Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 15
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Gente, voltei lol Noite ontem rendeu nisso aqui...Boa leitura :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/426973/chapter/15

Fiquei com o último turno de vigia. As últimas horas da madrugada passaram devagar, extremamente silenciosas. Vi alguns pássaros sobrevoando a caverna, mas eles estavam muito longe para que eu conseguisse acertar um com o arco.

Os dois acordaram logo que a paisagem começou a clarear pela luz do sol. Comemos algumas frutas secas e deixamos a caverna, as armas sempre a postos.

– Temos que achar Malec. – Aron falou, abrindo caminho pela mata. – Além de Mikail e Julia.

– É o que estamos tentando fazer, Aron, encontrá-los. – Respondi, pulando uma raiz que escapava para cima da terra. – Precisamos voltar para a água.

– Eu sinto que estou desidratando. – Neville tirou uma mecha do cabelo escuro da testa, já completamente molhada de suor. – Vamos ter que voltar antes que o sol esteja a pino.

– Ele tem razão, Aron. – Parei, apoiando a mão em um dos troncos, respirando pesadamente. – Essa roupa é quente.

– Tudo bem. – Ele parou, passando a mão pelo rosto. – Vamos até o lago, pegamos o máximo de água que pudermos e voltamos a procurá-los.

Passamos a fazer o caminho inverso. Minha boca estava completamente seca e minha garganta ardia. Neville dava passos cada vez mais hesitantes, como se suas pernas fossem ceder a qualquer instante.

Aron parecia o menos afetados de todos nós. Mas ele já estava sem a jaqueta e sua camiseta, as duas guardadas na mochila. Eu queria fazer a mesma coisa, mas tive que me contentar em tirar a jaqueta e amarrá-la na cintura. Infelizmente, tinha que fingir que era a garota tímida ranzinza.

– Vamos. Não nos afastamos muito na caminhada, vamos chegar logo.

– No distrito, mesmo quando caminhávamos muito, sempre tínhamos água, por todo lado. – Ele respirava pesadamente, mais que eu. – Não sei como você aguentou até agora. Digo, você é bem mais branquinha que eu.

– Sempre tive certeza resistência ao calor, mesmo sendo quase albina. Só meus olhos que incomodam. Claridade demais.

Ficamos mais uns vinte minutos naquela caminhada chata. Neville parecia a ponto de desmaiar a qualquer instante, quando finalmente chegamos até o lago.

Neville caiu perto de uma das árvores, exausto. Enchi uma das garrafas depois de quase me afogar de tanta água que eu tomei e entreguei para Neville.

– Valeu. – Ele tomou toda a água em poucos segundos. – Não acredito que me cansei tanto por uma caminhadinha dessas.

– Temos água agora. Vai ser melhor. – Amarrei minha jaqueta na cintura de novo, enquanto Aron enchia as garrafas. – Aqueles três tem que estar aqui na floresta.

– É bom mesmo. Ao menos, agora temos água. – Peguei uma das garrafas, guardando-a na mochila. – Vamos logo.

Voltamos para a floresta, depois de alguns minutos de descanso. Deixei o arco pronto, para qualquer eventualidade.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

O sol começava a se por, quando encontramos Malec. Ele estava no alto de uma das árvores, olhando um ponto fixo mais a frente. Em sua mão, firmemente segura, uma maça com a grande esfera de ferro balançava ao seu lado.

– Malec. – Não sei porquê, mas imaginei que não devia fazer muito barulho. Sua resposta foi um dedo sobre os lábios, apertados numa linha fina.

Antes que eu pudesse ter a ideia de me juntar ao garoto do 10, cinco outros tributos nos cercaram, passando correndo ao redor. Ergui o alvo, mas as chances de acertá-los enquanto corressem eram mínimas.

Malec pulou da árvore, parando atrás de mim. Suas costas estavam nas minhas, enquanto ele erguia o braço e a maça, pronto para atacar.

