Ébano escrita por Ferana


Capítulo 1
Ataque Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Volto a escrever fanfics após anos parada lol Espero não estar muito enferrujada.

Tenha uma excelente leitura! :)



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No subterrâneo, escondida de qualquer visão ou acesso humano, havia uma caverna ampla. Era muito mais fria e seca que as cavernas comuns, como o metal das jaulas que pendiam de seu teto – agora vazias, mas que outrora abrigaram milhares de sonhos infantis, corrompendo-os lentamente pelo ar toxico e vil do lugar. Suas paredes e chão pareciam ter saído de alguma obra de Escher, com paredes e escadas que não fariam sentido para mentes sãs, mas que, para seu dono de mente macabra e perversa, eram perfeitas. Essas escadas tortuosas produziam sombras perturbadoras em combinação com a pouca luz, pobre e pálida, que conseguia entrar pelas frestas no teto da caverna – frestas estas que permitiam seu morador se infiltrar pelo mundo humano quando a noite caía. E era numa das milhares de sombras distorcidas que o dono deste temível palácio subterrâneo estava, vagueando pensativamente.

O ser – um homem pálido e alto, de cabelos negros - possuía muitos nomes, o mais referido dentre eles: Breu. Era o Rei dos Pesadelos e o governante supremo da Idade das Trevas, mas agora estava se resumindo à apenas uma sombra, pois seu poder havia sido usurpado pelos Guardiões, capachos do Homem da Lua, que tinha uma estranha simpatia pelas crianças das quais Breu adorava corromper os sonhos – era o que ele pensava. Andava de um lado á outro, matutando milhares de formas de retomar seu lugar, mas nenhuma delas realmente efetiva ou praticável. Precisava reunir suas forças logo, pois se continuasse a ser desacreditado mais ainda, seu poder iria ser inútil contra os guardiões. “E ainda são quatro contra um. Justiça não é um dos seus pontos fortes, não é?” pensou ele, com um sorriso irritadiço, encarando uma das fendas do teto que se abria pra a lua.

Porém, como um agouro contra ele mesmo, esse pensamento atrairia em breve o caos para seu covil. Sem suspeitar que estivesse sendo alvo de uma perseguição voraz, continuou pensativo até que sentiu quatro presenças distintas invadindo seu lar. Quando pensou em reagir de alguma forma, foi atacado por um bumerangue – do qual conseguiu desviar por muito pouco, saindo das sombras e encarando os 4 guardiões diante dele.

- Nova abordagem? Agora resolveram sair fazendo ataques surpresas pelas costas por aí, é? – ele tinha um leve tom de desentendimento na voz – Entendo que seja o objetivo de vocês me controlarem, mas normalmente a etiqueta de mocinho veta esse tipo de conduta... Como vocês chamam mesmo? Ah, sim, covarde.
- Não se faça de idiota, Breu! – um coelho muito maior e mais agressivo que o comum se botou á frente, apontando seu bumerangue na direção do homem – Sabemos muito bem que está tramando algo!
- Ei, ei, ei! Vai com calma, coelhinho. – Breu saltou para trás, temendo outro golpe surpresa - Posso saber o que te faz assumir tão fortemente que estou tramando algo, a ponto de estarem me atacando?
- Não que precisemos de um motivo pra isso. – rosnou o Coelho.
- Isso é previsível vindo de você, mas não deles. – Breu apontou para os outros três companheiros do Coelho. – Eles só tomariam tal iniciativa com provas muito sólidas.
- Não tente nos enrolar, – um senhor de barbas brancas avançou ao lado do Coelho e desembainhou uma espada, mas sem apontá-la ameaçadoramente – sabemos muito bem que você está aprontando algo.

A confusão nos olhos de Breu já começava a ficar visível. Ele recuava cada vez mais, sabendo que com seus poderes atuais não seria capaz nem de enfrentar 1 dos guardiões de igual para igual, quanto mais os 4 reunidos.

- Vamos logo, Breu! – uma fada com penas e asas de beija-flor voou rapidamente e ficou ao lado do Coelho. Flutuando junto á ela veio um homezinho amarelo numa nuvem de areia dourada, com expressão brava. – Diga o que pretende!
- Mas eu não fiz nad-
- Eu já cansei disso, fale logo!

O coelho gritou, atirando seu bumerangue na direção do homem. Breu mergulhou nas sombras e começou a deslizar pelas paredes até atingir uma das frestas do teto e fugir – não via outra escolha, com seus poderes fracos demais para se defender e sabendo que os guardiões jamais acreditariam nele.

Coelhão e Norte seguiram por um dos túneis da caverna, e a Fada e Sandman voaram por uma das saídas superiores da caverna e os 4 começaram uma perseguição acirrada novamente. Observavam cada sombra em busca de sinais do Bicho-Papão. Após muitos quilômetros de busca, o acharam – e nem foi numa sombra escondida e traiçoeira. Ele estava parado no meio de uma clareira, numa floresta de pinheiros, nevada.

- Agora eu te peguei! – Coelhão jogou novamente o bumerangue, que dessa ver foi desviado por uma sombra comandada pro Breu e retornou ao seu dono. – Maldito!
- Vocês não sentem nada?! – gritou Breu, olhando os guardiões virem em sua direção, incrédulo.
- Sentimos o que? – perguntou a Fada, parando e, pela primeira vez, achando que tinham cometido um erro.
- O medo, o cheiro do medo. Está muito mais forte do que deveria estar... – Breu olhava ao redor sem entender – Tem alguém fazendo isso.
- Ah, agora ele vem com essa. Tem alguém fazendo isso. – Coelhão o imitou com uma voz fanfarrona – Acha mesmo que vamos cair nesse truquezinho estúpido?
- Por mil panetones, se renda logo de uma vez, Breu! – Norte ergueu as espadas, em posição de ataque, querendo acabar logo com aquela situação.
- O Homem da Lua está me subestimando mesmo se ele escolheu guardiões tão estúpidos assim! – a irritação de Breu transbordou e ele se voltou sério contra os guardiões – Pensem um pouco! Acham mesmo que eu iria desafiá-los agora, com meus poderes fracos, e destruir por completo toda e qualquer possibilidade de contra-ataque? Me ofende saber que acham que sou tão burro.

