Riddles Riddles escrita por themuggleriddle


Capítulo 16
Nightmare




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Tom Riddle estava parado no meio de uma sala ricamente decorada enquanto seu rosto se contorcia em uma careta de desgosto ao ver a cena que se desenrolava logo à sua frente. Havia gritos ecoando pela sala, gritos que vinham de uma senhora cujo corpo se contorcia de dor no chão. Mas havia um homem que também gritava, implorando para que Tom parasse a tortura enquanto se ajoelhava ao lado da mulher, parecendo desesperado.


- Pelo amor de Deus, pare com isso! – Tom riu baixinho ao ouvir o pedido do homem – Por favor, pare! Ela não fez nada!


- Certo. – o garoto sorriu enquanto acenava com a varinha, acabando com a Maldição da Tortura que ele havia colocado na velha. Ele a observou respirar fundo, gemendo e tentando se levantar com a ajuda do homem, que havia colocado os braços ao redor do corpo frágil dela e a ajudava a ficar em pé – Avada Kedavra!


O homem segurou o corpo da mulher quando ele despencou em seus braços. Ele começou a chacoalhá-la, tentando fazer com que ela acordasse, antes de largá-la no chão.


- O que...? O que você fez? – ele perguntou com a voz trêmula. Desviando o olhar do corpo da senhora, seus olhos azuis frios se fixaram nos de Tom – O que você fez com ela?


- Não é óbvio, Riddle? - o jovem bruxo respondeu presunçosamente – Fiz a mesma coisa que estou prestes a fazer com você.


Os olhos do homem se arregalaram ainda mais enquanto ele encarava o adolescente à sua frente. O garoto tinha os seus olhos, a sua pele pálida, a sua boca, o seu nariz, o seu cabelo... Pelo amor de Deus, ele era uma versão mais nova de si mesmo! Como aquilo era possível? Como aquela criatura não herdara nada da aparência de sua mãe?


- O que você quer? – Tom Riddle Sr. perguntou, olhando para o cadáver de sua mãe e, depois, para o de seu pai, que estava caído no chão do outro lado da sala – O que você quer de mim?


- O que eu quero?


O bruxo fez um baixo "hm" com a garganta, antes de continuar.


- Essa é uma boa pergunta.


Tom Jr. começou a andar na direção de seu pai, sendo cuidadoso para não pisar no braço estendido do cadáver de sua avó ao passar ao lado dela. O que ele queria daquele homem? Era uma pergunta muito boa...


- Eu quero saber uma coisa – ele sorriu sutilmente, girando a varinha de Morphin em sua mão – Eu quero lhe fazer algumas perguntas.


- Então pare de enrolação e pergunte de uma vez – Tom riu alto ao perceber a tentativa do trouxa de parecer corajoso, antes de parar a apenas alguns metros dele.


- Diga-me... Você tem alguma idéia de como foi a minha vida desde que eu nasci? Você sabe a vida miserável que eu tenho? Você sabe como é crescer em um orfanato? Como é ter que viver em um lugar onde todos o odeiam pelo simples fato de você não ser estupidamente normal como todo o resto? – o sorriso que estava adornando os lábios do bruxo finalmente desaparecera. O rosto do homem mais velho ficou pálido enquanto ele encarava o filho e percebia que o garoto estava prestes a perder a sua paciência – ME DIGA SEU TROUXA INÚTIL! VOCÊ SABE COMO É SER EU?


- N-Não... Tom...


Se o Riddle mais novo não estivesse tão enfurecido naquele momento, ele teria rido ao ver o homem perder toda a sua postura "corajosa".


- Certo. Você não sabe – Tom estreitou os olhos – Por que você sempre foi tratado como um rei pelos seus pais, certo? – ele apontou para os cadáveres abandonados no chão – O que você vai fazer agora que sua mãe e seu pai estão mortos?


- Tom... Filho... – o rapaz franziu a testa ao ouvir como o seu pai o havia chamado. Quantas vezes ele sonhara em ter alguém o chamando assim? "Filho"... Agora – mesmo que uma parte dele tivesse gostado de ouvir o homem o chamando por aquele nome – a palavra parecia estar zombando dele.


