Avalon escrita por Mrs Green


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

[AVISÃO: OLÁ, MATES!!!!
BEM, HOJE ESTAMOS COMEMORANDO #RedBeautyBDay
Aproveitem o dia, leia um livro, comam panquecas, tomem um chá gelado, escrevam, leiam sobre elas, mandem tweets...
Enfim, tornem esse dia lindo. Obrigada...]


Olá, bem esse capitulo tem mais Rumbelle que Red Beauty, como não shipo muito (shipo nada!!!) eles a cena pode ter ficado um pouco ruim, relevem... E qt aos erros de portugues, bem desculpa...
Espero que gostem, gosto de escrever sobre essas duas...
É isso, obrigada.



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Capitulo 1

Eu não me importava mais com meu destino. Eu sabia que ele seria incerto, desde o momento em que aceitei abrir mão da minha vida, da minha liberdade em troca da felicidade do meu povo. De modo que eu não tinha medo do que aconteceria comigo, quando aquele homem de pele verde e sorriso forçado, me tomou em seus braços e me levou consigo. Os dias no castelo do senhor das trevas não eram tão ruim como eu imaginava, o que me incomodava de fato era a solidão, o silencio que ele sempre mantinha, as frases curtas e cheias de ironias que não faziam outra coisa além de encher meu coração de ódio. Ate eu perceber que isso não me levaria a lugar algum. Que não importava o quanto eu o odiasse, isso não mudaria minha situação, só tornaria meu coração negro, só faria com que eu me tornasse cada vez mais como ele.

Então eu decidi que o melhor a fazer, era conhecê-lo melhor, mas ele era inacessível, tão cheio de camadas, tão cheio de si. De modo que era muito difícil conseguir uma resposta, ou arrancar uma risada dele que não fosse de deboche. Aos poucos então desvenda-lo, foi se tornando um fascínio para mim. Eu queria saber todos os motivos que o levou a se tornar esse monstro. O porquê da maldade, do ódio que eu via em seus olhos, o porquê do quarto de criança no primeiro andar, o porquê das janelas sempre fechadas, dos espelhos sempre cobertos e da tristeza no olhar. Tristeza era um dos únicos sentimentos que eu via nele, além do ódio. Eu queria entender esses dois, porque basicamente era tudo o que ele era para mim: uma confusão de tristeza e ódio.

Passei a observa-lo fiar a palha e criar seu ouro, observava a palha se transformando nesse elemento e acompanhava os gestos que ele fazia com as suas mãos. Sempre me perguntava o que passava em sua mente, se ele gostava de fato de fazer isso e se havia outra coisa que ele gostava mais.

Um dia ele me respondeu, eu estava em pé na escada, tentando deixar que a luz entrasse um pouco naquele local tão escuro. Eu olhei para ele sentando, para sua expressão perdida enquanto girava aquela roda de fiar, o silencio reinava e não sei de onde eu tirei a coragem para falar algo, apenas me lembro de ter feito a pergunta:

“Por que você gira tanto?”- e ele parou de súbito quando ouviu minha voz e olhou em minha direção, por alguns breves instantes, voltando a atenção novamente ao que fazia. – “Desculpa, é que transformou mais palha em ouro do que poderia gastar.”- continuei e pra minha verdadeira surpresa, ele me respondeu.

“Gosto de observar a roda.”- sua voz soou distante e depois de uma breve pausa ele continuou: - “Isso me ajuda a esquecer.”

“Esquecer o que?”- eu insisti, e ele para então a roda e responde naquele tom de sempre, seguido de uma risada.

“Acho que funcionou.” – e em seguida seu olhar vai de encontro ao meu, e não sei por que a risada dele me contagia e então eu também dou risada e volto então a minha atividade que parecia não ter fim: a de tirar as cortinas, que pareciam estar pregadas à janela.

“O que você está fazendo?”- escuto a voz dele, ele havia se levantado e caminhado em minha direção, enquanto eu usava toda a minha força para puxar a cortina.

