13 de outubro de 2011

Querido amigo,

Nos últimos dias, acordei inspirada com toda situação de querer mudar. Anteontem, fui até à sala da professora Pillsburg, e pedi que ela me ajudasse a encontrar cursos extracurriculares no quais eu pudesse participar. A professora ficou muito feliz com meu progresso, e eu fiquei duplamente feliz por está conseguindo seguir em frente.

Eu e a professoras ficamos por horas conversando sobre quais cursos fazer. Eu disse a ela que gosto muito de escrever, de pintar e cantar. Mas logo disse que de jeito nenhum participaria do clube Glee novamente. Felizmente, ela respeitou minha decisão e não insistiu. Diferente de Rachel, que pediu para que eu a ajudasse a treinar seu próximo solo, mas isso contarei para você mais tarde.

A questão é que encontrei um ótimo curso de pinturas, infelizmente, não é em Ohio, mas pedi para que mamãe me levasse nas próximas férias. Aqui na cidade, só encontrei um curso de escrita, ele é bem interessante, porque vai ser administrado por um escritor daqui. Vai ser daqui um mês e será um curso de 15 dias de 5 horas. Eu estou bem animada.

Mas voltando à Rachel, então, ela pediu para que eu ajudasse na sua próxima tarefa. Professor Will pediu para que todos os alunos cantassem músicas de artistas dos anos 80. E Rache decidiu cantar Faithfully do Journey, é uma banda que gosto muito, e como sei tocar no piano, ela pediu para que eu ajudasse.

Por isso, ontem à tarde, fui até ao auditório com Rachel e foi muito bom estar com ela. Rachel tem uma excelente voz, eu fico sempre muito admirada. Lembro de quando ouvi pela primeira vez. Eu havia achado seu perfil no MySpace e lá ela postava diversos vídeos fazendo covers de vários cantores e até mesmo de musicais. Sinceramente, eu não sei o que tinha na cabeça, porque um dia, Santana me pegou assistindo um dos vídeos da Rachel e começou a fazer piadas, e eu, indo junto na brincadeira, acabei compartilhando e fazendo piadas junto com Santana.

Eu era uma idiota.

E ontem, quando vi Rachel cantando, eu só consegui ficar admirando-a, e ouvindo sua doce voz.

“They say that the road
Ain't no place to start a family
Right down the line
It's been you and me”

Quando eu vi Rachel cantar essa parte da musica, meu coraçao esquentou e eu senti a necessidade cantar junto com ela. E foi tão bom, fazia tanto tempo que eu não cantava, parece que desde que tudo desmoronou, eu não me permiti mais usar minha voz. Porque para mim, cantar sempre foi um momento de felicidade e paz, e eu não me permitia me sentir assim.

Lovin' a music man
Ain't always what it's supposed to be
Oh girl, you stand by me
I'm forever yours
Faithfully

Rachel olhou para mim assustada por alguns segundos porque eu estava cantando junto com ela, mas depois sua expressou suavizou-se e ela sorriu. Rachel chegou mais perto e reconstou-se ao piano e nós duas continuamos cantando a musica.

Eu posso afirmar que esse foi um dos momentos mais mágicos dos últimos tempos, Rachel e eu estamos tendo uma conexão que nunca tive com ninguém antes, e isso é muito bom. Eu espero nunca perdê-la.

Quando terminamos de cantar olhamos uma para outra e sorrimos e ficamos em silencio por um tempo. De repente, ouvimos um barulho na platéia no auditório. A principio, não conseguíamos identificar quem era.

— Quem é? – Rachel perguntou enquanto chegava mais perto da ponta do palco.

— Oh, sou eu. – Finn chegou mais perto do palco.

Rachel, de repente, mudou de expressão , ela ficou nervosa e desconfortável.

— Eu queria conversar com você, Quinn. – Finn disse em direção a mim. Eu fiquei ainda sentada no piano, congelada, eu não sabia o que dizer, eu não estava pronta para conversar com Finn. Mas percebi que não podia adiar o inevitável.

— Claro. – engoli em seco.

