabia onde iria cravar minhas unhas. Poucas na verdade, eu as roía.

– Segure firme, mas não tão firme. – ele riu.

Não pude deixar de perceber antes que ele abrisse o portão que dava acesso à saída da garagem que ela era a única parte da casa que não era branca, era creme sujo. Não havia jeito de descrever melhor, a parede realmente estava suja, e enquanto esperávamos o portão terminar lentamente de abrir eu vi os pedaços de madeira pintada no canto da garagem. Pelo visto quem fez meus moveis foi o próprio Dante.


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Notas finais do capítulo

Obrigado.



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