“Abrindo. É quase primavera, devíamos deixar a luz entrar.” – respondo e tento novamente puxar a cortina e acabo descobrindo então, que ele havia pregando-as de fato à janela. E tento então com mais força e de fato consigo, mas no processo acabo caindo da escada, e sou amparada por ele. Foi a primeira vez que eu vi seu rosto, desde o dia em que ele me capturou. A luz do Sol que entrava pela janela, tornava o tom de pele dele mais claro, seus olhos amarelos mais vividos, e eu pude olhar bem no fundo deles e então eu vi que ali dentro havia algo de humano. Mas estava tão escondido e tão profundo, que eu acho que ele nem sabe que estava guardado ali dentro.

Eu acredito que foi a primeira vez que aquela fera teve contato com alguém humano, acredito que ele já não mais se lembra de como é se sentir assim. Vejo isso diariamente nele, vejo o quanto ele se esforça pra se manter nas sombras e que mesmo que eu abra as cortinas e que a primavera chegue, ainda assim há muita escuridão dentro dele, não acho que é esse tipo de luz que ele precisa.

A cada dia mais eu tentava uma aproximação, às vezes eu me sentia patética por fazer isso, mas ele era tudo o que eu tinha e eu acreditava que ele pensava em mim da mesma forma. Naquela tarde eu servi seu chá e o observei despejar o liquido na xicara de cerâmica, o observei olhar distante pela janela, não sei o que ele observava e meu interesse não estava em sua visão. E sim eu seus pensamentos, então eu me aproximei dele, na verdade eu quase o segui e o vi se esquivar de mim, como se tivesse medo do contato. Sentei-me a mesa próxima a ele e então perguntei novamente, dessa vez algo que já há algum tempo me incomodava.

“Por que me quis aqui?”

“O lugar estava nojento.”- ele respondeu, dando um gole no chá.

“Eu acho que você estava solitário.”- respondi de volta e ele me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais absurda de todas. – “Digo, qualquer homem estaria solitário.”- continuo e seu olhar abaixa e ele se senta ao meu lado enquanto diz.

“Eu não sou um homem.” – e ficamos em silêncio por alguns segundos, até que eu começo a falar novamente.

“Eu tive alguns meses para olhar por ai.”- eu digo com cautela, tenho medo da reação dele com o que eu diria a seguir. – “E, subindo as escadas, tem roupas, pequenas, são para uma criança? Eram suas... ou tinha um filho?”- pergunto e novamente há uma pausa e ele olha para mim, não vejo o ódio agora, só a tristeza.

“Tinha.”- ele me respondeu. – “Tinha um filho. Eu o perdi. Assim como a mãe dele.”- ele continua e eu não soube o que dizer logo de cara. Então apenas disse o obvio.

“Eu sinto muito.” – e acho que ele sentiu que minhas palavras eram verdadeiras e por algum motivo eu senti a necessidade de continuar a falar. – “Então você já foi um homem. Um homem comum.”- foi uma afirmação, não uma pergunta e confesso que eu esperava que ele dissesse algo, o que não aconteceu, então eu insisto mais uma vez. – “Se nunca mais conhecerei outra pessoa na minha vida, posso ao menos lhe conhecer?”

“Talvez...”- ele respondeu, se levantando e movimentando suas mãos na frente do meu rosto, enquanto seu tom de voz voltava a ser novamente cheio de ironia. – “Talvez você só queira saber a fraqueza do monstro.” – continuou ele. – “Não, não, não.”- disse outra vez, com o dedo em meu rosto, enquanto eu apenas sorria e o achava a pessoa mais infantil que eu já conheci.

“Você não é um monstro.”- é tudo o que eu respondo e pela expressão em seu rosto, vejo que ele está verdadeiramente surpreso com minhas palavras. – “Você se acha mais feio do que é. Por isso cobre todos os espelhos, não é?”- e ele não me responde, porque algo nos atrapalha, mas ainda assim não acho que havia necessidade de resposta, pois ele sabia que isso para mim não era mais segredo. Aos poucos eu estava desvendando-o, aos poucos ele eliminava cada camada que havia em si, que impedia que o humano que havia dentro de si sobressaísse em relação à fera. Aos poucos eu também ia me abrindo para ele, contando coisas sobre mim, e sobre meus sentimentos em relação a mim mesma, que jamais contei a alguém.

