Wendy e infância dolorosa... Sem exageros!

Ainda em casa, espantada com a notícia

–campainha toca-

Kuso, o pesadelo chegou!! Anjos do ponchá, vocês podem me sequestrar aqui? Prometo ser uma garota boazinha e cuidar muito bem da fonte eterna de ponchá. Mas por favor, me sequestrem!!!

– Levy, você pode abrir a porta?

– E-eu? Ah, gomen Hihi, mas acho que vou para o meu quarto sabe, deixei um jogo em espera...

– Vá abrir a porta Levy, e não seja mal-educada!

Kuso...

Então, eu abro a porta e dou de cara com uma figura alta, de cabelos azuis e um enorme sorriso no rosto. Ah, logo atrás dessa figura está a Wendy.

– Olha só quem voltou para casa, Levy!!!- É chichi, já reparei isso. E porque você está tão eufórico? Essa noticia não é tão boa quanto você pensa...

Quando a vi pensei que ela fosse dizer:

–Yo Levy-chan!! Uau, você cresceu depois do nosso ultimo encontro. Agora está na altura do meu cotovelo!!

Só que me enganei...

– Yo Levy-chan!! Você está tão kawaii!!

Quem é você e o que fez com a babaca da Wendy?

Ela me abraçou, me deu um beijo na bochecha, bateu os pés no tapete da porta (nós temos um tapete na porta escrito “Seja muito bem-vindo, ou não”) e logo após Hihi a abraçou e chorou sem parar.

– Que bom que você voltou, meu doce-de-mel!!!

Avá?! Fazia tanto tempo que eu não ouvia esse apelido que tinha me esquecido completamente dele, assim como esqueci que tinha uma irmã maligna.

– Sim Hihi, senti saudades!!!

Posso ir embora?

– Ah, senhora-mãe-da-Levy, já acabei o molho. Precisa de mais alguma coisa?

– Gajeel!! Venha até aqui, quero te apresentar minha filha, Wendy.

Os olhos de Wendy se iluminaram quando ela viu o Redbull-san. Aaaaah eu vou pular em cima de você, sua... Vaca!!

– É um prazer conhecê-la, Wendy.

– Ah, o prazer é todo meu. Gajeel, não é?

– Sim, Gajeel Redfox. Ou Redbull-san, para Levy.

– Vocês tem que conversar, Gajeel é o exemplo de garoto perfeito. Tem 16 anos, trabalha, estuda, tem a própria casa e, além disso, cozinha muito bem!

Redbull-san, um garoto perfeito?! Anjos do ponchá, porque não me sequestraram ainda?

– Ah, isso é exagero. Eu faço tudo isso por necessidade.

Claro! Se ele não tivesse que fazer tudo isso seria mais um playboyzinho que não trabalha e que joga no time da escola. Se bem que esse playboyzinho lembra o Gray...

– Bom, se você quiser, podemos conversar mais tarde.

– Ah... Tudo bem.

Vão lá, pombinhos!! Conversem a vontade, eu não ligo. Vou viajar para a terra do ponchá e vou me divertir muito mais do que vocês!!

– Hey Levy, porque você não leva as coisas da sua irmã para o quarto dela?

– Não é necessário, chichi. Eu mesma levo!- Sua vaca de cabelos azuis, porque não vai comer grama no outro lado do mundo?

– Não se preocupe, Levy pode levar. Não é Levy?

Boa ideia! Assim, posso jogar as coisas dela pela janela! Ai ela sai de casa para pegar tudo e eu a tranco pelo lado de fora! Plano perfeito!! Muahahahahahaha... Cof Cof.

– Não é, Levy??

– Aye, aye!!

Falta de sorte, a gente vê por aqui...

Depois de deixar as tralhas no quarto da minha irmãzinha querida, decidi que não queria ficar vendo melação e fui ler um mangá. Acho que era Watamote. Não prestei atenção porque a minha tentativa de me distrair foi para o lixo quando a aura terrivelmente negra do Redbull-san entrou no meu quarto com uma cara de poucos amigos.

– Não tem mais o que fazer ao invés de ficar se deprimindo?