Os guardiões todos pararam para refletir pela primeira vez, mas sem baixar a guarda. Porém, no momento em que durava a reflexão deles, 3 rapazes irromperam da floresta ao redor, gritando e correndo, seguindo por uma trilha de terra atrás dos guardiões. Eles sequer se deram conta de qualquer um dos 5 seres que estavam ali, e continuaram seu caminho, horrorizados. Os guardiões mal tiveram tempo de se recuperar da cena quando uma enorme cabra-montanhesa, corpulenta, de pelagem marrom-enegrecido e gigantescos chifres recurvados prateados surgiu correndo, na trilha dos rapazes. Norte instintivamente barrou o animal com uma de suas espadas. A cabra montanhesa deu um salto pra trás e, quando ia preparar-se para um golpe, mas em vez disso apenas levantou a cabeça e ficou observando os 4 guardiões, com uma expressão de espanto.

- Breu, depois de toda essa ladainha, como explica um de seus Pesadelos aqui?! – Norte o encrava raivoso, como quem fora enganado e descobriu.
- Meu pesadelo? Acha mesmo que um pesadelo meu tomaria a forma de um cervo?
- Cabra-Montanhesa. – a cabra falou.

O sobressalto foi geral, todos olharam a cabra, espantados. Uma nuvem de poeira de terra subiu sobre o animal e, quando baixou, revelou uma mulher jovem. Tinha cabelos castanhos que se enrolavam na altura do ombro, como raízes, olhos castanhos escuros como terra molhada e pele levemente morena, mas ainda era caucasiana. Vestia-se com uma calça marrom gasta que era presa logo abaixo do joelho por fios verde-musgo, uma espécie de colete comprido, bege, com a frente trançada com os mesmo fios verde-musgo. Usava um capuz marrom-terra largo que, preso ao pescoço com uma garra de bronze, tonava-se uma capa longa que cobria-lhe quase todo o corpo. À mão, carregava um arco prateado– a aljava com flechas estava quase escondida nas dobras da capa, nas costas dela.

- O que os 4 guardiões fazem reunidos aqui? Algo realmente ruim deve ter acontecido. – a voz da garota demonstrava preocupação.
- Mais importante que isso: quem ou o que é você? – Coelhão a encara, desconfiado.
- Relaxe, Coelho da Páscoa – ela sorriu brevemente – Podem me chamar de Royena Tae, sou o espírito que protege e guarda essa floresta.
- Um espírito da floresta?! – Fada exclamou, sorridente – Nossa, nunca achei que conheceria um! Vocês são tão raros hoje em dia!
- Os tempos tem sido difíceis para os de minha ordem. – ela sorriu tristemente – cada vez menos humanos tem acreditado em nós, eles destroem as florestas e usurpam seus tesouros. Mas ainda existem aqueles que prezam por nós, felizmente. Mas enfim, o que houve para reunir vocês 4 de uma única vez aqui?
- Estamos com alguns problemas... – a Fada do dente começou a explicar – Há alguns dias, começamos a notar que muitas crianças estão sendo atemorizadas por algo desconhecido... E não só as crianças, adultos também, o que nos deixa mais alarmados ainda.
- Ah, agora é ‘algo desconhecido’, não é? – ironizou Breu – De qualquer forma, você disse que adultos também estão sendo afetados?
- Sim, todos estão apresentando sinais de sonambulismo e, quando acordam, estão tomados por um terror inominável. Você saberia algo sobre isso?
- Adultos são muito mais difíceis de se dar medo... Assustá-los é fácil, mas manter a sensação disso até virar medo é difícil, e mais ainda é controla-los. E os sonhos de sonâmbulos nem são tão bons assim, não vale a pena.
- Não envolva seus interesses imundos nisso, Papão – rosnou o Coelho novamente.
- Meus interesses estão envolvidos desde que vocês me atacaram sem motivo algum, se devo lembrá-lo. – Breu retrucou, ríspido – E agora que sei que algo nessa bagunça todas de vocês pode interferir no meu trabalho diretamente, ficou ainda mais do meu interesse.

Sand levantou o braço e começou a formar pequenos símbolos com areia dourada sobre a cabeça. Uma lua e um cavalo que se uniam e se transformavam em uma interrogação.

- Não, Sandman. Preferiria ficar preso para sempre na minha caverna à ajudar vocês. Adeus, preciso ir descobrir o que vou fazer sobre a parte que me afeta desse caos todo.

Breu se preparara para mergulhar na sombra e voltar ao seu covil quando uma enorme escuridão engoliu a floresta ao redor deles e uma risada alta começou a ecoar pelos ares. Os 6 ficam em posição de ataque, circundando a clareira, quando, diante deles, as nuvem pestilentas começam a tomar forma... Uma forma humana, ou quase.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Críticas e sugestões são sempre bem-vindas :D E caso queira apenas deixar um review de passagem, será mais que agradecido ^^

Ps: Desculpem a má formatação, ainda estou tentando me acostumar com esse editor ._.'



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