Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 17
Vigia Noturna


Notas iniciais do capítulo

Então, não morri lol Hahaha, sério, demorei, mas cheguei :3 Espero que gostem ^~^



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Subir era mais difícil que descer. Depois de ficar no meio do lago, jogando o gancho para o alto, até ele se prender, começamos a subir. Aron foi primeiro.

– Eu sou o mais pesado. Se o gancho me aguentar, aguenta todos vocês. – Foi subindo, a faca presa na cintura. Eu já estava começando a bater os dentes de frio.

– Anda rápido. – Eu seria a próxima. Não queria ser a última a subir. Assim que chegou lá no alto, agarrei a corda. – Ok.

A ideia de cair na água era um pouco melhor que cair num rochedo, como aconteceria se Clay não decidisse ser um bom samaritano. Ainda assim, meu tornozelo doía, eu estava cansada e a escalada parecia infinita.

Aron estendeu sua mão, querendo me puxar. Segurei em seu antebraço e me impulsionei, chutando a parede. Terra firme de volta. O alívio foi imediato.

– Anda logo, Malec. – Aron continuou esperando os outros. Fui caminhando pela beirada estreita. Ainda teríamos que subir um pouco a pé, mas não gastaríamos mais que uma hora.

Neville começou a subir. Minhas pernas estava geladas, o tornozelo doía mais ainda. Subiu rápido. Aron o puxou para cima e soltou o gancho, recuperando a corda.

– Muito bem, podemos continuar. – Me entregou a corda. – Logo, por favor.

– Vistam a jaqueta do avesso. – Falei logo depois de vestir a minha. – E fiquem atentos.

Começamos a subir pelos caminhos estreitos da encosta. Eu ia na frente, o arco pronto.

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Entramos no primeiro túnel possível. Uma corrente de ar esfriava um pouco o lugar, mas ainda era mais quente que lá fora. Peguei uma das tochas e a acendi, iluminando o corredor.

Era simplesmente vazio, com a corrente de vento e sem fim. Parecia macabro. Já tinha escurecido lá fora, eu ainda estava com as pernas geladas e o tornozelo dolorido. E agora estava num labirinto de túneis.

– E se a gente descansar aqui e andar durante a noite, mais tarde? – Me virei para os outros. Pareciam tão exaustos quanto eu. – Vou assumir que todos disseram sim.

Fizemos uma fogueira, usando alguns gravetinhos que ficavam ali no chão. Era perigoso, mas tínhamos que nos aquecer. E secar nossas roupas.

Tirei minha bota. Agora estava inchado e dolorido. Aron me encarou, preocupado.

– Como conseguiu andar assim? Meu Deus. – Peguei a pomada na mochila. – Acha que isso vai resolver?

– É, eu espero que sim. Tem doido bastante. – Esfreguei o creme branco no tornozelo. – Quem fica de primeira vigia?

– Estou morto. – Malec falou, tirando o casaco. – Sugiro que Aron e Neville vigiem, depois a gente troca.

– Por mim, tranquilo. – Aron falou. – Neville?

O garoto do meu distrito só concordou com a cabeça, se aproximando do fogo. Virei de costas e me deitei. Malec fez o mesmo. Em poucos instantes dormi.

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– Ei, Jojo, acorda! – Foi um pontapé de leve, mas ainda assim acordei num salto. – Calma, garota.

– Shiranui. – Empurrei a coberta, sentando na cama. – O sol nem nasceu ainda, o que você quer?

– Não seja ranzinza, Jojo. – Ele deu aquele sorriso debochado dele. – Só vim te chamar pra dar uma volta. Anda.

Conhecia bem aquele “dar uma volta”. Ele queria falar sobre alguma coisa, no nosso lugarzinho de sempre. Dei um suspiro e fiquei de pé. Estávamos no meu cantinho na sala, onde eu dormia.

Franzi o cenho. Alguma coisa parecia fora da ordem. Sacudi a cabeça e o segui porta afora. Parei ao seu lado, pondo o braço sobre seus ombros.

– O que houve? – Fomos caminhando, seguindo para o muro.

– O que você pretende fazer? Me matar? – Ele falou, virando aqueles olhos de gato pra mim. Escuros, com o brilho sarcástico de sempre.

– Do que você está falando? – Mas antes que ele pudesse me responder, a cena mudou. Foi o que me permitiu perceber que era um sonho.

A Capital. Suas centenas de prédios iluminados e imensos. Um quarto em um desses prédios. Mas não nas alturas. No chão. Abaixo dele.

