Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 26
Uma Última Entrevista


Notas iniciais do capítulo

Então gente, no ultimo dia que postei falei q já estava acabando, mas acabou não dando tempo. To terminando agora .q Espero que gostem :3 Bjs



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É engraçado como aquele último canhão nem parecia real. Eu nem olhei para o estrago que fiz. Larguei o machado e fiquei ouvindo o anúncio. Eu vencera. Os Jogos pelo menos, porque na vida era só mais uma derrota.

Era estranho, pensar em porque eu fizera aquilo. Queria chorar, só de imaginar. Imaginar, porque me negava a olhar. Via o aerodeslizador se aproximando. Eu ia embora.

Segurei a escada e senti aquele choque estranho, enquanto a escada ia subindo. Acabou. Da pior forma possível. Acabou, pelo menos.

Era quase um estado de choque. Não chorava, não berrava, não fazia nada. Continuava sentada numa poltrona, esperando para descer logo. E ir para casa.

Olhava os passarinhos voando abaixo de nós. Ainda existiam aqueles bichinhos, livres? Dois deles brigavam pelo que parecia um filhote.

Eles brigavam pela família. Igual eu fiz. A diferença é que eles não sentiriam culpa. E muito menos deceparam alguém que considerava amigo.

Aterrissamos. Fui carregada até onde cuidariam de mim. Me deixariam nova. Só que eu não queria. Queria perder aquela perna, sangrar até morrer, coisas assim.

Com uma máscara presa ao rosto, aos poucos um gás ia me apagando. Até que eu dormi.

Acordei muitas horas depois, a cabeça meio zonza. O que estava acontecendo mesmo?

– Jojo? – Pisquei, vendo Loner ao meu lado. Loner. O sorriso fraco dele quase me fez chorar. – Fez um bom trabalho.

– Bom até demais. – Falei. Aparentemente, a velha Jojo voltara. Seca, sarcástica. Uma pedrinha de gelo.

– Esqueça isso. – Ele falou, passando a mão pela minha cabeça. – Fez o que precisou.

“Claro, vamos acreditar nisso.”

– Essa perna deu bastante trabalho, não? Eles fizeram um bom serviço. Ainda vai ficar com uma cicatriz, mas não vai ser difícil de esconder. – Loner falou, levantando o lençol e estudando minha coxa. – Descanse. Tem a entrevista logo.

Aceitei a sugestão e dormi, de novo. E consegui sonhar com Neville cuidando de mim. Vivo. Comigo.

– Por que ainda está aqui? – Perguntei, sentindo o carinho na cabeça.

– Porque ainda me preocupo com você. – Ele me respondeu, sorrindo. Ele estava usando óculos. Eu já o vira de óculos? Não sei.

– Obrigada. – Falei, a voz baixa.

– De nada. – Ele sorriu.

Acordei no momento em que ele ia deixar meu lado. Teuk me esperava, parado no vão da porta. Sentei-me e, ainda meio zonza, fiquei de pé. Quase cai, mas consegui me equilibrar.

– Deve ser tão difícil. – Ele disse, me abraçando. Ainda não estava acostumada com os abraços de Teuk, mas fiquei grata. Ele não fazia nem ideia de quão difícil era. Era horrendo.

– Eu nem sei o que dizer,Teuk. – Respondi. – O que eu fiz foi tão...

– Não. Não fala nada. – Ele disse. – Pense nisso como um favor. Você não gosta mesmo desse lugar. Então ele vai pra um melhor.

– E eu não. – Ele não me disse nada. Preferi assim. Neville ia para um lugar bom, eu não. Ia continuar presa naquele lugar. E quando morresse ia pagar pelo que fiz.

– Precisa se aprontar. Vamos te levar para o apartamento de novo, te arrumo lá.

– Ok. – De volta ao prédio. Teuk saiu me arrastando até o elevador, apertando o 7. Quem normalmente apertava o botão era Neville.

Uma poltrona vermelha estava no meio da sala, com algumas câmeras ao redor. Nada de Ceaser, ainda. Fui para o meu quarto. Tudo estava no lugar, assim como quando o deixei.

– Vá tomar um banho, sim? Vou chamar sua equipe. – Entrei no banheiro, já tirando a roupa. Nem vi o que escolhi. Cheiro de morango, talvez?

Loner tinha razão, minha coxa agora só tinha um grande risco rosado. Não doía mais. Nem parecia ter sido um machucado um dia.

Aquele ritual esquisito de sempre. Lavar cabelo, lavar de novo, passar creme, depilar, esfoliar, lavar. Queria dormir, mas com aquele monte de fisgadas da pinça, não conseguiria.

