The Hunger Games Clove: The Spark escrita por MyG
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura.
"Abrace a probabilidade de uma morte iminente."
O terceiro dia de treinamento se passa sem muitas novidades, treino com o Marvel e Cato com Glimmer, almoçamos juntos e voltamos ao treinamento.
À noite no apartamento, sinto-me exausta. Já estou deitada quando alguém me bate na porta.
— Quem é?
— Eu, Cato. - O que ele quer?
— Entra. - Sento-me na cama e Cato adentra o quarto. – O que você quer?
— Acho que... Conversar.
— Comigo? Serio? - Faço uma careta de confusão. - Não sei se você sabe, mas acho que não sou a pessoa mais indicada para isso.
— Clove, será que você pode me ajudar? - Ele me olha aflito.
— Tudo bem, podemos tentar, só não espere grandes coisas. – Ele prende um sorriso.
— O que está achando daqui?
— Serio isso Cato? - Reviro os olhos. De todos os assuntos plausíveis, ele quer conversar sobre o que estou achando da Capital?
— Ei, é serio! Responde.
— Não sei - Suspiro me dando por vencida. - Eu sempre treinei pra estar aqui, mas agora que estou... Não sei mais.
— Também me sinto assim. É frustrante, você descobrir que todo seu treinamento... Que aqui é diferente. Querer participar dos jogos e estar neles é diferente.
— Aqui é real. Aqui você tem que se acostumar com a probabilidade de uma morte iminente.
— E em casa é como um sonho. - Cato suspira. - Por que você quis vir para cá?
— Tenho meus motivos. - Olha, a atitude de Cato ate que é legal, querer conversar e tudo mais, mas não vou contar toda minha vida a ele.
— Você não quer contar não é? - Apenas desvio o olhar para o outro lado. – Bem, pelo menos trocamos algumas palavras sem xingamentos, estamos evoluindo. – Cato diz e da uma risada fraca. - Vou dormir, amanha ainda tem treinamento e as apresentações individuais... Boa noite.
— Boa noite.
Ele sai do quarto e eu? Desabo.
Sinceramente estou frustrada, não pelos jogos ou por ser apenas uma peça deles, talvez por descobrir que eu não devia ter passado tantos anos treinando as habilidades e ter tirado um tempo para o psicológico.
No distrito dois eles treinam seu fisico, treinam suas habilidades, mas esquecem que se você perder a sanidade, isso não ajudará em nada. Os jogos não testam apenas o externo, eles testam o que está por dentro também, e para isso eu não vim preparada. Agora compreendo o por que de Annie Cresta virar uma louca após a edição dos seus jogos.
Levanto e vou ate o terraço do 12, não suporto mais ficar deitada, e lá, é o único lugar que me sinto com liberdade. Me deparo com a Capital cintilando. Ela brilha com as cores dos prédios, com os carros nas ruas e com as pessoas nas calçadas. Esfrega na cara dos distritos todo o luxo que não temos.
Lembro-me de casa. Minha casa. Sinto muita falta de lá. Eu não me sentia só, apesar de ser.
Tão diferente do presente momento, em que estou cercada de pessoas e mais sozinha do que nunca. Por todos os lugares que vamos tem câmeras, pessoas... Não aguento esse assedio, odeio atenção e aqui na Capital é o que mais temos.
— Pensando novamente? - É como se mãos geladas passassem seus dedos por minha coluna e um arrepio, por um segundo atinge meu corpo. Estou tão perdida em meus próprios devaneios que nem notei Peeta se aproximando.
— Às vezes é preciso. - Sussurro.
— Entendo...
— E o que você faz aqui?
— Venho aqui sempre, é bom. Apesar das luzes, das pessoas, até do ar... É o lugar mais próximo da liberdade que conheço. - Isso era verdade, todos os lugares são tão... Artificiais. Aqui você consegue se sentir um pouco mais leve e menos observada. – Então Clove, o que tem achado do treinamento?
