Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 23
Capítulo 23 - Consternação


Notas iniciais do capítulo

Ai está mais um capítulo meninas



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Vinícius a alcançou no corredor e a segurou pelo braço.

― Quer fazer o favor de esperar! Desculpe, eu não tive a intenção de magoar você.

― Claro! ― ela exclamou, tentando se libertar.

― Eu apenas disse a verdade. Como já disse, não tive a intenção de magoá-la.

― Eu também nunca tive a intenção de magoar você ― Kíria retrucou. ― Mas, se você se recusa a acreditar nisso, por que eu deveria acreditar em você?

Depois de fitá-la, furioso, por um breve instante, Vinícius voltou para o salão.

Desolada, Kíria esperou que as lágrimas cedessem e, então, foi para a varanda dos fundos e se acomodou em uma espreguiçadeira. Mal tivera tempo de respirar, quando Vinícius parou ao seu lado e depositou as torradas e o chá na mesa ao lado.

― Coma ― ordenou.

― Não estou com fome.

― Precisa comer Kíria, pelo seu bem e pelo bebê. Não ponha a sua saúde em risco só para me contrariar.

Ele estava certo. Kíria não queria adoecer e, menos ainda, fazer mal ao bebê. Assim, apanhou uma torrada e começou a comer.

Vinícius se apoiou na parede e desviou o olhar para o lago, parecendo um cão de guarda. Dando-se conta de que ele não sairia dali enquanto ela não esvaziasse o prato, Kíria comeu com calma.

― A casa está tão quieta ― comentou, ao terminar. ― Onde estão seus pais?

― Mamãe recebeu um telefonema ao acordar ― Vinícius respondeu, sem esconder a satisfação ao ver o prato vazio.

― Alex teve o bebê?

― Sim, um menino. Mamãe e papai saíram há umas duas horas. Já devem estar chegando lá.

Kíria sorriu.

― Sua mãe estava dizendo coisa com coisa?

― Não exatamente ― ele admitiu também divertido.

― Pobre Thiago! ― Kíria exclamou.

― Papai não estava muito melhor que ela. Só espero que não batam o carro!

― Talvez seja melhor convidarmos os dois para passar algum tempo em nossa casa, quando o bebê estiver para chegar. Assim, não precisaremos nos preocupar ― Kíria sugeriu.

― Podemos deixar essa preocupação para depois ― Vinícius falou, dando-se conta de que, por momentos, esquecera-se de como estava o relacionamento de ambos.

Kíria sentiu como se o sol houvesse se escondido. Fora tão bom conversar com Vinícius, como se nada houvesse mudado.

― Tem razão. Também estava certo quanto à comida. Eu estava mesmo com fome.

Vinícius apanhou o prato e a xícara.

― A última coisa que você precisa, agora, é ficar doente.

― Sim, doutor ― Kíria replicou em tom de brincadeira.

― Estou falando sério, Kíria.

De repente, ela se deu conta do que estava acontecendo. Vinícius estava preocupado com o bebê, pois não confiava nela.

― Não se preocupe. Não tenho a menor intenção de pôr em risco a saúde de meu filho ― falou, magoada.

― O que está querendo dizer?

― Que sei que você não confia em mim, mas eu jamais faria qualquer mal ao bebê.

O brilho da raiva iluminou os olhos de Vinícius.

― Acredite ou não, isso jamais me passou pela cabeça. Eu estava mesmo preocupado com você.

Percebendo que havia tirado conclusões precipitadas, Kíria baixou o tom de voz.

― Desculpe se interpretei mal as suas palavras ― murmurou.

― Esqueça. ― Antes de entrar na casa, Vinícius acrescentou: ― Vou sair para pescar com Mateus. Acha que ficará bem, sozinha?

Kíria se perguntou se Vinícius ficaria ali, caso ela pedisse, mas decidiu não abusar da sorte.

― Claro. Divirta-se.

Após um longo momento de silêncio, ele falou:

― Se precisar de alguma coisa, peça a Maudie. Estaremos de volta antes do jantar. Cuide-se.

Sozinha, Kíria aproveitou o dia para descansar. Maudie, evidentemente instruída por Vinícius, providenciou que ela almoçasse na hora certa e lhe serviu refrescos a tarde inteira.

No final da tarde, Kíria tomou um longo banho de banheira e, quando Mateus bateu na porta de seu quarto, ela se sentia tranquila e relaxada.

― Parece que você teve um dia muito bom ― comentou, sorrindo, ao ver o cunhado corado e despenteado.

― Ah, foi ótimo! Paramos em um bar, na cidade, a caminho de casa, e Vinícius encontrou Simão Vasques, um velho amigo. Como sabia que eu viria para casa para me arrumar, antes e ir visitar Carla, ele pediu que eu a avisasse que vai jantar com Simão. Disse que você compreenderia.

Sim, Kíria compreendia. Com os pais visitando o neto recém-nascido e o irmão jantando na casa da noiva, Vinícius seria obrigado a passar horas sozinho com Kíria. Depois do beijo que havia trocado na noite anterior, ele faria tudo para evitar que a situação se repetisse.

― Compreendo. Obrigada por me avisar, Mateus. Mande um beijo para Carla

― falou com calma.

Assim que Mateus se retirou, Kíria fechou a porta atrás de si, com o coração aos saltos. Estava certa. Depois de tanto sofrer, sem saber exatamente o que Vinícius sentia por ela, era alívio constatar que, finalmente, conseguira atravessar a barreira erguida por ele. E, melhor ainda, Vinícius poderia evitá-la naquela noite, mas não poderia continuar a evitá-la para sempre.

Pela primeira vez, não se importou com o fato de jantar sozinha. Em seguida, assistiu a um filme na televisão e, como Vinícius ainda não houvesse chegado, foi se deitar. Porém, não conseguiu dormir e, depois de passar muito tempo virando de um lado para o outro, decidiu que uma bebida quente a ajudaria.


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