– Parabéns. – Os três falaram, antes de me deixarem sozinha no quarto. Aquela palavra realmente não valia nada. Teuk abriu a porta, entrando com a caixa. Um vestido?

– Pronta? – Neguei com a cabeça. Ele riu e parou atrás de mim, passando a pentear meu cabelo. – Malec tinha razão. Você parece o pôr do sol.

– Obrigada. – Respirei fundo. Ele continuou trabalhando, calado. – Alguma surpresa?

– Só a simplicidade. – Ele comentou. – Não precisa mais das surpresas. Já os ganhou.

Ele deixou meu cabelo preso numa trança bem feita. A maquiagem era um laranja suave, combinando com meu cabelo. Calcei as sandálias que ele me entregou, as correntes com pedras verdes.

– Pronta? – Ele perguntou. Concordei. Ele me ajudou a me vestir e me deixou de frente para o espelho. – O que acha?

Olhei meu reflexo. O cabelo e o rosto nos tons de laranja com o azul dos meus olhos no meio, o vestido laranja em cima, meio amarronzado no meio e embaixo um verde quase igual ao das sandálias.

– Você me transformou no pôr do sol. – Eu era a floresta ao fim da tarde. – Teuk, eu te amo.

– Fico feliz que não me matou na primeira surpresa. – Ri, me lembrando da ameaça. – Bom, vamos logo.

Fui para a sala. Agora sim, Ceaser estava lá, sorridente como de costume.

– Jojo, querida. – Ele veio me cumprimentar. – Você fez um trabalho maravilhoso minha querida. Parabéns.

– Obrigada. – Falei, sorrindo fraco.

– Bem, vamos começar logo. Sente-se. – Assumi meu posto no sofá, de frente para a poltrona vermelha dele. – Gravando?

– Sim, senhor.

– Jojo, querida. Então, nos conte. Como é ser a vitoriosa?

– Não sei bem. – Respondi, cruzando as pernas. Loner me observava do canto da sala. – Não vou saber o que fazer com tanta comida.

– Ora, comê-la. – Ceaser riu. Ele podia até ser uma aberraçãozinha da Capital e não ver o mundo como eu viu, mas Ceaser sabia ser uma ótima pessoa. – Agora, vamos falar de algo delicado. O final desse Jogo foi sensacional. Jamais esperávamos tanta força.

– Nem eu, na verdade. – Sorri. Ele achava que arrancar a cabeça de um amigo era sensacional. Não era. – Só fiz o que tive que fazer.

– Ganhar.

– Claro.

– Acompanhamos sua ferida durante o Jogo. Já está melhor.

– A Capital sabe como fechar feridas. Não sobrou quase nada. – Continuava sorrindo, mas queria acabar logo com aquilo.

– Jojo. – Ceaser falou, fitando as câmeras. – Temos aqui nossa campeã, Panem. Ela, em sua última chance veio até nossa Capital e saiu daqui uma heroína.

– Que exagero. – Ele não me ouviu.

– Um exemplo de estratégia e de coragem. – Ele voltou a me olhar, o sorriso sincero no rosto. – Parabéns, minha querida.

– Obrigada. – Sorri, para ele e para a câmera. Snow estava vendo aquilo. Tomara que ele tenha percebido minha total falta de ânimo. – Obrigada a todos que me ajudaram, Ceaser. Vocês ouviram Neville. Foram eles quem me ajudaram até o final.

– Claro. – Ele sorriu, apertando minha mão. A entrevista acabou. Fiquei de pé, querendo correr de volta para o quarto. – Parabéns, querida.

– Obrigada, Ceaser. – Consegui fugir para o corredor. Loner foi atrás de mim, com sua amiga garrafa.

– Jojo.

– Me fala que está quase acabando. – Eu quase chorava, sentada na cama. Ele negou com a cabeça.

– Esse é seu começo. – Ele levantou a garrafa. – Esse é o fim.

– Quero ir pra casa. – Falei, segurando a ponta da trança. – Vai demorar?

– Amanhã. – Ele respondeu, suspirando.

– Loner, cadê a Charol? – Perguntei. Ela tinha sumido, não tinha a visto desde minha volta.

– Ajeitando sua partida e seu futuro passeio pelos distritos. Ela vai voltar, não se preocupe.

Não estava ansiosa. Charol com certeza tentaria fazer com que o que eu fiz com Neville não fosse nada. Era. Agora que eu parara para pensar, como eu encararia qualquer um de volta no 7? Nosso distrito tinha vencedores, mas algum deles fora tão...brutal?

– Vou te deixar sozinha. – Loner finalmente falou, dando mais um gole na garrafa. – Não tente se matar.

– Não vou. – Respondi, sem saber se ele falara sério. Ele deixou o quarto, calado.


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Notas finais do capítulo

Quase lá.



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