Darker Days escrita por Emanuel Felix


Capítulo 5
Capítulo 5




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Raios intensos iluminam o rosto de Damon, e posso ver claramente seu sofrimento, mesmo que ele não gema tanto. Damon sempre se fazendo de forte, mas agora não precisa disso. Seus olhos estão num tom de azul mais fraco, um azul pálido como sua pele.

Aceno com a cabeça em pra ele. E mesmo sem poder falar... Eu o amo Damon.

Não posso não olhar para Stefan. Ele está com a cabeça erguida, a boca aberta ao máximo e está berrando, berrando muito alto. O laço de verbena aperta mais sua barriga. Está doendo tanto, eu sei, mas mantenha a força Stefan...

Mas a quem eu quero enganar senão a mim mesma? Estamos perto do fim. A ideia de fim lança uma lembrança, por sobre a sofreguidão, à minha mente — As palavras escritas com sangue na parede da Whitmore. Será que O fim está próximo tem alguma ligação com Carl?

Era esse o fim próximo? O meu fim? Ela plantou aquelas alucinações? A ideia não me assusta, e se encaixa perfeitamente nas minhas suspeitas. Carl queria se vingar por ter sido abandonada por seu amor… Damon, e eu a entendo. E ela finalmente está conseguindo sua vingança.

Ai!

Eu arqueio meu corpo pra frente com o soco dentro de mim e os galhos de verbena lançam mais dor para dentro de mim. E é um ciclo de sofrimento: a dor de dentro me lança pra frente, e a dor exterior me lança para trás. Mas, com certeza, a dor de ter sua alma arrancada é pior e a mais dolorosa.

A ventania arrasta cada vez mais meus cabelos para trás, enquanto uma muralha de chamas vai se formando bem mais alto na minha frente. Agora, ela está quase me impedindo de ver Carl, que está entoando um feitiço repetitivo e sombrio.

Olho para Damon e ele está ficando inconsciente. Seus olhos estão batendo fracamente. Não, Damon, por favor, resista… Meus olhos estão cheios de lágrimas. Tudo o que quero é envolvê-lo em meus braços, acariciar seu rosto e beija-lo… Beija-lo como se nosso tempo fosse ilimitado.

Mas agora ele está sofrendo e eu não posso fazer nada, a não ser vê-lo perecer. Suas feições estão mortas e seu corpo intacto. Seus olhos agora estão completamente fechados e eu imploro para que ele esteja apenas num sono profundo, mas que vai acordar. Tudo o que quero é chorar, e já não me importa nenhuma dor.

Mais socos, eu gemo. E de novo, e de novo… Os socos são cada vez mais intensos, como estacas me atingindo de dentro para fora, estacas cujas pontas são feitas para puxar minha alma.

Olho para Stefan, e está também desacordado. Com as lágrimas, sendo as únicas coisas geladas em mim escorrendo, eu mergulho num turbilhão rápido de memórias que me embalam no ápice da desesperança de sobreviver.

Fecho os olhos e por um momento é um alívio. As lembranças são como curativos invisíveis.

Vejo Damon, ele é a única pessoa que pode me acompanhar no Miss Mystic Falls… Stefan não está lá. Então dançamos como eu havia ensaiado. Vejo Stefan, estamos juntos, na noite do cometa. Então estou vendo nosso beijo. Estou vendo Damon doente por causa da mordida de lobisomem, estou vendo nosso beijo.

Posso ver eu e Stefan no telhado, posso ver Damon e eu na cama, posso ver todas as memórias misturadas que envolvem meu subconsciente e, por um momento, sorrio. Sim, agora estou pronta. Eu fui feliz, e agora estou pronta para morrer. Estou finalmente pronta para o fim.

Mas quando estou conformada com minha derrota, algo me trás de volta para a esperança. Pelos olhos entreabertos, quase inconscientes, vejo algo cortar o meio do céu que está escuro de nuvens densas. Algo que está girando em uma direção... A de Carl.

Um machado.

Estou vendo Carl somente de costas, mas consigo ver perfeitamente quando algo a atinge rapidamente à altura do pescoço. Não, não somente atinge, mas corta-a. A cabeça de Carl se deslocada rapidamente do pescoço e cai no chão num baque surdo. Está muito ensanguentada.