- Por que você está me chamando disso agora? – a voz do bruxo estava trêmula – Você nunca veio atrás de mim... Você nunca tentou me procurar! – não era apenas a sua voz que estava trêmula agora, ele podia sentir todo o seu corpo tremendo – Você nunca se importou comigo! Você nunca pensou em mim como seu filho! ENTÃO POR QUE É QUE VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DISSO AGORA?


- Tom, por favor – o trouxa se aproximou dele lentamente – Eu estou aqui agora... Diga o que você precisa e eu lhe darei o que você pedir – a sombra de um sorriso apareceu no rosto do homem enquanto ele via a expressão do garoto relaxar um pouco – Eu posso lhe dar um lugar para morar e... dinheiro! Eu posso lhe dar isso se você precisar! Apenas... – ele olhou rapidamente para os cadáveres de seus pais, antes de, novamente, olhar para o filho – Apenas não me mate, por favor.


Por alguns minutos, Tom Riddle Jr. ficou olhando para os olhos do pai, tentando descobrir o que se passava dentro da cabeça daquele homem e quase se arrependendo de ter matado Mary e Thomas Riddle... Quase.


- Você deveria ter oferecido todas essas coisas anos atrás – o rapaz sussurrou, erguendo a varinha enquanto as memórias de sua vida no orfanato voltavam-lhe à mente - Agora é um pouco tarde demais, papai – os olhos do mais velho se arregalaram ainda mais ao ver como o rosto do filho estava sério – AVADA KEDAVRA!


O corpo de Tom Riddle Sr. bateu no chão com um leve 'thud' e o jovem bruxo hesitou um pouco antes de se aproximar dele. Tom engoliu a vontade de começar a chorar enquanto cutucava o rosto do pai com a ponta do sapato, sentindo-se desconfortável enquanto observava o cadáver daquele homem que se parecia tanto com ele.


- Você está atrasado – ele sussurrou, colocando a mão no bolso e retirando dali o anel dourado que ele havia roubado de Morphin – Você está quinze anos atrasado, papai.


Ele olhou para o anel e respirou profundamente, preparando-se para o que iria acontecer dali alguns minutos...


A sala ficou subitamente escura e um grito cheio de dor preencheu a escuridão. Quando o aposento clareou novamente, Tom estava agachado no chão, sustentando o seu corpo em seus braços e joelhos. Quando o garoto pareceu não agüentar mais o próprio peso, ele se deixou cair no chão, logo ao lado do cadáver de seu pai. Ele sentiu todo o seu corpo doer e gemeu quando ergueu a mão e olhou para o anel que agora estava em seu dedo. Tom deu um jeito de sorrir sutilmente, fascinado pelo fato de estar olhando para um pedaço de sua própria alma.


Respirando lentamente e ruidosamente, Riddle levantou-se, ignorando a dor que invadia os seus membros enquanto ele o fazia, desamassou suas roupas, passou a mão pelos cabelos, tirando-os da frente de seu rosto, e secou o suor que se coletava em sua testa.


- Isso vai acontecer com você um dia – uma voz masculina falou por detrás de Tom.

- O que...? – o bruxo virou-se e viu seu pai, seu pai que supostamente estava morto, parado ali – Você está morto.


- E você também estará um dia – o homem apontou para o próprio cadáver.


- Eu matei você... Você está morto... – a voz do jovem Riddle estava cheia de medo – EU MATEI VOCÊ! AVADA KEDAVRA!


A maldição verde saiu da varinha de Morphin e atingiu o trouxa diretamente no peito. O homem não pareceu se importar com o feitiço e continuou se aproximando do filho, que tinha uma expressão de puro pavor no rosto.


- Você está morto – Tom sussurrou, sentindo todo o seu corpo começar a tremer e seus olhos se umidecerem. "Você não vai começar a chorar! Não... Você não vai parecer fraco na frente dele!" – Você está... A-Avada... Avada Kedavra!


Novamente, a maldição atingiu seu pai; novamente sem nenhum efeito.