Por algum motivo, era como se ele me entendesse, na verdade, o silencio dele e a falta de julgamento me fazia pensar que ele me entendia. De certa forma, eu não ligava, eu gostava de falar com ele, mesmo que eu recebesse uma resposta cheia de deboche e risadas. A cada dia que passava, eu me dava mais conta de que ele era tudo o que eu tinha.

Uma tarde ele fez um acordo comigo, me disse para ir à cidade, me pediu para que lhe trouxesse palha e que em troca ele me contaria a historia de seu filho. Eu o questionei, eu queria saber como ele confiava de que eu voltaria. E novamente com a voz cheia de deboche, ele me disse que esperava que eu não voltasse e eu aceitei o acordo. Mas do contrario do que ele esperava, eu tinha total intenção de voltar para ele. Ainda havia tanta coisa que eu queria desvendar daquele homem e além do mais, eu entendia o porquê eu ele me queria ali: ele precisava de mim.

Então eu fui ate a cidade e no caminho encontrei uma mulher, ela caminhou comigo pela estrada e parecia saber de tantas coisas e entender de tantos sentimentos que eu nem percebi que ela me manipulava, pois a verdade era que eu precisava de alguém com essas qualidades, para me ajudar a entender meus sentimentos. Ela me disse sobre um beijo, sobre um beijo de amor verdadeiro, que era capaz de quebrar qualquer maldição. E ainda assim duvidando de que ela poderia estar errada, eu a ouvi e voltei imediatamente para o castelo do senhor das trevas.

Durante todo o caminho eu me questionei se eu tinha o que era necessário para isso, se eu o amava de fato, se um beijo seria o suficiente. Eu sabia bem que sentia algo sim por ele. Mas amor? Amor eu jamais senti por alguém e era o tipo de sentimento que eu só conhecia dos livros que um dia eu li, jamais havia sentindo-o e parecia algo tão distante para mim. Mas a cada passo que eu dava em direção ao castelo, mais certeza eu tinha de que o sentimento que eu nutria por aquele homem era de fato amor. Eu só precisava ter a certeza de que ele era verdadeiro e acima de tudo: reciproco.

Ele fingiu estar tão indiferente quando viu que eu havia voltado, mas eu podia ver em seus olhos, em seus grandes olhos amarelos, que ele estava feliz em me ver. Pude até ver um pequeno sorriso em seus lábios, um sorriso que levou junto algumas camadas que ainda havia sobre si. Eu me aproximei dele então, enquanto ele começava a fiar sua palha, o fiz parar e me sentei ao seu lado, pedi então que ele me contasse a historia de seu filho. Eu tinha minhas mãos em seu joelho e meu olhar fixo no dele, e então ele me contou, de uma forma breve, como se quisesse se livrar de mim.

E quanto parou, ele se aproximou de meu rosto e mais uma vez eu vi todo seu lado humano, refletido em seus olhos, ele quis saber o porquê eu voltei e eu podia dizer todos os motivos pelo qual eu havia voltado, mas ao invés disso eu me aproximei mais dele e toquei meus lábios nos dele por alguns segundos. Foi meu primeiro beijo, e eu tinha meus olhos fechados durante aqueles poucos segundos que meus lábios e os dele eram um só, quando eu abri meus olhos eu pude ver diante de mim a fera indo embora. Seu rosto verde tornando-se novamente de um tom humano, e ele parecia confuso, e eu toquei em seu rosto, em seus cabelos e o trouxe para perto de mim, explicando para ele que a maldição havia sido quebrada. Ele me olhou cada vez mais confuso, mas obedeceu quando eu disse para que ele me beijasse novamente, e dessa vez não foi breve como o primeiro beijo. Dessa vez ele ditou cada passo, cada movimento, eu senti sua língua na minha, e suas mãos em minha nuca nunca deixando que eu quebrasse o beijo. Não sei quanto tempo durou aquele beijo, não sei quem quebrou o beijo primeiro. Só sei que quando acabou eu o olhei bem no fundo de seus olhos e vi que agora era a fera que havia adormecida na profundeza daquele olhar, que já não eram mais amarelos e sim castanhos e agora: completamente meus.