Neville e Shiranui de frente para mim, sentados em cadeiras de mogno, um do lado do outro. Eu de pé, um pedestal ao meu lado. Sei o que repousa sobre ele, mas não quero ver.

– Já se decidiu senhorita Aismael? – Era Snow. Tinha que ser. Aquela voz que vinha de trás de mim, seguida daquela risada seca que me fazia desejar a morte do veho.

Voltei a olhar os dois garotos, olhando de soslaio para a arma em cima do pedestal. O revólver de Shiranui.

– Pegue-o. – Snow falava como se eu estivesse com medo dele.

– Não vou matá-los, Snow. Esquece. – Respondi do jeito mais firme que eu conseguia. Ainda assim, uma pontinha de ansiedade me dominava.

– Pegue-o. – Ele só repetia, monotonamente.

– Ou o que? – Dois Pacificadores entraram na sala, com armas de grande porte. Cada um dos canos apontado para uma cabeça. Shiranui não tinha mais o ar despreocupado e sarcástico. Neville tremia e ofegava. Prendi minha respiração.

– Se você pegar a arma, só um tem que morrer. Não me faça matar os dois. – Aquela risada seca de novo, seguida de uma tosse.

– Não vou pegar. – Minha intenção era desafiá-lo. Aquilo era um sonho. Não era? Já não tinha tanta certeza. Sua única reação foi erguer uma mão, rindo.

E depois uma explosão, o som dos tiros, sangue e entranhas.

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– Jojo. – Acordei, sobressaltada. Neville estava debruçado sobre mim, uma cara preocupada. – Calma.

– Neville. – Então foi um sonho. Um pesadelo. Me sentei, atirando os braços ao redor do garoto. – Graças a Deus, você está bem.

– É, eu estou legal. – Entendia sua confusão, mas naquele minuto só queria senti-lo, vivo e inteiro. – Ei, calma, não vou sumir.

– Desculpa. Eu sonhei com você. – Soltei-o, fitando o chão. Ele também parecia sem graça.

– Parecia mais um pesadelo.

– É. Te mataram com um tiro. – A imagem da explosão do que restou das cabeças me atingiu, embrulhando meu estômago. – Pode dormir, assumo a vigia.

– Vou acordar Malec. – Se afastou, me deixando sozinha. Passei uma mão pelo cabelo. O rabo de cavalo que Teuk tinha feito já se desfizera a muito tempo.

Queria que ele estivesse ali, me dizendo que teria uma surpresa e que esperava que eu não o matasse. Cedi meu lugar para Neville e assumi o turno de vigia, quase na entrada da caverna. Já começava a ficar de noite.

Fiquei umas duas horas, simplesmente encarando cada estrelinha surgindo no céu. Alguém as colocava ali. A ideia de que nem as estrelas daquele lugar se livravam da influência humana me dava arrepios.

Ao mesmo tempo, minha mente vagava, fora do meu alcance. Sentia falta da minha avó. Talvez ela estivesse me assistindo. Provavelmente. Suspirei. Não era só dela. Shiranui também. Será que ele estava tomando conta dela?

Olhei para Malec. Ele estava quase no fim do corredor, a maça ao seu lado. Parecia distraído, mas sabia que ele estava ciente do meu olhar sobre ele. Assim que o encarei ele deu um sorriso debochado.

Foi na terceira hora que ouvi o som. Fiquei de pé, pegando o machado ao lado de Neville. Malec também se levantou, a maça em mãos. Eram passos, vindos do final do corredor.

– A fogueira nos entregou. – Malec deu uma risada. Apenas levei um dedo aos lábios, mandando-o calar a boca e passei por ele. Eram passos hesitantes, mas que não paravam de se aproximar.

O escuro incomodava. Os passos eram ritmados. Comecei a contar, esperando quem vinha. Um, dois. Um, dois. Estavam mais próximos agora. Respirei fundo. Na verdade, estava quase na minha frente. Estiquei a mão, agarrando uma camiseta.

Ouvi Malec usando a maça ao meu lado. Empurrei meu oponente contra a parede. Era uma menina. Baixinha e leve demais. Ou então um dos meninos mais novos. Ergui o machado atrás de mim, pronta para acertá-la.


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Notas finais do capítulo

Gente, e o trailer ein? Aquele Snow viu (sou estranho, amo o Snow ,q) vou te contar que...Enfim, até os reviews



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