- Quem você está tentando impressionar? – outra voz masculina perguntou, mas essa tinha um forte sotaque alemão que Tom reconhecia de algum lugar – Um sangue-ruim como você...


Riddle sentiu o pânico crescer dentro de si ao ver quem estava falando com ele. Era um homem alto e loiro que estava usando uma capa negra e tinha um sorriso maligno em seus lábios finos. Tom o reconheceu como um dos seguidores de Grindelwald.


- Você... – o garoto murmurou – Eu conheço você...


- É claro que me conhece, mestiço nojento – o loiro tinha uma expressão enojada em seu rosto enquanto ele retirava a sua varinha de dentro da sua capa.


Antes que Tom pudesse falar alguma coisa, a mão de seu pai se fechou sobre a sua mandíbula, forçando-o a olhar diretamente em seus olhos. O garoto tremeu ao sentir como os dedos do homem estavam extremamente frios contra a sua pele.


- Frio, não? – ele sussurrou e o bruxo pôde ver como a sua face estava muito mais pálida do que o normal... Mortalmente pálida – Você deveria se acostumar com isso, filho.


- N-Não...


- Agora, agora... – o bruxo loiro riu – Hora de se juntar à sua família trouxa, sangue-ruim.


- P-pai, por favor, me solte! – Tom implorou, entrando em pânico ao ver o outro bruxo apontando a varinha para ele – Por favor, pai...


- Nós nos veremos novamente.


- AVADA KEDAVRA!


Tom Riddle acordou gritando. A imagem do jato de luz verde indo em sua direção ainda estava fresco em sua mente quando ele se sentou na cama, respirando com dificuldade e sentindo todo o seu corpo tremer descontroladamente.


- Foi apenas um sonho, Tom, apenas um sonho – o rapaz sussurrou, agarrando os próprios cabelos, que estavam encharcados de suor, enquanto tentava se acalmar – Não foi real.


"Parte daquilo foi real." Algo gritou dentro de sua cabeça, mas ele tentou ignorar.


O bruxo respirou fundo e se levantou da cama, tendo que se apoiar na mesa de cabeceira por alguns minutos para não acabar despencando no chão devido à fraqueza que estava sentindo no momento, e decidindo que o melhor que ele poderia fazer naquele momento era andar pelo dormitório dos monitores enquanto tentava se acalmar. Quando o garoto sentiu-se confiante o bastante para andar, ele foi até a sala do dormitório, onde deixou o seu corpo cair de maneira desleixada sobre um dos sofás enquanto esperava que seu pânico desaparecesse logo.


***


Hermione acordou ao ouvir alguns barulhos vindos do quarto ao lado e esfregou o rosto com a mão, bocejando enquanto se sentava em sua cama.


- Riddle... Será que ele não sabe que tem gente tentando dormir aqui? – ela murmurou, passando uma mão pelos cabelos armados, tentando arrumá-los, antes de se levantar e andar até a porta de seu quarto, pronta para bater na porta do monitor-chefe e mandá-lo calar a boca para que ela pudesse voltar a dormir.


A bruxa sentiu como se alguém houvesse lhe dado um tapa na cara quando ela olhou para a sala do dormitório e viu Tom Riddle sentado em um sofá com uma expressão apavorada em seu rosto pálido. Hermione franziu a testa enquanto ela continuava observando o sonserino.


- Riddle? – ela chamou baixinho, mas o garoto pareceu não ouvi-la – Riddle, você está bem?


A garota andou até Tom lentamente e depois se sentou ao seu lado, mesmo que o bruxo parecesse não perceber sua presença. Hermione tocou a sua mão, tentando chamar a sua atenção, e se assustou ao perceber o quão fria a pele dele parecia estar contra os seus dedos.


- Pelo amor de Merlin, Riddle! O que houve? – ela sussurrou, vendo como ele lentamente virou a cabeça para olhá-la – Você está tão nervoso... Espere um pouco.


A garota se levantou e apressou-se para o seu quarto, onde ela procurou pelo frasco de Poção Calmante que havia preparado na aula de Poções. Quando Hermione finalmente encontrou o frasco, ela voltou à sala e, com um aceno de sua varinha, preparou uma xícara de chá, onde ela derramou um pouco da poção, antes de entregá-la ao garoto.