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Pensei que seria ele que me ensinaria a amar, mas foi o contrario. Percebi o quanto ele não sabia sobre o amor e o quanto era difícil pra ele, mesmo sem sua pele de crocodilo, se entregar para mim e demonstrar seus sentimentos reais. Ele se sentia vulnerável sem os seus poderes e às vezes eu sentia que se eu o deixasse por algum motivo, ele provavelmente voltaria para as trevas. Então eu o prendi o mais forte que pude junto a mim, e tentava absorver dele todo o mal que ainda restava nele.

Não foi um relacionamento fácil, havia tanta insegurança e tantos medos, mas ainda assim tudo o que vivemos foi lindo. Ele se esforçava mais do que realmente podia, e eu jamais poderia duvidar um segundo sequer do amor dele por mim. Nós éramos felizes, fomos felizes, mas não durou muito. Era primavera, e novamente eu abri todas as janelas, o castelo estava mais iluminado, mais feliz e o cheiro das rosas que eu havia trazido para dentro dos cômodos, tornava tudo mais alegre. Naquele dia ele também estava tão alegre quanto o castelo e não havia outra coisa em seu sorriso do que felicidade e eu gostava disso. Não sabia, porém, que os minutos que se seguiriam, levariam aquele sorriso para longe de mim.

–x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

O nome dela era Regina, e ela a Rainha de toda aquela terra e quando ela adentrou o castelo, seguida de seus guardas reais eu então a reconheci como a mulher da estrada. Ele ficou então em minha frente, me protegendo daquela mulher, que tinha um sorriso malicioso no rosto e andava pelo cômodo com a graciosidade de um cisne, ela então parou, diante do divã que ali havia e sentou-se nele como se fosse dela por direito.

“Não vim aqui para fazer mal algum.”- sua voz soou, ela não tinha a mesma voz que uma vez usou quando nos conhecemos na floresta e me olhou de cima abaixo com seus olhos castanhos. – “Eu quero algo de você, Senhor das Trevas... Ou devo-lhe chamar por outro nome? Agora que você não passa de um homem comum?”- ela perguntou, com uma breve risada, enquanto eu olhava o rosto de Rumple se contorcendo de ódio em minha frente.

“O que você quer?”- ele perguntou, com um tom de voz frio, ela arqueou as sobrancelhas em reação ao tom de voz dele e se levantou, caminhando em nossa direção. Ele me protegeu mais com o seu corpo e ela me olhou novamente, agora bem no fundo dos meus olhos, em nenhum momento eu desviei o olhar, queria entender suas verdadeiras intenções, mas seu olhar não entregava nada.

“Você sabe o que eu quero.”- ela respondeu caminhando por entre o cômodo. – “Eu quero a maldição, a maldição que você criou e que devia ser minha por direito.”

“Não.”- foi tudo o que ele respondeu, em um tom firme e determinado, ela lhe lançou então um olhar cheio de ódio e esticou suas mãos em minha direção, ela estava bem longe de mim, mas eu senti suas mãos em meu pescoço, senti seus dedos me apertando e o ar sendo roubado de mim.

“Não?! Tem certeza que é essa resposta que você que me dar, Rumplestiltskin!?”- ela perguntou, com a voz dominada de raiva, esticando sua mão livre e impedindo que Rumple viesse ao meu encontro. – “Você irá me dar a maldição e em troca disso eu pouparei a vida de sua amada... Você tem até o final da semana para me entregar, caso contrario eu voltarei aqui e não vou pensar nenhum segundo quando quebrar o pescocinho dessa garota. Essa maldição será minha, queira você ou não.”- ela disse por entre os dentes, abaixando os braços em seguida, eu cai no chão, completamente sem ar, a vi sair do cômodo, sendo seguida por seus guardas, Rumple veio em minha direção no mesmo instante.

“O que é isso que ela quer, Rumple?!”- eu o questionei, ele estava completamente em conflito, eu podia ver o medo em seus olhos, então eu o abracei e esperei que ele se acalmasse para então me contar.

Era uma maldição que há anos atrás ele havia criado junto com Regina, essa maldição levaria nosso mundo para outro sem magia, onde o seu filho estava. Isso o ajudaria a recuperar a criança e ajudaria Regina a se vingar. Ele nunca usou a maldição, segundo ele, ela não estava completa e muitas coisas mudaram ao longo dos anos, ele mudou, na verdade eu o mudei. Não havia mais espaço no coração dele para vingança, ele havia se perdoado e aceitado que havia perdido seu filho. Mas aparentemente a Rainha não havia cessado sua sede de vingança e não iria desistir daquela maldição nem tão cedo.

