Acho que já faz uma semana desde aquele dia. Não, eu não penso nele toda noite antes de dormir. Não, eu não fico olhando a jaqueta dele que esta pendurada do lado da minha cama. Não, eu não procurei saber tudo o que eu podia sobre ele. E não, é claro que eu não escrevi uma música para ele. Imagina, para que eu faria isso? Ah... Quem eu estou tentando enganar? "Não Sophia, não se apaixone".

Hoje acordei cantando junto com a minha atual música preferida. "I was reminiscing just the other day, while having coffee all alone and Lord, it took me away". Mas não pense que foi bom. Era Amy me ligando as oito horas da manhã de domingo. O que dizer sobre Amy?... Sabe a garota mais hiperativa, bipolar, infantil e chatinha do colégio? Amy é uma dessas. E uma das minhas melhores amigas.

–Alô...

–SURPRESA!- Ela gritou, e eu afastei o celular do meu ouvido.

–Amy, qual é o seu problema, heim?...Alô?...- Ela desligou.

E então eu pulei de susto, ainda na cama, quando ela entrou correndo no meu quarto. Ela pulou em cima de mim, acho que queria me dar um abraço, mas a sensação era como se minha cabeça estivesse sendo arrancada.

–Amy, Amy, Amy! O que foi?- Perguntei, empurrando ela para longe.

–Ai sua chata, eu só queria te dar os meus parabéns- Ela cruzou os braços, fazendo um biquinho, fingindo estar chateada.

–Mas PORQUE?- Amy conseguia me irritar com facilidade. Eu só queria dormir!

–Porque você finalmente vai esquecer o Ronan... A Natasha me contou sobre o Joe...- Ela deu um sorriso que me deixou com medo.

–É John!

–Ah, então é verdade, você se apaixonou por ele! PARABÉNS!

–Você não sabe de nada, sai do meu quarto, eu quero dormir!

–Ah, eu tenho que ir mesmo, minha mãe não sabe que eu saí- Ela me abraçou (ou sufocou?) de novo- Tchau!

Legal, comecei o dia dolorida por causa dos abraços da Amy, e além disso ela me fez lembrar de coisas que eu queria apagar completamente da minha memória. Porque ela teve que falar do Ronan?

Ok, eu vou confessar. Eu menti quando disse que nunca me apaixonei. É que eu não gosto de admitir que me apaixonei pelo garoto mais lindo e popular (é idiota e fútil) da sala. Clichê, né?

Eu sempre soube que ele era um idiota. Enquanto eu era a aluna tímida e exemplar (ok, não tão exemplar assim), ele era do tipo que vivia fazendo brincadeiras bobas para chamar atenção, só tirava notas baixas...

Ele começou a falar comigo dois meses depois que entrou no colégio. Nós conversávamos sobre tudo, ele dizia que eu era linda, e me abraçava quando eu não estava esperando. E todo dia ele me dava mais um motivo para acreditar que nós poderíamos ser algo mais.

E então as coisas começaram aos poucos. Primeiro quando eu o vi com a garota que eu mais abomino na minha sala. Essa foi a primeira cicatriz.

Depois disso eu tentei ignorar ele, mas ao ver como ele parecia realmente se importar quando me perguntava o que havia de errado, eu simplesmente desisti. Afinal, era injusto não falar com ele e deixa-lo sem saber o motivo.

E tudo começou de novo... As conversar, os elogios, os abraços... Ele não ficou nem um mês com aquela garota.

Esse ano ele só me deixou confusa. Foi e voltou tantas vezes que eu não posso contar. Ele gostava de ver a minha reação a cada vez que ele ia. Ele gostava de me ver esperando. Acho que a maior idiota da história toda sou eu.

No último dia nos namorados, acho que 5 meses atras, Amy me contou histérica, como sempre, que ele deduziu, assim do nada, que eu gostava dele. Como se já não fosse óbvio.

Nesse dia ele me deu um beijo no rosto e me abraçou como se nunca mais fosse soltar. E desde esse dia, ele não fala mais comigo. Simplesmente finge que eu não existo. IDIOTA.

Aposto que ele não lembra de nada do que nós falávamos, das brincadeiras, das risadas. Mas eu lembro. Lembro do que ele disse na primeira vez que tentei esquece-lo. "Sophia, você é a última pessoa que eu vou deixar ir".

Se eu estou sendo muito dramática? Provavelmente. Ronan e eu nunca tivemos nada. NADA.

Mas eu não consigo entender porque ele iria querer quebrar um coração perfeitamente bom. Foi a primeira vez que gostei de alguem assim. Então porque ele iria querer fazer a primeira cicatriz?

Talvez eu devesse ter visto os sinais, já que era fácil ver nos olhos dele que eu seria a única a cair. Nada disso faz sentido pra mim, e as vezes eu só queria voltar do jeito que era antes.

Mas quer saber? Eu desisti.

"Ah, Sophia, vai fazer alguma coisa útil. Vai dormir, Sophia"

Eu deito na cama e fecho os olhos. E então alguém bate na porta:

–Sophia, pare de falar sozinha e vem cuidar do seu irmão!- Era minha mãe, amável como sempre.