Com o fim de Carl, o feitiço é quebrado. As dores param, junto com os relâmpagos e a ventania. Ar de alívio se esvai de meus pulmões e olho imediatamente para Damon, que está voltando à consciência. Até mesmo o feitiço que prendia à verbena ao meu corpo foi quebrado, e mexendo-me consigo quebrar os galhos secos.

Sinto então algo fazer cócegas na minha pele recém-ferida. Está massageando, e só depois de um momento, percebo que são gotas d'água caídas do céu. Está uma librina serena, e triste. E eu estou certa, de que essa chuva, é a tristeza de Carl que se reluz na natureza. Porém, essa librina significa, também, que ela está bem, onde quer que esteja.

Ainda encostada ao tronco da árvore, cansada, olho para frente e tento ver o dono do machado, aquele que me livrou da morte. Olho, ainda com certa dificuldade, mas não há ninguém, que meu campo de visão encontre.

Arrasto-me até Damon e envolvo-o em meus braços. A chuva escorre em volta de seu rosto, produzindo um efeito que o deixa ainda mais lindo, apesar de sofrido, iluminando seu rosto, mais empalidecido que nunca.

Passo meus dedos em suas bochechas, e minhas mãos seguem delicadamente o cair da chuva fria. Meus dedos contornam afavelmente as linhas de seu rosto erguido, em busca de fazê-lo despertar.

— Damon — a palavra é mais um alívio que um nome. Espero a resposta, que demora somente um momento. Ele pisca para mim, os olhos um pouco cobertos pelos cabelos negros molhados, que faço questão de tirar da frente.

Posso sentir a chuva percorrendo minhas costas, o frio queimando o fogo deixado pelos galhos e me sinto no paraíso. As gotas refrescando meus poros são tão revigorantes. Aliso os cabelos de Damon, fito seus lábios pálidos franzidos e me deixo levar pela felicidade de estarmos vivos.

Eu o beijo, como quis fazer esse tempo todo em que estivemos presos um do lado do outro. Minha língua percorre a sua com pressa, e eu quero de alguma forma curá-lo mais ainda, e imediatamente posso sentir seu corpo reagir e sua mão apertar a minha. E somos, somente, nós dois ali, num círculo de força, enquanto a chuva cai deliciosamente sobre nós, sobre nossas línguas entrelaçadas, enquanto um Stefan inconsciente ainda está longe.

— Ele ainda está inconsciente?

— Sim, Damon. — Estou sentada no sofá, ao lado de um Stefan que permanece do mesmo jeito de antes. Ele está estirado no sofá, sem sinal algum de vida. Passo minha mão em seu rosto. — Já faz uma hora que ele não responde… Desde que voltamos.

Ainda está chovendo lá fora, mas a lareira está acesa. Posso sentir o calor da chama chegando até a mim, e presumo que de alguma forma, Stefan está bem aquecido.

— Já deu todas as bolsas de sangue…?

— Sim, mas ele parece não acordar… — digo ainda contornando seu rosto com meus dedos. — Estou preocupada, Damon.

Silêncio.

Viro-me para olhar Damon, e seus olhos parecem confusos olhando para mim… e Stefan. Posso ver seu biquinho, de quando está intrigado, emoldurado em seu rosto, que agora está rígido e mais corado.

Arfo, e me levanto do sofá. Os olhos de Damon me seguem, enquanto eu abro um sorriso sugestivo para ele. Jogo meus braços em seu pescoço e depois eles caem para sua cintura, e as dele seguram minha cintura também. Dou-lhe um selinho.

— E eu sei o porquê você está assim.

— E por quê? — responde Damon com sua voz fria. Faço um biquinho e aperto os olhos.

— Não precisa fazer isso, Damon. Estamos com Stefan, de volta, seguro, e agora sabemos por onde esteve esse tempo todo. Mas, mesmo com Stefan aqui, eu não vou mudar minhas escolhas, Damon. Porque é você quem eu amo. Você! Entendeu?

Lanço um olhar sério para ele e ele assente com um aceno de cabeça. Fico na ponta dos pés e o beijo.