Aquela noite ele se trancou em seu quarto de poções, eu o via pela fresta da porta, ele estava procurando uma forma de mudar a maldição. Sem os seus poderes isso seria impossível, ele batia com força sua mão sobre a mesa e eu o via perder a esperança. Eu não podia saber de fato as consequências daquela maldição, mas eu sabia que significava uma coisa: ele iria me perder. Aproximei-me então dele, e o abracei pelas costas, senti a mão nele na minha e o ouvi chorar.

“Nós vamos achar um jeito, acredite, Rumple.”- eu sussurrei para ele em seu ouvido e ele apenas assentiu, embora eu sentisse que isso era algo que ele não acreditava.

Ele passou o resto da semana trancado em seus próprios pensamentos, cada hora que se passava, eu temia que a Rainha voltasse e tomasse o que ela tanto queria. Não parecia que havia outra saída, eu contava as horas então, para me ver longe dele. Mas algo aconteceu uma noite, ele me acordou de meu sono e eu o vi pegar um grande baú, o acompanhei com os olhos e o vi tirar todas minhas roupas do armário e guardar todas elas no baú. Fiquei em silencio, observando, enquanto todas as coisas daquele quarto iam sendo jogadas rapidamente por ele dentro do baú. Até que já não houvesse mais espaço, em seguida, vi homens entrando no cômodo, pegando o baú e o carregado dali. Eu estava muito confusa e uma vez sozinha, eu me levantei e caminhei pelos corredores em direção ao salão principal, olhando que varias coisas estavam sendo empacotadas daquele castelo, como se fossemos nos mudar dali. Rumple estava agitado e dava ordens rápidas a alguns homens que estavam ali, que o obedeciam sem questionar. Nunca havia visto nenhum deles, mas pareciam fazer algo importante.

“Se arrume, Belle.”- foi tudo o que ele me disse. – “Coloque um casaco, fará frio e guarde algo para comer durante a viagem.”- concluiu ele e o vi sumir dali. Obedeci, olhei meu reflexo no espelho, quando coloquei minha capa verde e segui novamente em direção ao salão principal. Quando eu o encontrei novamente, ele carregava uma pequena mochila e um arco e flecha.

“Nós vamos caçar?”- eu perguntei, e ele me respondeu que era só por precaução e me entregou o arco e flecha em seguida, eu olhei para aquela arma em minhas mãos e a coloquei sobre o ombro, seguindo então Rumple, que estava indo em direção à entrada do castelo. Uma grande carruagem nos esperava, eu tive tempo de olhar o que estava guardado atrás da carruagem, havia algumas malas e comida. Não o questionei, apenas segurei sua mão e seguimos em silencio por toda a viagem. Ele parecia distante, com o olhar completamente perdido. Outra carruagem nos seguia, com os homens que o ajudaram a carregar as coisas. Eu queria muito entender o que estava acontecendo, parecia importante, mas eu tinha medo de saber a verdade e então escolhi o silencio. Chegamos ao mar e eu pude ver um barco não tão grande ancorado à baia, eu olhei para Rumple, assim que a carruagem parou e novamente minhas perguntas foram silenciadas.

Desci com ele e vi quando os homens rapidamente colocavam todas nossas bagagens no barco, ele ficou apenas parado em silencio, observando e eu me aproximei dele, segurando firmemente sua mão. Até que ouvi cascos de cavalos e me virei para ver que um homem solitário se aproximava de nós. Era um homem loiro, com vestes de Rei, ele saltou do cavalo e caminhou em nossa direção, eu notei então que outro cavalo, montado agora por uma garota de capuz vermelho, se aproximava também. Ela saltou do cavalo, assim que se aproximou do loiro e caminhou em nossa direção junto com ele.

“Rumplestiltskin.”- disse o homem. – “Eu espero que nosso acordo seja cumprido de fato.”- continuou ele.