- Aqui, beba– a bruxa observou enquanto as mãos trêmulas do outro seguravam a xícara – Isso vai fazer com que você se sinta melhor.


Tom levou a xícara até seus lábios e bebeu o chá lentamente enquanto Hermione continuava o olhando com preocupação. A garota sorriu sutilmente quando o rapaz lhe entregou a xícara vazia, que ela dera um jeito de fazer sumir com outro movimento da varinha, e colocou uma mão no braço do outro, fazendo com que ele a olhasse.


- Riddle?


Suspirando ao perceber que o sonserino não iria falar com ela, Hermione colocou um braço ao redor dos ombros dele, tentando fazer com que ele entendesse que ela estava logo ali ao seu lado caso ele precisasse de alguma coisa. Para a sua surpresa, Riddle não tentou se afastar de seu toque; pelo contrário, ele cedeu, inclinando-se em sua direção e apoiando a cabeça nos ombros dela. Os olhos da bruxa se arregalaram ao perceber que Tom Riddle estava tentando conseguir algum conforto dela... Lord Voldemort estava querendo ser confortado por ela!


"O mundo está virando de ponta cabeça." Ela pensou, sorrindo levemente enquanto corria os dedos pelos cabelos escuros de Tom, percebendo que o ritmo da respiração deste estava diminuindo e que seu corpo havia parado de tremer. A garota se conteve para não rir de sua própria situação: ela, uma sangue-ruim, estava confortando o futuro Lord das Trevas, que odiava qualquer coisa relacionada a trouxas.


Permitindo-se relaxar contra o sofá enquanto ela percebia que Riddle não iria sair dali a qualquer momento, a outra mão de Hermione encontrou a mão direita de Tom. A grifinória apertou a mão dele levemente, sentindo o anel que ele sempre usava sendo pressionado contra a palma de sua mão... Ela tinha uma horcrux ao seu alcance e não podia fazer nada. A garota tentou ignorar a frustração enquanto deixava seus dedos estudarem os de Riddle, sorrindo levemente ao sentir um pequeno calo no lado do dedo anelar do rapaz. "Provavelmente de apoiar a pena enquanto escreve," a bruxa pensou, "E apoiá-la no dedo errado."


Suspirando, Hermione fechou os seus olhos, imaginando o que podia ter acontecido para fazer com que Riddle ficasse tão assustado, e, depois de alguns minutos, acabou adormecendo ao lado do homem que deveria, supostamente, ser seu inimigo.


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Notas finais do capítulo

Lembra da primeira vez que eu escrevi o Tom Sr e falei que era "super estranho e desconfortável" escrevê-lo? Mas, bah, faz tempo, não? Hoje ele é o personagem com o qual eu mais fico confortável escrevendo ♥
1- O pesadelo do Tom: J.K dise que o maior medo do Tom é a morte, então acho que sonhar com alguém o matando deve ser o tipo de sonho que deixa o garoto aterrorizado ._. E, sei lá, eu acho que ter matado o próprio pai deve ter deixado ele meio abalado... Ok, ele é Voldemort e panz, mas na época que ele matou o Tom Sr. ele era um adolescente de 16 anos... Ele deve ter empurrado esse negócio ruim que ele sentiu para trás na mente dele, mas esse "negócio ruim" meio que voltou depois do incidente em Hogsmead do último cap... Pelo menos é assim que eu imagino ._.
2- "Provavelmente de apoiar a pena enquanto escreve (...) E apoiá-la no dedo errado.": quem tem calo no dedo levanta a mão o/ hsuhsua Eu tenho calo no dedo de escrever/desenhar muito ._. é meio feio, mas ok... ele é de estimação... E, assim como o do Tom, ele fica no meu dedo anelar... Minha mãe diz que eu sou estranha por apoiar a caneta no anelar e não no do meio _ mas, sério, eu não consigo escrever com a caneta apoiada no dedo do meio _'
De qualquer forma, amo esse capítulo ♥ Espero que tenham gostado dele e digam o que acharam, por favor :D
Beijos ;*
Ari.