Prólogo

A deusa caminhava com sua filha no colo pelos corredores de seu castelo. Ela corria com aflição até ao seu quarto. Assim que entrou no seu aposento, fechou a porta e aninhou Kimberly. Uma luz dourada e outra vermelha envolveu o local e três deuses surgiram. Eles seguravam uma mulher branca, ruiva e magra. A deusa a reconheceu. Aquela mulher era o oráculo.Atena andou até a deusa e acariciou o rosto de Kimberly, que ainda estava com os olhos fechados.

Ares e Apolo pareciam nervosos e assustados- na verdade, eles estavam.  Os deuses se olharam seriamente. A deusa estranhou a presença deles no seu castelo. Eles nunca falavam com ela. Na verdade, a maioria dos deuses.  A mãe de Kim começou a questionar a presença dos deuses olimpianos. Atena, parecendo ouvir seus pensamentos, se pronunciou:

- Uma profecia envolvendo sua filha foi relevada para eles. -Apontou para Ares e Apolo. -Sabemos quem é o pai dela, porém não queremos revelar o nome dele. - o tom soou como ameaça. 

-Sabemos que Zeus não pode sonhar que ela existe. - Apolo falou. 

-Eu quero ouví-la. - A deusa se dirigiu ao oráculo. 

Os olhos castanhos da mulher se tornaram verdes. O cabelo ruivo parecia ter sido levado pelo vento. A deusa se aproximou dele ainda carregando sua filha no colo. O oráculo tocou na pele gelada de Kimberly e as palavras começaram a sair da sua boca.

"O fruto de dois deuses completará 18 anos sem saber o seu passado.

Por batalhas,no exterior e interior, passará.

O sol e a guerra se enfrentarão para conquistar seu coração.

Sangue ela carregará em sua mãos.

Um dos deuses ela terá que escolher até o último floco de neve cair sobre o acampamento.

Quando a noite chegar, o seu passado e destino serão revelados. "

A profecia não foi uma surpresa para a deusa. A mãe de Kimberly sabia dessa profecia desde que estava grávida e as palavras vieram do mesmo oráculo que estava na sua frente. A deusa não queria sua pequena filha perto deles. Caminhou em direção ao seu divã e virou-se para Atena, Ares e Apolo. Ela pensava no que decidir fazer. Enquanto isso, a deusa da sabedoria a olha apreensiva; Atena sabia que as consequências do romance da deusa refletiriam em Kimberly.  Um raio rungiu no céu e a deusa arregalou os olhos. 

-Irei levá-la para o único lugar seguro. - A deusa falou, pensando no acampamento meio-sangue que tanto ouvira falarem. - Eles não podem chegar perto dela ou irão descobrir que Kim é filha dele. - Pronunciou-se após pensar ligeramente. 

-Está se referindo à ... - Ares começou a falar, mas a deusa interrompeu. 

-Sim, aos três grandes. - Ela disse nervosa. - Sabem que isso se tornaria um caos. - Os outros deuses concordaram. - Prometam guardar segredo. - Pediu. 

-Juramos pelo estinge que nunca revelaremos, sob hipotese nenhuma, a origem da sua filha. - Ares, Apolo e Atena juraram e a deusa sorriu, satisfeita. 

-Qual é o nome dela? - O deus da guerra perguntou e levou seu olhar até Kimberly. Ela abriu os olhos ao ouvir a voz rouca do deus. 

-Kimberly. - A deusa respondeu. 

O deusa da guerra selvagem encarou os olhos da recém-nascida. Eles eram de uma escuridão profunda; tão profunda e obscura que arrepiava. Kim sorriu para Ares. Mal ela sabia que os destinos de ambos estariam ligados. Ares andou e chegou perto de Kim - mais perto do que a deusa permitiria. Ao tocar em sua pele notou que era gelada, entretanto, ao seu toque, a mão da pequena se tornou quente. Uma luz vermelha envolveu os dois. O deus deu sua benção à Kimberly. 

Apolo e Atena fizeram o mesmo. Eles sabiam da profecia que a menina iria enfrentar e sentiam que deviam protegê-la da furia que alguns deuses poderiam sentir ao descobrí-la.  Assim feito, Kimberly tinha a benção de três deuses. A pequenina sorriu mostrando sua gengiva. Ares não sabia o que sentir em relação a profecia, muito menos Apolo. Ela era um bebê e eles eram deuses que existiam a milhares de anos.