— Bem, Elena — diz Damon nos meus lábios — Eu preciso te contar uma coisa…

A voz de Damon estranha me faz dar um passo para trás. Olho bem em seus olhos, e percebo que ainda há alguma coisa de estranho no ar. Só então, lembro-me de nós dois hoje pela manhã, no carro. Ele estava do mesmo jeito, com essa mesma expressão vazia.

— Damon? — minha voz é trêmula. Posso sentir a tensão emanando dele.

— Há algo que eu preciso te contar Elena. — ele engole em seco e seus olhos continuam seguindo os meus.

Inclino a cabeça e tento falar, mas nenhuma palavra atravessa a bile na minha garganta. Mas isso de algum modo deu um empurrãozinho para Damon se apressar.

— Jeremy não está vindo da escola, Elena.

Balanço a cabeça.

— O quê? Como? Do que exatamente está falando? Onde… Onde está Jeremy?

— Durante toda a semana ele vem vendo os antigos caçadores. Ele também tem visto Connor. E… Eles vêm o atormentando.

— Como? E por quê? — estou nervosa e agitada.

— Porque eles queriam que Jeremy matasse um vampiro, porque por algum motivo eles querem que o legado do caçador volte.

— O quê? — meus pensamentos latejam forte, meu sangue está pulsando bem forte. Eu sei quais serão as próximas coisas a serem ditas por Damon, mas estou com medo de ouvi-las em voz alta.

— Ele vem sendo atormentado de todas as formas, como em pesadelos, banhos… E agora o ciclo está completo. Elena. Jeremy provavelmente matou uma vampira hoje. E tudo indica que agora ele está arrependido e com medo de voltar para casa e matar a irmã…

Não, não Damon! — eu grito e minha voz é molhada. — Você está me dizendo que os caçadores influenciaram Jeremy para matar Carl, hoje?

Damon acena com a cabeça.

Não, não! — eu grito e milhares de pensamentos cruzam minha cabeça. Onde meu irmão está? Será que está bem? Será que está escondido na floresta? Será que está sobrevivendo com essa culpa? Será que…

Mas algo parece curar minha raiva. Os dedos de Stefan se mexem, e me envolvem num manto mútuo de um sentimento que eu não sei explicar qual é. Atiro-me no sofá, boquiaberta, e seguro sua mão. Eu já nem lembro mais direito da raiva e preocupação.

— Ei, Stefan — balbucio. Um sorriso está aparecendo nos meus lábios — Acorde.

Então, depois de um momento, sinto seus dedos pressionarem os meus, e feliz, olho para seus olhos, que, pela primeira vez, piscam.

— Stefan — a palavra é um ar que se esvai de meus pulmões. Que bom que finalmente acordou. Estou alisando seu rosto com uma mão, enquanto ele continua apertando fortemente a outra.

E os olhos dele encontram os meus. E só então, eu percebo que o manto que havia me envolvido era a saudade, uma conexão estranha que eu percebi que nunca havia sido destruída. Eu tinha saudades daquele rosto, daqueles olhos… Sorrio inevitavelmente.

— Bem-vindo de volta, irmãozinho. — Diz Damon se aproximando do sofá. — Bem-vindo de volta Stefan. — digo e aperto sua mão — Vai ficar tudo bem.

Alguém bate à porta. Olho para Damon, sem soltar a mão de Stefan e vejo seus olhos se estreitarem. Será que é Jeremy? Damon vira-se e abre a porta. A figura que a atravessa não tem semelhança alguma com Jeremy.

— Desculpe-me não dar as devidas saudações — diz Rebekah adentrando com seu andar medieval e clássico. Ela está com uma calça verde-escuro, com uma blusa prateada soltinha, e com um sapato de salto alto escuro. Seu cabelo parece estar maior do que a última vez em que a vi.

— Rebekah — é a primeira palavra que Stefan diz, e olho para ele. Ele está fitando a figura loira na nossa frente, com um brilho, que não é de agonia, no olhar. Por que ele chamou a ela, e não a mim?

— Olá, Stefan. — diz ela tirando os olhos de Damon. — Vejo que esteve numa situação difícil.

— Mais ou menos — responde Damon e aperta os olhos para ela, que sorri. — Mas, o que está fazendo aqui? Não devia estar viajando pelo mundo atrás de manicures e cabelereiras?

— Seu humor é discutível, Damon. E acredite em mim, ele não está dos melhores hoje em dia.