– Tenho, ler mangá.

– Grande coisa...

– Porque está aqui? Não ia bater um papo com a minha irmãzinha?

– Na verdade, subi até aqui por que sua mãe estava falando de mim para ela. Não gosto que as pessoas pensem que eu sou um ótimo exemplo de como um cara deve ser, porque eu não sou. Então, disse que viria te ajudar.

– Aham.

– Aliás, eu não entendo, sua mãe me disse que vocês não se davam muito bem. Mas sua irmã é super legal, tranquila e muito educada. Não vejo motivos para você odiá-la.

– É mesmo? Então vou te contar como foram os piores anos de minha existência com ela.

– Manda ver.

“ Ela tinha seis anos e era a princesinha da casa. Porém tudo mudou quando eu nasci. A caçulinha, a fofinha, a baixinha... Enfim, todos esses apelidos no diminutivo me foram dados. Wendy não gostava nem um pouco disso. Ela queria a atenção voltada para ela, portanto, jurou a si mesma que faria da minha vida um inferno.”

– Isso é verdade?

– Claro, seu babaca, se eu estou contando é porque aconteceu.

– É que você costuma exagerar...

– Cala a boca!!

“Continuando... Ela me detestava e por isso fez coisas terríveis para mim. Desde colocar pasta de dente no meu lanche até me jogar em uma piscina funda quando ela sabia que não nadava.”

– Isso foi terrível!

– Eu sei, mas pare de me interromper.

“ Quando eu estava na quinta série, me apaixonei por um garoto chamado... Ah, sei lá o nome... Ela sabia que eu gostava dele, por isso, jogou sua lábia para cima dele e eles começaram a namorar. Duas semanas depois eles terminaram porque ele ainda era pirralho... Mas isso prova que ela me odiava! Ela já me discriminou por ser a única da minha serie que ainda não tinha seios e contou para todo mundo que aos meus 11 anos eu tinha uma conta em um site de relacionamentos para adultos. Hehe...”

– Site de relacionamentos para adultos?

– É, quem nunca teve uma conta em um site assim?

– Eu!

– Ah, você nem tem vida social.

– Você também não.

– Mas isso não vem ao caso. Eu odeio minha irmã porque ela era como o demônio da Tasmânia na minha vida. Agora que ela cresceu e amadureceu emocionalmente fica dando uma de boazinha. Porém, não me importa quão amadurecida ela fique, o que importa é que eu nunca vou esquecer o que ela fez comigo.

– Okay, mas você só vai prejudicar a si mesmo com esse ódio. Afinal, parece que a Wendy nem se lembra do que fez antes, então sugiro que você faça o mesmo. Hey, que tal fazermos um duelo?

– Não estou com cabeça para isso.

– Para de ser chata, baixinha. Sei que você quer jogar, então venha!

Cedi a proposta e começamos a jogar. Eu venci a maioria, Redbull-san venceu algumas poucas vezes e assim ficamos jogando até que o jogo deu pau e travou.

– Será que jogamos muito?

– Não acho que seja por isso. Meu play já está bem velhinho...

– Você deveria arrumar um emprego, para poder comprar outro play sem precisar pedir seus pais.

– Você tem razão, assim eu consigo dinheiro para viajar ao paraíso do ponchá..

– Paraíso do que?!

– Paraíso do Ponchá, você não conhece?

– Eu não! Você por acaso sabe onde fica?

– Ah, até lá eu descubro.

– Sei...

– Não faça essa cara, eu levo você. - Então me lembrei do pesadelo. - Mas sem contatos físicos!!

– Ah, tudo bem, eu vou com você. Sem contatos físicos, claro.

Sorri e fui trocar os cabos do play e quando tudo o jogo destravou, Hihi nos chamou para jantar.

Acho que vou ouvir o que Redbull-san me disse, vou ignorar totalmente qualquer lembrança dolorosa da minha infância e vou ser feliz. Aliás, vou procurar um emprego. Assim, fico mais tempo fora de casa e conseguirei pagar as nossas passagens para o Paraíso do Ponchá.

Só espero que o azar não me siga daqui para frente, o que parece ser meio impossível...