O verso da profecia "o sol e a guerra se enfrentarão para conquistar seu coração" era estranho para eles. Os dois deuses mais galinhas do Olimpo lutando para conquistar uma garota? Por que ela quando eles poderiam ter qualquer uma?  O que eles não sabiam é que aquela pequena garota com olhos negros iria ser inesquecível para ambos. 

-Relaxem. - A deusa disse. - Não pretendo que vocês a vejam tão cedo. - O sorisso que estava estampado no rosto de Ares desapareceu., - Adeus. - A deusa cobriu sua cabeça com o seu capuz branco e estalou os dedos, desaparecendo. 

(...)

A neve caia no gramado da colina do acampamento meio-sangue. O vento era gerlado e a temperatura baixa. Ninguém, até um monstro, ousaria passar por ali naquela noite. Entretanto, aquilo não era problema para a deusa. Ela e sua filha entraram no acampamento e os semideuses, que estavam esquiando na neve, estranharam a presença dela.  A deusa os ignorou e continuou caminhando até achar o centauro, Quíron. Ele estava no forte de Poseidon observando o mar. A deusa aninhou Kimberly e caminhou até Quíron. 

-O que está fazendo aqui? - O centauro perguntou assim que sentiu a presença da deusa. - Seus dois filhos estão esquiando perto da casa grande. Quer que eu os chame? - Perguntou, sem olhá-la. 

-Não é para ver meus filhos que estou aqui. Olhe para mim, Quíron. - A deusa pediu e ele se virou. - Minha filha não pode ser descoberta por eles e aqui é o único lugar seguro para ela, pelo menos, por enquanto. - A deusa falou. 

O centauro arregalhou os olhos quando viu a recém-nascida brincando com um floco de neve. Ela sorria. Tão pequena e já estava metida numa história complicada. Quíron suspirou e passou as mãos pela face.  A deusa começou a ficar apreensiva. 

-A profecia foi revelada para a sabe-tudo, o brutamonte e o raio de sol. - Disse, referindo-se à Atena, Ares e Apolo. 

-Eu te ajudo. - O centauro falou e a deusa sorriu, sem mostrar os dentes. - Imagino que não queira que ela saiba quem é o pai. 

-De forma alguma ela pode saber. - A deusa disse aflita. 

-Ela vai saber algum dia. - Quíron comentou. 

-Um dia e,infelizmente, eu não poderei mudar isso. - A deusa acariciou sua filha. - Não irei reclamá-la ainda. Quando for a hora, ela saberá.  Estou confiando em você para tomar conta do meu bem mais precioso, Quíron. 

-Eu vou tratá-la como minha filha. - O centauro respondeu. - Eu lhe avisei tantas vezes que era para parar de se envolver com ele. - Quíron reclamou. 

-Não é hora para um sermão. - A deusa disse. 

-Que assim seja. - Ele comentou. 

- Obrigada. -Ela agradeceu. A deusa sorriu e olhou para a filha. Segurou-a com as duas mãos e a elevou. - Até breve, Kimberly. - Sussurrou no ouvido da filha e colocou a pequena em seus braços. Beijou sua testa com delicadeza. 

Um colar de prata com o pingente de um floco de neve - o mesmo que a pequena estava segurando e serviria para marcar aquele dia - surgiu no pescoço de Kimberly. Sua mãe a entregou para Quíron e deixou uma lágrima escorrer pelo rosto. Kim começou a chorar e o centauro tentou acalmá-la.  A deusa, sem olhar para trás, saiu andando pela grama coberta de neve e sumiu, deixando sua filha sem sua presença por um longo período.

"O fruto de dois deuses completará 18 anos sem saber o seu passado.

Por batalhas,no exterior e interior, passará.

O sol e a guerra se enfrentarão para conquistar seu coração.

Sangue ela carregará em sua mãos.

Um dos deuses ela terá que escolher até o último floco de neve cair sobre o acampamento.

Quando a noite chegar, o seu passado e destino serão revelados. "