“Será sim, príncipe. Não se aflija. Sua filha ficará bem e daqui a 28 anos, ela quebrará a maldição... É claro, que nem tudo será tão fácil ate que esse dia chegue e muito menos depois que ele chegar.”- disse Rumple. – “Apenas faça tudo o que foi combinado.”- continuou ele.

“Por que eu não posso mandar minha mulher e minha filha junto com ela?”- ele questionou em um tom preocupado, estendendo sua mão em minha direção.

“Porque para onde ela vai o tempo funciona de outra forma, sua filha precisa ir para o mesmo mundo que nós... Caso contrario, ela jamais quebrará a maldição.”- ele respondeu e eu olhei confusa para ele, sem entender o que ele quis dizer com isso. – “O quanto ela é confiável?”- Rumple continuou e apontou com o queixo para a morena ao lado do príncipe, a morena olhou para o príncipe e depois para Rumple e então pela primeira vez ela olhou para mim e abaixou o capuz vermelho que usava, revelando melhor o seu rosto e seus grandes cabelos negros.

“Ela é a melhor soldado que temos.”- o príncipe respondeu. – “E a mais leal.”- continuou ele. – “Se tem alguém que pode proteger sua princesa, esse alguém é ela.”- concluiu ele e assentiu para a morena ao seu lado, que respondeu com um sorriso triste, e uma breve reverencia, olhando novamente para mim.

“Ótimo, embarque então suas coisas. Pois daqui vocês seguirão sozinhas.”- Rumple disse para a morena e eu ouvi então pela primeira vez sua voz.

“Eu não trouxe muito.”- ela disse. – “Só isso me basta.”- ela disse, tocando então na capa que usava e seguiu em direção ao barco. E o príncipe então a seguiu, deixando novamente Rumple e eu a sós.

“O que está acontecendo, Rumple?”- eu o questionei, ele segurou minhas mãos com firmeza e me olhou bem dentro dos olhos e eu vi que ele chorava. – “Rumple...”

“Não há outra forma de quebrar a maldição, Belle. Ela já fora escrita e está premeditada a acontecer. Tudo o que eu posso fazer é torcer para que a filha do príncipe cresça e quebre então a maldição. Mas isso irá demorar, irá demorar muito, e eu temo o que possa acontecer se a maldição te levar também. De modo que eu escolhi te proteger, Belle. Irei te mandar para esse lugar, onde a maldição não te atingirá. O tempo lá correrá de outra forma, pode demorar 28 minutos, 28 dias. Eu não sei, mas eu te terei novamente um dia, Belle... Eu te verei novamente.”

“Por que você não pode vir comigo?”- eu o questionei, sentindo agora minhas lagrimas, ele tocou em meu rosto, secou uma por uma e me beijou na testa, antes de me responder.

“Porque eu preciso que a maldição me atinja, é a única forma de garantir que um dia ela seja quebrada.”

“Isso é um absurdo!”- eu disse, com a voz tomada pelo choro e pela raiva, eu não podia e não queria acreditar que ele estava me mandando ir embora. – “Você precisa de mim!”- eu gritei e novamente ele me tomou em um beijo e eu o vi responder que ele sabia bem disso e que por isso estava escolhendo me proteger.

Ele então soltou meu rosto, e segurou minhas mãos por alguns segundos e ficamos em silencio, deixando apenas nossas lagrimas falarem por nós dois, eu soluçava e tentava não deixar minha respiração descompassada, mas a cada minuto que se seguia eu percebia mais o desespero que havia em meu peito. Cada minuto que se seguia eu queria mais gritar para que ele deixasse que eu fosse com ele, e a cada minuto que se passava eu percebia então o quanto ele me amava e o quanto estava sendo difícil para ele, me deixar ir.

Ele não disse que me amava aquele dia, ele nunca me disse, me beijou nos lábios e me acompanhou até a rampa do barco, que eu subi sozinha, sem olhar para trás, eu olhei para a garota que ali estava, que seria minha protetora nesse lugar desconhecido e segurei sua mão, que me fora estendia assim que eu subi a bordo.

Eu caminhei em silencio pelo barco e vi a garota ir em direção a cabine, percebi que seguiríamos sozinhas, percebi que ela também estava triste, mas ainda assim aparentava ser forte, eu a segui e a vi se posicionar diante do leme do navio e o senti se mexer, caminhando em direção ao incerto.

