Meu momento de raiva foi substituído por sorrisos bobos no meu rosto, assim como a noite chuvosa de ontem deu lugar a um lindo dia.

Abri a janela do meu quarto logo quando acordei. O céu estava completamente azul, mas o leve vento que batia no meu rosto ainda era frio. Fechei os olhos, ainda na janela, e então a única coisa que consegui enxergar foram olhos azuis e o sorriso na minha mente, que me fizeram sentir que eu só quero conhece-lo melhor agora.

Porque tudo o que eu sei é que, mesmo com poucas palavras, seus olhos fizeram eu me sentir em casa. Tudo o que eu sei é um simples nome. Tudo o que eu me lembro é da chuva caindo, e do cabelo dele molhado. E tudo mudou.

Tudo. Só de lembrar, tudo o que eu sinto são borboletas no estômago. Parece coisa de criança, tipo primeiro amor, se eu já me senti assim, foi há muito tempo.

"Tempo"... Tempo é uma coisa complicada quando se envolve alguém. só faz 18 horas que nos despedimos, e já me parece uma eternidade. Enquanto as 3 horas que passei perto dele ontem, aqui em casa na sala de estar, me fizeram querer abraça-lo e perguntar porque eu sinto como se tivesse sentido sua falta todo esse tempo.

Mas apesar de todas as coincidências (ou sinais) entre John e eu, eu não vou tirar os pés do chão tão cedo. A não ser que, sei lá, ele decida me fazer saber que isso não é só coisa da minha cabeça.

Mesmo assim, eu me sinto tão tranquila. Aliviada. Não sinto medo, nem acho que é errado.

***

Amanhã volta tudo de novo. Colégio, gente falsa, Amigos, Ronan. Mas encontrei uma nova razão pra me motivar todos os dias a acordar cedo e voltar lá. E não quero criar expectativas, mas estou extremamente ansiosa para ver ele.

Mas preciso voltar um pouco para a realidade. Fazer algo que faça o dia de hoje passar voando. Hm, deixa eu pensar...

EU NÃO CONSIGO PENSAR! Tudo o que vem na minha cabeça é o jeito que ele olhou para mim e sorriu antes de se despedir... é a minha cor preferida nos olhos dele, e no nome do nosso sabor de sorvete preferido. (céu azul)

Depois do café da manhã, tentei me distrair enquanto arrumava o meu quarto escutando o meu CD do Green Day. Mas olhar pro dia lindo lá fora pela janela só aumente a minha vontade de sair e fazer algo diferente.

Parei tudo o que estava fazendo e peguei o meu celular. Quem eu chamo pra me salvar do tédio nesse domingo? Se eu chamar a Nath, vou querer ficar falando sobre ontem, e quero não pensar no John pro dia passar rápido... E se chamar a Amy, ela pode querer me sequestrar, então não...

STEPHEN! Vou mandar uma mensagem para ele:

"Ta a fim de ficar doidão?"

Enviar.

Dois minutos depois, ele responde:

"Claro! Conheço uma parada mágica. kkk"

Não, não vamos nos drogar nem nada disso. Esse só é o nosso código para "Estou entediada", "Me encontra na sorveteria".

***

Quando cheguei lá, pedi o de sempre, e fiquei incentivando de longe Stephen, que estava tentando impressionar uma garota que eu tenho certeza que ele tinha acabado de conhecer, só esperando para rir do fora que ele ia levar. 1, 2, 3... já posso rir.

Passar a tarde no parque na frente da sorveteria com Stephen me distraiu. Ele me faz rir, e é impossível ficar triste ou de mal humor quando estou perto dele. Ficamos lá conversando, brincando, tocando violão e cantando juntos.

Quase cumpri meu objetivo "passe o dia sem pensar no John". Mas quando estávamos deitados na grama enquanto o sol ia se pondo, Stephen resolveu me fazer lembrar.

–Sô...

–Fala

–Você ta diferente, sabia? Aconteceu alguma coisa?

–Diferente como?

–Sei lá... Ta toda fofa, feliz. Normalmente quando você me chama pra "ficar doidão" é porque ta chateada com algo. Aí eu te trago aqui pra te animar.

–Você fala como se eu só te procurasse quando preciso de ajuda.

–não quis dizer isso, pequena- Ele sorriu. - Quando você me chama pra sair só pra gente se divertir, sem outro motivo, você não diz "ficar doidão". Porque isso, traduzido da língua de Sophia para o português é "preciso de ajuda".

Rimos juntos e alguns minutos de silencio se seguiram depois disso, enquanto nos olhávamos.

Voltei então o meu olhar para o céu alaranjado.

–Eu não preciso de ajuda agora. Bom... Eu bem queria que isso parasse, mas é impossível. E não me sinto mal por isso.

–O que aconteceu?

–Ah... Eu acho que eu to me apaixonando!- Falei colocando as mãos no rosto.

Depois olhei para o lado esperando o olhar compreensivo do meu melhor amigo, mas agora era ele quem estava olhando para o céu. Então fiz o mesmo, e ficamos assim até escurecer completamente, o que não demorou muito.

***

Stephen me levou até em casa, e foi como se aquela conversa nem tivesse acontecido. E fiquei feliz por isso, pois queria evitar ao máximo dar detalhes sobre os meus sentimentos pra qualquer pessoa. Nós riamos, conversávamos, fui obrigada a deixar ele me carregar nas costas pois ele insistia que eu estava cansada.

E chegamos.

***

De volta ao meu quarto, meu pensamentos insistem em voltar. Mas agora posso simplesmente dormir até ouvir o meu despertador tocar dizendo que é hora de revê-lo.