– Podia ter nos avisado. – Falei, tentando achar alguém em quem descontar minha raiva. A flecha estava pronta, só esperando por um alvo.

– Não deu tempo. Qual o plano agora? Correr? – Ele me olhou, com aquele sorriso de predador dele.

– Quer saber? Eis o plano. Vamos nos dividir. – Vi que os outros dois também prestavam atenção. – Amanhã de manhã, vou fazer uma trilha aqui, na floresta. Fogueiras. Encontrem o caminho até meio dia, ou então terão que se virar sozinhos.

– E os outros dois? – Aron falou. – Julia e Mikail?

– Pensamos nisso amanhã. – Coloquei a flecha e o arco nas costas, olhando nossos adversários. Cinco contra quatro. Não era nem um pouco justo, mas nada ali seria.

Estudei-os, antes de dar sinal para nos separarmos. Consegui reconhecer o garoto do 3 e os dois do 9, além da garota do 12 e Jenna. A última mantinha seus olhos em mim, esperando meu próximo movimento.

– Malec, uma última pergunta. – Ele me olhou de soslaio, encarando a do 3. – Sua amiguinha é rápida?

– Rápida. – Ele deu uma risada, repetindo a palavra. – Não, não é rápida. Mas tem uma resistência que surpreende.

– Bem, boa sorte. – Dei mais um segundo e saí correndo. Os outros três também dispararam por entre as árvores. Como eu esperava, Jenna veio atrás de mim.

Corri, o mais rápido que eu pude. Não era fácil correr tendo que me desviar de uma árvore a cada dois passos, mas fiz o meu melhor. Ela não parecia se cansar um momento que fosse.

Comecei a me cansar, quando vi um vazio na minha frente. Simplesmente não tinha mais caminho, por pelo menos dez metros. Tentei imaginar quão profundo era o precipício na minha frente, mas eu não tinha tempo.

Na verdade, tinha duas escolhas. Ou continuar correndo e tentar pular o espaço que dividia a floresta, correndo o risco de cair e me esborrachar no chão. Ou ser pega por Jenna e morrer sabe-se lá como. Não me lembro de ter visto uma arma em sua mão, em momento algum.

Eu podia até morrer, de um jeito ou de outro. Mas me entregar nunca foi uma opção. Sem diminuir o ritmo, ou sequer hesitar, continuei correndo, me impulsionando pra frente no último momento.

Eu não era de sentir medo, mas foi o que senti naquele minuto. A outra ponta parecia infinitamente distante, mas ao menos vi Jenna parar. Não me preparei para a queda. Atingi o chão de novo com um belo baque.

Me levantei e me afastei ainda mais, antes que Jenna decidisse se pularia ou não atrás de mim. Achei uma caverna funda depois de mais alguns minutos correndo. Me escondi lá, ouvindo o hino da Capital.

Pensei se tinha ouvido algum canhão, enquanto a imagem do garoto do 3 brilhava no ar. Dos que nos cercaram, a menina do 9 também pereceu. Só os dois. Dei um suspiro, ao mesmo tempo frustrada e aliviada.

Ninguém da minha aliança morrera, ótimo. Mas ainda tínhamos muitos inimigos, antes de termos que nos matar. Dez, para ser mais exata. Cinco malditos carreiristas e cinco crianças desesperadas.

Tomei um pouco da água que estava comigo, pensando em como descansar. Não poderia dormir plenamente, mas não podia passar a noite acordada.

Me deitei no ponto mais distante, mais para dentro da caverna, depois de checar se nenhum bicho morava ali. O máximo que eu podia esperar é que eu acordaria com qualquer movimentação, ou que, no mínimo, eu estivesse muito longe dos outros.

Dormi, com uma imagem de quando era mais nova e meu pai cantava para mim, enquanto acariciava meu cabelo.Mesmo estando sozinha e rodeada de inimigos, me senti segura com aquela memória.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Um beijo :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Burning Torch" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.