Apenas fiquei ao lado dela, e olhei pela janela da cabine, onde só pude ver o mar, quando olhei para ela novamente vi lagrimas em seus olhos e eu não soube o que fazer ou dizer, pois também havia lagrimas nos meus. Eu estava tão confusa e me sentindo tão sozinha, aquela garota ali ao meu lado não conseguia fazer com que eu me sentisse melhor e aparentemente eu também não conseguia fazer o mesmo por ela. Mas mesmo com tanta confusão e tanta tristeza, uma coisa ali havia ficado clara: Eu só teria a ela de agora em diante, então por isso eu me aproximei mais dela, e coloquei minha mão junto à dela no leme do navio. E ela olhou para mim e depois para nossas mãos uma na outra e sorriu e então eu quebro o silencio, permitindo que ela escute minha voz pela primeira vez.

“É a primeira vez que você faz isso?”- eu pergunto, ela leva o olhar em minha direção e me olha confusa.

“Isso o que? Dirigir um barco?”- ela me questiona e eu faço que não com a cabeça.

“Não.” – eu a respondo. – “Dizer adeus para alguém que ama.”- eu continuo e ela sorri de lado, deixando claro que de fato ela havia deixado um amor para trás.

“Não. Não é a primeira vez.”- ela me responde e volta a sua atenção ao horizonte a nossa frente.

“Então me ensina.”- é tudo o que eu respondo e ela novamente se vira em minha direção, franzi o cenho e dá um passo para trás e eu me aproximo então do leme, o segurando firmemente, eu a sinto então se encostar em mim por trás e suas mãos seguram a minha junto ao leme.

“Eu não posso te ensinar.”- ela me responde, não vejo seu rosto, apenas sinto sua voz junto ao meu ouvido. – “Mas talvez nós possamos aprender juntas.”- ela continua e aperta minhas mãos por alguns segundos e meu olhar se perde junto ao horizonte, aos poucos nos avançamos cada vez mais. Em nenhum momento eu deixo de sentir seu corpo junto ao meu, e suas mãos junto as minhas, e apesar de tudo, apesar do incerto, do medo e da solidão que seria inevitável eu me sentia bem ali com ela, eu me sentia segura e eu mal sabia seu nome.

Navegamos por algumas horas, sempre em silencio e tudo que eu podia ouvir era o mar a nossa volta e a respiração dela atrás de mim, de certa forma, isso fez parecer que era tudo que eu precisava no momento. Por fim fomos chegando a um local, onde não mais era possível ver o mar, pois um nevoeiro tomava conta de tudo ao redor. Eu olhei para ela assustada, mas aparentemente ela sabia o que estava fazendo e não desviou nossa direção, muito pelo contrario, ela levou o navio direto para dentro do nevoeiro e só parou quando o navio se aproximou o suficiente da praia e podemos ver então que o nevoeiro ia desparecendo aos poucos.

“Onde estamos?” – eu a questionei, e ela deu de ombros.

“Não sei. Não me disseram ao certo, venha.”- foi tudo o que ela disse, segurando minha mão a dela e caminhando comigo pelo barco, onde eu a vejo jogar uma encora e em seguida descer um pequeno barquinho em direção a agua. Ela em seguida joga uma escada de corda para fora do navio e começa a descer, pedindo que eu a siga. Assim que sento no barquinho, ela nos leva em direção à praia, a viagem é rápida e embora ela esteja cansada, ainda assim ela não pede ajuda e rema sozinha.

Já em terra firme, eu olho em volta, vejo a ilha que paramos e vejo que o nevoeiro ali se dissipa totalmente, embora ele ainda exista por toda a extensão do mar, me impedindo de ver o que há pela frente. Escuto a voz dela que vinha da praia, gritar por meu nome e eu a sigo então. Encontro com ela então na praia, ela olha em volta, para a ilha deserta e depois para mim.

“Existe mais alguém nessa ilha?”- eu a questiono, e ela faz que não com a cabeça, enquanto caminha pela areia em direção a ilha, eu a sigo. – “Vamos ser só nós duas?” – ela faz que sim com a cabeça, e eu percebo o quão estupida e obvia fora minha pergunta. Ela para novamente quando chega a um ponto onde não há mais nada além de arvores. – “Quanto tempo acha que vamos ficar aqui?” – eu insisto e ela para de súbito, colocando suas mãos na cintura e olhando para toda aquela nevoa que havia no horizonte.