— Sinceramente? Não é muito diferente do que fiz nos últimos anos.
— Você tem sorte, pelo menos treinou. E eu? Nascido no distrito mais pobre e sem preparo, filho de padeiro... - Ele ri fraco. - Você está na vantagem. - Sorrio levemente. Ele é bom em fazer as pessoas rirem. – Então... Você e o distrito um... - Ele começa.
— Somos aliados. – Completo, assentindo com a cabeça.
— Sinceramente? Não é o que parece nos treinos...
— Só treinamos juntos, ponto.
— Tudo bem. - Paramos novamente e o silencio se instala por segundos, minutos, horas? Não sei. – Clove...
— O que?
— Você já gostou de alguém?
— Não.
— Você sempre foi fria assim?
— Na maior parte do tempo.
— Aposto que tem seus motivos.
— Com certeza.
— Clove?- Ouço a voz de Ethan atrás de mim - O que você pensa que está fazendo aqui com ele?
— Ethan, eu não te devo explicações.
— Eu sou seu mentor! É obvio que me deve. - Ele encara Peeta com a raiva cobrindo todas as feições de seu rosto. - Você não pode interagir com ele! Ele é seu inimigo, não seu aliado! Por que não fica perto assim de Glimmer ou Cato? - Ele bufa. - O que você estava fazendo aqui?
— A pergunta é: O que você faz aqui Ethan?
— Te procurei no seu quarto e em todo o andar e não te achei, só sobrou este aqui para procurar. O que você veio fazer aqui?
— Pensar.
— Não podia pensar no apartamento?
— Não.
— E por que ele está aqui?
— Veio pensar também.
— E dai vocês estavam pensando em voz alta? - Ele ironiza.
— Não, eu decidi conversar com ele.
— E por que diabos fez isso? Se você queria conversar, tem a Enobaria, o Cato, eu, até mesmo Adaly os os avoxes! Então por que ele?
— Por que ele é mais agradável que todos vocês juntos. - Grito com Ethan e saio do térreo.
Chego ao apartamento, passo pela sala pisando fundo e bato a porta do meu quarto. Que ódio! Não posso fazer nada, nem respirar! Odeio a sensação de em todo lugar estar sendo perseguida e observada! Eu não suporto isso.
— Clove abre a porta!
— Você não pode me mandar Ethan.
— Clove... - A voz de Enobaria sai abafada no outro lado da porta.
— Ethan, chega. Ficar gritando agora não vai adiantar.
— Ela estava conversando com o distrito doze! - Ethan fala nervoso.
— Não importa. Amanha falamos com ela. Agora não vai adiantar.
Alguns minutos de silêncio se passam, até escutar os passos de Ethan se afastando de minha porta. Horas se passam e não consigo dormir. Levanto, caminho de um lado para o outro no quarto, observo a Capital da minha janela, até me sentir sufocada ao ponto de não aguentar mais. Saio sorrateiramente do quarto, vou em direção à varanda e lá está Cato parado. Os ombros relaxados enquanto apoia seu peso no parapeito da sacada.
— Não consegue dormir Clove?
— Acho que você também não. - O silencio se prorroga por um curto período.
— Não quer conversar? - Pergunta Cato.
— Não.
— Tudo bem - ele suspira cansado - Vou te deixar sozinha. Boa noite. - Movida pelo impulso, viro-me e seguro seu braço.
— Fica. - Ele me olha surpreso, mas volta a se escorar no parapeito.
— Achei que não quisesse conversar. - Ele comenta me analisando.
— Eu não quero. - Falo enquanto observo algum ponto fixo distante. - Mas, as vezes é melhor ficar sozinha, junto de alguém. - Olho para Cato, e sustentamos o olhar um do outro por um longo período, até ele desviar e voltar a observar a Capital, exibindo um sorriso.
Ficamos horas ali, apenas em silêncio observando. E, de fato, é muito melhor ficar sozinha, junto de alguém.
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