— Mas, o que faz aqui? — sinto a agressividade na voz dele. — Eu não queria voltar para Mystic Falls, acredite. Porém, nós Originais, estamos sendo perseguidos.

— Perseguidos? — digo.

— Sim, querida. Alguém, com um poder mais poderoso que um Original está atrás de mim, Klaus e Elijah. Não entendemos como acontece, mas sabemos que corremos perigo. Elijah acha que alguém quer o bebê de Hayley, meu sobrinho que ainda não nasceu.

— Uau — diz Damon.

— E se corremos perigo, vocês também correm. Mas não estamos aqui para proteger a vida de vocês — ela se senta no outro sofá. — Como disse alguma coisa mais forte que um vampiro original está atrás, possivelmente, de Hayley. Por algum motivo este bebê está sendo cobiçado. Estamos tentando despistar quem quer que esteja fazendo isso, enquanto Klaus tenta esconder Hayley num lugar seguro.

— E…? — disse Damon.

— Ela vai ficar aqui por um tempo. — ela olha para a porta escancarada. — Entre, Hayley.

Então eu vejo uma mocinha acanhada entrando pela porta, mas com uma olhar de mulher. Decidida. Determinada. Ela fará de tudo para sobreviver, e fará de tudo, também, para salvar a criança que está dentro da barriga, que agora ela alisa com a mão direita. Seu cabelo está um pouco molhado de chuva.

Hayley está com um casaco fino azul, e uma blusinha de alça por baixo. Está com uma calça marrom e botas escuras de cano baixo. Os olhos de Damon a olham dos pés a cabeça, e ela o encara de volta.

— Onde está Klaus? — pergunta Damon sem tirar os olhos dela.

— Meu irmão está visitando uma velha amiga, mas em breve ele virá até nós.

Caroline não estava dormindo. A chuva fina lá fora, lançava um frio muito mais forte através das janelas. Ela estava cansada de chorar pela morte de Bonnie, e agora ela estava ciente de que no dia seguinte, ela voltaria a sorrir, como Bonnie ia querer se estivesse ali.

Estava tão escuro, e ela não sabia se era apenas a neblina ou se já era um pouco tarde. De repente, um frio súbito percorreu sua espinha. Um frio, que fez seus pelos se eriçarem e que fez com que ela se mexesse e levantasse da cama.

Ela olhou pelas janelas para ver se via alguém, e com certa estranheza ela puxou as cortinas brancas e finas, depois de ver que através das janelas só havia a chuva. Mas então ela se virou.

— Klaus?!

— Oi Caroline. — e ela agradeceu a si mesma por estar de pijama, diante daquele lindo sotaque do qual ela percebeu que sentia falta.

— O que faz aqui? — ela disse e recuou quando o viu andar em sua direção, saindo do pé da cama, e indo até a cômoda, onde ela estava encostada e encurralada.

— Eu vim resolver umas coisas aqui, mas eu precisava dizer que eu senti falta.

— Do quê? — ela sentiu certo desconforto; medo; uma mistura de sensações.

— De você, Caroline. Durante todos esses dias eu tenho sentido sua falta, e agora, que eu voltei, percebi que precisava vir te contar como me sinto.

— E como você se sente?

— Presumo que da mesma forma que você. — e ele, agora, estava tão perto dela… Os lábios tão pertos. — Vim te dizer que agora vim para ficar, e que apesar de tudo, eu voltei para, se você quiser, nos dar uma chance. Eu voltei pra você.

— Chance? — Ou, se preferir, apenas isso. — E com isso, ele a beijou, sustentando-a com a mão em suas costas. Caroline podia sentir, apesar do frio, o calor de seus corpos se aceitando. Eles estavam se entregando reciprocamente. Era um beijo que os fazia fechar os olhos.

Mas então, Klaus olhou nos olhos dela, e tudo o que Caroline lembrava um segundo depois, era que Klaus estava de volta à cidade, mas não entendia porque estava ali, de pé, encostada na cômoda quando devia estar na cama.

Que estranho, pensou ela, seu coração estava acelerado. Então as cortinas balançaram suavemente, e ela achou esquisito, uma vez que tinha certeza, que tinha as fechado antes. Alguém podia ter entrado, pensou ela, e seu coração palpitou.


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