Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon
Notas iniciais do capítulo
Ai está mais um capítulo meninas
Vinícius a alcançou no corredor e a segurou pelo braço.
― Quer fazer o favor de esperar! Desculpe, eu não tive a intenção de magoar você.
― Claro! ― ela exclamou, tentando se libertar.
― Eu apenas disse a verdade. Como já disse, não tive a intenção de magoá-la.
― Eu também nunca tive a intenção de magoar você ― Kíria retrucou. ― Mas, se você se recusa a acreditar nisso, por que eu deveria acreditar em você?
Depois de fitá-la, furioso, por um breve instante, Vinícius voltou para o salão.
Desolada, Kíria esperou que as lágrimas cedessem e, então, foi para a varanda dos fundos e se acomodou em uma espreguiçadeira. Mal tivera tempo de respirar, quando Vinícius parou ao seu lado e depositou as torradas e o chá na mesa ao lado.
― Coma ― ordenou.
― Não estou com fome.
― Precisa comer Kíria, pelo seu bem e pelo bebê. Não ponha a sua saúde em risco só para me contrariar.
Ele estava certo. Kíria não queria adoecer e, menos ainda, fazer mal ao bebê. Assim, apanhou uma torrada e começou a comer.
Vinícius se apoiou na parede e desviou o olhar para o lago, parecendo um cão de guarda. Dando-se conta de que ele não sairia dali enquanto ela não esvaziasse o prato, Kíria comeu com calma.
― A casa está tão quieta ― comentou, ao terminar. ― Onde estão seus pais?
― Mamãe recebeu um telefonema ao acordar ― Vinícius respondeu, sem esconder a satisfação ao ver o prato vazio.
― Alex teve o bebê?
― Sim, um menino. Mamãe e papai saíram há umas duas horas. Já devem estar chegando lá.
Kíria sorriu.
― Sua mãe estava dizendo coisa com coisa?
― Não exatamente ― ele admitiu também divertido.
― Pobre Thiago! ― Kíria exclamou.
― Papai não estava muito melhor que ela. Só espero que não batam o carro!
― Talvez seja melhor convidarmos os dois para passar algum tempo em nossa casa, quando o bebê estiver para chegar. Assim, não precisaremos nos preocupar ― Kíria sugeriu.
― Podemos deixar essa preocupação para depois ― Vinícius falou, dando-se conta de que, por momentos, esquecera-se de como estava o relacionamento de ambos.
Kíria sentiu como se o sol houvesse se escondido. Fora tão bom conversar com Vinícius, como se nada houvesse mudado.
― Tem razão. Também estava certo quanto à comida. Eu estava mesmo com fome.
Vinícius apanhou o prato e a xícara.
― A última coisa que você precisa, agora, é ficar doente.
― Sim, doutor ― Kíria replicou em tom de brincadeira.
― Estou falando sério, Kíria.
De repente, ela se deu conta do que estava acontecendo. Vinícius estava preocupado com o bebê, pois não confiava nela.
― Não se preocupe. Não tenho a menor intenção de pôr em risco a saúde de meu filho ― falou, magoada.
― O que está querendo dizer?
― Que sei que você não confia em mim, mas eu jamais faria qualquer mal ao bebê.
O brilho da raiva iluminou os olhos de Vinícius.
― Acredite ou não, isso jamais me passou pela cabeça. Eu estava mesmo preocupado com você.
Percebendo que havia tirado conclusões precipitadas, Kíria baixou o tom de voz.
― Desculpe se interpretei mal as suas palavras ― murmurou.
― Esqueça. ― Antes de entrar na casa, Vinícius acrescentou: ― Vou sair para pescar com Mateus. Acha que ficará bem, sozinha?
Kíria se perguntou se Vinícius ficaria ali, caso ela pedisse, mas decidiu não abusar da sorte.
― Claro. Divirta-se.
Após um longo momento de silêncio, ele falou:
― Se precisar de alguma coisa, peça a Maudie. Estaremos de volta antes do jantar. Cuide-se.
Sozinha, Kíria aproveitou o dia para descansar. Maudie, evidentemente instruída por Vinícius, providenciou que ela almoçasse na hora certa e lhe serviu refrescos a tarde inteira.
No final da tarde, Kíria tomou um longo banho de banheira e, quando Mateus bateu na porta de seu quarto, ela se sentia tranquila e relaxada.
― Parece que você teve um dia muito bom ― comentou, sorrindo, ao ver o cunhado corado e despenteado.
― Ah, foi ótimo! Paramos em um bar, na cidade, a caminho de casa, e Vinícius encontrou Simão Vasques, um velho amigo. Como sabia que eu viria para casa para me arrumar, antes e ir visitar Carla, ele pediu que eu a avisasse que vai jantar com Simão. Disse que você compreenderia.
Sim, Kíria compreendia. Com os pais visitando o neto recém-nascido e o irmão jantando na casa da noiva, Vinícius seria obrigado a passar horas sozinho com Kíria. Depois do beijo que havia trocado na noite anterior, ele faria tudo para evitar que a situação se repetisse.
― Compreendo. Obrigada por me avisar, Mateus. Mande um beijo para Carla
― falou com calma.
Assim que Mateus se retirou, Kíria fechou a porta atrás de si, com o coração aos saltos. Estava certa. Depois de tanto sofrer, sem saber exatamente o que Vinícius sentia por ela, era alívio constatar que, finalmente, conseguira atravessar a barreira erguida por ele. E, melhor ainda, Vinícius poderia evitá-la naquela noite, mas não poderia continuar a evitá-la para sempre.
Pela primeira vez, não se importou com o fato de jantar sozinha. Em seguida, assistiu a um filme na televisão e, como Vinícius ainda não houvesse chegado, foi se deitar. Porém, não conseguiu dormir e, depois de passar muito tempo virando de um lado para o outro, decidiu que uma bebida quente a ajudaria.
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