“Eu não sei. Mas eu espero que não seja por muito tempo. De qualquer forma, vamos precisar construir um lugar para dormimos, uma casa no alto dessas arvores deve servir.”- ela diz e caminha novamente por entre as arvores, tocando em seus troncos e olhando para a copa das mesmas, eu a sigo novamente, achando muito absurdo o que ela acabara de me dizer.

“Você está sugerindo que a gente passe a morar nas arvores?! Como animais?!”- eu digo irritada e ela me olha com certa indignação no olhar.

“Bem, você não quer ficar aqui no chão ou no barco, não é mesmo? Você não sabe se existe algum animal por aqui e além do mais se ficarmos no barco, na primeira tempestade podemos morrer. Não vou arriscar sua vida.” – ela termina e confesso que eu me sinto estranha quando ela diz “sua vida”, ao invés de nossa.

“Você vai ser o que agora? Meu cão de guarda, ou algo do tipo?”- eu a questiono e ela se vira novamente para mim, dessa vez revirando os olhos, mostrando estar realmente irritada com a quantidade de perguntas que eu faço.

“Olha, princesa. Por que você não volta por barco e traz tudo o que puder carregar consigo? Eu vou procurar o melhor lugar pra gente passar a noite e amanha cedo eu começo a construir nossa casa na arvore. A madeira do barco deve nós ajudar a fazer isso, então não se preocupe.”

“Você vai destruir o barco?!”- eu pergunto espantada e ela me olha como se eu tivesse feito a pergunta mais estupida do mundo.

“Bem, você não quer que eu construa a casa com folhas de bananeira, não é mesmo?! Com a primeira chuva nós ficaríamos sem teto!”- ela observa.

“E quando a gente tiver que voltar?! Como faremos isso sem o barco?”- eu a questiono e ela não me responde, fica em silencio e me olha com um semblante triste. Eu entendo então que não vamos voltar.

“Apenas traga tudo o que puder carregar.”- ela diz novamente e eu reviro os olhos e me viro para ir em direção ao barco, mas paro de súbito e me viro novamente para ela.

“Por que ele escolheu você?! Por que ele escolheu você para me proteger?! Você é só uma garota!”- eu digo, e sinto minha voz carregada de ódio, eu estava descontando nela, toda a raiva que eu estava sentindo por ser abandonada por ele. Ela me olha com raiva e caminha em minha direção, como se tivesse a intenção de me agredir, ou como se fosse um cachorro prestes a atacar sua presa.

“Posso ser só uma garota, princesa! Mas eu sou tudo o que você tem agora, e você ficaria surpresa com o que “apenas uma garota” pode fazer na sua vida. Então, ou você bota na sua cabeça que eu sou tudo o que você tem agora e que você precisa mais de mim do que aquele monstro precisa de você! Ou nós teremos sérios problemas nessa ilha!”- ela responde e eu não vejo outra forma de responder, que não seja com a mesma fúria na voz.

“Ele não é um monstro!”- eu digo, e ela revira os olhos em resposta e volta a caminhar para onde estava. – “Ele não é!” – eu insisto, mas vejo que agora ela nem mais me ouve, olho para trás então, vejo o barco, a nevoa e me arrependo com todas as forças por não ter implorado para que Rumple me levasse junto com ele. Eu não podia ficar ali com aquela garota, eu não podia morar com ela, já nos primeiros minutos ali com ela, eu percebi que ela é de fato tudo o que eu preciso...

Tudo o que eu preciso pra ficar louca!

Com essa ideia em mente então, eu olho para ela mais uma vez, que agora se afunda completamente na floresta e vou em direção ao barco, mas não para fazer o que ela me pediu e sim para fazer o que meu coração manda: que é dar meia volta dali e voltar para ele.


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Notas finais do capítulo

Olá, bem, espero que tenham gostado e que continuem acompanhando.Um beijo para todos que leram e comentarios/mp/sinal de fumaça são bem vindos.Obrigada novamente.



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