Rachel olhou para mim, depois para Finn e até que percebeu que estava sobrando ali.

— Hum. – ela disse enquanto pegava suas coisas. – Eu já vou indo, eu te vejo depois, Quinn. – Rachel olhou para mim e deu um pequeno sorriso.

Apenas retribui o sorriso e assisti Rachel descendo as escadas do palco e indo de encontro à Finn, que apenas deu um sorriso torto para ela. Finn subiu ás escadas e chegou mais perto do piano. Ele se apoiou no piano, assim como Rachel havia feito.

Eu não consegui sustentar seu olhar por muito tempo e voltei meus olhos para as teclas do piano. Suspirei. Meu coração estava acelerado, eu realmente não sabia para onde aquela conversa iria dar.  Finn notou meu desconforto e sentou-se ao meu lado no banco do piano, foi engraçado porque tive que bem para ponta do banco para que ele pudesse caber.

Finn olhou para as teclas do piano assim como eu, e também tocou nelas. Até que ele disse:

— Não sabia que você tinha voltado a tocar.

— Foi culpa de Rachel. – eu engoli em seco. – Ela disse que tava precisando de ajuda para a próxima tarefa do clube Glee.

— Oh, claro. – Finn deu um sorriso torto. – Fico feliz e surpreso que vocês estão próximas agora.

— Rachel é uma boa pessoa.

— Ela é especial. – O sorriso torto de Finn ainda estava presente no seu rosto. – E você também é, Quinn.

Finn olhou nos meus olhos. E eu só consegui sentir culpa. Eu não acreditava que tinha mentido e feito tão mal a ele.

— Finn, eu...- tentei procurar as palavras certa mas minha cabeça deu um branco.

— Eu sei, Quinn. – ele disse. – Eu sinto muito por tudo que aconteceu. E eu te perdôo por tudo, eu só espero que você seja feliz agora.

Suspirei aliviada.

— Obrigada, Finn. – sorri, agradecida.

Finn e eu namoramos por um tempo antes de tudo acontecer. E por mais que eu não sentisse todo a paixão que uma namorada deveria sentir, ele era meu amigo.

— Você foi um grande companheiro. – Continuei. – Eu sei que você tá muito novo pra isso, mas você vai ser um ótimo pai.

Finn deu um sorriso torto e olhou para mim, seus olhos brilharam juntamente com seu sorriso e não pude deixar de retribuir seu olhar e sorriso.

O que eu mais gostei nessa conversa com Finn, é porque apesar de tudo, eu consigo sentir todo seu amor. Eu sei que fiz muito mal ele, deixei confuso, dei uma responsabilidade que não cabia a ele e mesmo nos momentos mais difíceis ele topou estar comigo.

Ele merece toda felicidade do mundo.

Quando Finn foi embora, minutos depois Rachel apareceu e sentou-se ao meu lado.

— Você está bem, Quinn? – ela olhou para mim preocupada

— Claro. – disse sincera. – Foi bom saber que ele não me odeia.

— Oh claro que não, Quinn. Ninguém odeia você.

— A Santana me odeia.

— Hum. – ela ponderou. – Acho que Santana odeia todo mundo. – ela deu de ombros. – Ela deve gostar só da Brittany

Eu assenti refletindo como Santana só demonstrava compaixão por Britanny, era muito bonito ver a relação que as duas tinhas e construíram. Só Brittany conseguia baixar as armas de Santana, eu tenho certeza de que só Brittany sabe quem é realmente Santana.

Eu desejei que pudesse me sentir assim com as pessoas.

Eu sinto que desde sempre eu fui muito reservada, nunca gostei de demonstrar meus pensamentos e sentimentos para alguém. Na verdade, acho que nunca tive alguém com que pudesse contar. E foi só depois que eu passei por esses momentos ruins, percebo o quanto é importante se apoiar em alguém. Eu senti isso com Mercedes, e agora, com Rachel. Mas não completamente.

Eu espero algum dia me sentir segura o suficiente para que possa compartilhar com alguém. Mas fico feliz que com você, eu consigo falar sobre isso. Obrigada por me ouvir.

Com amor,

Quinn.