Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 5
Capítulo 5 * Flerte


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, aqui estou eu, espero que gostem deste capítulo, obrigada por lerem e por recomendarem, bjs.



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Kíria estava na janela do quarto de Vinícius, observando a rua, horas depois de ter telefonado para o escritório, avisando que não iria trabalhar. Vinícius não voltara a acordar. Depois de muita insistência, Kíria conseguira convencer os Maldonado a voltarem para o hotel e descansarem.

― Kíria?

O chamado de Vinícius não passou de um sussurro, mas ela ouviu assim mesmo e fechou os olhos. Havia esperado por aquele momento com temor. A reação que tivera horas antes a perturbara demais, a ponto de deixá-la com medo de se aproximar da cama e do homem ali deitado. Porém, prometera ajudá-lo e, assim, endireitou os ombros e deu as costas para a janela.

― Estou aqui.

Ele a observava com aqueles olhos magníficos, capazes de fazer os joelhos de Kíria amolecerem. Seria tão fácil deixar-se afogar no brilho daquele olhar.

Isso não pode estar acontecendo, disse a si mesma. Sempre se orgulhara por ser uma pessoa lógica e, agora...

Quando parou ao lado da cama, Vinícius estendeu-lhe a mão e ela a segurou. Imediatamente, algo parecido com uma corrente elétrica subiu pelo seu braço, deixando-a sem fôlego. Descobriu que Vinícius aparentava igual surpresa.

― É incrível o que a proximidade da morte pode fazer ― ele murmurou.

― O quê? ― Kíria inquiriu confusa.

― Tocar você me deu a certeza de que ainda não morri ― ele explicou com um sorriso maroto.

Percebendo a malícia do comentário, Kíria corou.

― Talvez eu devesse pedir às enfermeiras que pusessem algum sedativo no seu chá ― falou, arrancando dele uma risada que terminou em um gemido de dor. ― Vinícius? ― chamou, alarmada.

― Estou bem ― ele a tranquilizou e, então, lançou-lhe um olhar de acusação. ― A culpa é sua. Foi você quem começou.

― Minha culpa? ― Kíria repetiu incrédula.

― Não devia ter olhado para mim como se quisesse... me comer.

― Não fiz isso! ― ela protestou, indignada.

― Fez, sim, mas não se preocupe. Eu gostei.

― Não seja ridículo! Estou aqui para ajudá-lo a se recuperar.

― E conseguiu.

Embaraçada, Kíria desviou o olhar. Nada estava saindo conforme o planejado. O poder que Vinícius tinha sobre ela era assustador, impedindo-a de pensar, ou agir como uma mulher sensata. E aquela conversa a deixava ainda mais nervosa.

― Quer fazer o favor de se comportar? ― pediu.

― Não me resta alternativa ― ele retrucou com ironia.

Kíria revirou os olhos.

― O que vou fazer com você?

― Tenho algumas sugestões, mas não creio que consiga levá-las adiante.

― Você é incorrigível!

― Não me encoraje!

Com um suspiro, Kíria estudou o rosto bonito, enxergando além da tentativa de Vinícius em parecer bem-humorado e reconhecendo a dor nos olhos dele.

― Como está se sentindo? ― indagou com seriedade.

― Como quem foi atropelado por um carro.

Ora, como ele podia brincar com algo tão sério?

― O que estava tentando fazer? Queria provar que é tão invencível fora do tribunal, quanto dentro dele? ― Kíria inquiriu, mas se arrependeu no mesmo instante.

Como fora capaz de dizer tamanha asneira, sabendo que ele só tentara salvar a vida de Aya?

Mesmo assim, o brilho que iluminou os olhos dele foi de prazer.

― Nesse caso, o júri ainda não anunciou o veredito.

― Desculpe. Eu não deveria ter dito isso.

― Tudo bem. Para ser sincero, gosto quando você fica zangada comigo.

― Meu comentário foi ingrato.

― Quando eu estiver melhor, vou deixar você se desculpar da maneira apropriada. O que acha?

Kíria observou os olhos que jamais deixavam de fitá-la e teve vontade de gemer baixinho. Aquele homem era demais! Ele a deixava atordoada e, pior, ela já não se importava com isso. O que estava acontecendo? Tinha de recuperar o autocontrole.

Recorrendo à postura que costumava adotar no tribunal, lançou um olhar indiferente para Vinícius.

― Vou pensar no assunto.

― Eu também ― Vinícius prometeu com voz rouca, provocando-lhe um arrepio na espinha.

― Mais um pouco, e serei capaz de esbofeteá-lo! ― ela explodiu, recuando alguns passos.

Para sua surpresa, Vinícius riu.

― Você não seria capaz de bater em um homem nas minhas condições, seria?

― Não me tente!

― É bom saber que ainda sou capaz de tentá-la.

― Vinícius Maldonado, se não... ― As palavras morreram em um misto de confusão e frustração. ― O que está fazendo comigo, afinal?

― O mesmo que você está fazendo comigo.

A resposta não ajudou em nada e Kíria se pôs a andar de um lado para o outro.

― Eu era uma pessoa razoável e sensata, até você entrar na minha vida! ― exclamou.

E, se quisesse manter a sanidade, teria de sair da vida dele o mais depressa possível.

― Certo! ― ele falou, mas seu rosto se contorceu de dor, fazendo Kíria se esquecer dos próprios problemas.

― O que foi? ― perguntou, aflita.

― Minha boca está seca.

― Vou chamar a enfermeira. Não sei se você pode beber água.

Com isso, ela tocou a campainha.

― Meus pais estiveram aqui? ― Vinícius perguntou evidentemente exausto.

Com um gesto automático, Kíria afagou-lhe os cabelos.

― Sim, mas foram descansar um pouco. Não devem demorar a voltar.

A enfermeira chegou naquele momento e, quando terminou de cuidar de Vinícius, ele já estava sonolento de novo. Pouco depois, dormia profundamente.

Kíria sentou-se na cadeira ao lado da cama e observou-lhe o semblante. Adormecido, parecia vulnerável, quase infantil e, assim, o poder que exercia sobre ela tornava-se bem menor. Kíria descobriu-se capaz de raciocinar novamente, mas seus pensamentos não foram nada agradáveis.


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